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Aula 04.11.2016

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Texto provisório - PBS 1/10 Direito Comercial e das Sociedades II – 04/11/2016 (breves apontamentos) Os presentes apontamentos correspondem a meras notas soltas destinadas a guiar a exposição oral realizada nas aulas teóricas. Por isso, não substituem, de todo, o estudo dos manuais da especialidade que são essenciais para a compreensão global das questões. Os apontamentos são, por isso, apenas um pequeno guia, em tópicos desenvolvidos, do que foi falado.

A - Dissolução de sociedades B - Liquidação de sociedades

C - Propriedade intelectual: generalidades; marcas e patentes; indicações geográficas (o café de Timor); concorrência desleal; protecção internacional da propriedade intelectual.

A - Dissolução de sociedades

Tal como os seres humanos, as sociedades comerciais nascem, crescem, desenvolvem-se e, algumas delas, acabam por morrer. O encerramento das sociedades comerciais e a sua extinção podem ocorrer tendo por base várias causas, nomeadamente porque os negócios falham (levando a empresa à falência ou à insolvência – matéria ainda por regular no ordenamento jurídico Timorense), porque os sócios não querem mais continuar a prosseguir aquele negócio com aqueles sócios ou porque o objecto social não pode mais ser prosseguido pela sociedade. Estas situações levam à dissolução da sociedade e à sequente “morte jurídica” da mesma, a qual ocorre com a dissolução.

O regime jurídico da dissolução das sociedades encontra-se previsto e regulado nos artigos 144.º a 146.º da Lei das Sociedades Comercias. Nestes três preceitos encontram-se condensadas as principais normas reguladoras desta matéria. Adicionalmente e para um conhecimento cabal da questão, é necessário articular este regime com as regras que se encontram previstas na parte geral da Lei (designadamente maiorias, competência dos órgãos e perda de metade do capital social) e da parte especial da Lei para as sociedades por quotas e para as sociedades anónimas, a saber:

- sociedade por quotas: arts. 187.º, n.º3, 210.º, alínea j), 211.º, alínea a); - sociedade anónima: artigo 282.º, n.º3.

Quais são as causas de dissolução da sociedade? A esta pergunta responde o artigo 144.º, n.º1 da Lei das Sociedades Comerciais, declarando expressamente que as sociedades se dissolvem nos casos previstos na lei, nos estatutos e ainda nos seguintes casos:

a) Por deliberação dos sócios; b) Pelo decurso do prazo de duração;

c) Pela suspensão da actividade por período superior a três anos;

d) Pelo não exercício de qualquer actividade por período superior a 12 meses consecutivos, não estando a sua actividade suspensa nos termos do artigo 22.º;

e) Pela extinção do seu objecto;

f) Pela ilicitude ou impossibilidade superveniente do seu objecto se, no prazo de 45 dias, não for deliberada a alteração deste, nos termos previstos para a alteração dos estatutos;

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Texto provisório - PBS 2/10 g) Por se verificar, pelas contas do exercício, que a situação líquida da sociedade é inferior a metade do valor do capital social, salvo o disposto no artigo 35.º ;

h) Pela falência;

i) Por sentença judicial que determine a dissolução.

Verificando-se uma destas situações ou outra prevista na lei ou no contrato de sociedade (por exemplo, uma cláusula estabelecida no contrato de sociedade que determine a dissolução da sociedade com a morte do primeiro sócio), considera a lei que a sociedade está em condições de ser dissolvida. Em caso de dúvida sobre a verificação ou não verificação da causa de dissolução e também no caso de extinção do objecto social, deve ser convocada a assembleia geral da sociedade para que esta delibere sobre o reconhecimento ou não reconhecimento da situação de dissolução, sobre a prorrogação da sociedade ou sobre a alteração do seu objecto (artigo 144.º, n.º2). Sem prejuízo desta deliberação dos sócios, pode sempre o Ministério Público ou algum credor intentar uma acção judicial em tribunal para que este reconheça a situação de dissolução e, em consequência, declare dissolvida a sociedade.

