(CC
1199
TÂNIA
LONGO MAZZUCO
INCIDENTALOMAS DE
TIREÓIDE:
COMPARAÇÃQ
nos
ACI-1ADos
ULTRASSONOGRÁFICQS
coM
o
DIAGNÓSTICQCITOPATQLÓGICO
LTrabalho apresentado à Universidade» Federal de Santa Catarina, para a
conclusão no- ' Curso! de Graduação
em
Medicina. ¡ .FLORIANOPOLIS
1998
'C,N\1è3Ê
TÂNIA
LONGO MAZZUCO
INCIDENTALOMAS
DE
TIREÓIDEz
COMPARAÇÃO
DOS
ACHADOS
ULTRASSCOANOGRÁFICOS
COM
O
DIAGNÓSTICO
CITOPATOLÓGICO
Trabalho apresentado à Universidade Federal de 'Santa Catarina, para a conclusão no Curso de Graduação
em
Medicina.
Presidente do Colegiado do Curso: Prof. Edson José Cardoso
Orientadora: Prof. Marisa Helena César Coral
FLORIANÓPOLIS
MaZzuC0,_ Tânia Longo. Incidentalomas de tireóide: comparação dos achados
ultrassonográficos com o- diagnóstico citopatológico-. Florianópolis, 1998. 5 1 p.
Trabalho de conclusão no Curso de Graduação em Medicina -Universidade
Federal de Santa Catarina.
AGRADECIMENTOS
A
Deus;À
professoraMaria
Heloísa Busi da Silva Canalli, grande orientadora eamiga
que, tendocomo
linha de pesquisa apunção
aspirativa de nódulos de tireóide, foiaresponsável pela idéia inicial que, após estudada e lapidada, resultou
no
presentetrabalho;
À
professora Marisa H. C. Coral, pela orientação, troca de idéias, análise críticae incentivo essenciais para
o
êxito deste traballio;Ao
médico
ultrassonografista Ivo Sebastião Garzel Júnior, pela atençãodispensada, auxílio
na
interpretação das imagens e preocupação constanteem
queeste trabalho
me
proporcionasseuma
satisfatória aquisição de conhecimentos;Ao
médico
anatomopatologista e citopatologista Horácio Shigueru Chikota,pelos esclarecimentos às duvidas que
foram
surgindo- e pela atenção dispensada desdeo
inicio deste trabalho;À
clínica Sonitec DiagnósticoMédicos
porImagem,
pelo tratamento amigável.e pela pennissão da coleta dos dados;
Aos
funcionáriosdo
setor deAnatomia
Patológicado
Hospital Universitário-UFSC,
pela amizade e prestabilidade;Ao
doutorandoMarcos
Antônio Dias, fiel companheiro, pelo auxilio e troca deidéias, compreensão» e tolerância,
figura
essencialem
todas as etapas deste traballio;Aos
meus
familiares, quemesmo
à distânciaacompanharam
meu
trabalhoem
cada dificuldade e
em
cadameta
atingida;A
todas asdemais
pessoas_
amigos, colegas, funcionários-
que diretaou
ÍNDICE
1.
1NTRoDUÇÃo.-....-
... ... ... ..1.1 Incidentalomas de glândula tireóide: definição ... .... ..
1.2
A
doença
nodular de tireóide e o surgimento dos incidentalomas1.3
Os
métodos
diagnósticos ... ..1.3.1
A
punção
aspirativade
glândula tireóide ... ..1.3.2
A
ultrassonografia de glândula tireóid'e~ ... _.1.3.3
A
punção
aspirativa guiada por ultrassonografia ... ..1.4
A
importância dos incidentalomas ... ..2..
OBJETIVO
... _.2.1 Geral ... ..
2.2
Específico
... ._3.
METODOLOGIA..
. _. ... ..3.1 Considerações gerais e desenho
do
estudo ... ..3.2 Coleta' de informações ... ... ..
3.2.1
Amostra
total ... ..3.2.2 Variáveis consideradas para estudo ... ..
3.3 Análise estatística ... _. 4.
RESULTADOS
... .. ~ 5.D1SCUSSAo
... .. ó.CONCLUSÕES..
... .. 7.REFERÊNCIAS
... ..RESUMO
... -SUMMARY
... ... ..APÊNDICES
.... ... ._1.
INTRoDUÇÃo
1.1
Incidentalomas
de
glíândula tireóide: definiçãoAs
lesões nodulares de tireóide, assintomáticas,pequenas
e não-palpáveis, incidentalmente descobertas por quaisquer
métodos
deimagem, ou
estudo anatomopatológico a partir de peça cirúrgica
ou
de autópsia, sãodenominadas
incidentalomasde
tireóide LS. Estes nódulospossuem
geralmenteum
diâmetro de até 1,5cm
5, sendo que o “carcinoma oculto de glândulatireóide” está incluso neste conceito 640.
1.2
A
doença nodular
de
tireóide e osurgimento dos
incidentalomasO
termo doença
nodularda
tireóide é utilizado para caracterizar a glândulatireóide
que
apresentaum
ou mais
nódulosem
seuparênquima
U' 121.A
doença
nodular
da
tireóidetem
fundamental importânciana
práticamédica
em
geral, já que onódulo
tireoideano é tuna. das afecçõesmais
comumente
encontradas nestaglândula. Constitui-se, muitas vezes,
em
problema
de diagnóstico dificil,podendo
compreender
um
grandenúmero
de moléstiascom
diferentescomportamentos
biológicos, desdeum
simples bócio colóide, de caráterbenigno, até
um
câncer indiferenciado e agressivo 12'”.A
prevalência de nódulos de tireóidedepende da
população sob» estudo eda
sensibilidadedo
método
de detecção 16” 18'”. Estudos epidemiológicos nosE.U.A. estimam que
5
Estatísticas mundiais
apontam
predominância de doenças tireoideanasbenignas sobre as malignas 5 _ Pacientes
com
nódulos malignos,quando
diagnosticados precocemente,
podem
ser tratadoscom
grande chance de cura.Na
última década, a mortalidadeprovocada
por estes tumores malignos sofreusignificativo declínio, decorrente
do
diagnóstico precoce associado à terapêuticaefetiva.
