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A influência do contexto familiar no desenvolvimento motor em bebês de 6 a 24 meses frequentadores de creche

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Academic year: 2021

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A INFLUÊNCIA DO CONTEXTO FAMILIAR NO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM BEBÊS DE 6 A 24 MESES FREQUENTADORES DE CRECHE.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Kelly Xavier Machado

Profª. Dra. Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal

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ii 2018 A I N FL U Ê N C IA D O C O N TE X TO FA M ILIAR N O D E S E N V O LV IM E N TO M O T O R E M B E B Ê S D E 6 A 24 M E S E S FR E Q U E N TA D O R E S D E C R E C H E S M E S E S FR E Q U E N TA D O R E S D E C R E C H E .

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A INFLUÊNCIA DO CONTEXTO FAMILIAR NO DESENVOLVIMENTO MOTOR EM BEBÊS DE 6 A 24 MESES FREQUENTADORES DE CRECHE.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Kelly Xavier Machado

Profª. Dra. Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal

Composição do Júri: ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ Vila Real, 2018

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Motor da Criança, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob orientação da Professora Doutora Maria Isabel Martins Mourão Carvalhal.

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Gostaria de agradecer a Deus pela saúde, paz, amor e equilíbrio espiritual que tem concedido em minha vida e por ter iluminado meu caminho durante esta caminhada.

Agradeço a minha mãe, Ana Maria Xavier Machado e ao meu pai Jorge de Araujo Machado, que estiveram comigo durante todo esse tempo, pelo amor, dedicação, carinho, educação, pelo apoio nos momentos difíceis e ensinamentos que irei levar para toda minha vida. Obrigada por tudo. Amo vocês!

Ao meu irmão Wallace Xavier Machado por todo carinho, pelo incentivo e apoio nos momentos de maior dificuldade.

À Professora Doutora Isabel Mourão pelo seu profissionalismo, sua dedicação, empenho e organização do curso, pelas suas orientações científicas, suas críticas e seus ensinamentos para conclusão deste trabalho e desta etapa em minha vida.

À Professora Doutora Vera Mattos, co-orientadora, pela amizade, companheirismo, atenção, paciência, críticas e dedicação durante todo trabalho. Todo meu crescimento deve a vocês, minha sincera gratidão!

A todos os professores, funcionários e administração do Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde da UTAD onde direta ou indiretamente ajudaram na organização e realização deste curso, o meu agradecimento.

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Gostaria de deixar aqui registrado meu profundo agradecimento a todos àqueles que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste estudo e a concretização de mais uma conquista em minha vida, ser Mestre.

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desenvolvimento motor é dependente de diversos fatores que influenciam seu fluxo como as características socioeconômicas, culturais e ambientais (fenótipos) em comunhão com as características individuais (genótipo). Os estímulos essenciais para o desenvolvimento social, cognitivo e motor se estabelecem inicialmente no microssistema família onde se caracteriza a base positiva para um desenvolvimento motor crescente. O conceito de Affordance exemplifica a criação de oportunidades e estímulos que potencializam ações em indivíduos contribuindo para a formação do repertório motor da criança. O objetivo desse estudo foi verificar a influência do contexto familiar no desenvolvimento motor em bebês de 6 a 24 meses frequentadores de creche. A amostra total foi constituída por 61 bebês divididos em dois grupos: Grupo 1 foi composto por 31 bebês (13,35 ± 4,10) de 6 a 18 meses e o grupo 2 por 30 bebês (21,50 ± 1,88) de 18 a 24 meses frequentadores de creches privadas na região da tijuca localizada na zona norte do Rio de Janeiro. Os instrumentos avaliativos utilizados foram: o questionário Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD–IS/AHEMD) para verificar as características do contexto doméstico dos bebês e a Escala de Desenvolvimento de Zero a Dois Anos (Adaptação de Vitor da Fonseca, 1979) para o desenvolvimento motor. O grupo 1 apresentou o AHEMD-IS total de 70,74 (± 18,88) para uma classificação global média. Os resultados indicaram como déficit o espaço físico e superávit os brinquedos. O grupo 2 apresentou o AHEMD total de 12,47 (± 2,14) para uma classificação global média. Os resultados apresentaram déficit para os materiais de motricidade grossa e fina e superávit para o espaço interior. Somente no grupo 2 encontrou-se diferença significativa entre os gêneros. Os resultados da Escala motora evidenciaram melhor resultado na área da locomoção (L) e menores resultados nas áreas de audição e linguagem falada (ALF) respectivamente 1,62 (± 0,81) e 1,16 (± 0,61). Somente no grupo 2 houve diferença significativa entre os gêneros para L(p=.006) e maturação socioemocional (MSE) (p=.045). Através do teste de correlação de Pearson, foram escolhidas variáveis estatisticamente significativas para geração de modelos de regressão. Nos modelos gerados para o grupo 1, verificamos que: a quantidade de crianças residentes explica 23,0% da viso-motricidade; idade e quantidade de adultos residentes são significativos sobre o desenvolvimento da maturação socioemocional; escolaridade da mãe é significativa para a audição e linguagem falada. Para o grupo 2: tipo de habitação e o gênero são significativos sobre a locomoção, além disso gênero é significativo sobre a maturação socioemocional e audição e linguagem falada. Os resultados da investigação sobre a relação entre o desempenho motor dos bebês e as oportunidades de estimulação no lar permitem concluir que as affordances estão impactando os processos de desenvolvimento motor dos bebês de 6 a 24 meses.

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as the socioeconomic, cultural and environmental characteristics (phenotypes), along with the individual characteristics (genotype), play a major role in motor development. The child's family's micro system is expected to provide the initial stimuli for a positive growing motor development in accordance with the concept of Affordance, which exemplifies the creation of opportunities and stimuli contributing to the formation of the child's motor repertoire by maximizing individuals' actions around the child. Therefore, this study aims at identifying and describing the characteristics of the child and the family, the physical space, daily activities and the types of toys in the home as well as the motor development of babies.

The total sample consisted of 61 infants divided into two groups: Group 1 consisted of 31 babies (13.35 ± 4.10) aged between 6 and 18 months old and group 2 of 30 babies (21.50 ± 1.88) between 18 and 24 months old who went to private day care centers in the neighborhood of Tijuca, located in the north area of the city of Rio de Janeiro. Evaluation instruments used were the Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD-IS / AHEMD) questionnaire to survey the characteristics of the subjects' domestic context; and the Zero to Two Years Development Assessment Scale (Adaptation Vitor da Fonseca, 1979) to assess motor development.

Group 1 showed the total AHEMD-IS 70.74 (± 18.88) for an overall average rating. The results indicate deficit in physical space whereas there is a surplus of toys. Group 2 presented the total AHEMD 12.47 (± 2.14) for an overall average rating. The results showed a deficit in material of gross and fine motor skills and surplus material of interior space. Significant difference between genders can be found only in group 2. The results of the motor Scale showed better results in the area of mobility and lower results in the listening and spoken language areas, 1.62 (± 0.81) and 1.16 (± 0.61), respectively. Only in group 2 there has been no significant difference between genders for locomotion (L) (p = .006) and socioemotional maturation (MSE) (p = .045). Through the Pearson correlation test, statistically significant variables to generate regression models were chosen. In the models generated for group 1, we verified that: the number of resident children explains 23.0% of the viso-motor; age and number of adult residents are significant on the development of socioemotional maturation; The mother's schooling is significant for hearing and spoken language. For group 2: type of housing and gender are significant about locomotion; genus is significant on social-emotional maturation and hearing and spoken language.

This study findings on the relationship between the motor performance of infants and opportunities of stimulation in the home enable us to conclude that affordances do have an impact on the motor development process of babies aged from 6 to 24 months.