Verificada ou declarada a dissolução da sociedade, tal circunstância tem como efeito a entrada da sociedade em liquidação (art. 145.º, n.º1), produzindo a dissolução efeitos a partir da data de registo da dissolução nos termos do Código de Registo Comercial ou, caso tenha havido acção judicial, a dissolução produz efeitos entre as partes a partir da data de trânsito em julgado da sentença (art. 145.º, n.º2).

Uma vez dissolvida a sociedade, os administradores estão obrigados a apresentar aos sócios, no prazo de 60 dias, o inventário (listagem de todos os bens, direitos e deveres da sociedade), o balaço e a conta de ganhos e perdas da sociedade, tendo como data a considerar a data do registo da dissolução (art. 146.º, n.º1). Uma vez aprovadas as contas pelos sócios em assembleia geral, caso os administradores não sejam nomeados liquidatários, estão obrigados a entregar aos sócios todos os documentos, livros, papéis, registos, dinheiro ou bens da sociedade que tenham em sua posse (art. 146.º, n.º2). Por fim, os administradores ficam ainda obrigados a informar e esclarecer a sociedade sobre a vida e a situação da sociedade, quando os liquidatários o peçam (art. 146.º, n.º3).

A dissolução é o primeiro passo para a eliminação jurídica e material da sociedade, seguindo-se à dissolução a liquidação do património da sociedade.

B – Liquidação de sociedades

A liquidação de sociedades corresponde à fase processual destinada a colocar fim ao património autónomo que formava o substrato da sociedade, de modo a responder pelas obrigações existentes da sociedade e, se existir, distribuir o remanescente aos sócios na proporção da respectiva participação no capital social, transformando os bens sociais em dinheiro. É na fase de liquidação que vão ser praticados todos os actos materiais destinados

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Texto provisório - PBS 3/10 à destruição da sociedade e sua consequente eliminação, a qual não deve ter uma duração superior a dois anos (art. 148.º, n.º1)

Enquanto permanecer em liquidação, a sociedade mantêm a personalidade jurídica, sendo que a mais modificação mais visível passa pelo aditamento da expressão “em liquidação” à denominação ou firma da sociedade (art. 147.º, n.º1 e 2).

Exemplo: a sociedade “Microlet tours, Lda” passa a denominar-se “Microlet tour, Lda. – em liquidação” após a entrada em liquidação.

A liquidação é conduzida pelos liquidatários, ou seja, pessoas que se ocupam da prática dos actos materiais de liquidação da sociedade. Em norma, excepto se existir cláusula em sentido contrário ou os sócios assim decidirem, os administradores passam a liquidatários após a aprovação das contas de dissolução (art. 149.º, n.º1 e 4). Os liquidatários são, materialmente, administradores que têm como objectivo atingir o novo fim da sociedade, liquidar (tornar em dinheiro) o seu património, estando sujeitos ao mesmo tipo de poderes e responsabilidades que os administradores (art. 150.º, n.º1)

A Lei estabelece no art. 150.º, n.º3 que, em especial, os liquidatários devem concluir os negócios e operações já iniciados à data da dissolução, cobrar os créditos e cumprir as obrigações da sociedade e, salvo deliberação unânime dos sócios, reduzir a dinheiro o património residual. Nos poderes dos liquidatários inclui-se ainda o dever de exigir aos sócios as entradas não realizadas (art. 150.º, n.º4).

Neste particular, a lei limita a autonomia dos liquidatários estabelecendo que estes só podem iniciar novas operações ou contrair empréstimos caso os sócios assim deliberem favoravelmente em momento prévio à prática dos actos (art. 150.º, n.º2).

Se em algum momento os liquidatários derem conta que o activo social não é suficiente para responder perante todas as dívidas da sociedade, devem, de imediato, requerer a declaração de insolvência da sociedade (art. 151.º, n.º5), salvo se existirem sócios de responsabilidade ilimitada.

Ao longo da liquidação, os liquidatários estão obrigados a apresentar aos sócios as contas da liquidação (art. 151.º), incluíndo as contas finais (152.º) que resultaram dos actos praticados bem como o relatório de liquidação. As contas finais são apresentadas já deduzidos dos pagamentos de créditos da sociedade e das despesas previstas para o encerramento da liquidação. Após a aprovação das contas e caso haja saldo positivo, os sócios são reembolsados do capital social entregue, na proporção do mesmo, e, caso ainda haja valor a distribuir, esses montantes são distribuídos de acordo com as regras aplicáveis à distribuição de lucro.