Atualmente, na
presença deum
pacientecom
nódulo tireoideano omédico
requisitauma
série deexames
complementares, resultandoem
incremento nos custos
da
investigação,com
a finalidade de responder à principaldúvida diagnóstica: se o nódulo é
ou não
maligno, e conseqüentemente, a necessidade de tratamento cirúrgico 15° 20° 22° 24'”.Nesta
investigação diagnóstica,muitos nódulos considerados únicos à palpação
terminam
por se apresentaremcomo
múltiplos aoexame
complementar.No
estudo de Price et al. 29,em
pacientes
com
nódulos solitários aoexame
físico,um
ou mais
nódulosadicionais
foram
encontradosem
40%
e54,5%
ao utilizar-se, respectivamente, a ultrassonografia e oexame
anatomopatológico (tireoidectomia total).Tan
etal. 3°, por sua vez, analisaram a acurácia
da
palpaçãocom
os achadosultrassonográficos, concluindo
que
a palpação émenos
sensível para identificarnódulos múltiplos.
Um
nódulo solitário à palpação representauma
glândula multinodularem
cerca de50%
dos pacientes.Concluíram
aindaque
a palpaçãopode
garantir o diagnóstico de nódulosquando
estespossuem,
aomenos,
lcm
de diâmetro,
conforme
a profundidadeda
lesão e a habilidadedo
examinador.Dessa
forma,com
o advento da ultrassonografra(USG)
como
ométodo
mais
Sensível de investigação
da
glândula. tireóide, os incidentalomaszganham
maior
repercussão gerando
maior polêmica
quanto à conduta clínica, já que os nódulos tireoideanos àUSG
têm
semostrado muito mais
evidentesdo que
à palpaçãosomente
31.A
partirda década
de oitenta, diversos estudosforam
publicados arespeito dos incidentalomas.
Nódúlos
de tireóideforam
encontradosem
40
%
6
carótidas extracranianas 32.
Dos
pacientescom
hiperparatireoidismo submetidosà
USG,_
88%
possuíam
nódulosna
tireóide 33.Em
pacientes que sesubmeteram
à
USG
deabdome,
seguida de investigaçãoda
tireóide para pesquisa depossíveis nódulos incidentais, 25
%
eram
portadores destes nódulos 34.1.3
Os
métodos
diagnósticosO
bócio nodular é muitas vezesum
achado
deexame
físico e a suaabordagem
é variada, sendo importante considerar o valorda
acurácia dosdiferentes
métodos
diagnósticos 14” 3537.Usando
somente
a clínica, cerca de9%
dos *pacientes
com
nódulo de tireóideforam
falsamente considerados portadores de patologia benigna,culminando
em
atrasono
diagnóstico dedoença
maligna38.
Os
determinantes clínicos de malignidadeem
nódulo de tireóide sãocontroversos
na
literatura e dependentesda
experiênciado médico
assistente,das características pertinentes
da
população sob estudo eda
prevalência regionalde câncer de tireóide 16” 21° 39° 40.
Assim
sendo, a escolhado
exame
complementar
adequado
é essencialna
avaliaçãoda doença
nodular de tireóide, principalmenteno que
tange aos incidentalomas, já que a antiga conduta de ressecção cirúrgicapara diagnóstico e tratamento 4143 toma-se inaplicável nos dias atuais.
1.3.1
A
punção
aspirativade
glândula tireóideA
introduçãoda
punção-biópsia aspirativa por agulhafina (PBAAF),
propiciando material para estudo citopatológico, foi omarco
na
abordagem
das doenças de tireóide.A
PBAAF
transformou-se, hoje,na
pedra fundamentaldo
7
As
basesda
técnica depunção
com
agulha fina,como
praticada hoje,foram
sustentadas por estudiosos
como
Kun
em
1847, que foi o primeiro a utilizar atécnica de
punção
aspirativaem
nódulosmamários, conforme
relataramMoreno
44e Frable 45 _ Passo a passo, o estudo citopatológico
do
material obtidoatravés
da
PBAAF
conquistou informação morfológica necessária para prevercom
grande precisão o tipo de patologia tireóidea, antecedendoum
procedimento cirúrgico.
Devido
à facilidade de realização, ao uso ambulatorial,sem
preparo prévioou
mesmo
anestesia, à alta acurácia, ao baixo custo e rapidez de interpretação aPBAAF
recebeu grande aceitação e a idéia foiamplamente
difundida 2°» 4648.
De modo
geral, existem duas técnicasque
permitem
a obtenção de material tireoideano para análise 49” 5°:-
punção
com
agulhafina
(de20
a 25gauges
(G),
ou
seja, 0,6 a 0,8mm
dediâmetro externo e l a 2
cm
decomprimento)
ou
com
agulha grossa (de15G
al8G);
- "biópsia cirúrgica"
ou
com
agulha de corteou
trocarte (agulhas de l4G:Vim-Silverman, Tru-Cut
ou
Menghini).Em
geral, aptmção
com
agulhafina
ou
grossa possibilita material paraestudo citopatológico (esfregaços), enquanto a "biópsia cirúrgica", para análise
histopatológica 49° 51.
Os
autores usualmenteempregam
também
os termos AspiraiionBiopsy
Cyrology(ABC),
FineNeedle
Aspirationou
FineNeedle
Aspiration
Biopsy (FNA),
FineNeedle
Aspiraiíonand
Biopsy
(FNB), FineNeedle
Aspiraiion Cyiology(FNAC),
e a expressão "citopatologia aspirativacom
agulha fina", para retratar,no
mesmo
contexto, o estudo citopatológicocomo
método
diagnóstico possível atravésda
técnica depunção
aspirativacom
agulha fina 5265.
Há
relatos de que a qualidade dos esfregaços analisados é de importância fundamental para a redução de erros diagnósticos 5658.Como
as células8
cancerosas só
podem
ser obtidas deuma
lesão maligna,poucas
células malignas são adequadas para o citodiagnóstico de câncer.Porém,
um
número
semelhante de células benignaspodem
ser inadequadas para descartá-lo, tendoem
vistaque
nódulos malignos
possuem
células benignas adjacentes ao tumor. Estas célulasbenignas
podem
ser as únicas aspiradas.A
PBAAF
demonstrou
ter importantes vantagensem
relação à biópsiacom
agulha grossaou
"cirúrgica" 59.Sua
técnica é mais fácil, pode-se coletar. materialdenódulos
pequenos,com
lcm
de diâmetroou menos.
