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Claudia Maria Ferrony Rivas O ABOLICIONISMO EM SÃO GABRIEL: a influência maçônica nos processos de liberdade

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Claudia Maria Ferrony Rivas

O ABOLICIONISMO EM SÃO GABRIEL: a influência maçônica nos processos de liberdade

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Claudia Maria Ferrony Rivas

O ABOLICIONISMO EM SÃO GABRIEL: a influência maçônica nos processos de liberdade

Trabalho final de graduação apresentado ao Curso de História – Área das Ciências Humanas do Centro Universitário Franciscano como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em História.

Orientadora: Prof.ª Janaina Souza Teixeira

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Claudia Maria Ferrony Rivas

O ABOLICIONISMO EM SÃO GABRIEL: a influência maçônica nos processos de liberdade

Trabalho final de graduação apresentado ao Curso de História – Área das Ciências Humanas do Centro Universitário Franciscano como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em História.

___________________________________________ Prof.ª Janaina Souza Teixeira – Orientadora (Unifra)

___________________________________________ Prof. Carlos Roberto da Rosa Rangel (Unifra)

___________________________________________ Prof. Genivaldo Gonçalves Pinto (Unifra)

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RESUMO

A idéia da presente pesquisa surgiu após verificar-se que os relatos e publicações locais existentes a respeito da abolição de escravos na cidade de São Gabriel/ RS, não abordavam de forma satisfatória a influência da Loja Maçônica Rocha Negra n°1 na campanha pela libertação dos escravos locais. Como objetivo buscou-se, então, esclarecer um pouco mais a respeito da relação entre a sociedade maçônica e o fim do sistema escravista gabrielense no período de 1873 a 1884. Para alimentar esta investigação, utilizou-se metodologicamente uma revisão bibliográfica e da análise de algumas fontes documentais, especialmente livros notariais da região em que se inseriu São Gabriel, bem como arquivos maçônicos da Loja Rocha Negra n°1. Dentro de uma estrutura lógica, constituída em dois capítulos, objetivou-se basicamente delimitar e esclarecer o contexto social e local, procurando elucidar e salientar a realidade do processo de libertação escravista no município, também em período anterior ao da atuação da Loja Maçônica Rocha Negra nº1 nas libertações. Como resultado da investigação, percebeu-se que o sistema escravista da região de São Gabriel/ RS, foi minado e o processo de abolição conduzido, em parte, com o auxílio da Loja Maçônica Rocha Negra N°1 no período de 1873 a 1884 e também por outros membros da sociedade como demonstram os livros notários em período anterior. Além disso, em alguns casos, os próprios escravos com seu esforço, conseguiram desvencilhar-se da servidão e adquiriram a liberdade almejada.

Palavras-chave: Rio Grande do Sul;São Gabriel; Maçonaria; Abolicionismo.

ABSTRACT

The idea of the present research appeared after verifying that the reports and existent local publications regarding the slaves' abolition in the city of São Gabriel/ RS, they didn't approach in a satisfactory way the influence of the Masonry Store Rocha Black n°1 in the campaign for the local slaves' liberation. As objective, was looked for then to explain a more little regarding the relationship between the Masonry society and the end of the system slave gabrielense in the period of 1873 the 1884. To feed this investigation, a methodology bibliographical revision was used and of the analysis of some documental sources, especially notarial books of the area in that is insert São Gabriel, as well as Masonry files of the Store Rocha Black n°1. Inside of a logical structure, constituted in two chapters, it was aimed at basically to delimit and to explain the social and local context, trying to elucidate and to point out the reality of the process of liberation slave in the municipal district, also in period previous to the of the performance of the Masonry Store Rocha Black nº1 in the liberations. Inside of a logical structure, constituted in two chapters, it was aimed at basically to delimit and to explain the social and local context, trying to elucidate and to point out the reality of the process of liberation slavery in the municipal district, also in period previous to the of the performance of the Masonry Store Rocha Black nº1 in the liberations. As a result of the investigation, it was noticed that the system slavery of the area of São Gabriel/ RS, it was mined and the abolition process driven, partly, with the aid of the Masonry Store Rocha Black N°1 in the period from 1873 to 1884, and also for other members of the society as they demonstrate the books notaries in previous period. Besides, in some cases, the own slaves with effort, got to disentangle of the servitude and they acquired the longed for freedom.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 5