Logo que concluída a liquidação, deve ser promovido o registo de encerramento da liquidaçao no prazo de 15 dias (art. 153.º e art. 3.º, n.º1, al. q) do Código de Registo Comercial), considerando-se a sociedade extinta de pleno efeito (e com ela a sua personalidade jurídica) na data do registo de encerramento da liquidação (art. 153.º, n.º2).

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Texto provisório - PBS 4/10 Caso após o encerramento da liquidação se venha a apurar algum passivo da sociedade, os sócios são obrigados a responder pessoalmente por esse passivo, até ao limite do montante recebido em sede de partilha do saldo de liquidação da sociedade (art. 154.º, n.º1).

C - Propriedade intelectual: generalidades; marcas e patentes; indicações geográficas (o café de Timor); concorrência desleal; protecção internacional da propriedade intelectual.

A propriedade intectual corresponde, em primeiro lugar, a um tipo especial de propriedade. O direito de propriedade está estruturalmente preparado para incidir sobre coisas móveis ou imóveis (art. 1222.º Código Civil). No entanto, os diferentes países foram percebendo, ao longo do tempo (logo desde 1883), que existiam realidades que, embora não fossem materialmente palpáveis ou com representação física, mereciam e precisavam da tutela do direito.

A propriedade intelectual encontra-se prevista, em primeiro lugar, no artigo 60.º da Constituição da República Democrática de Timor Leste.

Artigo 60.º (Propriedade intelectual)

O Estado garante e protege a criação, produçãoe comercialização da obra literária, científica e artistica, incluíndo a protecção legal dos direitos de autor.

Daqui resulta, desde logo, que a protecção incide sobre a própria criação ou produção da obra, bem como sobre a sua divulgação.

A propriedade intelectual é, também, objecto de diversos instrumentos de direito internacional público, alguns dos quais a que a República de Timor-Leste está juridicamente vinculada.

É o caso da Declaração Universal dos Direitos do Homem (art. 27.º) e do Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais (art. 15.º).

Artigo 27° da Declaração Universal dos Direitos do Homem

1.Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.

2.Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 15.º do Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais §1. Os Estados-partes no presente Pacto reconhecem a cada indivíduo o direito de: (…)

3. Beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de toda a produção científica, literária ou artística de que seja autor.

§2. As medidas que os Estados-partes no presente Pacto deverão adotar com a finalidade de assegurar o pleno exercício desse direito incluirão aquelas necessárias à conservação, ao desenvolvimento e à difusão da ciência e da cultura.

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Texto provisório - PBS 5/10 Ou seja, a República de Timor-Leste vinculou-se internacionalmente a reconhecer e proteger a propriedade intelectual.

Como ocorre essa protecção no ordenamento jurídico? Actualmente, esta protecção é absolutamente incipiente, aguardando-se a entrada em vigor do regime jurídico que introduza um efectivo sistema de protecção da propriedade intelectual.

No entanto, para além da Constituição, o ordenamento jurídico timorense prepara-se para acolher, de pleno efeito, a protecção da propriedade intelectual. Essa preparação é possível de encontrar em alguns pontos do ordenamento, nomeadamente no Código Civil. Veja-se o teor dos artigos 47.º e 1223.º.

Artigo 47º

(Propriedade intelectual)

1. Os direitos de autor são regulados pela lei do lugar da primeira publicação da obra e, não estando esta publicada, pela lei pessoal do autor, sem prejuízo do disposto em legislação especial.

2. A propriedade industrial é regulada pela lei do país da sua criação.

Este preceito, uma norma de Direito Internacional Privado, ajuda a determinar qual é o ordenamento jurídico relevante para determinar o direito aplicável. Neste caso, os direitos de autor são regulados pela lei do lugar da primeira publicação da obra, ou, não estando esta publicada, a lei pessoal do autor. Este artigo pode implicar que os tribunais timorenses apliquem direito estrangeiro em caso de litígio na utilização de direitos de autor, um sub-género da propriedade intelectual. Relativamente à propriedade industrial, a lei timorense define que esta é regulada pela lei do país da sua criação.