O
esfregaçopode
sercorado e
examinado
enquanto o paciente espera, eno
caso de material inadequado, pode-se repetir o procedimento imediatamente.As
complicações são raras e os citopatologistasadquirem
habilidadeem
interpretar o» materialobtido,
sem
dificuldades,em
reduzido espaço de tempo.No
Brasil, as primeiras publicações sobre citopatologia de nódulostireoideanos
datam
de 1978. Fialho et al. 6°foram
os pioneirosque
ressaltaram aimportância
do
citodiagnóstico de tireóide eabordaram
os aspectos citopatológicos peculiares de 16 casos de patologia cirúrgica e de autópsia.Posterionnente, diversos autores
também
obtiveram experiências favoráveis àutilização
da
PBAAF
como
método
diagnóstico 61`64.Dessa
forma, ométodo
da
PBAAF
culminou
em
sua aceitação e divulgaçãomundial.
O
valorda
PBAAF
para a avaliação de nódulos de tireóidedepende do
contexto clínico
no
qual ela é usada eda
relativa acurácia de técnicasdiagnósticas alternativas.
Em
centros especializados, aPBAAF
está sendoutilizada
como
o primeiro teste pré-operatórioem
busca deuma
malignidadeem
todo e qualquer nódulo palpável 20” 47” 65.9
1.3.2
A
ultrassonografia
de
glândula tireóideO
exame
ultrassonográfico foi introduzido.em
1965; a aplicaçãoda
USG
para avaliar a tireóide foi relatada, inicialmente, por
Blum
et al. 66,bem
como
por
Miskin
et al. 67, distinguindo lesões sólidas de císticas. Atualmente, aUSG
éamplamente
usada para estudar a tireóide, possibilitandomedir
seutamanho
edocumentar
onúmero,
asdimensões
e o caráter físico dos nódulos.Além
dissopode
classificar os nóduloscomo
lesões sólidas, císticasou
mistascom
mais de90%
de precisão 14° 68.A
ultrassonografiatem
utilidadena
detecção de nódulosnão
palpáveisem
tireóide previamente irradiada,
na
diferenciação de_massas
cervicais tireoideanas'de extratireoideanas,
no
acompanhamento
de nódulos benignos. Esteexame
émais
sensívelna
detecção de nódulos tireoideanos e apresentamelhor
relação»custo-benefício
em
comparação
à cintilografia, à tomografia computadorizada eà ressonância nuclear magnética 16” 18” 69. `
1.3.3
A
punção
aspirativaguiada por ultrassonografia
O
usoda
USG
combinada
com
aPBAAF
na
investigação diagnósticada
.tireóide foi descrito inicialmente
em
1977, porWalfish
et al. 7°, para diagnósticode nódulos tireoideanos hipofiincionantes, indicando estes dois procedimentos
como
condutana
seleção de pacientes candidatos à cirurgia para extirpaçãodo
nódulo.
Posteriormente, diversos autores
advogaram
a utilizaçãoda
ultrassonografiacomo
guia à técnica depunção
aspirativacom
agulha tfina, orientando a introduçãoda
agulhano
nódulo tireoideano para assegurar o local a serpuncionado, principalmente
em
lesõespouco
ou não
palpáveis 71'”.A
realizaçãode
punção
guiada por '10
sólidas de lesões mistas
tem
sido consideradana
obtenção de esfregaçoscom
celularidade folicular e redução de resultados falsos negativos 20.A
utilizaçãoda
punção
por agulhafina (com
ou
sem
aspiração) sob visualização ultrassonográficatem
possibilitado o diagnósticoem
50%
das.citopatologias previamente inconclusivas 2°.
Em
«estudo recente,Hatada
et al. 75indicou o uso rotineiro
da
PBAAF-USG
para obterum
diagnóstico correto de nódulos tireoideanos, especialmente aquelesmenores ou
iguais .a 2cm
dediâmetro, e conseqüentemente reduzir
o
número
de cirurgias desnecessárias.Os
estudos de
Carmeci
et al. 76 eDanese
et al. 77também
enfatizam amaior
acurácia deste- método., se
comparado
àPBAAF
simples.1.4
A
i-mzpozrtânciados
incidentaliomasDiante'
do
que
já foimencionado,
fica
evidente a alta prevalência dos incidentalomas tireoideanosna população
em
geral.Em
indivíduos adultos:assintomáticos, Brander et al. 78 encontraram» nódulos tireozideanos
em
21,3%,
utilizando o
método
ultrassono-gráfico.Além
disso, de77
nódulos»bem
visualizados. à ultrassonografia de; alta resolução, 43
não
foram
percebidos aoexame
físicoda
tireóide 2.Em
100 pacientes assiíntomáticos, Ezzat et al. 3'detectaram nódulos tireoideanos
em 21%
atravésdo método
palpatório eem
67%
àUSG
de alta resolução.Tomimori
'et al. 79' realizaramuma
pesquisa ultrassonográfica deanormalidades tireoideanas
em
547
indivíduos (380 mulheres e 167 homens),entre
27
a 578 anos de idade,sem
história familiarou
préviade
patologia detireóide e provenientes de área urbana
com
relativa baixa ingestão de iodo.Os
autores encontraram tireóide
normal
em
240
indivíduos (44%),mas
detectaram11
ultrassonográficas
no
restante (39%).Em
18 casos, os nódulos tireoideanosmediram
entre 1,5 a 1,8cm;
ll destesnão
foram
evidenciados à palpação.Em
1997,Tan_e
Gharib 5 efetuaramuma
extensa revisão bibliográfica arespeito dos incidentalomas de tireóide.