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Agradecimento ... v

Resumo ... vii

Índice de Tabela ... xi

Índice de Figura... xiii

Lista de Abreviações ... xiv

I. Introdução ... 2

1.1. Objetivos ... 5

1.1.1. Objetivo Geral ... 5

1.1.2. Objetivo Específico ... 5

II. Revisão da Literatura ... 7

2.1. Perspectiva Teórica do Desenvolvimento Motor ... 7

2.2. Desenvolvimento motor ... 10

2.3. A Influência do contexto sociocultural e do contexto físico (Affordances) no Desenvolvimento Motor dos Bebês ... 15

2.4. Avaliação do Desenvolvimento Motor ... 20

III. Metodologia ... 24 3.1. Tipo de Pesquisa ... 24 3.2. Amostra ... 24 3.2.1. Critérios de Inclusão ... 28 3.2.2. Critérios de Exclusão ... 28 3.3. Instrumentos ... 28

3.3.1 Escala de Desenvolvimento de zero a dois ... 29

3.3.2. Affordances in the Home Environment for Motor Development ... 31

3.4. Procedimentos Realizados ... 34

3.5. Tratamento dos Dados ... 35

IV. Apresentação dos Resultados ... 37

4.1. Análise Descritiva ... 37

4.1.1. Oportunidades no lar ... 37

4.1.2. Fatores da Escala de Desenvolvimento de Zero a Dois anos ... 39

4.2. Análise Comparativa ... 41

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Atividades Diárias, Brinquedos e o Perfil Motor ... 43

4.4. Regressão das variáveis Dependentes e Independentes ... 45

V. Discussão dos Resultados ... 51

VI. Conclusões ... 63

6.1. Limitações ... 65

6.2. Perspectiva de Investigação Futura ... 65

VII. Referências ... 68

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Tabela 1 a. Caracterização da amostra em função da idade em meses e do gênero ... 25

Tabela 1 b. Caracterização da amostra em função da idade em meses e do gênero ... 25

Tabela 2 a. Caracterização da amostra segundo o rendimento mensal familiar, tipo de habitação, escolaridade do pai e da mãe e crianças residentes no ambiente familiar ... 26

Tabela 2 b. Caracterização da amostra segundo o rendimento mensal familiar, tipo de habitação, escolaridade do pai e da mãe e crianças residentes no ambiente familiar. ... 27

Tabela 3 a. Interpretação do escore total AHEMD-IS ... ...32

Tabela 4 a. Interpretação das sub-escalas do AHEMD-IS ... 33

Tabela 3 b. Interpretação do escore total AHEMD ... 33

Tabela 4 b. Interpretação das sub-escalas do AHEMD ... 33

Tabela 5 a. Análise descritiva dos fatores do AHEMD-IS ... 37

Tabela 5 b. Análise descritiva dos fatores do AHEMD. ... 38

Tabela 6 a. Análise descritiva dos resultados do AHEMD-IS de acordo com os níveis classificativos segundo os gêneros ... ...38

Tabela 6 b. Análise descritiva dos resultados do AHEMD de acordo com os níveis classificativos segundo os gêneros ... 39

Tabela 7. Análise descritiva dos testes motores da escala de desenvolvimento ... 39

Tabela 8. Análise descritiva e classificativa dos resultados segundo os gêneros ... 40

Tabela 9 a. Comparação dos fatores do AHEMD-IS considerando os gêneros ... 41

Tabela 9 b. Comparação dos fatores do AHEMD considerando os gêneros. ... 42

Tabela 10 a. Comparação dos testes motores segundo os gêneros ... ...42

Tabela 10 b. Comparação dos testes motores segundo os gêneros. ... 43

Tabela 11 a. Correlação entre a característica da criança, características da família, espaço físico, atividades diárias, brinquedos e perfil motor ... 44

Tabela 11 b. Correlação entre a característica da criança, características da família, espaço físico, atividades diárias, brinquedos e perfil motor ... 45

Tabela 12. Regressão entre espaço externo e a variável da locomoção ... 46

Tabela 13. Regressão múltipla entre gênero, tipo de habitação, motricidade fina e a variável de locomoção. ... 46

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motricidade ... 47 Tabela 17. Regressão múltipla entre idade, presença de adultos no ambiente familiar e renda familiar com a maturação socioemocional. ... 47 Tabela 18. Regressão múltipla entre idade e a presença de adultos no ambiente familiar com a maturação socioemocional. ... 47 Tabela 19. Regressão simples entre idade, presença de adultos no ambiente familiar e renda familiar, separadamente, com a maturação socioemocional... 47 Tabela 20. Regressão múltipla entre idade, crianças residentes e gênero com a maturação socioemocional... 48 Tabela 21. Regressão múltipla entre crianças residentes e gênero com a maturação

socioemocional... 48 Tabela 22. Regressão simples entre idade, crianças residentes e gênero, separadamente com a maturação socioemocional. ... 48 Tabela 23. Regressão múltipla entre escolaridade da mãe e espaço externo com a audição e linguagem falada. ... 48 Tabela 24. Regressão simples entre escolaridade da mãe e espaço externo com a audição e linguagem falada. ... 49 Tabela 25. Regressão simples do gênero com a audição e linguagem falada. ... 49

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Figura 1. Análise transacional da causa no desenvolvimento motor ... 9 Figura 2. As fases do desenvolvimento motor ... 11

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AHEMD-IS ... Affordances in the Environment Motor Development AHEMD ... Affordances in the environment Motor development ED ... Escala de desenvolvimento motor L ... Locomoção V-M ... Viso - motricidade A L F ... Audição e linguagem falada M S E ... Maturação socioemocional P ... Praxia et al ... e outros Max ... Máximo Min ... Mínimo Grupo 1 ... Crianças de 6 a 18 meses Grupo 2 ... Crianças de 18 a 24 meses p ... Página n° ... Número DM...Desenvolvimento Motor

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2 I. Introdução

As referências bibliográficas da área do desenvolvimento motor relatam a importância dos estímulos externos (ambientais) em comunhão com as características físicas (internas) do indivíduo para o crescimento do desenvolvimento motor que surge a partir dessas interações. As características socioeconômicas e culturais (fenótipo) e individuais (genótipo) inseridas no ambiente e complementadas com suas exigências são essenciais para o processo de desenvolvimento motor (Haywood, et al 2004).

Estão inseridos no microssistema as percepções de família, colegas, bairro, escola, papéis e relacionamento sociais que são fatores que contribuem ou limitam o desenvolvimento do indivíduo. No microssistema família (lar) as crianças estabelecem suas primeiras relações e recebem seus principais estímulos que são oferecidos por sua família sendo essenciais para o seu desenvolvimento social, cognitivo e motor (Bronfenbrenner, 1979).

Considerando o conceito Affordance que objetiva a criação de oportunidade e promoção de estímulos que geram ações em indivíduos em desenvolvimento contribuindo para formação do repertório motor da criança. Os estímulos positivos recebidos no microssistema sofrem influências dos seguintes fatores: o grau de instruções dos responsáveis; o contato com outros adultos além dos pais; as condições familiares e a socialização com outras crianças (Bronfenbrenner, 1979).

A educação infantil é uma fase de aquisição, desenvolvimento e aprimoramento das habilidades motoras globais e finas. Inicia-se na fase dos movimentos reflexos (substituição da fase sensório motora pela perceptiva motora), passando pela fase dos movimentos rudimentares (forma básica dos movimentos voluntários estabilizadores, manipulativos e locomotores) e finalizando na fase dos movimentos fundamentais (onde ocorre a descoberta de como executar uma variedade de movimentos estabilizadores, manipulativos e locomotores isoladamente para posteriormente combiná-los). O trabalho das habilidades nessa fase é primordial para

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estabelecer a base do desenvolvimento motor que é essencial para o desenvolvimento das habilidades motoras especializadas (Caetano, et al 2005).

Cada indivíduo é único tendo o seu tempo para aquisição e desenvolvimento das habilidades motoras. O processo de aquisição e desenvolvimento das habilidades motoras sofrem influências do relógio biológico (faixa etária), mas os fatores principais que interferem e determinam o processo de aquisição e desenvolvimento são as exigências das tarefas e a individualidade com suas respectivas características. As faixas etárias são consideradas apenas típicas, onde representam escalas de tempo que podem ser observados certos comportamentos. O excesso de confiança nesses períodos de tempo negaria os conceitos de continuidade, especificidade e individualidade do processo desenvolvimentista (Gallahue, 2005).