Artigo 1223º (Propriedade intelectual)

1. Os direitos de autor e a propriedade industrial estão sujeitos a legislação especial.

2. São, todavia, subsidiariamente aplicáveis aos direitos de autor e à propriedade industrial as disposições deste código, quando se harmonizem com a natureza daqueles direitos e não contrariem o regime para eles especialmente estabelecido.

O Código Civil, através deste preceito, acolhe no ordenamento jurídico como um tipo diferente de propriedade, sujeitando a propriedade intelectual a um corpo legislativo especial (ainda por aprovar). Não obstante, este artigo permite demonstrar desde logo a divisão da propriedade intelectual em propriedade industrial e direito de autor, os dois principais ramos em que aquela se divide.

Ainda que não exista, por agora, legislação que nos guie, é importante conhecer os principais quadros mentais, noções e ideias para que, quando a legislação surja, estejam preparados para a perceber e para a aplicar.

Em primeiro lugar, o que é a principal diferença entre o direito de propriedade e o direito de propriedade intelectual? Como já se adiantou, o direito de propriedade incide directamente sobre realidades materiais, apreensíveis pelos sentidos. Por seu turno, a

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Texto provisório - PBS 6/10 propriedade intelectual incide não sobre coisas (recordem o conceito jurídico de coisas) mas sim sobre criações da razão e do intelecto humano. A propriedade intelectual incide assim sobre coisas que não são apreendidas pelos sentidos mas pelo intelecto do Homem. Os motivos que conduziram à tendencial protecção internacional da propriedade intelectual, são, no essencial, três:

1. O progresso e o desenvolvimento das comunidades depende da capacidade de criar e inventar novas actividades, necessidades, tecnologia e cultura;

2. A protecção legal das criações encoraja o compromisso e o investimento em meios que permitam a inovação;

3. A promoção e protecção da propriedade intelectual facilita o crescimento económico, gera novos empregos e indústrias e aumenta a qualidade de vida. Em resumo: a protecção da propriedade intelectual incentiva o desenvolvimento económico dos países, permitindo premiar os inovadores através do gozo exclusivo da sua criação.

A protecção da propriedade intelectual é, para além de benéfica para o criador, é positiva para a comunidade: sem que existisse um sistema de protecção da propriedade intelectual, não haveria investimento na criação de conhecimento (realização de filmes, música, descoberta de medicamentos, entre outros), pelo que a comunidade que beneficia do resultado da criação intelectual, só pode beneficiar desse resultado porque existe um sistema de protecção.

A propriedade intelectual protege assim as criações da mente humana, como por exemplo: a) Invenções;

b) Trabalhos literários e artísticos (livros, músicas); c) Design; d) Símbolos; e) Nomes; f) Indicações geográfica; g) Insígnias; h) Patentes; i) Direitos de Autor; j) Marcas.

Estes direitos permitem que as pessoas que as realizaram tenham reconhecimento pessoal e financeiro em resultado das suas criações ou invenções. O criador de uma qualquer invenção beneficia da:

a) Satisfação dos interesses morais, ao ser reconhecido como o criador de conhecimento;

b) Satisfação de interesses materiais, ao poder usufruir dos benefícios financeiros que resultam da existência ou utilização da sua criação.

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Texto provisório - PBS 7/10 A. Propriedade Industrial, que inclui as patentes, as marcas, o design industrial e a

indicação geográfica;

B. Direitos de Autor e direitos conexos, que inclui a protecção da obra literária, filmes, música, trabalho artístico (desenho, pintura, escultura), design arquitectónico e programas de rádio, televisão e software.

Marca

Uma marca é um símbolo distintivo que identifica certos bens ou serviços produzidos ou fornecidos por uma pessoa ou por uma sociedade comercial.

A origem da marca é reconduzida aos artesãos, que marcavam as suas peças com a sua assinatura ou símbolo, para que toda a gente soubesse quem a tinha feito.