A
prevalência para tais nódulos varioude
30%
a60% em
estudos de necrópsia; de19%
a67% em
trabalhosprospectivos de pacientes selecionados aleatoriamente; e de
13%
a50% em
estudos comparativos entre a palpação e a iultrassonografia.O
risco para a malignidadeem
nódulos assintomáticos e situadosem
tireóidenão
irradiada foide
0,45%-a
13%
(média=
3,9%). Diante de tal fato, os autores postularamuma
conduta mais conservadora para estes nódulos.
Quanto
à neoplasia maligna de tireóide,em
muitoszpacientespode
serencontrada
numa
forma
“silenciosa”.Cerca
de35%
das glândulasremovidas
em
autópsia
ou
à cirurgiacontêm
carcinomas ocultos, de importância clínicanão
«inteiramentedefinida
(menoresdo que
1,5cm
de diâmetro e geralmentepapilares) 18” 23' 8°.
Alguns
trabalhos relatamque
óbitos porcarcinoma
de tireóideocorrem
com
menor
freqüênciaem
areascom
alta incidência decarcinoma
oculto de tireóide 18' 23. Hoje, parece existir
um
consenso deque
estes tumores incidentaisnão
têm
a
mesma
importância clínicado
que
os tumores. clinicamente aparentes e a suaabordagem
talvezdeva
sermais
conservadora,. . , " 8
2.
OBJETIVO
2.1
Geral
Estudar os nódulos de tireóide enquadrados
como
“incidentalomas”,segundo
os aspectos ultrassonográficos e citopatológicos, à procura decaracterísticas indicativas de malignidade.
2.2
Específico
Efetuar
um
levantamento das características dos incidentalomas dentrodo
período
em
estudo,comparando
os achados ultrassonográficoscom
o
citodiagnóstico, e identificando as condições sugestivas de malignidade;
Realizar
uma
revisãoda
literatura acerca de incidentalomas de glândulatireóide, sua prevalência e estimativa de risco de malignidade, gerando
como
conseqüência
um
questionamento acercada
condutamédica adequada
para os3.
METODOLOGIA
3.1
Considerações
gerais edesenho
do
estudoA
populaçãoem
estudo foi constituída por pacientes adultos portadores de nódulos tireoidianos _ únicos _ou
múltiplos, submetidos ao estudo ultrassonográfico e citopatológico .do material obtido pelapunção
com
agulhafina
dos nódulos considerados incidentalomas,no
períodode
janeiro de1996
amaio
de 1998.Os
pacientesforam
assistidosna
clínica Sonitec DiagnósticosMédicos
porImagem,
Florianópolis,onde
procedeu-se oexame
ultrassonográfico e a coleta
do
material através daPBAAF-USG.
O
material aspirado foi submetido ao estudo citopatológicono
laboratórioMacro
&
Micro
Anatomia
Patológica/ SC.O
desenho deste estudo foi descritivo e transversal.3.2 - Coleta
de informações
3.2.1
Amostra
totalOs
dados referentes aos pacientesexaminados
e ao estudo ultrassonográficoe citológico dos incidentalomas de _ tireóide
foram
coletados pela autora, conforme. o protocolo apresentadono
apêndice 1.Todos
osexames
ultrassonográficos
foram
realizados pelomesmo
profissional, omédico
ultrassonografista. Ivo .Sebastião Garzel Júnior,
que
auxiliou,na
análise das14
da
citologia.A
PBAAF
dos nódulos foi realizada pelo ultrassonografista,com
acolaboração
do
médico
patologista e citopatologista, Horácio Shigueru Chikota, responsável pelo estudo citopatológico efetuado.Além
disso, antes dedispensado o paciente, o
mesmo
citopatologista procedia à avaliação rápidado
conteúdo
do
aspirado quanto à celularidade e conseqüente verificação deamostragem
satisfatória.Critérios de Inclusão e Exclusão: participaram
do
estudo os pacientes portadores de nódulos tireoideanos incidentais, submetidos àPBAAF-USG.
Foram
excluídos os nódulos de diâmetromaior que
1,5cm,
bem
como
aquelescuja análise ultrassonográfica
ou
citopatológica houvesse sido realizada por profissional diferenteda
equipemédica
mencionada
no
parágrafo acima.3.2.2 Variáveis consideradas
para
estudo 1~
Os
dados de identificaçaodo
pacienteforam
coletados de acordocom
o protocolo já citado.Pela análise de
exame
ultrassonográfico, realizado através de aparelhoda
marca
Dz'asom`csTMcom
um
transdutor linear de 10MHZ,
foram
investigados os seguintes itens a respeitodo
nódulo:a) Multiplicidade (neste caso, “nódulo múltiplo” significa presença de outros nódulos
-
incidentaisou não
-
na
tireóide quecontém
o incidentaloma estudado;na
ocorrência de mais deum
incidentaloma,uma
ficha
de protocolo era preenchida para cada nódulo);b) Localização (de acordo
com
o lobo, incluindo istmo);c)
Maior
diâmetrodo
nódulo (cm);d) Padrão ecogênico
em
relação ao restantedo parênquima
glandular;e)
Conteúdo
(ou consistência)do
nódulo;15
g) Regularidade
da
margem;
h) Presença de calcificações, classificadas.