1 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA CIDADE DE SÃO GABRIEL... 7

1.1 A MAÇONARIA GABRIELENSE E O ABOLICIONISMO (1873 a 1884)... 12

2 CONTEXTO DAS LIBERTAÇÕES LOCAIS (1858 a 1871)... 21

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 26

REFERÊNCIAS ... 28

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INTRODUÇÃO

Apesar da existência de pesquisas sobre a relação da maçonaria com o processo abolicionista no Brasil e em especial no Rio Grande do Sul, a abordagem desta temática no âmbito local ainda é tímida. O estudo das pesquisas referentes à história local, em geral, não se dedicam a este tema. Ao mesmo tempo, a campanha do Rio Grande do Sul teve no século XIX, uma importante influência da maçonaria nos cenários políticos locais. A partir disso, entende-se a necessidade de uma pesquisa que aborde este tema.

Na historiografia existente não encontramos significativas abordagens que relacionam a maçonaria com o movimento abolicionista na cidade de São Gabriel, situada na região da campanha do Rio Grande do Sul. Os relatos e publicações locais existentes não abordam de forma satisfatória a influência da Loja Maçônica Rocha Negra n°1 na campanha abolicionista. Dessa forma, este assunto se mostra extremamente instigante e é motivo desta presente investigação.

Esta pesquisa tem como objetivo esclarecer um pouco mais a respeito da relação entre a comunidade maçônica e o fim do sistema escravista local no período de 1873 a 1884, já que os autores que abordaram este tema geralmente, em seus escritos, prendem-se apenas as funções solidária, igualitária, beneficente e libertadora da Loja Maçônica Rocha Negra n°1, em detrimento da sua real atuação nas questões que se referem a libertação de escravos na região, esquecendo outrora das possíveis libertações ocorridas no município, sem vínculo específico com a sociedade maçônica.

Para alimentar a já citada investigação, utilizou-se metodologicamente uma importante revisão bibliográfica e uma minuciosa análise em fontes documentais obtidas no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul e nos arquivos maçônicos da Loja Rocha Negra n°1.

Dentre as bases historiográficas, foram utilizadas obras como Do Arcaico ao Moderno

de Paulo Afonso Zarth, O império português no sul da América de Helen Osório, São Gabriel desde o princípio de Osório Santana Figueiredo, entre outros. No que se refere ao tema

maçonaria e abolicionismo utilizou-se, Rocha Negra A legendária de Morivalde Calvet

Fagundes, RS: Escravismo e Abolição de Margaret Marchiori Bakos, A maçonaria gaúcha no século XIX de Eliane Lucia Colussi e Os cativos e os homens de bem de Paulo Moreira Staudt,

entre outros.

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Num segundo momento, a partir desta breve explanação, e com o intuito de compreender a atuação maçônica local, procurou-se explicar brevemente a estrutura da sociedade maçônica, a fundação da Loja Maçônica Rocha Negra n°1, sua influência e participação no movimento abolicionista gabrielense.

O primeiro capítulo objetivou basicamente, delimitar e esclarecer o contexto social e local, juntando-se ao segundo que procurou elucidar e salientar a realidade do processo de libertação escravista no município de São Gabriel/RS em período anterior ao da atuação da Loja Maçônica Rocha negra nº1 nas libertações.

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1 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA CIDADE DE SÃO GABRIEL

Para uma melhor compreensão sobre a constituição do primeiro povoado que deu origem ao atual município de São Gabriel, localizado atualmente na região da campanha do Rio Grande do Sul, faz-se necessário entender a conjuntura econômica e social dessa região, assim como abordar os tratados realizados por Portugal e Espanha ao longo do século XVIII; no processo de definição dos domínios coloniais, relevantes para esse estudo.