Actualmente, a protecção dada pelo sistema de registo de marca permite que os consumidores identifiquem e comprem um produto ou serviço que alcance os seus objectivos (produto com as características e qualidades identificadas pela sua marca). A protecção da marca garante ao seu proprietário o direito exclusivo de uso da marca para identificar os seus bens ou serviços, ou para autorizar outros a utilizar a sua marca mediante o pagamento de um montante.

O período de protecção varia mas a protecção da marca pode ser renovada indefinitivamente.

As marcas podem consistir em palavras, letras e números, desenhos, símbolos ou aparência tri-dimensional, formas ou cores. Alguns países permitem ainda o registo, como marca, de hologramas, movimentos, cores e outros sinais distintivos invisíveis (som, cheiro ou sabor). As marcas, normalmente, são propriedade de uma pessoa ou de uma empresa. No entanto, podem existir marcas colectivas, ou seja, marcas que permitam a um conjunto de pessoas ou empresas colocá-las nos seus produtos.

Patente

Um direito de patente corresponde a um direito exclusivo atribuído em resultado de uma invenção, ou seja, de um produto ou um processo que oferece um novo método de efectuar uma actividade ou obter um resultado, ou que ofereça uma solução técnica inovadora para um problema.

A patente atribui ao seu inventor a protecção das suas invenções, permitindo-lhe utilizar exclusivamente a mesma. Isto significa que uma invenção não pode ser produzida, comercializada, utilizada, distribuída ou vendida sem o consentimento do titular da patente. Assim, o titular da patente pode decidir quem pode ou não pode utilizar a sua invenção durante o período durante o qual essa protecção existe. Em resumo, o titular da patente pode decidir quem pode utilizar a mesma, podendo impedir outros de utilizar a sua invenção.

No entanto, nem todas as invenções podem ser patentadas. Para que possa ser suceptível de patente, a invenção deve apresentar, em norma, as seguintes características:

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Texto provisório - PBS 8/10 a) Deve revelar uma utilização prática (ou seja, não deve ser só uma ideia sem

concretização prática);

b) Deve ter um elemento invador, de novidade, que nunca tenha sido utilizado ou apresentado até aí;

c) Deve representar um avanço no conhecimento científico.

A protecção dada pela patente apresenta, geralmente, uma validade determinada. Isto significa o que o inventor apenas pode impedir os outros de utilizarem a sua ideia durante um período de tempo, a partir do qual se considera que a patente é de utilização livre. A patente protege assim o criador durante o período de tempo seguinte à sua protecção, podendo este recuperar o investimento que fez na obtenção daquele novo conhecimento. A partir desse momento, o conhecimento protegido pela patente é de utilização livre da humanidade.

Design industrial

O design industrial consiste, em resumo, na aparência estética de uma coisa (de um bem). Pode consistir nas características tri-dimensionais de uma coisa (como por exemplo, o formato ou a superfície) ou bi-dimensionais (como por exemplo, padrões, linhas ou cores). Para que possa ser protegido, o design industrial tem de ser novo ou original e não-funcional.

Indicação geográfica

A Indicação Geográfica corresponde a um sinal utilizado em bens que tenham uma origem geográfica específica e possuam qualidade e/ou reputação devido ao seu local de origem. Normalmente, a Indicação Geográfica corresponde no nome do local de origem dos bens. Normalmente, são os produtos agrícolas que beneficiam deste género de reconhecimento, em razão dos métodos específicos de produção, das condições do solo ou atmosféricas. Dentro da indicação geográfica pode existir a chamada “Denominação geográfica”, que é uma indicação de origem do produto com qualidade especial resultante da sua envolvência geográfica. Exemplo: presunto de Parma, vinho de Bordéus.

O Café Timor pode (e diria, deve-se) tornar no futuro uma Indicação geográfica que proteja o café produzido em Timor-Leste. O Café Timor é reputado no mundo inteiro devido à qualidade do mesmo, a qual resulta dos métodos artesanais de produção, do facto do café ser maioritariamente produzido através de métodos orgânicos (ou seja, sem recurso a meios artificiais) que dão ao café qualidades especiais no seu gosto.