em
microcalcificações, e grosseiras;i) Presença de artefato tipo
“cauda
decometa” no
interiordo
nódulo;j) Presença de
adenomegalia
cervical.As
característicasacima foram
interpretadas de acordocom
o padrão adotado,conforme
é descrito por Solbiati et al. 82. -Quanto
aoexame
citopatológico, a coleta de materialobedeceu
à técnicadescrita por Canalli 83, e a coloração dos
esfiegaços
citopatológicos seguiu atécnica padronizada
no
laboratórioMacro
&
Micro, semelhante à descrita porLöwhagen
et al.84.Foram
consideradas as seguintes características citodiagnósticas:a) Benigna: incluiu o diagnóstico de bócio nodular, cisto tireoideano,
tiroidites (aguda,
subaguda
e linfocíticaou
.de Hashimoto).b). Indeterminada:. incluiu os ,laudos de lesão folicular
(adenoma, ou
adenocarcinoma
folicular), lesão de .células de Hürthleou
de células oxifilicasou
oncocíticas.(adenoma
ou adenocarcinoma
de células de Hürthle), os casoscom
atipias celulares significativas equando
faltaram as características citopatológicas determinantes deuma
malignidade específica.c) Maligna:
carcinoma
papilar,medular
e anaplásico; linfoma e metástases.d) Insatisfatória: o materialera considerado satisfatório
quando
apresentavaseis .ou
mais
.grupos de células foliculares, cada grupocom, no mínimo,
dezcélulas
bem
definidas,em
aomenos
dois esfregaços.Caso
este critérionão
fossepreenchido
mesmo
após repetiçãodo
procedimentoda punção (quando
l6
As
categorias citodiagnósticas para o material obtido pelaPBAAF
foram
baseadas
em
Canalli 83.3.3 Análise estatística
Os
dados amostraisforam
apresentaddsem
percentuais.,Na
análise.das
características à
USG
em
comparação
com
o laudo citopatológico, consideradocomo
padrão-ouro, foiempregado
o teste de qui-quadrado de Pearson (para as~
variáveis categóricas)
com
correçao de Yates (quando as freqüências esperadaseram
menores
de 5). Para tal análise, as variá`Veis dos achados ultrassonograficoscomparando
os nódulos malignos e benignosforam
dicotomizadas,conforme
l
apresentado
no
apêndice 2.Assim
sendo, onúmero
de nódulosna
glândula foi\
I
`
considerado
como
“múltiplo”ou
“único°;no
iitem ecogenicidade foi consideradoo nódulo “hi oeco ênico'ou “hi er/iso/aneco“ êncio* o conteúdo foi considerado
_ 9
como. “sólido”
ou
“misto/cístico”; o halo periférico foi consideradocomo
“fino°ou
“es esso/ausente” amar
em.foi_conside_rada. “re_ lar”
ou
“irre lar”, uantop
3 1l
à calcificação foi considerada para análise estatística apenas .a presença
ou
ausência de microcalcificações, isoladas .ou associadas.
l
Para as amostras numéricas,
como
idade E diâmetro, foi aplicado o teste t deSÍUCÍCHÍ.
1
Nos
testes utilizados, o nível de significância adotado foi de 0,05 _Os
laudos4.
RESULTADOS
No
períodode
janeirode 1996
amaio
de 1998,foram
submetidos àPBAAF-
USG
na
Sonitec DiagnósticosMédicos
porImagem,
95
pacientes portadoresde
incidentalomas de tireóide únicos
ou
múltiplos, perfazendoum
totalde
110nódulos estudados (figura 1).
100-
50-_
O 'I l l
Pacientes
Nódulos
Figura 1
-
Número
de pacientes e de incidentalomas de tireóide estudados,segimdo o
caráter de multiplicidade dos nódulos.Destes nódulos, 35
foram
examinados
no ano
de 1996,58
no ano
de 1997 e 17no
períodocompreendido
entre janeiro emaio
de 1998.18
Do
total de pacientes incluídosno
estudo, 91 (95,8%)
eram do
sexofeminino e 4 (4,2
%)
do
sexo masculino,numa
razão de 22,8 1 1 (mulheres :homens).
As
mulhereseram
portadoras de 106 incidentalomas, enquantoque
oshomens
possuíam
apenas nódulo único,num
total de 4 incidentaloinas para o sexo masculino.A
idade, independentedo
sexo, variou de 15 a 70 anos,com
média
aritmética de 45,5 emediana
de 44,5 anos.Dos
incidentalomas estudados,7 (6,4
%)
ocorreramem
indivíduoscom
idademenor
de30
anos, e 11 (10%)
em
maiores de60
anos.O
diâmetromédio
dos nódulos foi de 1,0cm,
com
valormínimo
de 0,3 emáximo
de 1,5cm, no maior
diâmetromedido
para cada nódulo.Quanto
ao lobotireoideano, dos incidentalomas estudados 57 (51,8
%)
situavam-seno
lobodireito,
42
(38,2%)
no
lobo esquerdo, e 11 (10,0%)
no
istmo.Em
relação ao diagnóstico citopatológico, 81 incidentalomasforam
benignos, correspondendo a
74
%;
receberam a classificação de diagnóstico indeterminado 18 nódulos (16 %), e malignos 11 (10 %).Nenhum
incidentaloma recebeu a classificação, à citopatologia, de amostra insatisfatória.O
citodiagnóstico específico dos incidentalomas é
demonstrado
na figura 2.Considerando-se a inalignidade e a faixa etária, 15 pacientes
com
idademenor
de 30 anosou maior
de60
anospossuíam
nódulos benignos, enquantoque
um
(01) paciente dentro esta faixa etária possuía nódulo maligno. Para a idade entre30
e60
anos,haviam
63 pacientescom
nódulos benignos e 9com
malignos.Quanto
ao diâmetro dos nódulosem
relação à malignidade, amédia
para os nódulos benignos foi de 0,91cm,
e para os malignos 0,97 cm. Tanto asdiferenças encontradas para a idade quanto para o diâmetro
do
nódulonão foram
19
A
B
I
Bócio colóide,
I
TireoiditeI
BenfgmI
Conteúdo de cistoI
MahgnoI
Ca papilarI
IndeteflninadoI
Lesão folicularI
Tu
HürthleI
Área de fibroseFigura 2
-
Número
dos incidentalomassegtmdo
a classificação citopatológica: caráter sugestivo de malignidade (A) e diagnóstico específico(B)-
A
multiplicidadedo
nódulo e a localizaçãodo
mesmo
na
glândula tireóide,de acordo
com
a classificação citopatológica, são demonstradasna
tabela I.Pode-se observar
que não houve
diferença estatisticamente significante entre estas variáveis (p2
0,05), ao secomparar
as característicasmencionadas
com
oTabela I
-
Comparação
da citopatologia dos incidentalomas quanto à suamalignidade,
com
as características de multiplicidade e localizaçãodo
nódulo.Único
Múltiplo Total a (100%)
Lobo
DireitoLobo
Esquerdo
Istino Total a (100%)
Benigno
a44
(54,3 55/Â.) 37 (45,7%)
8142
(s1,s%)
31 (38,3%)
O8
(9,9%)
81Maligno
aO6
(54,5%)
05 (45,5%)
1106
(54,5%)
02 (1s,2%)
O3 (27,3%)
11 lndeterminado 3 Total08
(44,4%)
10 (55,ó%)
1809
(5o,o%)
09
(50,0%)
0 1858
52
110
57
42
11110
a . s . _ , .Os valores percentuais sao relativos aos respectivos numeros totais de cada coluna de valores.