Inicialmente a região do atual Rio Grande do Sul não foi muito almejada para a colonização portuguesa, pois de acordo com Paulo Afonso Zarth na sua obra do Arcaico ao moderno:

As condições geográficas do sul não eram propícias para os interesses mercantis da época. Ocupada por tribos indígenas, a região não possuía ouro nem prata; o clima temperado não oferecia vantagens para o cultivo de produtos tropicais; o litoral além de mais distante da Europa, não possuía lugar seguro para aportar navios. (ZARTH, 2002, p.50)

O autor através da história agrária regional da província Sul Rio-grandense do século XIX, trabalha a transição de uma sociedade rural para a transformação em capitalista, afirmando que as primeiras investidas nesse território, vão ser feitas por jesuítas espanhóis que fundaram as reduções no início do século XVII e, posteriormente, há a incursão de bandeirantes paulistas que chegam à região em busca de indígenas com o propósito de comercializá-los como escravos em outras regiões do Brasil.

A efetiva colonização portuguesa vai ocorrer com a fundação da cidade de Rio Grande (1737). Anteriormente já havia sido fundada em 1680; pelos portugueses, a Colônia do Sacramento, na margem oposta de Buenos Aires com o intuito de estender as possessões para o território meridional, facilitando o contrabando com o estuário do Prata e mantendo uma fortificação militarizada na região. As oportunidades de comercializar com o vice-reinado do Prata é o que mais atrai a esta região: devido ás oportunidades de comércio com o vice-reinado do Prata, o extremo sul tornou-se uma região altamente estratégica na Bacia do Rio da Prata, do ponto de vista militar e comercial.(ZARTH, 2002, p.50). É em decorrência dos atritos entre as duas coroas que ocorre a fundação de Rio Grande e paulatinamente a colonização por ambos os lados da extremidade sul no início do século XVIII.

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região. Segundo Helen Osório (2007): “apropriar-se de terras e demarcar soberanias” era o que objetivavam os dois lados, sem importar a origem dos colonos. (p.65).

A principal atividade econômica era a pecuária, já no século XVII, incursões á região eram realizadas para alçar os gados selvagens soltos das missões jesuíticas, para ser comercializados principalmente na zona de mineração. No final do século XVIII, essa busca descontrolada propiciou o declínio dos gados, que neste momento, já não eram suficientes para suprir a demanda que havia pelos mesmos. Neste mesmo século ocorre o estabelecimento de estâncias através de sesmarias distribuídas pela Coroa Portuguesa. As sesmarias eram ofertadas para “tropeiros que se sedentarizaram e os militares que se afazendaram criando assim as estâncias de gado.” (OLIVEN, 2006, p.63). Promover essa colonização asseguraria o domínio luso na região e fomentaria a criação de gado facilitado pelas terras planas favoráveis ao pastoreio.

As primeiras distribuições de sesmarias na região da atual São Gabriel foram ao final do século XVIII; e o povoado embrionário da cidade foi fundado no mesmo período pelo militar espanhol e demarcador, Dom Félix de Azara, na base do Cerro de Batovi. Foi construída como uma colonização espanhola respeitando o Tratado de Madri (1750) e o Tratado de Santo Ildefonso (1777). Com o primeiro tratado, Portugal e Espanha buscavam chegar a um consenso em relação à divisão de territórios nas terras da América do Sul, questão que não estava definida desde o Tratado de Tordesilhas. A partir deste acordo foi estabelecido o principio de uti possidetis1, aumentando a posse portuguesa no território

sul-americano, configurando os contornos do Brasil. Conforme o tratado, Portugal entregaria a Colônia de Sacramento à Espanha em troca do território ocupado pelos Sete Povos das Missões, enquanto que a região da campanha continuaria em posse da Espanha. A demarcação imposta pelo mesmo não foi acatada (missioneiros não aceitam a sua transferência dando início à guerra guaranítica) e as dificuldades fizeram surgir um novo ajuste entre os reinos, o Tratado de Santo Ildefonso, confirmando o Tratado de Madri, porém mantendo a Colônia de Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões para os espanhóis.

