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Relatório de Estágio realizado na Farmácia Faria

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Academic year: 2021

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2019-2020

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I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Faria

Fevereiro a agosto de 2020

Gonçalo Teixeira Guerra

Orientador: Dr. Francisco Faria

Tutora FFUP: Prof. Doutora Irene Rebelo

(3)

II

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 1 de outubro de 2020

(4)

III

Agradecimentos

Estes cinco anos que passaram foram repletos de experiências que me mudaram como pessoa, que me prepararam para os desafios do futuro e que incutiram em mim valores que levarei para sempre na minha vida profissional. Tal só foi possível devido às pessoas que me rodearam e que fizeram toda esta jornada valer a pena. Por isso tenho de agradecer:

À Comissão de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em especial, à Drª. Irene Rebelo pelo apoio e disponibilidade.

Ao Dr. Francisco Faria, Diretor Técnico da Farmácia Faria, pela disponibilidade constante para as minhas questões, mas em especial por me ter deixado continuar a minha experiência de estágio num dos períodos mais difíceis no exercício da profissão farmacêutica. Tenho a certeza de que serei um melhor profissional, apto ao desafio com que o setor se depara. À restante equipa da Farmácia Faria pela atenção dispensada, por todos os ensinamentos e conselhos e por me terem acolhido de braços abertos. Um agradecimento especial à Drª Joana Monteiro, por ser uma prova de resiliência e por me ter mostrado o que é ser farmacêutico mesmo nos momentos mais difíceis.

Ao Projeto Geração Saudável, por me levar pelo país fora, por me ter mostrado o valor da minha futura profissão e pelas experiências enriquecedoras que me fizeram evoluir como pessoa.

Aos praxistas da Faculdade de Farmácia, por deixarem a sua marca em mim, por serem a família de verdade com que poderei sempre contar e por me deixarem com saudades desta casa. Aos meus amigos da FFUP, por me manterem de pé durante estes 5 anos sempre que eu mais precisei deles, por todos os “Oh Markl’s”, e pelos momentos incríveis passados ao vosso lado. À Andreia Tavares, por seres uma constante neste percurso.

Aos meus pais e ao Tomás por me terem trazido até este ponto, por me apoiarem em tudo, pela motivação e por me terem deixado viver ao máximo este sonho. À minha Tia Isa e ao meu Tio Vitor, por terem sido também os meus pais nos primeiros anos do curso e me terem deixado vivê-lo da melhor forma ao vosso lado.

(5)

IV

Resumo

O estágio curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas permite colocar em prática todas as valências adquiridas durante o curso e desenvolver competências fundamentais na relação entre o farmacêutico e a figura central do sistema de saúde: o utente.

O meu estágio em Farmácia Comunitária iniciou-se a 24 de fevereiro de 2020 e terminou a 31 de agosto do mesmo ano, num período onde ocorreram mudanças profundas no modo como os farmacêuticos exercem a sua profissão. Integrei a equipa da Farmácia Faria, sob orientação do Dr. Francisco Faria, e acompanhei de perto as atividades que permitem a boa gestão da farmácia, os atos de cedência de medicamentos e a prestação de cuidados farmacêuticos .

Na primeira parte deste relatório descrevo o modo como a Farmácia Faria se organiza, os processos que nela ocorrem de modo a garantir as Boas Práticas Farmacêuticas e que permitem a dispensa dos medicamentos de modo a garantir o seu uso responsável e eficácia terapêutica, relatando o meu envolvimento nas atividades realizadas neste contexto e o modo como a pandemia veio a alterar vários aspetos da atividade farmacêutica. Na parte II relato os projetos desenvolvidos em colaboração com a equipa da farmácia no sentido de pôr em prática conhecimentos adquiridos ao longo do curso. No primeiro projeto, quis perceber junto dos utentes como é que percecionavam o serviço de entregas ao domicílio através de um inquérito, onde pude concluir que se trata de uma mais-valia para as farmácias e uma oportunidade de diversificação com possibilidade de se estabelecerem no mercado digital em expansão. O segundo projeto consistiu numa ação de formação direcionada à equipa da farmácia sobre a dermatite onde procurei renovar o conhecimento sobre a patologia e formas de tratamento, e ainda resolver novos problemas trazidos pela COVID-19, nomeadamente o surgimento de situações de dermatite de contacto causadas pela utilização de máscaras. Este projeto culminou no desenvolvimento de uma campanha de educação para a saúde em meio digital, direcionada aos utentes da farmácia, onde pude desenvolver uma linha de imagem que pudesse ser utilizada no futuro pela Farmácia Faria.

Estes projetos, as atividades em que participei e as intervenções que pude realizar no espaço da farmácia e junto dos utentes, permitiram-me aproveitar da melhor forma este período de estágio, preparando-me para o rigor que deve acompanhar o exercício da atividade farmacêutica.

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V

Índice

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ... II AGRADECIMENTOS ... III RESUMO ... IV ÍNDICE ... V ÍNDICE DE TABELAS ... VII ÍNDICE DE FIGURAS ... VII ÍNDICE DE ANEXOS ... VIII ABREVIATURAS ... IX

INTRODUÇÃO ... 1

PARTE I – FARMÁCIA FARIA ... 2

1. ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA FARIA ... 2

1.1. Contexto da Farmácia Faria no concelho de Santo Tirso ... 2

1.2. Recursos humanos ... 2

1.3. Espaços e equipamentos ... 2

1.3.1. Atendimento ao público ... 3

1.3.1.1. Exposição de produtos e gestão de categorias ... 3

1.3.1.2. Gabinetes ... 4

1.3.1.3. Alterações progressivas ao espaço em contexto de pandemia .. 5

1.3.2. Backoffice ... 6

1.3.2.1. Zona de armazém e receção de encomendas ... 6

1.3.2.2. Kaizen e zona de comunicação profissional ... 7

1.3.2.3. Laboratório e copa ... 7

1.3.3. Sistemas Informáticos ... 7

1.3.4. Serviços da farmácia ... 8

1.3.4.1. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos ... 8

1.3.4.2. Consultas ... 9

1.3.4.3. Preparação individualizada de medicamentos ... 10

1.3.4.4. Entregas ao domicílio ... 10

1.3.4.5. Outros serviços ... 11

2. GESTÃO DA FARMÁCIA FARIA ... 11

2.1. Gestão de stocks ... 11 2.2. Gestão de encomendas ... 12 2.2.1. Fornecedores de produtos ... 12 2.2.2. Realização de encomendas ... 12 2.2.3. Receção de encomendas ... 13 2.2.4. Devoluções a fornecedores ... 14 2.3. Gestão de reservas ... 14 2.4. Armazenamento ... 15 2.5. Gestão de validades ... 15

3. DISPENSA E ACONSELHAMENTO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS ... 16

3.1. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 16

3.1.1. Receção e validação da prescrição médica ... 17

3.1.2. Regimes de comparticipação, sistemas de preços de referência e subsistemas de saúde ... 19

(7)

VI

3.1.4. Dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ... 20

3.1.5. Dispensa e preparação de medicamentos manipulados ... 21

3.2. Dispensa de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica e Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa Exclusiva em Farmácia ... 21