A primeira infância é um período da vida que contempla uma enorme plasticidade e ampliação de redes neurais que desenvolvem – se a partir das interações dos indivíduos com o ambiente e seus estímulos que proporcionam o desenvolvimento global da criança (Almeida & Valentini, 2005; Bronfenbrenner, 1996; Burns & Macdonald, 1999; Gallahue & Ozmun, 2003; Haywood, 2004; Papalia & Olds, 2000; Stokes, 2000; Shepered, 1996 & Tecklin, 2002).

O desenvolvimento motor está conectado, interferindo e sendo modificado pelos aspectos cognitivo, afetivo e social. Os movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos quando sofrem atrasos ou alterações levam a déficits nos demais aspectos (Gallahue & Ozmun, 2003; Haywood, 2004; Shepered, 1996).

O bebê em desenvolvimento interage, modifica – se e posiciona – se através dos múltiplos contextos em que está inserido. Sua interpretação e o significado que adquire para si ocorrem a partir da sua interação com o ambiente onde seu desenvolvimento orienta e conduz o seu comportamento desde os primeiros meses de vida (Almeida, 2005-6; Arns, 1998; Brazelton & Grenspan, 2002; Brofenbrenner, 1994; Caon & Ries, 2003; Formiga, 2004; Caram, 2006; Halpern, 2000; Ramos, 2002; Rech, 2005; Rocha & Tudella, 2002; Silve & Silva 2002; Silva, 2006; Thelen, 1986; Toledo, 2005; Valentini, 2002).

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Devido à nova realidade sócio–cultural, transformações socioeconômicas e a inserção da mulher no mercado de trabalho, os bebês passam a maior parte do dia em creches ou escolinhas. As creches e escolas são regidas pela lei de Diretrizes e Bases da educação Brasileira que proporcionam meios para o desenvolvimento integral da criança. Entretanto, alguns estudos relatam que as escolas de educação infantil priorizam a saúde e os cuidados físicos em relação à função educadora e o desenvolvimento global dos alunos, o que pode proporcionar um atraso em seu desenvolvimento (Almeida, 2005; Arns, 1998; Barros, Fragoso & Oliveira, 2003; Caon & Ries, 2003; Lima & Bhering, 2006; Lordelo & Carvalho, 2006; Ramos, 2002; Rossetti & Ferreira, 1994).

O desenvolvimento motor possui possibilidades de reestruturação dos sistemas e aquisição adequada quando intervindos e estimulados na fase da plasticidade. São considerados importantes e determinantes na mudança do resultado final do indivíduo o vínculo afetivo inserido num contexto adequado recebendo tarefas possíveis de entender, aprimorar e desenvolver para se tornar um indivíduo completo, com menor déficit possível (Almeida, Vallentini & Lemos, 2005-6; Formiga et al, 2004; Rech, 2005; Silva, Santos & Gonçalves, 2006).

Com base nos conceitos abordados a cima este estudo se propõem verificar através da utilização dos questionários AHEMD-IS/AHEMD e da aplicação e observação da escala motora de Victor da Fonseca se o desenvolvimento motor dos bebês de 6 a 24 meses sofre influência do contexto sócio–cultural familiar?

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5 1.1 Objetivos

1.1.1. Objetivo Geral

Verificar se existe influência do contexto familiar no desenvolvimento Motor em bebês de 6 a 24 meses freqüentadores de creche.

1.1.2. Objetivos Específicos

• Descrever o desenvolvimento motor de bebês de seis a vinte quatro meses frequentadores de creche;

• Caracterizar o contexto sociocultural, o espaço externo e interno, a variedade de estímulos e os tipos de brinquedos presentes no contexto familiar, das crianças que integram a amostra;

• Comparar o contexto sociocultural e o desenvolvimento motor dos bebês, de acordo com os gêneros;

• Verificar a associação entre as características da criança, contexto sociocultural, ambiente físico e o perfil motor de crianças de 6 a 24 meses.

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7 II. Revisão da Literatura

Esta parte do presente estudo se propõe a revisar e discutir a atual produção científica relacionada ao desenvolvimento motor dos bebês e considerar a influência do contexto sócio – cultural neste processo.

2.1. Perspectivas Teóricas do Desenvolvimento Motor

Os diversos fatores que se inter-relacionam no desenvolvimento infantil atuam dinamicamente de forma pré-determinada filogeneticamente e ontogeneticamente entre os indivíduos (American Academy of Pediatrics, 2001; Fonseca, 2005).

A ontogênese advém de um processo embrionário complexo, um desenvolvimento intra-uterino que recapitula, acelera o desenvolvimento da espécie humana, filogênese. Essa é uma relação recíproca e indissociável entre o organismo e o meio envolvente (Fonseca, 2009). Os teóricos interacionistas advogam a relação importante entre as características do indivíduo e o ambiente que está inserido (Bronfenbrenner, 2002; Krebs, 2003; Haywood & Getchell, 2004).

Arnold Gesell documentou e descreveu em sua teoria maturacional de crescimento e desenvolvimento das faixas etárias gerais baseadas na maturação para a aquisição de grande variedade de habilidade motoras rudimentares na infância, como importantes indicadores de crescimento emocional e social e enfatizou também a maturação do sistema nervoso como principal condutor dos aspectos físicos e motores do comportamento humano. (Gallahue & Ozmun, 2005).

O desenvolvimento motor é complexo e dependente, utiliza-se de diversas influências como: a maturação biológica, responsável pelos fatores de ordem estrutural e funcional, como a massa corporal, a estatura, a força e a coordenação motora; e o desenvolvimento sensorial do bebê,

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obtido através de sua interação no contexto físico, cultural e social. (Nazário, Peres & Krebs, 2011).

O bebê aprende e compreende melhor o seu mundo através das experiências sensório-motoras, oferecidas pelo ambiente, que são recebidos pela visão, audição e tato através da manipulação de objetos. (Corbetta & Snapp-Childs, 2009).

Os fatores ambientais e suas oportunidades (affordances) assim como os biológicos e seus componentes hereditários e maturacionais são decisórios no comportamento motor (Gabbard, 2008).

Os fatores ambientais como propiciadores de alteração, considerando os fatores intrínsecos, as bagagens de experiências do indivíduo e as experiências motoras orientadas recebidas como um meio de harmonizar e promover o desenvolvimento motor. Experiências corporais fornecem a base para um estado de “confiança”. O bebê aprende a confiar na “mãe”, em si mesmo e no ambiente através da percepção materna de suas necessidades e exigências. Um sentido de confiança ajuda o indivíduo a ser receptivo a novas experiências (Gallahue & Ozmun, 2005).

Ambientes impróprios ou com brinquedos inadequados a faixa etária da criança, podem coibir o desenvolvimento da criança (Andrade, Santos, Bastos, Pedromônico, Almeida – Filho, Barreto, 2005). No espaço – tempo de desenvolvimento da criança, a quantidade e qualidade dos estímulos motores presentes nos domicílios, têm um valor incalculável (Rodrigues & Gabbard, 2007).

Entusiastas relatam superioridade dos fatores ambientais do desenvolvimento motor sobre os fatores biológicos. Estima-se respectivamente 19% sobre 5% atuando em estímulos no desenvolvimento motor (Lima, Eickmann, Guerra, Lira, Huttly e Ashworth, 2004).

Gallahue & Ozmun (2005) defendem que estudiosos do desenvolvimento motor reconhecem que as exigências físicas e motoras específicas de uma tarefa motora interagem com o indivíduo (genótipo) e o ambiente (fenótipo). Os modelos transacionais, concluem que fatores

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relativos à tarefa, ao indivíduo e ao ambiente não são apenas influenciados (interação), mas também podem ser modificados um pelo outro.

Para Gesell (2003) o desenvolvimento cognitivo, do mesmo modo que o crescimento físico é um processo de esquematização, porque a mente é na sua essência, a totalidade de uma crescente multidão de padrões ou esquemas de comportamento. Os olhos pestanejam, a mão agarra um objeto, a cabeça roda – eis alguns exemplos de esquemas de comportamento em que uma parte do corpo reage a um determinado estímulo, o qual mostra que a mente do bebê está realmente desenvolvendo-se, modificando-se e aperfeiçoando as suas formas de comportamento com crescente maturidade. O bebê precisa de um ambiente favorável onde desenvolva uma realização das suas potencialidades de crescimento. Mas é preciso ter em mente que os fatores ambientais favorecem, interferem e modificam as progressões do FIGURA 1 – Análise transacional da causa no desenvolvimento Motor (Gallahue & Ozmun, 2005)

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desenvolvimento, mas não lhe dão origem. As seqüências e as progressões vêm de dentro do organismo.