Desta maneira, Azara teve pela Coroa Espanhola a permissão de instalar um povoado no local assegurando o domínio castelhano na região. Segundo Figueiredo (1980), Azara em 29 de março; reuniu a expedição para dar início ao povoado, conseguindo primeiramente após percalços com a burocracia Real em relação a materiais para edificação da Vila, quatro famílias para a povoação: “Dom Félix da Azara foi procurá-las, mas muito pouco conseguiu;

1 Palavra oriunda do Latim significa “como possuías, assim possuas”. Ver FARIA, Ernesto. Dicionário escolar

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apenas quatro das famílias destinadas á Patagônia, pode selecionar para trazer a Batovi.” (p.64).

Azara em nome da Coroa Espanhola ofertou benefícios para agricultores e para estancieiros que estivessem dispostos a tal empreitada, obtendo assim um razoável número de colonos: “Graças a esse programa, levado ao conhecimento dos habitantes da campanha uruguaia, através dos editais distribuídos em lugares apropriados, pode Azara reunir um determinado número de povoadores, com os quais se dirigiu à Guarda de Batovi.” (FIGUEIREDO, 1980, p.64).

De acordo com o mesmo autor, Azara esteve acompanhado de assessores, tais como Dom José Gervásio Artigas, o tenente José Rafael Gastón (topógrafo) e oficiais do exército espanhol entre outros. Já o grupo de povoadores era bem heterogêneo: “Os povoadores eram constituídos de várias classes sociais e econômicas, europeus, crioulos, índios e negros.” (p.67).

A povoação recebeu primeiramente a denominação de Vila de Batovi devido ao local onde estava instalada. Posteriormente recebeu o nome do Arcanjo Padroeiro São Gabriel, por ter sido o decreto assinado pelo Vice-Rei para a construção da vila na data que antecede a comemoração da Igreja Católica para o santo e em homenagem ao Vice Rei Dom Gabriel Del Avilez que possuía o mesmo nome.

Com a ajuda de Dom José Gastón a Azara, foi efetivado o plano topográfico da localidade e a divisão dos campos entre os colonos e respectivo registro oficial dos terrenos distribuídos.

Conforme Figueiredo (1980), em julho de 1801, Azara retornou à Espanha, pois uma Ordem Real enviada em maio solicitava o seu regresso à Corte e em sua substituição permaneceu o tenente Felix Gomes.

Pouco tempo após o retorno de Azara à Espanha, o povoado foi destruído sob o comando do 1° Visconde de Pelotas (Patrício José Correia da Câmara), por tropas portuguesas e os indivíduos que ali residiam tiveram que se estabelecer em outro lugar.

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A ocupação de São Gabriel do Batovi foi realizada pela companhia do capitão Joaquim Severo Fialho de Mendonça. Estava presente também o capitão Antonio Adolfo Xarão, com uma força auxiliar de trinta homens. (FIGUEIREDO, 1980, p.74)

O retrocesso da fronteira espanhola com a nova demarcação de fronteira foi decisivo:

O recuo dos espanhóis e a dilatação da fronteira levada a efeito nessa ocasião pelos luso-rio-grandenses tornou-se definitiva, pois o tratado assinado em Badajós, a seis de junho de 1801 emudeceu a respeito. (FIGUEIREDO, 1980, p.74)

Os habitantes remanescentes do povoado foram acolhidos no nordeste do cerro do Batovi a seis quilômetros do povoado original nas terras do estancieiro José dos Santos Menezes que, segundo Figueiredo (1980), obteve aquelas terras em 1793, através da compra a metade de uma sesmaria do Cabo Jose Maria Correa Vasquez. José dos Santos Menezes distribui terrenos aos remanescentes e estes se fixando no local, conservaram o nome da antiga povoação.