As
características ultrassonográficas referentes a ecogenicidade, conteúdo, presença de halo, regularidade demargens
e presença de calcificação, para os incidentalomasem
estudo, são apresentadasna
tabela 2.A
característica de adenopatia cervical satélite, àUSG,
não
foi evidenciadaem
nenhum
dos casos.Tabela II
- Número
de incidentalomascom
as característicasultrassonográficas encontradas, classificados
segundo
o diagnósticocitopatológico. Hipoecogenicidade Isoecogenicidade Hiperecogenicidade
Anecogenicidade
TotalConteúdo
sólidoConteúdo
mistoConteúdo
císticoT
oíalAusência
de haloHalo
fino
Halo
espesso TotalMargem
regularMargem
irregular TotalAusência
de calcificações Microcalcificações Calcificações grosseirasAmbas
TotalBeni
gno
Mali
gno
Indeterminado59
A 10 1 A 14 1 l 01 0309
O Ol 02 O 0 81 1 1 18 57 ll 16 19 O O2 02 O O 81 11 18 5409
14 25 O1 02 O2 01 O2 81 11 1864
O5 12 17O6
06
81 11 1866
. O5 10 12O4
O8
O2 O O 01 02 0 81 11 1822
Dos
nódulos benignos estudados, conteúdo cístico e nódulo anecogênicoforam
observadosem
2 incidentalomas, os quais obtiveram laudo citopatológicode “conteúdo de cisto
em
bócio colóide”.Dos
nódulos mistos, 1 tainbemrecebeu este diagnóstico de cisto, sendo os
demais
18 nódulos mistosenquadrados
na
categoria de bócio colóide. Foi encontrado o artefato tipo "caudade cometa"
em
2 nódulos hipoecogênicos,ambos
com
diagnóstico citopatológico de bócio colóide. Para os nódulos benignos considerados hiperecogênicos (9no
total), 6 consistiam de bócio colóide e 3 de tireoidite.Considerando-se as principais características dos nódulos listadas
na
tabela II, amaior
pane
dos nódulos benignos foi: hipoecogênico (72,8 %), de conteúdosólido (70,4 %),
sem
halo (66,7 %),com
margem
regular (79,0%)
esem
calcificações (8l,5 %).Dos
seis nódulos malignoscom
calcificaçãono
seu interior, 4possuíam
margens
irregulares, e os outros 2,margens
regulares.A
calcificação tipo“grosseira”,
no
nódulo maligno,não
se apresentou isolada, e sim, associada àsmicrocalcificações.
Nenhum
nódulomaligno
à Citopatologia apresentou padrãode cisto,
ou
seja, anecogenicidade e conteúdo cístico àUSG. Os
nódulosclassificados
como
malignos à citopatologia foram, na sua maioria, liipoecogênicos (90,9 %), de conteúdo sólido (100 %),sem
halo (8l,8 %),com
margem
irregular (54,5%)
ecom
microcalcificaçõesno
seu interior, isoladasou
associadas (54,5 %). Ein 72
%
dos nódulos malignosforam
observadas pelomenos
três das características ilustradasna
figura
3.No
entanto, 3 nóduloscom
padrão citopatológico de malignidade
possuíam
as características àUSG
listadas23
100%
-
75%
-50%
-25%
'-0%
'I I I I iConteúdo
sólidoHipoecogênico
Margem
Com
micro-irregular calcificações
Figura 3
-
Características ultrassonográficas referentes ao conteúdodo
nódulo, ecogenicidade, regularidade de
margens
e presença de microcalcificações,em
relação à classificação citopatológica.Em
relação aos nódulos indeterminados, 22,2%
apresentaram ascaracterísticas
mais
encontradas nos nódulos benignosem
estudo, e 33,3%
apresentaram aquelas para nódulos malignos.O
resultadodo
teste estatístico realizado para os nódulos benignoscomparados
aos malignos,segimdo
as características ultrassonográficas, estádemonstrado na
tabela III.A
diferença dos nódulos malignosem
relação aosbenignos,
de
acordocom
a tabela III, foi estatisticamente significante para:conteúdo dos nódulos (sólido), calicificação (presença de microcalcificações), e
margem
(irregular).As
diferenças das variáveis paranúmero
de nódulos, ecogenicidade e halo perifériconão
apresentaram significância.24
Tabela III- Valores
do
qui-quadrado pelométodo
de Pearsoncom
correção de Yates (quando necessário), para os achados ultrassonográficos dos incidentalomasconforme
o diagnóstico citopatológico.Beni
gno X Mali gno
Qui-quadradorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr 0 Ê?? rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr no
Número
nsConteúdo
0,083 3 Calcificação 0,010aEco
genicidade nsaHalo
nsaMargem
0,040aValores não significativos (p > 0,05) estão indicados por “ns”.
a
5.
DISCUSSÃO
Os
resultadosdo
presente estudoconfirmam
a impressão clínica de que o risco de malignidadedo
incidentaloma de tireóide muitas vezes está relacionadoàs características
da
lesão encontrada. Neste estudo, os achadosultrassonográficos,
bem
como
idade e sexo dos portadores dos nódulos,foram
comparados
ao laudo citopatológico, o qual considerou-secomo
padrão-ouro.~
Alguns
autores salientaramque
aPBAAF,
apesar de segura e eficaz,nao
estáisenta de erros e
não
substitiui o valorda
histopatologia.Porém,
o seu alto valor de acurácia estábem
documentado
2°” 49° 53.Além
disso, a acuráciado
método
depende
da experiência edo
intercâmbio entre o profissionalque
executa apunção
e o citopatologista.Depende
também
da
metodologia para obtençãodo
material e análise das amostras citopatológicas 12° 14' 16° 2°. Estes critérios
foram
considerados
na definição da
metodologiaempregada
ena adoção da
citopatologia
como
padrão-ouro,além da
inviabilidade de se realizar excisão de todos os incidentalomas para estudo histológico.A
prevalência de nódulos tireoideanosaumenta
linearmentecom
o avançarda
idade, sendomais
elevada nas mulheres, notoriamente entre49
a 58 anos,com
a razão sexo feminino 1 masculino variandoem
até 4:12' 8°” 85.