O desenvolvimento cognitivo ocorre pelo processo de adaptação, que requer que o indivíduo faça ajuste às considerações ambientais e intelectualize esses ajustes por processos complementares de acomodação e assimilação. A acomodação é a adaptação que a criança deve fazer ao ambiente quando informações novas são acrescentadas ao seu repertório de reações possíveis. A assimilação é o termo para a interpretação de novas informações, baseada nas interpretações presentes. Envolve retirar informações do meio ambiente e incorporá-las as estruturas cognitivas existentes no indivíduo (Camargo, 2005; Fleming, 2004; Haywood & Getchell, 2004; Lopes, 2004; Rocha, 2005).

Assim, Clark e Whitall (1989), explicam que o desenvolvimento motor representa um processo emergente de adaptação progressiva que muda de acordo com o indivíduo, o ambiente e a tarefa. O desenvolvimento é entendido como resultado, ou produto, de um processo no qual as limitações interagem e se auto – organizam. Este produto depende das inter – relações entre o indivíduo em desenvolvimento e o contexto no qual está inserido (familiar, escola, creches, parentes, vizinhos, amigos, trabalho, clubes de lazer, assistência à saúde, relações culturais). (Bronfenbrenner, 1994; Lopes & Tudella, 2004).

2.2. Desenvolvimento Motor dos Bebês – O Indivíduo

O desenvolvimento dos componentes afetivo, intelectual, as funções sensitivas e sensoriais, a percepção, a motivação, o ambiente, a demanda das tarefas, interagem no desenvolvimento de novas habilidades motoras. Estão mutuamente interligados, interagindo e influenciando os demais componentes do comportamento humano (Almeida, 2005; Arns, 1998; Burns & MacDonald, 1999; Caon & Ries, 2003; Caram, 2006; Formiga, 2004; Gallahue & Ozmun, 2005; Halpern, 2000; Haywood, 2004; Moraes, 1998; Papalia & Olds, 2000; Ramos, 2002; Rech, 2005; Rocha & Tudella, 2002; Rocha, Tudella & Barela, 2005; Sheperd, 1996; Silva & Silva, 2002; Silva, 2006; Tecklin, 2002; Toledo, 2005; Ozu & Galvão, 2005).

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O desenvolvimento apoia – se na plasticidade no primeiro ano de vida, caracterizado por um processo dinâmico recheado de maturação e novas adaptações promovendo uma reorganização das tarefas frente a novos desafios (Gallahue e Ozmun, 2003; Haywood, 2004; Thelen, 1996; Thelen e Ulrich, 1991 apud Burns e MacDonalds, 1999).

As participações do bebê em atividades motoras, realizando tarefas, proporcionam estímulos para a maturação do córtex cerebral, o desenvolvimento da mielinização e da organização estrutural do sistema nervoso central, promovendo a aquisição do controle motor e das habilidades motoras (Mastroianni, Bofi, carvalho, Saíta & Cruz, 2007).

A fim de conhecer e explorar o ambiente, os bebês utilizam – se de seus pensamentos e movimentos, objetivos embora imprecisos, para explorar, interpretar e emitir ações e decisões sobre o meio que o cerca. A obtenção e desenvolvimento das habilidades motoras rudimentares estão diretamente relacionados à hereditariedade, ao ambiente, ao contexto sócio – cultural e as exigências das tarefas. Cada bebê responde individualmente aos estímulos recebidos (Gallahue, 2005).

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O primeiro ano de vida é marcado pela fase de estágio de inibição de reflexos, fase essa onde o bebê recebe enormes estímulos visuais, auditivos, olfativos, táteis e cinéticos, que caracteriza – se pela indefinição do movimento e pela inibição gradual dos reflexos. Esse processo de desenvolvimento direciona – se ao movimento rudimentar controlado, estágio de pré – controle compreendido entre 12 e 24 meses, que representa a integração do sistema motor e sensorial resultando no domínio do seu movimento. O bebê obtém – se de um maior controle e precisão no movimento (Gallahue, 2005).

Constantemente o bebê deve ser incentivado e estimulado a explorar o ambiente, fazer suas interpretações e apresentar suas decisões, para isso torna – se necessário está inserido em um ambiente com estímulos que proporcione oportunidade e encorajamento para o seu desenvolvimento motor, cognitivo e social, pois acelera o desenvolvimento de tarefas rudimentares estabilizadoras, locomotoras e manipulativas (Gallahue, 2005).

Para interagir com o mundo o bebê deve dominar três categorias básicas de movimento, iniciando – se pela estabilidade, permite estabelecer o controle sobre a musculatura em sentido contrário a força da gravidade, onde inicia – se o controle sobre a cabeça e o pescoço seguindo ao tronco e as pernas, permitindo – o atingir uma postura sentada ereta e postura em pé ereta (Gallahue, 2005).

O mesmo autor diz que considerando e seguindo o processo de desenvolvimento céfalo – caudal, o bebê obtém o domínio da musculatura das regiões torácica e lombar do tronco. Um grande indício do controle sobre essa musculatura é a possibilidade de virar da posição supinada para a posição pronada. Ao atingir o controle total do tronco, o bebê possui o pleno domínio de sentar sozinho. Simultaneamente ao controle do tronco desenvolve – se o controle sobre os braços e as mãos. O domínio da postura ereta em pé aparece normalmente entre o décimo primeiro e décimo terceiro mês, representando o controle total sobre a musculatura e não sofre mais restrições da força da gravidade sobre seu movimento.

A segunda categoria é a locomoção responsável pela movimentação no ambiente. Ela não desenvolve – se independentemente, necessita muito da estabilidade (Gallahue, 2005).

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A fase rudimentar é marcada pelo desenvolvimento das habilidades locomotoras que proporcionam ao bebê o meio de explorar rapidamente o ambiente em expansão (Gallahue, 2005).

Consente – se que o bebê inicia sua locomoção pelo movimento de arrasta – se que evolui para engatinhá-lo tornando – se o meio de locomoção mais eficiente. Entre o décimo e décimo quinto mês inicia – se as primeiras tentativas de locomoção eretos caracterizada por base larga de apoio, pés abduzidos e joelhos poucos flexionados (Gallahue, 2005).

Thelen (1992) advoga que considerando a relevante importância da maturação do sistema nervoso no progresso da habilidade de andar, a elasticidade músculo – esquelética, as propriedades anatômicas dos ossos, as articulações e a energia despendida para a execução dessa habilidade, assim como os fatores ambientais e motivacionais, contribuem com o aparecimento do ato de caminhar independente na criança.

Aos doze meses ocorre o aumento da autonomia e com isso o bebê tem maior capacidade de explorar o ambiente devido há ampliação nos movimentos de locomoção e manipulação (Flehming, 2004).

Mary Shirley (1931) apud Gallahue & Ozmun (2005) foi responsável pelo estudo pioneiro com bebês de zero a vinte e quatro meses onde descreveu sequencialmente movimentos que proporcionam à postura ereta e a maneira de caminhar. Concluiu que cada etapa é fundamental para o amadurecimento e crescimento dos bebês e mesmo as etapas sendo fixas existem diferenças nos desenvolvimentos dos bebês.

A terceira categoria é a manipulação que evolui ao longo de uma sequencia de etapas expressa pelos movimentos de alcançar, segurar e soltar que proporcionam ao bebê a exploração dos objetos possibilitando seus significados (Gallahue, 2005).

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Até o quarto mês através de uma ação reflexa o bebê segura um objeto quando o mesmo é colocado em suas mãos. Ao final do quinto mês, o bebê torna-se capaz de alcançar o objeto desejado (Gallahue, 2005).