Figueiredo (1980) postula que durante o ano de 1811; houve uma significativa ampliação do povoado devido ao agrupamento de tropas no local que utilizaram deste para a concentração de forças para resguardar os territórios fronteiriços e que em 1812, o Coronel João de Deus, estabeleceu no povoado o 1º Regimento de Cavalaria Miliciana destinada a Guerra da Banda Oriental (1810-1828) contra Artigas. Após a guerra da Banda Oriental, houve uma nova repartição de terras aproveitando as terras consideradas devolutas abdicadas pelos espanhóis para alguns militares que participaram do confronto. Desde o final do século anterior já havia a preocupação em assegurar a possessão portuguesa através das concessões dadas aos militares:

A apropriação de terras gaúchas, no século XVIII, tem uma forte correlação com os militares encarregados de defender essa conturbada região, disputada por espanhóis e portugueses. As autoridades militares incentivavam a instalação de estâncias ou lavouras para os oficiais e soldados das fortificações, com o objetivo de povoar a área e garanti-la ao reino de Portugal. (ZARTH, 2002, p.58)

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Conforme Figueiredo (1980), após a Revolução Farroupilha houve um grande avanço da localidade, devido ao término das guerras e a concentração de tropas militares que ali estavam. É consideravelmente relevante o incremento social que o militarismo traz à localidade:

Durante o ano de 1856, São Gabriel aquartelava uma brigada composta de 1800 homens das três armas, constituída do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, 6º Batalhão de Infantaria e 5º Regimento da Cavalaria Ligeira, mais repartições e assessorias da Guarnição do Hospital Militar e Quartel General. (FIGUEIREDO, 1980, p.110)

Em 1843, sob a Lei Provincial nº 08, São Gabriel foi considerada Vila. A partir de então o povoado local começa a ter maior autonomia e, em contrapartida, seu desenvolvimento se torna mais significativo. Com a Lei provincial número 443 a Vila é elevada á categoria de cidade em 1859.

A sociedade gabrielense do período era integrada basicamente por comerciantes, escravos, militares, grandes e pequenos proprietários de terra, entre outros. Compunham principalmente a elite local, os militares e os grandes estancieiros. A base da economia do município como atualmente, era ligada a atividade pecuária tendo uma agricultura voltada para a necessidade local. Sobre o elemento cativo em São Gabriel, é mostrado na tabela II2 do livro RS: Escravismo e Abolição de Margaret Marchiori Bakos que de 1780 a 1859, não há

registros dos cativos na localidade, somente em 1859, há uma computação de 2049 escravos declinando esta quantia para 1636 em 1884, 137 em 1885, chegando à zero apenas em 1887.

Analisando esta tabela, percebemos que não houve o apuramento dos cativos nos anos anteriores a 1859, visto que seria improvável haver uma quantidade considerável de escravos neste ano sem que tivesse existido anteriormente a escravidão. Já em 1884, percebemos que há uma significativa redução dos cativos, assim como neste ano comemora-se a libertação na Província Sulina, libertação esta não realmente consumada, pois o escravo “liberto” deveria pagar por sua libertação trabalhando por mais um tempo para esta ser realizada de fato, conforme explica Paulo Zarth em sua obra já citada: Em 1884, na verdade os escravos desapareceram das estatísticas, mas não do trabalho. Os senhores dos escravos criaram o artifício da “cláusula de serviços” como forma de manter os cativos em suas propriedades. (ZARTH, 2002, p.146). Então é somente em 1887, de acordo com a tabela, que a escravidão vai ter seu término em São Gabriel, um ano antes da Lei Áurea e três anos após 28 de

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setembro de 1884, data em que memorialistas gabrielenses consideram livres todos os cativos do município:

Afinal, chegara à data memorável de 28 de setembro de 1884, quando teve lugar a sessão magna para ser comemorado o sucesso da grande cruzada, anunciando ao país e ao mundo, que São Gabriel não abrigava mais a abominável escravatura. (FIGUEIREDO, 1980, p.119).