3.3. Dispensa de outros produtos de saúde... 22

4. MARKETING E GESTÃO DE CAMPANHAS... 23

5. FORMAÇÕES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO ... 23

PARTE II – PROJETOS DESENVOLVIDOS DURANTE O ESTÁGIO ... 24

1. INQUÉRITO SOBRE ENTREGAS AO DOMICÍLIO PELAS FARMÁCIAS ... 24

1.1. Enquadramento Teórico ... 24

1.2. Enquadramento Prático ... 24

1.3. Objetivo do projeto e métodos ... 25

1.4. Resultados e discussão ... 26

1.5. Conclusões ... 32

2. AÇÃO DE FORMAÇÃO INTERNA SOBRE DERMATITE ... 33

2.1. Enquadramento teórico: a Dermatite ... 33

2.1.1. Fisiopatologia da Dermatite... 34

2.1.2. Dermatite atópica ... 34

2.1.3. Dermatite de contacto ... 35

2.1.4. Tratamento e medidas não farmacológicas ... 35

2.2. Objetivo do projeto ... 37 2.3. Métodos ... 38 2.4. Resultados e Discussão ... 38 2.5. Conclusão ... 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 40 REFERÊNCIAS ... 41 ANEXOS ... 45

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VII

Índice de Tabelas

Tabela 1 – Cronograma de atividades realizadas durante o estágio na FF………1

Tabela 2 - Dados demográficos recolhidos no inquérito sobre ED………27

Índice de Figuras

Figura 1 – Motivos que levaram aos utentes inquiridos a utilizar o serviço de ED…….27

Figura 2 – Via de contacto entre os utentes e as farmácias para realização de ED……28

Figura 3 – Comparação entre o modo de comunicação no momento de seleção dos produtos……….29 Figura 4 – Avaliação da equivalência entre o aconselhamento farmacêutico com o atendimento presencial………29 Figura 5 – Preferência dos utentes em relação a diferentes modos de atendimento….30

Figura 6 – Motivos pelos quais os inquiridos não recorreram à ED pelas farmácias…30

Figura 7 – Dados relativos às expectativas em relação ao serviço de ED………31

(9)

VIII

Índice de Anexos

Anexo 1 – Área de armazenamento de produtos para uso externo………45

Anexo 2 – Espaço criado para a preparação de entregas ao domicílio………46

Anexo 3 – Impresso de registo de pedidos para entrega ao domicílio………47

Anexo 4 – Formações realizadas durante o período de estágio………48

Anexo 5 – Questionário sobre o serviço de ED pelas farmácias………...49

Anexo 6 – Grafico correspondente à divisão dos utentes inquiridos………55

Anexo 7 – Gráficos correspondentes aos dados demográficos………55

Anexo 8 – Dados dos inquiridos que já receberam ED antes de março de 2020………56

Anexo 9 – Distribuição do tipo de produtos recebidos por ED………...56

Anexo 10 – Gráfico sobre a perceção da satisfação relação ao serviço de ED………57

Anexo 11 – Gráfico utentes que teriam interesse em receber ED no futuro………57

Anexo 12 – Apresentação no âmbito da ação de formação sobre Dermatite…………..58

Anexo 13 – Resultados da avaliação da ação de formação pela equipa da FF………..63

Anexo 14 – Imagens criadas no âmbito da campanha de literacia para saúde subordinada ao tema “Prepare o seu inverno” com o objetivo de explicar como resolver situações de dermatite de contacto aquando da utilização de máscara………65

Anexo 15 – Imagens criadas no âmbito da campanha de literacia para saúde subordinada ao tema “Prepare o seu inverno” com o objetivo de promover o uso de cremes de mãos devido ao uso frequente de desinfetantes………67

(10)

IX

Abreviaturas

ANF – Associação Nacional das Farmácias

COVID-19 – Doença infeciosa respiratória causada pelo Coronavírus SARS-CoV-2 CRM – Costumer Relationship Management (Gestão de Relação com o Consumidor) DA – Dermatite Atópica

DC – Dermatite de Contacto

DCM – Dispensa Clínica de Medicamentos DT – Diretor Técnico

ED – Entregas ao Domicílio

EPI – Equipamento de Proteção Individual FC – Farmácia Comunitária

FF – Farmácia Faria

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde. I.P. LAF – Linha de Apoio ao Farmacêutico

MA – Módulo de Atendimento MG – Medicamentos Genéricos MM – Medicamentos Manipulados

MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa Exclusiva em Farmácia

MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica PA – Pressão Arterial

PIM – Preparação Individualizada da Medicação PVP – Preço de Venda ao Público

RGPD – Regulamento Geral da Proteção de Dados RM – Receita Médica

SI – Sistema Informático

(11)

1

Introdução

O ano de 2020 tem sido um ano extremamente desafiante para o setor das farmácias. Muitas alterações tiveram de ser feitas ao modus operandi dos farmacêuticos de modo a se adaptarem à nova realidade que a pandemia da doença infeciosa respiratória causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 (COVID-19) impôs ao mundo. Mas, perante este desafio, a Farmácia Comunitária (FC) em Portugal demonstrou estar à altura, renovando e reforçando a confiança dos portugueses neste setor, muito graças aos seus profissionais que demonstraram dia após dia a sua importância para o sistema de saúde português. Na sua grande maioria, as farmácias portuguesas mantiveram-se abertas durante os momentos mais difíceis da pandemia, procurando sempre dar a resposta às necessidades crescentes dos portugueses neste contexto e mantendo as suas portas abertas, garantindo a todos o acesso aos medicamentos e aos serviços farmacêuticos1.

O estágio curricular em FC é elementar na formação de qualquer farmacêutico e o facto de poder ter feito o meu neste contexto não só permitiu concluir este ciclo de estudos, como também me preparou para uma nova realidade no setor e demonstrou na totalidade o valor da profissão para o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O meu estágio iniciou-se no dia 24 de fevereiro de 2020 na Farmácia Faria (FF), ainda num contexto normal para as farmácias. Em menos de um mês a partir dessa data, o vírus SARS-CoV-2 chegava a Portugal e colocou o país em estado de emergência. Contudo, pude continuar a estagiar na FF com as devidas adaptações e normas de segurança, sendo uma delas o regime de trabalho por turnos em dias alternados, entre 16 de março e 2 de maio.

Durante os 6 meses do meu estágio profissionalizante, realizei diversas atividades descritas no cronograma apresentado na Tabela 1.

Tabe la 1: Cronograma de atividades realizadas durante o período de estágio curricular na FF.

fevereiro e março abril maio junho julho agosto

Armazenamento de produtos farmacêuticos X X X X X X

Receção de encomendas X X X X X X

Medição de parâmetros fisiológicos e

bioquímicos X X X X

Verificação de prazos de validade X X X X X X

Faturação mensal para entidades X X

Observação de atendimentos X X X X

Realização de atendimentos com

supervisão X X X X

(12)

2

Parte I – Farmácia Faria

1. Organização da Farmácia Faria

1.1. Contexto da Farmácia Faria no concelho de Santo Tirso

A FF é uma farmácia centenária em Santo Tirso, contando atualmente com a quarta geração de farmacêuticos dedicados a garantir o acesso ao medicamento e a prestar cuidados de saúde aos seus utentes. Atualmente localiza-se na Praça Conde São Bento, numa localização emblemática do concelho.

É uma das cinco farmácias no centro de Santo Tirso, estando aberta ao público das 8h30 às 20h, de segunda a sexta-feira, e das 9h às 19h, com pausa para almoço das 13h às 15h, ao sábado, efetuando serviço permanente a cada cinco dias, em rotatividade com as farmácias do centro do concelho. Em contexto de pandemia, este conjunto de farmácias fez um esforço coletivo de uniformizar os seus horários de modo a garantir assistência farmacêutica com toda a segurança a todos os utentes.