Segurar voluntariamente torna-se parte da vida do bebê quando o mecanismo sensório-motor se encontra desenvolvido e permite a efetivação do alcance e seus significados (Gallahue, 2005).

Complementando o quadro dos renomados pesquisadores Arnold Gesell (1945) realizou extensos estudos sobre o desenvolvimento motor infantil. Considera a fase da estabilidade a base de todas as formas de movimentos e variados tipos de locomoção e manipulação tornando-se resultado de uma sequência de ajustes motores inteiramente relacionados. Fatores biológicos inatos, pré-determinam a sequência do desenvolvimento motor que sofrem influência direta dos aspectos sociais, culturais, éticos e raciais.

É importante o bebê receber o maior número de estímulos para experimentar, exercitar, aprimorar e refinar suas habilidades motoras durante o primeiro ano de vida. Estas contribuem para a formação de novas habilidades como o correr, pular e andar que ampliarão seu vocabulário motor. (Flehmig, 2004; Tecklin, 2002).

As habilidades motoras locomotoras, estabilizadoras e manipulativas que constituem as habilidades motoras rudimentares são a base para o desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais e especializadas respectivamente (Gallahue, 2005).

As habilidades motoras fundamentais da primeira infância de 2 a 7 anos representa um período em que as crianças estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação de suas capacidades motoras. É descobrir como partilhar de uma variedade de movimentos estabilizadores (equilíbrio em um pé só), locomotores (correr e pular) e manipulativos (arremessar e apanhar) com firmeza de forma isolada e posteriormente combinada (Gallahue, 2005).

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A fase motora especializada de 7 a 14 anos, é o resultado da fase de movimentos fundamentais. Sua ferramenta principal é o movimento complexo, progressivamente refinado, combinados e elaborados na rotina diária, na recreação e nos objetivos esportivos (Gallahue, 2005).

Instrumentos, festas, lugares, animais ou outras pessoas, podem levar o filho a agir, aprender e desenvolver novas habilidades (Gabbard et al., 2008; Rodrigues, Saraiva & Gabbard, 2005). As comunicações através de explorações e percepções criam possibilidades, que raramente estão presentes no lar (Gobbi, Menuchi, Uehara & Silva, 2003; Gunter, 2003) apud in (Muller, Valentini & Bandeira, 2017).

O estudo sobre o processo do desenvolvimento motor capacita ao entendimento do desenvolvimento das habilidades motoras contribuindo para estímulos e ensinos pertinentes a características motoras que o bebê/criança se encontra (Gallahue, 2005).

2.3. A influência do contexto sociocultural e do contexto físico (Affordances) no desenvolvimento motor dos bebês

A interação do ser humano com o meio viabiliza a exploração do ambiente, permitindo o desenvolvimento de diversas estratégias adaptativas. Fato esse, se faz menção à interação do indivíduo ao ambiente, denomina-se Affordances. (Gibson, 1988) apud in (Soares, et al., 2015).

Corroborando, Caçola et al., (2011), correlaciona o desenvolvimento sensorial com as affordances, pois refere-se à relação do ambiente físico da criança com os estímulos oferecidos ao seu redor, através de atividades e brinquedos, com a relevância de como se organizam e usam os objetos do contexto (Freitas, Gabbard, Caçola, Montebelo & Santos, 2013).

Renomados autores, afirmam que a disponibilidade de brinquedos e as particularidades físicas do ambiente, favorecem o desenvolvimento sensório-motor dos bebês nos primeiros anos de vida, visto que uma exposição e integração adequada a estímulos proporciona a integração social (Saccani, Valentini, Pereira, Muller & Gabbard, 2013).

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Estudos realizados sobre o desenvolvimento infantil com interesse em verificar o contexto social em que a criança está inserida e a presença simultânea de múltiplos fatores de risco, tanto biológico como ambiental, constataram que os fatores que mais influenciam o desenvolvimento da criança são a relação com sua família e com os estímulos recebidos no ambiente que integra (Andraca et al.; 1998 & Andraca et al.; 2005).

Para o desenvolvimento motor, os primeiros anos de vida são imensamente importantes, onde os elos mais significantes, os cuidados primários e estímulos necessários ao crescimento e desenvolvimento, são oferecidos pela família (Andrade, Santos, Bastos, Pedromônico, Almeida – Filho & Barreto, 2005).

A esfera familiar oportuniza as crianças uma estimulação antecipada e regular, primordial ao seu desenvolvimento (Bronfenbrenner, 1996). Portanto, o incitamento através de livros, objetos, jogos e brinquedos dentro de casa, são referências para a qualidade do ambiente (Haydari, Askari & Nezhad, 2009) apud in (Soares, et al., 2015).

Para Brazelton (2002) & Greenspan (2002), se faz necessário (1) propiciar experiências que respeitem as diferenças individuais, através de uma educação voltada para a singularidade de cada criança, aprendizagem pelas interações emocionais dinâmicas, com grupos pequenos e voltados para o sucesso; (2) propiciar experiências adequadas a cada estágio do desenvolvimento, segundo o ritmo individual e com programas que proporcionem práticas adequadas; (3) estabelecer limites, organização e expectativas que levem em conta as características da aprendizagem e do desenvolvimento emocional da criança; (4) desenvolver-se em comunidades estáveis, aparadoras e de continuidade cultural, um contexto sócio – cultural adequado e coeso, que proporcione a criança proteção, segurança física e senso de regulação interna; (5) ter um futuro protegido, livre de ameaças.

Corroborando o texto a cima, o ambiente em que a criança vive pode dar diferentes formatos ou moldar aspectos do comportamento motor. O ambiente positivo age como facilitador do desenvolvimento normal, pois possibilita a exploração e interação com o meio. Entretanto, o

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ambiente desfavorável lentifica o ritmo de desenvolvimento e restringe as possibilidades de aprendizado da criança.

A qualidade dos estímulos oferecidos ao indivíduo no ambiente (affordances) é pertinente ao grau de escolaridade, ao nível socioeconômico da família e a diferença entre gêneros, uma vez que os interesses, brincadeiras e práticas motoras, diferem-se (Andrade, Santos, Bastos, Pedromônico, Almeida-Filho & Barreto, 2005; Andraca, Pino, Parra, Rivera & Castilho, 1998; Rodrigues & Gabbard, 2008).

Dentre os fatores de risco que aumentam a probabilidade de déficits no desenvolvimento da criança apresenta-se a idade gestacional e o peso ao nascimento (Miranda, Resegue & Figueiras, 2003). Outros fatores que podem estar relacionado com o desenvolvimento infantil incluem ausência do pai, depressão materna, baixa escolaridade dos pais, entre outros (Andraca, Pino, La Parra, Rivera & Castilho, 1998).

Bee (1979) em seu estudo constatou que as qualidades e os tipos de estímulos do ambiente familiar não são dependentes apenas da classe social em que a família está inserida, mesmo reconhecendo que existem variáveis comportamentais relacionadas com o status socioeconômico. Constatou igualdade entre os grupos socioeconômicos inferiores e médios onde ambos apresentaram a mesma amplitude de prática de criação de seus filhos.

Um estudo feito com crianças americanas, com o objetivo de investigar o desenvolvimento motor constatou que o grupo de mães que recebiam informações a respeito da criança, sugestões de atividades em casa, assistência e o desenvolvimento da consciência sobre a qualidade do movimento ocorreram mudanças positivas no desenvolvimento motor dessas crianças comparadas aquelas que não recebiam nenhum tipo de informação (Mahoney, 2001).

O contexto sociocultural é influenciado pelas condições financeiras e culturais da família ou do ambiente onde quanto menor forem essas condições em que a criança se encontra mais se observam carências de oportunidades, limitações motoras e cognitivas (Andraca et al.; Rech,

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2005 & Zajons et al.; 2008). Os fatores de desnutrição e doenças infecciosas associam-se também as baixas condições financeiras (Brizola et al.; 2007; Saccani et al.; 2007).