Nesta citação realizada por um memorialista gabrielense é mostrado o caráter “heróico” e “cristão”, a partir da analogia às Cruzadas, dessa sociedade em busca do fim da “abominável escravatura”. O autor também em sua obra enfatiza o papel maçônico nesse processo, esmaecendo a atuação de outros atores, que a priori, contribuíram para a libertação de cativos. Esta mesma óptica heróica, benevolente e caridosa do movimento emancipatório orquestrado pela maçonaria gabrielense é utilizada por autores maçônicos como veremos adiante.

O real término da escravidão em São Gabriel é algo que não pode ser definido através de um modo estático e pontual, como obra de apenas um grupo em particular. Certamente os autores que trabalharam este tema desta forma não “perceberam” que esta sociedade que repeliu a escravidão durante décadas foi conivente a esta sujeição, o que era totalmente natural nessa conjuntura e que neste período de transformações a liberdade e a escravidão coexistiam e muitas vezes estavam entrelaçadas.

1.1 A MAÇONARIA GABRIELENSE E O ABOLICIONISMO (1873 a 1884)

Poucas são as obras historiográficas brasileiras que contemplam a maçonaria como tema, geralmente esta aparece nas obras de forma secundária, como apêndice de outros assuntos. Os trabalhos específicos em grande parte das vezes são escritos por maçons e para maçons, envolvidos na ideologia maçônica e alguns de difícil acesso devido ao sigilo maçônico, não sendo permitida a leitura por não iniciados.

No âmbito da historiografia acadêmica as obras são raras como também não tratam do assunto de maneira pontual:

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universidades e centros de pesquisas.” (COLUSSI, 1998, p.51). Supondo qual seja o motivo desta quase inexistência de trabalhos acadêmicos nos afirma Colussi que; “o caráter fechado ou secreto da maçonaria pode ter inibido muitos profissionais a qualquer iniciativa” (COLUSSI, 1998, p.21).

Considerando a dificuldade de encontrar uma bibliografia referente ao objeto de estudo que se pretendeu pesquisar, foi priorizado para este trabalho, obras que contemplassem o papel da maçonaria brasileira no movimento abolicionista independente da generalização e do comprometimento do conteúdo.

As obras desta natureza quase sempre tratam sobre aspectos referentes à origem da sociedade maçônica, sua estrutura, simbologia e postulados, informações satisfatórias para se ter um panorama geral sobre a maçonaria. Portanto com o intuito de demonstrar sucintamente esse panorama, foram escolhidos livros escritos por maçons.

Paul Naudon (1968), escritor maçom francês, postula sobre a história institucional da Maçonaria, as doutrinas, ritos e obediências. Sobre a origem dessa sociedade diz que há muitas teorias entre os estudiosos do tema e grande parcela destes, entra no consenso que a origem das organizações maçônicas está ligada às Corporações de Ofício de construtores, que havia durante a Idade Média e no período da Renascença. A própria simbologia maçônica remete ao trabalho dessas corporações como também remete à palavra maçonaria que significa construção e maçom que denota pedreiro.

No mesmo sentido informativo, descreve o Maçom Moretti (2009) sobre a estrutura organizacional da maçonaria. Esta é dividida em Obediências que são organizações de administração distintas, em Lojas que seguem os mesmos ideais filosóficos, filantrópicos e educativos. Pode-se dizer, genericamente, que maçonaria seria uma sociedade de caráter universal, visto que se encontra presente em diversos pontos do mundo, onde homens e em algumas lojas, mulheres, cultuam uma mesma ideologia, mantendo discrição e sigilo do conteúdo das reuniões, sessões e rituais.

Ainda, segundo o mesmo autor, a maçonaria é uma sociedade iniciatória e para ser um participante novato, este deve ser escolhido pelos veteranos, após um criterioso estudo acerca de sua vida; quando iniciado passa por um ritual, onde são expostos os conhecimentos secretos da associação, simbologia e valores. Valores estes embasados nos seguintes postulados: a moral, a virtude e a fraternidade.