Este fato
pode
explicarem
parte a alta predominância dos incidentalomas estudadosno
sexo feminino.
Por
outro lado, refletetambém
omaior
número
de
indivíduosdo
sexo feminino
na
população geral, e, possivelmente, amaior
procura dasmulheres aos serviços de saúde.
Ao
se considerar apenas os nódulos malignos,também
se encontrauma
26
. A . , . ç . . . 36
l'l1pOCCOg€Il1CO 6 1113101' 110 SCXO IIIZISCUIIIIO (1116 IIO f€IIl]l]lIlO . COITIO IIO pI`€S€IlÍ€
estudo o
número
de portadores de incidentalomas foi muitopequeno no
sexomasculino, esta associação
não
teve significância estatística.Quanto maior
a idade,maior
a chance de se encontrar nódulo(s)na
tireóide.Autores
estimam que
4 a 7%
de toda a população e 50%
das pessoas quechegam
à idade de 70 anostêm
nódulos tireoideanos 23° 8°.A
freqüência decarcinoma da
tireóidecostuma
sermaior
na
faixa etária abaixo dos30
eacima
dos
60
anos 86” 87.De
acordocom
os resultados apresentados, a faixa etária dospacientes
com
incidentaloma, cujo citodiagnóstico foi maligno,nao
diferiusignificativamente
do
benigno,além
do
número
de
nódulos malignos. serrelativamente
pequeno
em
relação ao total das amostras. Contudo, tanto para a idade quanto para o~ sexo, estes resultados são apenas descritivos enão permitem
realizar qualquer inferência acerca de prevalência, pelas características
do
desenho
do
estudo realizado. `Quanto
ao diâmetrodo
nódulo,no
presente estudoforam
excluídos osincidentalomas maiores de 1,5
cm
àUSG,
baseado
nasmedidas
encontradasna
literatura 5” 88” 89,
no
intuito de realizaruma
padronização dos nódulosclassificados
como
incidentalomas, já que o seu conceito é,em
parte, subjetivo(nódulo ímpalpável).
Assim
sendo,foram
estudados nódulos de 0,3 até 1,5cm
de diâmetro,
sem
diferenças significativas quantoao
nódulobenigno
ou
maligno. Ezzat et al. 3 dividiram os incidentalomas estudados de acordo
com
o
diâmetro â-
USG,
em
<
5mm,
entre 5 e 10mm,
ou
>
lf0-mm,
sem
encontrardiferenças importantes entre estes três grupos. Jen-Der-Lin et al. 10' descreveram
em
seu estudo sobrecarcinoma
oculto de tireóide, amédia
de 0,81cm
de diâmetro para os nódulos benignos e 0,58cm
para os nódulos malignos. Dentre os nódulos estudados por Schlinkert et al. 9° (incidentaisou
não), o risco de27
os nódulos considerados “grandes” (> 4 cm),
que
apresentarammaior
risco para malignidade (29 %).Os
nódulos tireoideanos apresentados estiveramna
suamaior
partelocalizadosno lobo direito
da
glândula,mas
quando
analisados separadamente, quanto à malignidade,não
houve
diferença estatisticamente significante.Alguns
autores relataram
maior
freqüência de incidentalomas 4” 34ou
de lesões nodulares neoplásicasem
geral 86” 87no
lobo direitoda
glândula.A
Há
estudosdemonstrando
a prevalência de incidentalomas multinodulares sobre os nódulos únicosou
solitários 3° 5.Quanto
à malignidade,o nódulo
solitário parece apresentar
maior
chance de sermaligno
39” 85” 1°.De
acordocom
os resultados expostos,
um
maior
número
de pacientes apresentou nódulo único.Contudo, relacionando-se a multiplicidade
com
a malignidadedo
nódulo,não
seencontrou diferença significativa.
Segundo
Mazzaferri 80, dos nódulos cirurgicamente removidos,42%
a77%
são nódulos colóides (benignos),
15%
a40%
sãoadenomas
e8%
a17%
são carcinomas.Os
estudosno
Brasildemonstraram
incidência de 8%
de malignidade, sobreum
total de 100 pacientes 61,bem
como
12,1%
em
outro centro de pesquisa,num
estudoenvolvendo
140 pacientes 87.Nossos
resultadosapresentaram distribuição semelhante,
havendo
10%
de nódulos malignos, 16%
de diagnóstico indeterminado e74
%
benignos,com
predomínio
de bócio colóide para este último.Constituindo cerca de
40%
a60%
dos nódulos de tireóide, onódulo
colóideé
composto
principalmente de colóide ealgumas
células foliculares, muitosimilares àquelas
do
parênquima
adjacente 38.Os
nódulos colóidesou
hiperplásicos
podem
apresentar calcificaçõesno
seu interior, principalmentegrosseiras
ou
periféricas,no
decorrerdo
seu processo de degeneração cística.Esta degeneração,
quando
intensa, liquefaz seu conteúdotomando
o aspectodo
28
isoecogênico
em
relação ao restantedo
parênquima,ou
toma-se hiperecogênico devido ao grandeacúmulo
de colóide e células; nestes casos,pode
ser vistoum
fino
halo hipoecogênico periférico devido a vasos perinodulares eedema
porcompressão
34” 85.Além
disso, artefatona forma
deum
foco de ecogenicidade brilhantecom
“cauda
decometa” pode
ser evidenciado pela presença de material colóide denso 82.Os
nódulosdo
bócio colóide e outros deorigem
benignapodem também
se apresentar hipoecogênicosem
relação ao parênquima, incluindo as tireoidites, quecomumente
apresentammargem
irregular 34° 82” 91.Conforme
os resultados apresentados, os incidentalomas estudadoscom
citodiagnóstico benigno apresentaram características variadas, incluindo asmencionadas
acima.Das
neoplasias malignas, o carcinoma papilar é a mais freqüente,representando cerca de 75 a 80
%
dos carcinomas primáriosda
tireóide.Em
seguida estão
o carcinoma
folicular (15 %), omedular
(5%)
e por último o anaplásico (3%)
2147.Todos
os laudos citopatológicos das lesões malignasno
presente estudo
foram
decarcinoma
papilar.O
carcinoma
papilar,ao
estudo microscópico, é multicêntricoem
20
%
doscasos, o que
pode
explicar a detecção decarcinoma
ocultona forma
de nódulo múltiplo .Corpos
psamomatosos
-
calcificações arredondadas, laminadas~
são vistasem
cerca de 25%
dos casos, conferindo o aspecto de microcalcificação àUSG.