Nobre et al,; (2009) realizaram um estudo investigativo sobre as oportunidades para o desenvolvimento motor em ambientes domésticos de diferentes níveis socioeconômicos no estado do Ceará – Brasil. O instrumento utilizado para avaliar o nível de oportunidades para o desenvolvimento motor das crianças foi o questionário Affordances in the Home Enviroment for Motor Development – AHEMD de 18 a 42 meses. A amostra conta de 128 entrevistados de diferentes níveis socioeconômicos, foi dividida em dois grupos: Grupo A - formado com renda mensal abaixo de $ 1.000; e o Grupo B – constituído por renda familiar mensal superior a $ 1.000. Nas amostras relacionadas ao grau de escolaridade do pai e da mãe, e à renda familiar o nível econômico é determinante nas melhores condições de escolaridade dos tutores, registrando-se inclusive, diferenças significativas a favor dos pais e das mães de lares com maior renda. Verificou-se que independentemente do nível econômico, a classificação foi muito fraca e fraca para a variável espaço exterior; o mesmo não ocorrendo no item espaço interior, de que ambos os grupos obtiveram classificação boa e muito boa, havendo, no entanto, uma melhor classificação para o grupo de melhor poder aquisitivo nas duas variáveis. Contrariando todas as expectativas da literatura, constatou-se que no item variedade de estimulação, 68,9% do grupo A apresentaram uma classificação boa e muito boa, contra 53,9% do grupo B. Os resultados mais preocupantes estão relacionados aos materiais que estimulam o desenvolvimento da motricidade. Assim, independentemente do nível econômico, ambos os grupos obtiveram resultados catastróficos, pois 99% do grupo A e 100% do grupo B não atenderam aos critérios de referências para os materiais que promovem o desenvolvimento da motricidade grossa. 99% e 96.2% apresentaram classificação fraca e muito fraca nos grupos A e B, respectivamente, no que diz respeito aos materiais que objetivam desenvolver a motricidade fina. Em relação ao indicador AHEMD, total do somatório dos valores estandardizados que representa a quantidade e qualidade das affordances, obtiveram classificação baixa no ambiente doméstico 54,4% do grupo A e 50% do grupo B. Das residências pesquisadas, 53,5% tiveram uma pontuação baixa e 46,5% média, não sendo encontrado em nenhuma residência um nível alto de oportunidades para o desenvolvimento motor das crianças. Portanto as affordances presentes no microssistema lar se mostram ineficientes para promover o desenvolvimento motor das crianças.

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Um estudo feito por Barros et al, (2003) onde estudou a influência do ambiente em crianças que frequentavam escolas públicas e particulares na cidade de Recife, PE, conclui que ausência do pai; a utilização de brinquedos inadequados para faixa etária; o local onde a criança era mantida em idades precoces da infância; a falta de orientação pedagógica e de socialização extra–familiar precoce, e a baixa condição socioeconômica familiar, influenciam diretamente no desenvolvimento motor da criança. Completando o que foi descrito a cima Andraca et al, (1998) perceberam que crianças de um nível sócio econômico baixo, apesar de terem ótimas condições biológicas, também são afetadas pelas condições ambientais.

Rodrigues & Gabbard (2007), completam afirmando em seu estudo que os brinquedos, a disposição dos móveis e a atenção prestada pelas cuidadoras integram as affordances do lar, podendo ter efeitos positivos ou negativos no desenvolvimento motor dos bebês. O nível socioeconômico pode ser um fator interventor ou limitador das affordances (Freitas, 2011; Nobre et al., 2009).

Goldfield, Kay & Warren (1993), concluíram em sua pesquisa que o bebê pode se tornar habilidoso quando a tarefa e o ambiente são adequados. Eles pesquisaram os movimentos saltatórios em bebês após o sexto mês de vida, colocando – os em um aparato suspenso e elástico com uma fixação pélvica onde sem nenhum estímulo perceberam que poderiam saltar. Após dois meses de prática aprenderam a usar o aparato e a pular de forma habilidosa.

Os estudiosos Almeida, Valentini & Lemos (2005), realizaram em creche de baixa renda um programa de intervenção motora em bebês no terceiro trimestre de vida e concluíram que a prática de habilidade motora e sua experiência influenciam diretamente na mudança de comportamento e no desempenho motor.

Complementando a abordagem superior Rech (2005), observou em seu estudo as tarefas de perseguição visual de brinquedos, estabilidade postural, deslocamento e atividades manipulativas com brinquedos e concluiu afirmando que um ambiente favorável somado as práticas e experiências motoras associado as características físicas e ao processo de maturação permitem o desenvolvimento progressivo dos bebês.

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A partir da inclusão da creche no sistema educativo, através da constituição de 1988 (Brasil, 1988), a concepção de uma instituição voltada para uma ação educativa promotora do desenvolvimento infantil começa a ser valorizada. Desde então, aspectos como estimulação, interação, jogos, imitação, recreação, passam a ser destacados como elementos fundamentais para o trabalho realizado em qualquer creche e para as famílias e crianças que se utilizam desse serviço (Bofi, 2000).

Para Bofi (2000), um ponto positivo da rotina das creches é que, a existência de uma rotina faz-se necessária para que a criança adquira gradativamente a noção de tempo, fundamental para que ela aprenda a organizar-se em função dele. Inoue (1998), completa relatando que a percepção desta relação tempo – duração do trabalho oferece à criança condições de autodisciplina, à medida que ela começa a perceber a sequência rotineira das atividades diárias, indispensáveis a um desenvolvimento adequado.

Na primeira infância é essencial fornecer estímulos para a construção do alicerce e formação das crianças mediantes programas que promovam a participação efetiva dos familiares/cuidadores e ações de políticas de saúde e educação contribuindo para a formação global da criança (Andrade et al.; 2005).

2.4. Avaliação do Desenvolvimento Motor

A literatura ratifica que intervenções adequadas proporcionam condições saudáveis para a aquisição e desenvolvimento de habilidades motoras (Almeida et al.; 2005; Almeida, Paines & Almeida, 2008; Valentini, 2002, 2004) e para a formação do autoconceito na infância (Valentini & Rudsill, 2004).

Desenvolvimento motor está relacionado à avaliação, comparação, resultado e diagnóstico. A avaliação motora proporciona a identificação da fase motora inicial da criança, assim como permite identificar possíveis atrasos/comprometimento motores tornando-se um instrumento eficaz, permitindo fornecer com segurança algum tipo de diagnóstico (Rosa Neto, 2002).

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É essencial a avaliação dos níveis de desenvolvimento motor, visando à busca por uma programação motora apropriada em termos de estímulos e atividades proporcionando o desenvolvimento motor na infância (Gallahue & Ozmun, 2005).

O mesmo autor complementa que um instrumento de avaliação necessita ser composto por características importantes de confiabilidade, validade e objetividade.

A ontogênese da motricidade humana é ilustrada através das Escalas de Desenvolvimento (ED). As Escalas de Desenvolvimento fornecem embasamentos para estruturar e planificar sessões pedagógicas, na medida em que perspectivam as aquisições motoras, perceptivo-motoras e psicoperceptivo-motoras por graus de dificuldade, constituindo por esse motivo um currículo evolutivo no domínio psicomotor do comportamento humano (Vitor da Fonseca, 2009).

Diante desse estado, as escalas motoras são adaptações de escalas existentes em outros países e de adaptações originais resultante da prática no consultório médico psicopedagógico (responsabilidade do Dr. Arquimedes da Silva santos), de projetos de investigação no ISPA (Instituto superior de psicologia aplicada) e de ações de sensibilização e formação de professores de educação geral e especial em várias instituições: Centros de Educação Especial em Lisboa, Vila Real, Porto e Viseu; CERCIS de Peniche, Aveiro, Extremoz, Lousã, Guimarães, Covilhã, Beja, Barreiros (Vitor da Fonseca, 2009).

Complementando, o mesmo autor dispõe a Escala de Desenvolvimento de zero a dois anos destacando-se como instrumento prático e eficiente na observação do desenvolvimento motor. É composta por Identificação, Idade em meses e divididas em cinco áreas do comportamento motor: I – Locomoção (L); II – Viso – motricidade (V-M); III – Audição e Linguagem falada (A L F); IV – Maturação Socioemocional (M S E); V – Praxias (P). Para cada faixa etária possuem as cinco áreas do comportamento motor compreendidas de uma a três exigências motoras por área de acordo com a característica da faixa etária. As questões incluem respostas dicotômicas (sim ou não) para cada área motora.