Concorrência desleal

Nas economias livres de mercado (ou seja, nas economias onde os agentes económicos são livres de desenvolver, dentro das regras existentes, as actividades que desejam) a concorrência entre agentes económicos, nomeadamente entre comerciantes, é desejada e estimulada. É globalmente aceite que, havendo concorrência, os consumidores ficarão

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Texto provisório - PBS 9/10 melhor serviços porque os agentes competirão a nível de qualidade de serviço e de preço, tornando-se mais eficientes. Por conseguinte, a concorrência no mercado é um bem juridicamente valorado.

No entanto, considera-se que essa concorrência entre agentes económicos deve ser justa, ou seja, deve-se pautar pelas mais elementares regras de boa fé entre os participantes no mercado.

Por este motivo, considera-se concorrência desleal os actos de concorrência praticados em incumprimento de normas e usos honestos de qualquer sector de actividade económica, com o objectivo essencial de desviar clientela. Constituem nomeadamente actos de concorrência desleal aqueles que que criem a confusão entre empresas, bens ou serviços concorrentes, bem como as falstas afirmações destinadas a desacreditar os concorrentes. A questão da concorrência desleal é abundantemente colocada no direito comercial mas tem uma sensibilidade especial no âmbito da propriedade intelectual.

Quais são os pressupostos para que haja concorrência desleal?

Em geral, podemos dizer que há uma situação de concorrência desleal quando: 1) Haja a prática de um acto concorrencial;

2) O acto concorrencial seja contrária às regras e usos honestos (boa fé e bons costumes);

3) Que essas regras sejam aplicáveis a qualquer ramo de actividade económica. Os actos de concorrência desleal podem subdividir-se em três tipos principais, a saber:

1) Actos de aproveitamento; 2) Actos de agressão;

3) Actos de indução do público em erro ou falsa apresentação própria

Os actos de aproveitamento qualificam-se deste modo dado que se caracterizam pelo facto do seu autor retirar vantagem de elementos empresariais alheios. Através destes actos, o autor consegue concorrer de modo desleal porque aproveita a confusão gerada no consumidor para que pensem que este é uma entidade que na verdade não é.

Os actos de agressão podem ser apresentados como aqueles em que o autor faz falsas afirmações no exercício de uma actividade económica para descredibilizar o concorrente. Os actos de indução do público em erro ou falsa apresentação própria são aqueles em que o público é enganado quanto à qualidade da empresa ou de alguns dos elementos que a compõem.

São actos de concorrência desleal, relativos à propriedade intelectual, apresentar produtos ao público de maneira a levar o consumidor a pensar que são de um concorrente, utilizando para esse fim os mesmos sinais ou o mesmo aspecto visual.

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Texto provisório - PBS 10/10 A prática de actos de concorrência desleal correspondem a ilícitos civis, os quais originam responsabilidade civil extracontratual nos termos do Código Civil.

Protecção internacional da propriedade intelectual

No mundo globalizado, cedo os agentes económicos (comerciantes) perceberam que a protecção da sua propriedade intelectual tinha de ser o mais ampla possível, de preferência a abranger todo o mundo. Isto acontece porque até nos dias de hoje nem todos os países têm ao dispor um sistema eficaz e justo de protecção de propriedade intelectual e porque isso implicaria que o agente económico fosse país a país, de legislação em legislação, protegendo as suas criações.

A propriedade intelectual pode ser assim protegida nos seguintes níveis:

A) Nacional: o titular dirige-se à entidade responsável pela protecção deste tipo de propriedade e promove o registo da sua titularidade;

B) Regional: vários países constituem um sistema regional de protecção de propriedade industrial, podendo ser requerido um registo que abranja todos os países integrantes desse bloco regional.

São blocos regionais:

a) Administração regional africana de propriedade industrial;

b) Administração de marcas do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo);

c) Instituto de Harmonização do Mercado Interno da União Europeia (para toda a comunidade europeia);

d) Organização africana da propriedade intelectual.

C) Internacional: se o país onde se localizar a sede da empresa titular do direito de propriedade industrial for membro do sistema de Madrid e o direito estiver registado no seu país de origem, pode utilizar-se o sistema de Madrid (utilizado pela Organização Mundial de Propriedade Industrial) para registar esse direito nos mais de 70 países que já aderiram a esse sistema.

Referências

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