1.2. Recursos humanos

De acordo com o Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto, a direção técnica das farmácias em Portugal, deve ser assegurada por um farmacêutico que se deve encontrar em permanência nas instalações, existindo a possibilidade de haver um outro que o possa substituir. O Diretor Técnico (DT) pode ser auxiliado no exercício das suas funções por farmacêuticos e por profissionais qualificados2.

Assim sendo, a direção técnica da FF é assegurada pelo Dr. Francisco Faria que também detém a sua propriedade. A sua equipa técnica conta com cinco farmacêuticos (Dr. António Cruz - Farmacêutico Substituto -, Drª. Bernardete Moura, Dr. David Costa, Drª. Carla Faria e Drª. Iolanda Antunes), dois técnicos superiores de diagnóstico (Tiago Almeida e Simone Alves), e um responsável de armazém e apoio administrativo (André Paiva). Até ao mês de julho, a Drª Joana Monteiro também integrou a equipa da FF.

A farmácia conta também com o apoio da Drª. Isa Ferreira, da Drª. Neide Ferreira e do Dr. João Andrade para assegurar os serviços de consultas de nutrição, podologia e fisioterapia, respetivamente.

1.3. Espaços e equipamentos

A FF possui duas fachadas, cada uma com uma entrada que permite o acesso de utentes com mobilidade reduzida e disponibiliza uma zona de parqueamento gratuito e exclusivo para clientes3. Em ambas as frentes encontram-se duas cruzes verdes que

identificam a farmácia e que se iluminam durante o horário de funcionamento da FF e durante os períodos de serviço noturno em que o atendimento ocorre através de um postigo 2,3.

(13)

3 O espaço interior encontra-se dividido em dois: a zona de atendimento ao público e o backoffice. Na zona de atendimento, o farmacêutico foca-se nos atos de dispensa, aconselhamento, indicação, administração de medicamentos e promoção para a saúde, sendo estas atividades voltadas para o utente3. No backoffice, as atividades são

orientadas para o medicamento, nomeadamente a sua preparação, armazenamento, distribuição e eliminação visando a dispensa de produtos farmacêuticos nas melhores condições de qualidade e segurança para o utente3.

1.3.1. Atendimento ao público

A zona de atendimento ao público é de extrema importância em FC por ser um espaço centrado no utente, onde são tomadas decisões com impacto direto na sua saúde e, como tal deve ser um local que transmite confiança e profissionalismo e que permite a comunicação desimpedida e privada entre o farmacêutico e o utente3.

A FF tem ao seu dispor 5 balcões de atendimento, devidamente afastados para possibilitar a privacidade dos utentes durante a conversa com o farmacêutico. Os postos de atendimento possuem acesso aos sistemas informáticos (SI) da FF sendo que dois deles possuem impressoras de etiquetas de posologia, acessíveis a partir dos balcões adjacentes.

Atrás dos postos de atendimento encontram-se lineares contendo medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), suplementos vitamínicos e uma zona para medicamentos de uso veterinário. Na zona inferior a estes lineares, encontram-se gavetas contendo produtos de fácil acesso, não só pela elevada rotatividade, mas também pela maior facilidade de organização e categorização dos mesmos segundo critérios lógicos para os utilizadores deste sistema de arrumação. A área de atendimento possui um local de espera com cadeiras e uma balança digital que efetua determinações de peso, altura e índice de massa corporal. A FF possui uma área ampla de exposição de produtos constituída por múltiplas prateleiras que circulam o perímetro interior e três gôndolas distribuídas pela zona central da farmácia.

1.3.1.1. Exposição de produtos e gestão de categorias

Os produtos expostos na FF encontram-se distribuídos por várias categorias adequadas ao posicionamento da farmácia no mercado. Atrás do balcão encontram-se expostos produtos que representam as necessidades mais frequentes dos utentes, pelo que devem ser de fácil acesso por forma a facilitar a sua indicação4. Alguns exemplos

de secções nesta área são dor e febre, antigripais, tosse, problemas do sistema digestivo, dores musculares, suplementos alimentares, medicamentos homeopáticos e produtos veterinários. Os produtos variam conforme a sua maior demanda, como foi o

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4 caso de produtos relacionados com a COVID-19 - máscaras, desinfetantes, termómetros, suplementos para reforço do sistema imunitário - que ganharam um lugar de destaque. Nos balcões de atendimento estão expostos produtos com alto interesse de venda, que representem compras por impulso de produtos inseridos em campanhas, novidades na farmácia ou de menor rotação. Desta forma, encontram-se sempre no campo de visão do utente enquanto decorre o atendimento4.

Os lineares de produtos dividem-se em várias categorias: bebé e mamã, saúde oral, emagrecimento, podologia, ortopedia e dermocosmética. Esta última encontra-se segmentada por marcas, subdividindo-se ainda em diferentes gamas. Junto à entrada principal encontram-se lineares com produtos de alta cosmética, que representam maior rendimento para a farmácia e perto da entrada posterior encontra-se o espaço de bebé e mamã, junto da área de espera para crianças. Nas gôndolas encontram-se produtos de maior interesse para a farmácia, renovados com bastante frequência, de acordo com diferentes campanhas ou sazonalidade, localizadas no centro da farmácia garantindo alta visibilidade, em especial as faces viradas para as entradas da farmácia4.

Além destas, existem expositores fornecidos por várias marcas, associados a campanhas ou que facilitam a visualização dos seus produtos, colocados em zonas bastante acessíveis que atraem a atenção dos utentes.

Enquanto se efetuam alterações à disposição dos produtos, posição de expositores e gôndolas e montras, é importante visualizar o espaço do ponto de vista do utente de modo a perceber se estão mais destacadas as áreas de maior interesse e se não se interrompe o fluxo de pessoas dentro da farmácia.

Durante o meu estágio, participei frequentemente na reorganização destes locais de exposição de acordo com novas campanhas ou produtos, na montagem de novos expositores e na preparação de montras alusivas a várias celebrações.

1.3.1.2. Gabinetes

A FF tem ao seu dispor dois gabinetes que auxiliam na realização de atos farmacêuticos que requerem maior privacidade do utente e para realização de vários serviços e consultas que ocorrem na farmácia3. O primeiro serve para medição de

parâmetros bioquímicos, administração de injetáveis e vacinas e consultas de nutrição. Para o efeito, encontram-se todos os equipamentos necessários para a realização das mesmas com segurança. O segundo gabinete destina-se às consultas de podologia e fisioterapia, sendo que tem disponível uma marquesa para o mesmo efeito. Este espaço também é utilizado para vários tipos de rastreios pontuais que ocorram na FF e para intervenções que requeiram maior privacidade do utente, por exemplo, medição de membros inferiores para determinar o tamanho de uma meia elástica.

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5 1.3.1.3. Alterações progressivas ao espaço em contexto de pandemia De modo a garantir a segurança de todos os utentes, foi necessário adaptar o espaço da farmácia à nova realidade imposta pela pandemia de COVID-19. Numa primeira fase, colocaram-se separadores de acrílico no balcão, disponibilizou-se solução antissética de base alcoólica (SABA) nos acessos à farmácia e foram colocadas marcações no espaço da farmácia que promovessem a distância de segurança e que evitassem o contacto com os produtos5. Disponibilizou-se toda a

informação possível, devidamente atualizada aos utentes da FF durante os atendimentos, em formato físico, digital e verbalmente, e foram desenvolvidos protocolos de contingência acerca do procedimento em caso de contacto com um utente ou colaborador com suspeita de infeção5.