Em
suamaior
parte, os nódulos malignos são hipoecogênicos (90%)
em
relação ao restanteda
glândula,em
razãodo
seu grau de necrose, de suaarquitetura desordenada
ou
de suas célulaspreenchendo
quase todoo
seu conteúdo,com
mínima
quantidade de colóide.Comumente,
os carcinomaspapilares
possuem
margens
irregularesou mal
definidas,ou
aindaum
halo espesso e irregular ao seu redor 34” 82” 85” 90° 91.Em
cerca de 1.000 pacientes que realizaram ultrassonografia convencional e29
12%
mistos.Na
cirurgia,21%
das lesões sólidas,12%
das lesões mistas e7%
das lesões císticas
foram
malignas 18° 23. ParaDe
Los
Santos et al. 92 aprobabilidade de
uma
lesão cística ser maligna é idêntica a deuma
lesão sólida.Porém, segundo defendem
outros autores, os carcinomas papilares são sólidosem
sua grande maioria, e muito raramente se observa nódulo cístico 85° 9°” 91.Quanto
àformação
de metástases e desenvolvimento de linfadenopatia, aliteratura
demonstra que
em
nódulospequenos o
envolvimento de linfonodoscervicais é
pouco
observado 82.Os
nossos resultados estão condizentescom
estedados,
onde
em
nenhum
caso foi evidenciada linfadenopatia cervical àUSG.
De
acordocom
Solbiati et al. 82, dentre as várias característicasultrassonográficas, as microcalcificações apresentam a
mais
alta acurácia (76 %), especificidade (93 %), e valor preditivo positivo (70%)
para malignidadecomo
característica única. Contudo, a sensibilidade é baixa (36%)
e,
segundo
alguns autores,pouco
confiável para a detecção de malignidade 18° 22”23.
Os
critérios de ecogenicidade e presença de halo,segundo
estes autores,também
não
são específicos.Esta diversidade de apresentações dos nódulos à
USG
leva aum
questionamento acercada
conduta médica. Primeiramente, à exceção de nódulos encontradosem
glândulaque
já possuía outro(s) nódulo(s) palável(is), os incidentalomas são nódulosque não
“precisavam” ter sido descobertos.Porém,
após descobertos,
podem
se transformarnum
dilema para o paciente e para o médico.Somado
a isso estáo
fato de que, dentre os incidentalomas malignos (cerca de 10%
do
total),90
%
são carcinoma papilar de tireóide,uma
forma
deneoplasia
eminentemente
curável após setomar
clinicamente detectável.Segundo
Solbiati et al.82, parece impraticável e imprudente proceder aodiagnóstico de todos os incidentalomas através
da
ultrassonografia de alta30
necessidade de
maior
investigação diagnóstica, estes autorespreconizam
quesejam utilizados pelo
menos
dois critérios deimagem.
Com
o intuito de reduzir as cirurgias desnecessárias,Camargo
eTomimori
93elaboraram
uma
classificação ultrassonográfica e citopatológicacombinada
para os nódulos tireóideos.Dessa
forma, o padrãodo
nódulo à citopatologia éenquadrado
em uma
dentre quatro categorias (grau I a IV)com
pontuaçõesdiferenciadas para cada categoria.
Assim
também
as característicasultrassonográficas são enquadradas
num
dos quatro graus, os quaisrecebem
a sua pontuação.A
soma
dos pontos-
scores~
forneceum
diagnóstico provável (benigno, duvidoso, suspeitoou
maligno).A
avaliação finaldo
nódulo se baseia então nas suas características macroscópicas, através daUSG,
e nascaracterísticas microscópicas, através
da
citopatologia. Para o grauIV
quanto àUSG,
considerado suspeito para malignidade e sugestivo decarcinoma
detreóide, é
enquadrado
todo nódulo sólido, hipoecogênico, de contorno imprecisoe
com
microcalcificações.De
acordocom
Tan
et al.3°, nódulos quepossuem
as característicasultrassonográficas de
margem
irregular, halo espessoou
ausente, padrão. defluxo
interno (através deUSG-doppler)
e presença de microcalcificações,têm
grandes chances de ser malignos. Estes nódulos teriam a indicação deserem
¡ r
puncionados para estudo citopatológico, guiado por
USG.
De
acordocom
os resultados apresentados, os critérios indicativos de malignidade nesta amostra estudada foram: conteúdo sólidodo
nódulo, presença de microcalcificações e irregularidade de margens. Estes três critérioscorrespondem
aoque
é defendido pela grande maioria dos autores, epossuem
maior
valorquando
as características são encontradas associadas.As
demais
características
devem
ser interpretadasem
conjunto, pois dessaforma poderão
31
ultrassonográfica deve ser interpretada desconsiderando-se as outras, pois estes
achados
não
possuem
especificidade isoladamente.6.
CONCLUSÕES
-
Os
resultadosconfirmam
eestendem
os dados disponíveisna
literatura,demonstrando
a alta evidência de benignidade dos incidentalomas de tireóide,quando
avaliados pela citopatolo gia;- Dentre as características ultrassonográficas estudadas, o conteúdo sólido,
o
contorno irregular
do
nódulo e a presença» de microcalcificações são as mais importantesna
distinção entre o nódulo-benigno
do
maligno, àUSG;
-
Os
nóduloscom
tais características ultrassonográficas, principalmentequando
associadas, são aqueles demaior
indicação para o estudo citopatológico.7.
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