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As Escalas de Desenvolvimento e os testes motores permitem a realização da triagem e há um diagnóstico quanto à progressão para um planejamento e tratamento, caso alguma necessidade seja diagnosticada (Bobath, k 1984; Guimarães, EL 2001).

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24 III. Metodologia

Em relevância aos objetivos desse estudo e a revisão da literatura apresentada, esse capítulo descreverá as etapas da investigação através dos seguintes itens: tipo de pesquisa, descrição dos participantes incluindo os critérios de inclusão e exclusão, instrumentação incluindo as descrições dos instrumentos e medidas avaliativas, procedimentos realizados, materiais utilizados e a análise dos dados com as técnicas estatísticas empregadas.

3.1. Tipo de Pesquisa

O presente estudo tem caráter desenvolvimental porque pretende identificar mudanças no desenvolvimento motor em diferentes faixas etárias. Possui delineamento transversal caracterizado pela seleção dos participantes que possuem a faixa etária desejada para o estudo. O delineamento correlacional verifica – se pela investigação dos fatores de contexto ambiental e familiar e suas possíveis relações com o nível de desenvolvimento dos bebês (Thomas & Nelson, 2002).

3.2. Amostra

A amostra do estudo é de conveniência partindo da disponibilidade dos participantes (Thomas & Nelson, 2002), que foram eleitos, segundo critérios de inclusão, matriculados e com frequência regular em creches. As crianças selecionadas frequentavam creches particulares do bairro da Tijuca – Zona Norte do Rio de Janeiro.

Dos 83 bebês convidados a participarem do estudo somente 61 bebês obedeceram aos critérios de inclusão. A amostra total foi constituída por 61 bebês divididos em dois grupos: Grupo 1 constituído por 31 bebês de 6 a 18 meses de idade, e o Grupo 2 composto por 30

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Tabela 1a – Grupo 1- Caracterização da amostra em função da idade em meses e do gênero Número de Sujeitos n=31 Idade (meses) M= 13,35 (± 4,10) Gênero Masculino Feminino n= 17 (55,0%) n= 14 (45,0%)

A tabela apresentada a cima é constituída por uma amostra de 31 crianças com idades compreendidas entre 6 a 18 meses 13,35 (± 4,10), sendo 17 do gênero masculino e 14 do gênero feminino.

Tabela 1b – Grupo2- Caracterização da amostra em função da idade em meses e do gênero Número de Sujeitos n=30 Idade (meses) M= 21,50 (± 1,88) Gênero Masculino Feminino n= 15 (50,0%) n= 15 (50,0%)

Verifica-se na tabela 1b a caracterização da amostra por 30 bebês com idades compreendidas entre 18 e 24 meses (21,50 ± 1,88), sendo 15 do gênero masculino e 15 do gênero feminino.

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Tabela 2a - Grupo1- Caracterização da amostra segundo o rendimento mensal familiar, tipo de habitação, escolaridade do pai, escolaridade da mãe e quantas crianças residem no ambiente familiar.

N % Rendimento Mensal Inf. $ 1000 $ 1000 $ 1500 ̶ $ 1500 $ 2500 ̶ $ 2500 $ 3500 1 3,20% $ 3500 $ 5000 3 9,70% $ 5000 ou mais 27 87,10%

Tipo de habitação Apartamento 29 93,50%

Casa Individual 2 6,50% Escolaridade do Pai 1° Ciclo 2° Ciclo 3° Ciclo Secundário 6 19,40% Superior 18 58,10% Mestrado/Doutorado 17 22,62% Escolaridade da Mãe 1° Ciclo 2° Ciclo 3° Ciclo Secundário 1 3,20% Superior 21 67,70% Mestrado/Doutorado 9 29,00%

Outras crianças residentes 0 crianças

1 crianças 24 77,40%

2 crianças 6 19,40%

3 crianças 1 3,20%

Verifica-se na tabela 2a, onde a porcentagem mais elevada é obtida no rendimento mensal familiar entre $5.000 ou mais (87,1%). Quanto ao tipo de habitação, a maior parte das crianças, 93,5% do grupo amostral, reside em apartamento. No que se refere à escolaridade dos pais a maior percentagem, tanto paterna como materna têm como habilitação acadêmica o ensino

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superior (58,1% e 67,7% respectivamente). Quanto ao número de outras crianças que também vivem na casa familiar, verificou-se que 77,4% destas não tem a companhia de outras crianças no mesmo ambiente que residem, sendo filho único.

Tabela 2b – Grupo2 (18 a 24meses) - Caracterização da amostra segundo o rendimento mensal familiar, tipo de habitação, escolaridade do pai, escolaridade da mãe e quantas crianças residem no ambiente familiar. N % Rendimento Mensal Inf. $ 1000 $ 1000 $ 1500 $ 1500 $ 2500 $ 2500 $ 3500 1 3,33% $ 3500 $ 5000 6 20,00% $ 5000 ou mais 23 76,67%

Tipo de habitação Apartamento 25 83,33%

Casa Individual 5 16,67% Escolaridade do Pai 1° Ciclo 2° Ciclo 1 3,33% 3° Ciclo Secundário 2 6,67% Superior 22 73,33% Mestrado/Doutorado 5 16,67% Escolaridade da Mãe 1° Ciclo 2° Ciclo 3° Ciclo Secundário 2 6,67% Superior 18 60,00% Mestrado/Doutorado 10 33,33%

Quantas crianças vivem na residência familiar

0 crianças

1 crianças 24 80,00%

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Corroborando com o estudo da amostra, confere-se na tabela 2b a porcentagem mais elevada é obtida no rendimento mensal entre $5000 ou mais (76,67%). Quanto ao tipo de habitação, 83,33% da amostra, reside em apartamento. No que se refere à escolaridade paterna e materna, a maior percentagem, têm como formação acadêmica o ensino superior (73,33% e 60,00% respectivamente). Quanto ao número de crianças que vivem no ambiente familiar, verificou-se que 80,00% destas crianças não tem a companhia de outras crianças no mesmo ambiente que reside, sendo filho único.

3.2.1 Critérios de Inclusão

Todos os bebês que participaram deste estudo obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: (1) serem frequentadores de creche; (2) tinham entre seis e vinte quatro meses completos até a véspera da data da avaliação motora; (3) não excederam a idade de vinte e quatro meses e vinte e nove dias na data da aplicação da Escala de Desenvolvimento Motor de zero a dois anos (Vitor da Fonseca, 1979); (4) retornaram o Termo de Consentimento, assinado pelos responsáveis legais do bebê; (5) preencheram e retornaram o questionário Affordances in the Home Environment Motor Development (AHEMD-IS/AHEMD); (6) autorizaram a observação da Escala de Desenvolvimento Motor de zero a dois anos em seus filhos realizada no ambiente escolar.

3.2.2 Critérios de exclusão

Foram excluídos do estudo os bebês que: (1) estavam doentes no dia da avaliação; (2) portadores de necessidades especiais, com comprovação diagnóstica; (3) não se enquadraram nos critérios de inclusão propostos;

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Os instrumentos utilizados na avaliação das variáveis dependentes e independentes – desempenho motor e contexto familiar serão descritos a seguir.

Os materiais utilizados na realização deste estudo foram: questionário do AHEMD-IS, AHEMD, Fichas da Escala de Desenvolvimento Motor (Vitor da Fonseca, 1979), e pequenos materiais como arco colorido, boneca, cubos coloridos de borracha, papel, músicas infantis, caixas, guizos, copo, colher, relógio – despertador, chapéu, lápis, brinquedos de encaixar (ex: círculo em uma prancha), bola, cavalo de madeira, carrinhos, cadeira, mesa, livros de figura, pregos lúdicos com prancha.

3.3.1 Escala de Desenvolvimento de Zero a Dois Anos (Adaptação De Vitor Da Fonseca, 1979).

As Escalas de Desenvolvimento Motor não determinam Quocientes de Desenvolvimento e sim ilustram a ontogênese da motricidade fundamentando apoios pedagógicos, orientações curriculares e criação de programas precoces de estimulação e reabilitação (Vitor da Fonseca, 2009).