Durante o período de estado de emergência, a farmácia funcionou por turnos de cinco elementos, o que implicou o encerramento de dois postos de atendimento de forma a aumentar a distância entre utentes e colaboradores da farmácia. Posteriormente, através de uma reorganização do espaço que envolveu a colocação de gôndolas como separadores e a reorientação dos postos de atendimento, foi possível abrir mais um balcão.

Toda a equipa da FF participou em esforços muito frequentes de higiene das mãos e desinfeção do espaço, garantindo a limpeza dos balcões de atendimento e dos gabinetes, bem como a zona de backoffice. Equipamentos como teclados e ratos de computador foram desinfetados antes e depois da sua utilização-, e os terminais de multibanco foram limpos após cada utilização, privilegiando os pagamentos

contactless6. Para além do uso obrigatório de máscara, limitou-se o número de utentes

na farmácia ao número de postos em funcionamento.

No início do estágio, foi importante o acompanhamento de toda a informação científica relativa ao novo coronavírus para saber como adaptar a farmácia à nova realidade. Os colaboradores da FF foram distribuídos por turnos de dias não consecutivos e para atenuar o impacto desta medida, foram criados procedimentos que permitissem a continuação das tarefas de um turno para o outro. Devido ao contexto, cumpri todos os protocolos da FF relativos à desinfeção e higiene dos equipamentos e postos de trabalho e em vários momentos participei na reorganização do espaço de forma garantir a segurança de todas as pessoas que entram na farmácia. Durante o período de atendimentos, sensibilizei os utentes para o cumprimento das regras de distanciamento social e utilização de máscara, sublinhando o impacto que estas têm para a saúde pública.

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6 1.3.2. Backoffice

1.3.2.1. Zona de armazém e receção de encomendas

Esta é uma área de extrema importância para o funcionamento da FC devido à grande quantidade de tarefas essenciais que nela decorrem, tais como a realização e receção de encomendas e o armazenamento dos medicamentos3. Aqui encontra-se um

balcão com um computador por onde passam todos os produtos que entram na FF. Encontram-se delimitadas diferentes zonas, sendo uma delas a de colocação de encomendas por rececionar. Os produtos que aí se encontram, permanecem até ser dada a sua entrada no SI. Daí passam para a mesa central, que se encontra dividida de uma maneira que facilita a verificação de stocks antes da colocação do medicamento no seu local correto, seja no stock da farmácia, na zona de reservas ou para posterior devolução. Existem também espaços para colocação de contentores de transporte vazios e preparação de encomendas a enviar para outras farmácias.

Os medicamentos ficam armazenados de acordo com as necessidades especiais de conservação e forma farmacêutica, de modo a facilitar a sua dispensa. Desta forma, existe um frigorífico para acomodar a necessidade de refrigeração de determinados medicamentos, dois armários com gavetas e duas zonas de prateleiras7. As categorias

de arrumação na FF são: medicamentos orais sólidos não genéricos, medicamentos genéricos (MG) orais sólidos, “rápidos” (que correspondem a MNSRM orais sólidos), xaropes, pós e efervescentes, formas farmacêuticas semissólidas (cremes, pomadas e géis), injetáveis, supositórios, oftálmicos (gotas e pomadas), auriculares, inaladores, gotas orais, ampolas, produtos de protocolo (tiras de teste de glicémia e de corpos cetónicos, lancetas estéreis, testes de gravidez, entre outros), produtos ginecológicos (onde se incluem pílulas contracetivas, contraceção de emergência, cremes, géis, óvulos e comprimidos vaginais), infusões, medicamentos psicotrópicos e produtos de uso externo (champôs, soluções e emulsões cutâneas). A organização dentro destas categorias é feita por ordem alfabética da marca e ordem crescente de dosagem (no caso dos MG, dá-se prioridade à ordem alfabética da substância ativa).

Os excedentes de stock são alocados em diferentes prateleiras localizadas a toda a volta do espaço de receção de encomendas. Existem estantes destinadas à reserva de produtos, preparação de entregas ao domicílio, e armazenamento de amostras de produtos, bem como uma zona de arquivo onde se encontram documentos de apoio à logística da farmácia e publicações de presença obrigatória na farmácia, como o livro de reclamações, o prontuário terapêutico, entre outras3.

Durante o estágio tive um papel ativo na manutenção da organização deste espaço através da reposição frequente de stocks e identificação das prateleiras e embalagens de excedentes de stock, tendo ainda participado na construção de uma

(17)

7

nova zona de acondicionamento de produtos externos (Anexo 1).

1.3.2.2. Kaizen e zona de comunicação profissional

A filosofia “Kaizen”, do japonês “mudança para melhor”, traduz-se num conjunto de práticas que levam à melhoria contínua do local de trabalho e dos elementos da equipa, tendo em vista o aumento da rentabilidade, produtividade e volume de negócio8.

Assim sendo, todos os elementos da FF contribuem diariamente para esta melhoria contínua através de curtas reuniões na zona de comunicação profissional, onde se discutem os objetivos e metas para cada um, confirma-se o cumprimento das tarefas individuais e se afixam informações importantes, como circulares, informações sobre a rentabilidade de determinados produtos, iniciativas e campanhas a decorrer na FF e formações internas e externas. Desta forma, é possível confirmar que todos os elementos estão a par de tudo o que se passa na farmácia, havendo uma renovação da informação assim que seja vista por todos.

A equipa integrou-me nas reuniões de “Kaizen”, certificando que eu me mantinha atualizado relativamente aos acontecimentos da FF, mostrando-me os objetivos definidos para cada semana e por vezes alocando tarefas para eu cumprir.

1.3.2.3. Laboratório e copa

O espaço do laboratório da FF é utilizado para a Preparação Individualizada de Medicação (PIM) e formulação de Medicamentos Manipulados (MM). As matérias- primas encontram-se devidamente acondicionadas neste espaço, assim como os medicamentos dos utentes a quem é feita a PIM, organizados em estantes individuais9.

É ainda o local onde ocorre o aprovisionamento de equipamentos de proteção individual (EPI), assim como a SABA preparada neste mesmo espaço destinados à venda ao público e ao uso interno.

1.3.3. Sistemas Informáticos

Na FF existem dois SI: o Sifarma® 2000 e o Sifarma® Módulo de Atendimento (MA), utilizados em conjunto para auxiliar na gestão da farmácia e o atendimento. Tendo sido uma das farmácias piloto na utilização do novo MA, a FF utiliza este sistema para os atendimentos devido às suas capacidades melhoradas de apoio à dispensa e gestão de dados de utentes apresentando-se como uma evolução natural em relação

Sifarma® 2000.

O Sifarma® 2000 é utilizado em aspetos relacionados com a gestão da farmácia, seja na realização e receção de encomendas, na faturação para entidades ou no controlo dos stocks, colmatando estas funções que ainda se encontram em

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8 desenvolvimento no novo módulo. Todos os produtos que entram na FF encontram-se registados no SI o que permite um controlo rigoroso de todo o circuito do medicamento na farmácia, dos movimentos de stocks, históricos de compra e venda e ainda a consulta de informações essenciais no momento da dispensa, tais como indicações terapêuticas, posologias, interações medicamentosas, contraindicações e possíveis reações adversas6,10.

O MA foi desenvolvido no sentido de dar resposta às necessidades atuais dos farmacêuticos e dos utentes, posicionando-se como um SI mais intuitivo e com maiores facilidades em termos da gestão da relação com os utentes. A forte simbiose entre este SI e o Programa Saúda® permite a sua utilização como plataforma de Costumer

Relationship Management (CRM) ou gestão de relação com o consumidor. A FF

garante a otimização do MA através da criação de “Fichas de Cliente” contendo dados que permitem maior acompanhamento dos utentes, registo do historial de compras e comunicação de campanhas e de informações relacionadas com os medicamentos dispensados.

A minha exposição aos SI decorreu desde o primeiro dia de estágio, numa primeira fase apenas ao Sifarma® 2000, e posteriormente ao MA, antes do período de observação de atendimentos. Tive a oportunidade de contactar com as várias funcionalidades de ambos os SI incluindo a utilização do MA na receção de encomendas.

1.3.4. Serviços da farmácia

1.3.4.1. Determinação de parâmetros fisiológicos e bioquímicos A FF tem capacidade para realizar determinações de pressão arterial, glicemia capilar, colesterol total, triglicerídeos, peso, altura e IMC. Muitos utentes procuram fazer estas determinações em FC devido à maior acessibilidade e proximidade, de forma a manter maior controlo sobre vários parâmetros da sua saúde.

Uma das medidas adotadas com a implementação do estado de emergência foi a cessação da realização destas determinações até que se pudessem verificar todas as condições de segurança necessárias. A retoma deste serviço ocorreu no mês de maio quando se deu o desconfinamento, tendo sido adicionado à lista de determinações um teste serológico rápido para a COVID-1911.

As determinações de pressão arterial são feitas com recurso a um esfigmomanómetro automático de braço. Após a desinfeção do braço onde este é colocado, o utente permanece em repouso durante alguns minutos. Efetuam-se duas medições e os valores de pressão arterial sistólica, diastólica e pulsação cardíaca são registados em cartões que permitem a monitorização dos mesmos.

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9 As medições de glicemia, colesterol e triglicerídeos requerem maior cuidado devido ao contacto com fluidos biológicos necessário para as realizar. Para tal recorre-se à utilização de luvas e efetua-recorre-se um reforço da desinfeção do espaço. Em ambos os casos efetua-se uma punção capilar com recurso a lancetas estéreis após limpeza do dedo com álcool a 70%. Nas determinações de glicemia, o sangue é colocado em contacto com uma tira de medição ligada a um glicómetro que indica o valor obtido. No caso de medições de triglicerídeos e colesterol, o sangue é transferido para o aparelho de medição com auxílio de uma pipeta. O material descartável é posteriormente colocado em contentores apropriados. Os utentes apenas realizam estas determinações em jejum de forma a obter os resultados mais precisos.

Os utentes recebem em todos os casos aconselhamento personalizado sobre estilos de vida que devem alterar ou manter, alertando sempre para a adesão à terapêutica de utentes que tomem medicação anti-hipertensora ou antidiabética.

Aquando da retoma deste serviço, comecei a realizar determinações de parâmetros fisiológicos. Tive a oportunidade de aconselhar muitos utentes, sobretudo na promoção de estilos de vida saudáveis e adesão à terapêutica, quando aplicável. Este serviço permitiu um contacto muito mais próximo com os utentes devido ao facto de poder acompanhar de perto estes aspetos importantes da sua saúde e ouvir as suas preocupações. Apesar de não ter realizado nenhum, contactei por via telefónica com muitos utentes que procuravam realizar o teste serológico da COVID-19, aos quais procurei sempre explicar os fundamentos e esclarecer as dúvidas que tivessem sobre o funcionamento do mesmo e sobre a própria doença.

1.3.4.2. Consultas

No sentido de diferenciar os cuidados de saúde prestados à comunidade e de garantir maior proximidade destes serviços, a FF disponibiliza consultas de Nutrição, Podologia e Fisioterapia, com regularidade e mediante marcação prévia entre o utente e a farmácia ou o profissional de saúde as realiza. Como medida de promoção de saúde, a farmácia disponibiliza os rastreios na primeira consulta de nutrição e podologia de forma gratuita. Pontualmente são realizados rastreios de audiologia e avaliações dermatológicas promovidas por diferentes marcas de produtos cosméticos como a

Caudalie®, Filorga®, Martiderm®, Skingain®, entre outras, sendo que estas últimas por

vezes se encontram associadas a campanhas de desconto em produtos.

O farmacêutico atua como intermediário entre o utente e os profissionais que realizam estas consultas e rastreios, não só pela marcação, mas também detetando nos atendimentos que estes serviços poderão ser uma mais valia na saúde e no bem--estar do cliente.

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10 1.3.4.3. Preparação individualizada de medicamentos

A FF disponibiliza o serviço de PIM aos utentes de lares com os quais tem parcerias, tais como a Associação de Solidariedade Humanitária de Monte Córdova (ASHMC) e a S. Tiago - Associação de Solidariedade Social de Areias (STASSA). Para além disso, alguns utentes polimedicados usufruem do mesmo por forma a facilitar a toma da sua medicação e evitar erros que possam causar resultados negativos em relação à mesma12. A cada utente são atribuídas duas Pillboxes® devidamente

identificadas de modo a que uma possa ficar na FF a ser preparada enquanto o utente fica na posse da outra.

Aquando a admissão de um novo utente ao serviço de PIM, é fornecida à FF uma guia terapêutica com toda a medicação tomada, incluindo medicamentos tomados em emergência, ou que necessitem de dispositivos de administração, como por exemplo inaladores, canetas de insulina; e informações de contacto com familiares e médicos prescritores12. A medicação é preparada por um elemento da FF e posteriormente

verificada por um farmacêutico. As Pillboxes® prontas são recolhidas pelos utentes, pela instituição ou entregues ao domicílio.

Tive oportunidade de auxiliar a equipa neste serviço, preparando e atualizando guias terapêuticas e identificando as Pillboxes® de alguns utentes, para além de ter assistido à preparação e verificação da medicação.

1.3.4.4. Entregas ao domicílio

O serviço de Entregas ao domicílio (ED) permite aos utentes obter a medicação que precisam sem ter de se deslocar à farmácia. A FF recebe pedidos de produtos farmacêuticos por telefone, e-mail, ou através das suas redes sociais. Os utentes recebem aconselhamento farmacêutico e auxílio na escolha dos produtos, tentando sempre efetuar a entrega da forma mais célere possível. A FF faz ainda ED de medicamentos aos diferentes lares da Misericórdia de Santo Tirso após receção de pedidos de medicação feitos pelos profissionais de saúde destas instituições.

Devido à pandemia por COVID-19, verificou-se um aumento do volume destes pedidos, o que levou à criação de uma área dedicada no backoffice da farmácia (Anexo 2) e de um sistema de registo informático de pedidos que permitisse maior controlo e rastreabilidade de todo o processo (Anexo 3).

Acompanhei de perto este serviço, auxiliando na criação da nova área de preparação e de registo, recebendo e preparando muitos pedidos da parte dos utentes, tendo sido estas as circunstâncias em que realizei os meus primeiros atendimentos ao público. Foi necessária alguma adaptação para conseguir realizar aconselhamentos farmacêuticos à distância, mas consegui concretizar muitos deles com sucesso.