Ratificando, a inserção dos testes, escalas e observações de aspectos integrais dos alunos apoiadas no princípio da maturação inseridas no processo educacional, devem ser feitas de maneira simples e eficaz que permitem descobrir e detectar séries e sequências de conduta, podendo, em presença de sinais de risco, identificar, definir e eliminar condições inibitórias do desenvolvimento permitindo e estimulando a criação de programas educacionais apropriados que minimizaram os déficits motores (Fonseca, 2009).

Neste estudo foi utilizada a Escala de Desenvolvimento de Zero a Dois Anos (Adaptação de Vitor da Fonseca, 1979). Essa Escala é composta por Identificação, Idade em meses e divididas em cinco áreas do comportamento motor: I – Locomoção (L); II – Viso – motricidade (V-M); III – Audição e Linguagem falada (A L F); IV – Maturação Socioemocional (M S E); V – Praxias (P). Para cada faixa etária possuem as cinco áreas do comportamento motor compreendidas de

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uma a três exigências motoras por área de acordo com a característica da faixa etária. As questões incluem respostas dicotômicas (sim ou não) para cada área motora.

A aplicação da Escala Motora foi realizada individualmente nas creches onde os bebês pertencem mediante agendamento junto à direção escolar e familiar respeitando integralmente a rotina do bebê com duração mínima de 30 e a máxima de 60 min, foi realizada em uma sala silenciosa, ampla e com os materiais necessários para a realização e observação da Escala Motora. No momento da aplicação esteve presente uma auxiliar da creche familiar ao bebê. As atividades propostas correspondiam às exigências características a faixa etária do bebê onde era estimulado a realizá-las. Foram propostas atividades relacionadas às cinco áreas do comportamento contendo de uma a três exigências por área, variando de acordo com a faixa etária do bebê, a não realização de uma ou mais exigência dentro da mesma área de comportamento ou não, não impediu o bebê de prosseguir nas etapas seguintes.

A Escala de Desenvolvimento tem suas dimensões calculadas tomando os números de sim, isto é, atendimento satisfatório a bateria de teste. Considerando que no protocolo de Vitor da Fonseca, cada idade observa diferentes combinações de baterias de testes, tomou-se as respectivas baterias em sua totalidade máxima de pontos – soma de todos os Sim e fez-se dessa soma a referência plena (100%). Assim, o número de sim obtido pela criança é dividido pelo total possível de sim e constitui a razão analítica que o classifica, sendo 0 o mínimo e 1 o máximo para cada etapa dentre as cinco áreas motoras. A Escala de Desenvolvimento pode apresentar até três exigências por área do comportamento de acordo com a idade, para cada realização positiva dentro das etapas obtém um Sim o que corresponde a 1 e para a realização negativa das etapas obtém um Não o que corresponde a 0, logo o bebê pode pontuar de 0 a 3 pontos por área do comportamento. Cada área do comportamento motor tem sua classificação em (acima da média, na média e abaixo da média). Nas áreas motoras onde há três exigências o cumprimento das três classifica-se em acima da média; duas classifica-se em na média e uma ou nenhuma em abaixo da média, seguindo, nas áreas motoras onde há duas exigências o cumprimento total se em acima da média, o cumprimento de uma exigência classifica-se na média e o de nenhuma exigência classifica-classifica-se em abaixo da média, finalizando, nas áreas motoras onde há apenas uma única exigência por área o cumprimento classifica-se em na média e a não realização em abaixo da média.

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Será apresentada a análise descritiva dos testes motores e o valor da soma de todos os itens em cada um dos testes que está simbolizado na tabela de Análise descritiva e classificatória dos resultados segundo os gêneros.

3.3.2. Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD-IS/AHEMD)

Para verificar as características do contexto doméstico dos bebês optou – se pelo Affordances in the Home Environment for Motor Development (AHEMD-IS/AHEMD), traduzido como oportunidades para estimulação do comportamento motor na habitação familiar (Caçola, P.; Gabbard, C.; Santos, D & Batistela, A 2011.; Rodrigues.; 2005 & Rodrigues, 2005). Corroborando, Affordances é a capacidade que o indivíduo tem em captar as oportunidades para promover seu potencial de ação, consequentemente sua aprendizagem e seu desenvolvimento (Caçola, P.; Gabbard, C.; Santos, D & Batistela, A 2011). É um instrumento utilizado para avaliar o quanto o ambiente promove o desenvolvimento motor. Foi desenvolvido e apresentado para faixas etárias específicas: de três a dezoito meses (Caçola, P.; Gabbard, C.; Santos, D & Batistela, A, 2011). E de dezoito aos quarenta e dois meses de idade (Rodrigues.; 2005; Rodrigues, 2005).

Os autores Caçola, P.; Gabbard, C.; Santos, D & Batistela, A (2011), afirmam que os resultados encontrados no AHEMD-IS são de extrema competência e confiabilidade em desenvolver de forma adequada, sua função como instrumento para avaliar as affordances inseridas no ambiente familiar.

Os componentes estruturais do AHEMD-IS foram adotados a partir dos cinco fatores propostos no AHEMD original. Estruturando-se em 56 itens além de um questionário introdutório abordando casa e característica familiar. (Caçola, P.; Gabbard, C.; Santos, D & Batistela, A 2011).

O AHEMD é constituído por 67 questões específicas de Affordances. Através do preenchimento de um questionário pelos pais, avalia qualitativa e quantitativamente fatores (disposições e

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eventos) presentes no ambiente doméstico. Apresenta os itens das oportunidades agrupados em cinco fatores: espaço externo, espaço interno, variedades de estimulação, brinquedos para motricidade fina e motricidade ampla.

Os diferentes modelos, conforme a faixa etária propõe as mesmas questões quanto à caracterização da criança e da família, do espaço físico, das atividades diárias da criança, independente da faixa etária. Já, nos brinquedos e materiais existentes na habitação, propõe diferentes tipos de brinquedos para diferentes faixas etárias (Rodrigues et al.; 2005; Rodrigues, 2005).

O AHEMD-IS (3-18meses) tem as dimensões calculadas pela soma dos escores obtidos para todas as questões dentro de cada dimensão do espaço físico, atividades diárias, brinquedos e materiais existentes na residência. A validação para pesquisa e desenvolvimento de um sistema de pontuação (escore) para o AHEMD-IS estão atualmente em progresso. Entretanto o sistema atual é útil para avaliação da residência (Caçola, P.; Gabbard, C.; Santos, D & Batistela, A 2011).

Nesta pontuação, cada item dicotômico é pontuado como zero ou um, e aqueles que não o são, recebem pontuação de zero até o número de opções de resposta correspondentes, sendo considerado o maior valor como a melhor oportunidade possível. O escore de uma dimensão é calculado pela soma dos pontos obtidos para todos os itens dentro de cada dimensão. Logo, a pontuação máxima possível no instrumento é obtida pela soma dos escores das três dimensões.

Tabela 3a – Grupo1- Interpretação do escore total AHEMD-IS

Soma dos Scores Parciais Escore total AHEMD Interpretação

≤49 1 Baixa

49 ≤ 64 2 Média

> 64 3 Alta

Imagem

Tabela 1a – Grupo 1- Caracterização da amostra em função da idade em meses e do gênero  Número de Sujeitos     n=31     Idade (meses)     M= 13,35 (± 4,10)     Gênero  Masculino  Feminino  n= 17 (55,0%)        n= 14 (45,0%)
Tabela 2a - Grupo1- Caracterização da amostra segundo o rendimento mensal familiar, tipo de habitação,  escolaridade do pai, escolaridade da mãe e quantas crianças residem no ambiente familiar
Tabela 2b – Grupo2 (18 a 24meses) - Caracterização da amostra segundo o rendimento mensal familiar,  tipo  de  habitação,  escolaridade  do  pai,  escolaridade  da  mãe  e  quantas  crianças  residem  no  ambiente  familiar
Tabela 3a – Grupo1- Interpretação do escore total AHEMD-IS
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Referências

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