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11 1.3.4.5. Outros serviços

Além dos serviços supracitados, a FF realiza administração de vacinas e injetáveis e recolha de medicamentos para o VALORMED.

O serviço de administração de injetáveis requer formação do farmacêutico para o efeito e as vacinas passíveis de se administrar em FC não se encontram no Plano Nacional de Vacinação.

A FF adere ao programa de recolha de medicamentos fora de uso ou prazo de validade realizado pelo VALORMED, promovendo desta forma a eliminação segura dos mesmos de forma a prevenir os perigos ambientais que poderiam causar.

2. Gestão da Farmácia Faria

2.1. Gestão de stocks

O processo de gestão de stock é essencial para garantir a disponibilidade dos medicamentos que os utentes necessitam e que os produtos que existem na farmácia seguem o circuito do medicamento na sua totalidade de forma a evitar o seu desperdício7. O SI permite um controlo da quantidade de produtos e os seus

movimentos de stock, desde a receção da encomenda, até à dispensa do produto e ainda a definição de stocks mínimos e máximos de produto, o que significa que quando o stock mínimo é atingido, é criada uma encomenda de forma automática tentando reestabelecer o stock máximo6. Esta definição pode até ser usada no atendimento

quando um utente informa que toma regularmente um medicamento que não tenha

stock mínimo na farmácia, procedendo-se ao aumento de acordo com a posologia

desse mesmo utente. Os stocks são estabelecidos de acordo com a média de vendas mensais, rotatividade e sazonalidade de modo a que não haja faltas de produtos. O controlo de stocks envolve também a procura regular de produtos esgotados de forma a garantir a sua disponibilidade com a maior brevidade possível na farmácia7. Se o

produto em questão sofrer quebras regulares da parte dos fornecedores de produtos, deve-se preparar o stock tendo em consideração estas situações7.

Na FF, participei nesta gestão numa fase inicial do estágio, através da procura de máscaras e desinfetantes que começavam a escassear antes do estado de emergência. Pude observar como é feito o controlo de medicamentos esgotados e como a farmácia os procura de modo a assegurar a sua disponibilidade, tendo realizado encomendas por telefone com o objetivo de preparar o stock de alguns antes que sofressem rutura. Também observei como é que a farmácia se prepara para as diferentes épocas do ano, garantindo a presença dos produtos mais necessários para essas alturas.

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12 2.2. Gestão de encomendas

2.2.1. Fornecedores de produtos

A FF adquire produtos farmacêuticos diretamente aos laboratórios que os produzem ou aos armazenistas como a Cooprofar® (Cooperativa dos Proprietários de Farmácia), a Alliance Healthcare® e a Medicanorte®. A escolha dos armazenistas baseia-se nas melhores condições de preço, através da inserção em grupos de compra com outras farmácias, e também na minimização de risco de ruturas de stock.

A Cooprofar® e a Alliance Healthcare® realizam entregas diárias duas vezes por dia (devido a alterações dos horários causadas pela pandemia de COVID-19) o que permite a reposição frequente de stocks e o acesso rápido a medicamentos que não se encontrem na farmácia. As entregas realizadas pela Medicanorte® ocorrem diariamente, servindo para colmatar produtos esgotados nos outros locais e para obter melhores condições de compra em produtos específicos.

A FF faz também uma gestão de inventário em conjunto com a Farmácia do Parque e a Farmácia de São Torcato por serem detidas pela mesma sociedade comercial, havendo uma troca de produtos entre as farmácias, uma grande vantagem, visto que são abastecidas por fornecedores diferentes com condições comerciais diferentes, além de permitir a realização de encomendas diretas de maiores dimensões que dão acesso a maiores descontos e bonificações13.

Sob a orientação do Dr. Francisco Faria, pude perceber as razões pelas quais

a FF trabalha com estes armazenistas e a estrutura por detrás da parceria com outras farmácias e dos grupos de compra em que a FF se insere.

2.2.2. Realização de encomendas

O Sifarma® permite à FF a realização de encomendas aos fornecedores de produtos. Automaticamente, o SI regista a saída de produtos da farmácia, gerando uma encomenda contendo aqueles que atingiram stock mínimo. Antes de ser aprovada e enviada aos armazenistas, esta encomenda diária é analisada e alterada conforme as necessidades da farmácia. Pontualmente podem ser realizadas encomendas instantâneas que correspondem a necessidades imediatas da farmácia, por exemplo no momento do atendimento sempre que um medicamento não se encontra disponível. Podem ainda ser realizadas encomendas “Via Verde” para reforço de stock de produtos com disponibilidade reduzida, após a sua dispensa com receita médica (RM).

A FF também realiza encomendas por via telefónica, eletrónica ou diretamente aos representantes das marcas, sendo que estas últimas correspondem a pedidos de grande volume de modo a obter as melhores condições comerciais e stock de produtos com elevada rotatividade sempre que estes são necessários. As farmácias do centro

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13 de Santo Tirso por vezes efetuam empréstimos de medicamentos entre si em casos de necessidades imediatas dos utentes. Na FF ocorre um registo dos medicamentos pedidos e posterior devolução do mesmo assim que ele se encontra disponível.

Tive oportunidade de realizar bastantes encomendas instantâneas, encomendas “Via Verde”, encomendas por telefone diretamente aos armazenistas, e ainda encomendas diárias com supervisão do DT. Assisti muitas vezes à preparação de encomendas de grande volume com objetivo de reforçar o inventário da FF.

2.2.3. Receção de encomendas

As encomendas recebidas pela FF são colocadas numa zona própria, que indica que os produtos ainda se encontram em receção e fora do stock da farmácia. Antes de iniciar este processo, confirma-se a existência de produtos que necessitam de ser armazenados no frigorífico para que sejam os primeiros a rececionar.

A receção de encomendas é feita através do Sifarma® 2000, onde se encontram previamente criados os diferentes pedidos, com informações relativas à quantidade de produtos e data em que foram realizados. A encomenda faz-se acompanhar de uma fatura ou guia de remessa que identifica os produtos nela contida, que no caso dos armazenistas, contem um número que identifica a encomenda no SI e permite a sua receção automática. Após a inserção do número do documento e preço da encomenda, inicia-se o processo de verificação dos produtos, um a um através da leitura do código de barras ou digitação manual do Código Nacional do Produto, confirmando as quantidades faturadas, as quantidades enviadas e a integridade das embalagens rececionadas. Os produtos são separados na mesa de trabalho que contém divisões para produtos a stock 0, 1, 2, ou mais que 3, cada uma delas com uma secção para colocar produtos que aguardam etiqueta de preço de modo a facilitar a conferência de

stocks. Um produto que tenha stock negativo já se encontra pago por um utente que

efetuou reserva prévia e é cativado numa zona própria da mesa. Efetua-se também a verificação das validades aos produtos que têm stock 0, e aos produtos recém-chegados que tenham validade inferior aos que se encontram na farmácia7.

Seguidamente, efetua-se a confirmação dos preços - verificando se o Preço Indicado na Cartonagem dos Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) é igual ao que se encontra no SI -, verificação dos preços de custo de modo a corresponder ao valor indicado na fatura, confirmação da margem percentual dos produtos (confirmando que estes chegaram com a melhor condição comercial possível) e, mediante justificação, alteração do Preço de Venda ao Público (PVP). Para concluir a receção, os produtos que não foram faturados por se encontrarem esgotados são retirados da encomenda ou transferidos para outro fornecedor, e no caso de receção de medicamentos

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14 psicotrópicos e benzodiazepinas, é-lhes atribuído um número de requisição necessário para o seu controlo.

Durante todo o meu período de estágio efetuei receção de encomendas de forma autónoma, o que me fez perceber que o rigor do processo é fundamental para uma boa gestão da farmácia e que é importante que ocorra da melhor forma devido às implicações que tem no atendimento. Tive ainda a oportunidade de assistir à receção de encomendas utilizando o novo Sifarma®, ficando a perceber as diferenças entre os dois SI.

2.2.4. Devoluções a fornecedores

Após a receção das encomendas, pode haver necessidade de devolução de um produto por diversos motivos: produtos faturados e não enviados, erros no pedido, embalagens danificadas, produtos fora de validade, entre outros. O processo de devolução decorre no Sifarma® 2000, onde é gerada uma nota de devolução que acompanha o produto devolvido e onde deve estar contido o fornecedor, o preço de compra, a quantidade e o motivo da devolução, todas elas informações necessárias para se proceder, ou não, à creditação do produto. Caso seja aceite, a nota de crédito resultante será inserida no SI de modo a regularizar a devolução. Caso contrário, o produto retorna à farmácia, reintegrando o stock. Mensalmente, é realizado um controlo das devoluções realizadas pela FF através da emissão de uma listagem de devoluções realizadas a cada fornecedor, de modo a identificar as devoluções que não tenham resolução até esse momento e os créditos por regularizar da parte dos fornecedores.

No meu segundo mês de estágio comecei a efetuar devoluções e regularizações de notas de crédito, tendo ainda assistido ao controlo mensal de devoluções.

2.3. Gestão de reservas

Os utentes têm a possibilidade de reservar produtos farmacêuticos, quer estes se encontrem na FF ou não. Neste último caso, é efetuada uma encomenda, o utente é informado da sua data prevista de chegada e é feito um registo dos dados de contacto nas observações do produto no SI para que seja contactado assim que se encontre na farmácia. Se a reserva não foi faturada, o utente pode reservar o produto até cinco dias úteis após o seu pedido, a não ser que seja um produto em risco de rutura de stock em que só se efetua reserva para o próprio dia. As reservas faturadas são criadas pelo MA durante um atendimento, emitindo um talão que confirma a reserva do produto. Assim que o produto encomendado é rececionado, procede-se à indicação no SI de que o produto já se encontra disponível para recolha do utente pagador. Os produtos reservados são segregados dos restantes de forma a evitar erros na dispensa9.

(25)

15

Efetuei várias reservas ao longo do meu período de atendimentos e realizei a sua gestão em conjunto com a Drª Iolanda Antunes, acompanhando os produtos reservados e contactando os utentes. A gestão dos produtos pagos acompanhou quase sempre a receção de encomendas.

2.4. Armazenamento

O bom armazenamento dos produtos farmacêuticos é importante para facilitar o atendimento e evitar erros que possam levar a que não se faça a sua dispensa. Na FF são aplicados diferentes métodos de organização para assegurar que os medicamentos se encontram nos locais expectáveis e em condições de serem dispensados. A arrumação é acompanhada do processo de conferência de stocks, facilitado pela organização na mesa de trabalho aquando da receção das encomendas. Os produtos são colocados de maneira a que os de menor prazo de validade sejam os primeiros a ser dispensados ou, no caso de não o terem inscrito, de forma a que sejam escoados os produtos que já se encontram na farmácia há mais tempo.

Os medicamentos devem ser armazenados em condições de temperatura e humidade apropriadas e para o efeito, a FF mantém registo destes parâmetros para garantir as condições de conservação apropriadas para os a farmácia armazenando os produtos termolábeis no frigorífico e os restantes a uma temperatura inferior a 25ºC7,13.

Os MSRM são armazenados no backoffice, de modo a não poderem ser acessíveis pelos utentes. Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são ainda armazenados em locais separados dos restantes medicamentos14. Os MNSRM podem

estar expostos em lineares atrás do balcão, mas fora do seu alcance dos clientes15.

Desde o primeiro dia participei no armazenamento dos produtos que chegaram à FF de forma a perceber a sua localização e familiarizar-me com as embalagens para que, nos períodos em que realizei atendimentos, soubesse onde é que os produtos se encontravam.

2.5. Gestão de validades

O processo de gestão de validades é essencial em FC para garantir que o utente obtém o medicamento que necessita dentro do prazo de utilização7. Na FF, efetua-se

um controlo mensal das validades de produtos incluídos numa listagem gerada pelo SI contendo todos aqueles cujo prazo de validade esteja a expirar nos 3 meses seguintes. Procede-se então à verificação manual de cada um dos mesmos e caso os produtos expirem no mês seguinte, efetua-se a devolução ao fornecedor. Os produtos que expirem nos 2 meses posteriores são sinalizados de modo a tornar percetível a aproximação do fim do prazo de validade. Para garantir que este processo decorre da

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16 melhor forma, é necessário que os produtos se encontrem nos locais corretos de armazenamento de acordo com a metodologia “First In, First Out” e que a validade seja atualizada no SI.

No início de cada mês do meu período de estágio auxiliei na identificação e devolução de produtos em aproximação de final de validade.

3. Dispensa e aconselhamento de produtos farmacêuticos

O ato de Dispensação Clínica de Medicação (DCM) tem como objetivo a cedência do medicamento de forma a alcançar o maior benefício para a saúde dos utentes. Para que tal aconteça, o farmacêutico deve fornecer todas as informações necessárias para garantir a boa utilização do medicamento, promovendo o seu uso responsável10,16.

Nas farmácias encontramos os medicamentos de uso humano classificados em MSRM, MNSRM, e Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF), de acordo com a dispensa ao utente.

3.1. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

O Estatuto do Medicamento define um MSRM como “um medicamento que possa constituir, direta ou indiretamente, risco para a saúde caso sejam utilizados para o fim a que se destinam se forem utilizados sem vigilância médica; ou caso sejam utilizados frequentemente para fins diferentes daquele a que se destinam”, que possa ser constituído por “substâncias sobre as quais não se conhece a extensão total de reações adversas” ou “destinado à administração por via parentérica”14. Como tal, apenas se

pode dispensar estes medicamentos perante apresentação de RM válida, elaborada por um médico prescritor.

Na RM deve constar a Denominação Comum Internacional ou o nome da substância ativa, forma farmacêutica, dosagem, apresentação ou tamanho de embalagem e posologia, podendo haver situações em que o prescritor indica o nome comercial do medicamento ou do titular da Autorização de Introdução no Mercado10,17.

O doente deve ser informado do seu direito de opção que permite a escolha de qualquer medicamento que se adeque com as especificações da RM, existindo no entanto exceções aplicadas pelo médico que possam restringir este direito, sendo elas: “a) Prescrição de medicamento com margem ou índice terapêutico estreito, conforme informação prestada pelo INFARMED; b) Fundada suspeita, previamente reportada ao INFARMED, de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial; c) Prescrição de medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração

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17 estimada superior a 28 dias”18. As exceções a) e b) implicam a perda do direito de

opção, e a exceção c) permite a escolha de um medicamento de preço inferior ao prescrito. De modo a que os utentes possam exercer o seu direito de opção, as farmácias devem disponibilizar, no mínimo, três medicamentos entre os cinco mais baratos de cada grupo homogéneo – conjunto de medicamentos com a mesmas substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração18,19.

Existem três tipos de RM que podem ser aceites em FC para efeitos de comparticipação de medicação: manuais, eletrónicas materializadas e eletrónicas desmaterializadas. As receitas manuais podem apenas ser utilizadas em determinadas exceções: falência do sistema informático, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio e até 40 receitas por mês17. Tanto as receitas manuais como as materializadas

permitem apenas a prescrição até quatro medicamentos diferentes, no máximo duas embalagens em cada linha e quatro embalagens na totalidade. As receitas manuais têm validade de 30 dias e as desmaterializadas podem apresentar no máximo três vias e validade até 6 meses17.

As RM eletrónicas desmaterializadas permitem a prescrição de um medicamento por linha, no máximo de duas embalagens com validade de 60 dias após a sua emissão ou de seis embalagens caso os medicamentos se destinem a tratamentos de longa duração – até 12 meses17,20. As prescrições contendo embalagens unitárias podem ter

no máximo 4 medicamentos por linha, ou 12 nos tratamentos de longa duração 17.

Devido à participação da FF na “Operação Luz Verde”, também foram realizadas dispensas de medicamentos hospitalares de ambulatório. Foi necessária a criação de um espaço e a implementação de protocolos na farmácia que permitissem a dispensa segura dos mesmos e um acompanhamento mais próximo da terapêutica destes utentes, em articulação com a Linha de Apoio ao Farmacêutico (LAF)21.

3.1.1. Receção e validação da prescrição médica

Todas as RM eletrónicas que chegam à FF são lidas no MA através do seu número de receita, código de acesso e código de direito de opção, caso seja vontade expressa do utente em exercê-lo. Este tipo de receita tem a vantagem de permitir o acesso aos dados do utente e do médico prescritor no SI. As farmácias podem dispensar ao utente um máximo de duas embalagens por mês (ou quatro se forem unitárias), por cada linha de prescrição de RM desmaterializada, exceto em casos que se enquadrem nas seguintes justificações: “quantidade de embalagens necessária para cumprir a posologia superior a 2 embalagens por mês; extravio, perda ou roubo de medicamentos; dificuldade de deslocação à farmácia; ausência prolongada do país”20.

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18 garantir que estas se encontram corretamente preenchidas, com os requisitos necessários para a sua validação: identificação do utente (nome e número de utente), vinheta de identificação do médico prescritor, local de prescrição, entidade financeira responsável e número de beneficiário, referência ao regime especial de comparticipação (se aplicável), número de receita visível, data, assinatura do médico prescritor, identificação da exceção para utilização de receita não eletrónica17. Além

disto, as receitas não podem conter rasuras, caligrafias diferentes nem podem ser preenchidas a lápis ou com canetas diferentes17. Se se verificarem estas condições,

introduzem-se os medicamentos nela inscritos no SI.

Em ambas as situações deve-se efetuar a DCM, de modo a que, no ato de cedência do medicamento, o utente sabe qual é a sua indicação, o modo de utilização, a sua posologia, os benefícios que acompanham a adesão à terapêutica e o seu uso correto, e precauções relativas a interações medicamentosas, contraindicações ou efeitos secundários10,16. É importante que o farmacêutico esclareça todas as questões

do utente de forma individualizada, verifique que o medicamento é necessário e adequado para o utente e ainda ajustar a posologia de modo a obter o melhor benefício terapêutico possível10,16. São várias as ferramentas ao dispor do farmacêutico para

auxiliar a DCM, sendo a principal o SI, que permite um acompanhamento mais próximo do utente devido ao registo dos seus dados e historial de medicação tomada, conferindo maior segurança ao aconselhamento. Na FF, antes da finalização da dispensa, é colocada uma etiqueta de posologia emitida pelo SI, para que o utente saiba quando tomar o medicamento, mas também para que saiba onde o obteve e os dados de contacto da farmácia.

O SI permite ainda a realização de “vendas suspensas” que possibilitam o acesso a medicação crónica, de forma excecional, a utentes que não se façam acompanhar de RM. Nestes casos realiza-se uma Dispensa Clínica de Exceção, destinada apenas para casos de urgência ou de necessidade clínica justificável em que o utente adquire os medicamentos sem comparticipação do estado, podendo reavê-la mediante apresentação da receita que permita regularizar essa mesma venda2,10. As farmácias

podem também conceder crédito a utentes que não consigam efetuar o pagamento no momento da dispensa dos seus medicamentos, através do SI que emite um comprovante de crédito que pode ser posteriormente regularizado.

Antes de realizar atendimentos, a equipa da FF explicou-me o processo de receção de RM, mostrando os diferentes tipos e as condições necessárias para a sua validação. Posteriormente assisti a diferentes atos de DCM, verificando como a conversa com o utente permite evitar o aparecimento de problemas relacionados com a medicação e apliquei estes conhecimentos durante quatro meses em que realizei

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19

atendimentos sob supervisão. Houve situações em que ajudei utentes polimedicados a perceber a medicação que tomavam e a identificar as posologias, e ainda realizar a reconciliação terapêutica de utentes recém hospitalizados. Acompanhei ainda mudanças no processo de dispensa que limitam a quantidade de embalagens dispensadas por mês. Devido à pandemia e ao cancelamento de muitas consultas médicas, os utentes da FF requisitaram maior número de dispensas clínicas de exceção para garantir mantinham os seus tratamentos durante este período.

3.1.2. Regimes de comparticipação, sistemas de preços de referência e subsistemas de saúde

A legislação portuguesa prevê a comparticipação de determinados medicamentos pelo estado ou por outras entidades, o que significa que nestes casos, o utente paga uma parte do PVP dos mesmos. O valor da comparticipação pelo SNS depende do regime e do escalão onde se inclui o medicamento, que é definido pela indicação terapêutica17. No regime geral aplicam-se diferentes percentagens de

comparticipação a quatro escalões diferentes: A – 95%; B – 69%; C – 37%; D – 15%17.

O regime especial aplica-se a utentes com patologias especiais (indicadas pelo médico durante a prescrição) e a utentes cujo rendimento total anual é inferior a 14 vezes o salário mínimo nacional, e acresce 5% à comparticipação do escalão A e 15% aos restantes17. O SNS possui um sistema de preços de referência que estabelece o valor

máximo a ser comparticipado aos medicamentos que pertençam a um grupo homogéneo19. Este valor corresponde à média dos cinco PVP mais baixos dentro de

cada grupo19. Se um utente opta por um medicamento com PVP superior ao de

referência, esse acréscimo é pago pelo próprio.

Podem ainda existir regimes privados de complementaridade ao SNS em que os utentes que sejam seus beneficiários podem receber comparticipação adicional pelas entidades17. Alguns exemplos destas são os Serviços de Assistência Médico-Social

(SAMS), Caixa Geral de Depósitos, Multicare®, EDP Savida®, entre outras.

O farmacêutico deve confirmar que o regime de comparticipação é aplicado no momento da dispensa, sendo que nas receitas manuais e materializadas é necessário indicá-lo manualmente. Os subsistemas específicos podem requerer a introdução de um número de beneficiário, seja qual for o tipo de receita. Antes de se finalizar a dispensa, é impresso um documento para fins de faturação contendo informações sobre a mesma, e no caso das receitas manuais, a impressão é feita no verso da mesma.

Contactei várias vezes com os diferentes regimes de comparticipação e verifiquei como é que eles são aplicados durante a dispensa.

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