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humanidade. Essa atitude benemérita, preconizada na associação está explícita em um dos artigos do ritual do ingresso, constante na obra Maçonaria, Filosofia e História de José Luiz

Silveira (2000); “O que para um profano seria uma qualidade rara, não passa no maçom do cumprimento do seu dever, pois toda vez que deixa de ser útil é uma infelicidade, todo o socorro que recusa é um perjúrio.” (p.29)

Como referência historiográfica acadêmica para o presente trabalho, foi utilizado o livro, A Maçonaria Gaúcha no século XIX, de Eliane Colussi (1998). Esta obra descreve que a

maçonaria foi participante direta e indiretamente dos principais acontecimentos políticos, sociais e culturais especialmente nos séculos XVIII e XIX; no Brasil Império. Estando presente no movimento abolicionista, é adequada uma pesquisa mais específica na relação maçonaria e abolição, já que nos trabalhos sobre o movimento abolicionista rio-grandense não é dada muita ênfase a esta questão, assim como, pouco se trabalhou a região da campanha no processo abolicionista.

Outras obras bibliográficas que tratam sobre o papel maçônico na emancipação no Rio Grande do Sul foram utilizadas. Em Os Cativos e os Homens de Bem, de Paulo Moreira

Staudt (2003) encontramos relatos sobre o envolvimento maçônico em diversas sociedades abolicionistas da província sulina. Neste livro o autor analisa as práticas e representações sobre liberdade e cativeiro no Rio Grande de São Pedro, tendo como marco temporal a segunda metade do século XIX, utilizando-se para este fim, fontes como processos criminais, correspondências policiais, jornais, estatutos e cartas de alforria.

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Atuação também importante na emancipação do escravo rio-grandense foi o Paternon Literário, fundado em 18 de junho de 1868, local de integração entre intelectuais vinculados às idéias progressistas do período. Zarth (2002) nesse sentido ressalva que:

No final de 1860, a elite intelectual da província fundou o Paternon Literário, um clube de jovens dispostos a discutir letras, artes, cultura e a sociedade brasileira, como é típico de uma intelectualidade jovem num país com necessidades de mudanças estruturais como o Brasil daquela época. Esses homens letrados passaram a divulgar idéias abolicionistas em suas revistas, organizaram festivais e peças de teatros, desenvolvendo um amplo trabalho de opinião pública favorável ao abolicionismo. Mais do que isso fundaram a “Sociedade Libertadora de Escravos” com o propósito de libertar crianças. Este clube da capital da província serviu de exemplo para toda a província, de forma que na maioria das cidades e vilas se reproduziram clubes semelhantes. (p.137)

Os alvos de emancipação do Paternon eram cativos do sexo feminino e de preferência crianças. Para Moreira (2003), as ações libertadoras do Paternon literário assim como a criação da Sociedade Libertadora eram formas de manifestação política. Muitos membros eram do partido Liberal que estavam desvinculados do poder, portanto lutar pela emancipação era uma maneira de jogar os rivais políticos para um campo de defensores da escravidão. O Paternom também surge sobre esfera da influência maçônica, onde estes adquiriam um canal de expressão externo, divulgando suas ideologias em círculos mais abrangentes.

Em 1883, também em Porto Alegre; surgiu outra sociedade emancipadora: A Sociedade Emancipadora Esperança e Caridade, composta por membros exclusivamente escravos, que contribuíam com uma mensalidade fixa e pagavam uma jóia assim como realizavam pagamentos esporádicos. Havia sócios protetores, pessoas livres que quisessem auxiliar nas alforrias pagando mensalidade não fixa. Novamente vemos entre estes o respaldo maçônico, pois de acordo com o autor; A Loja Maçônica Luz e Ordem forneceu capital para que dois escravos comprassem o direito liberdade.

É extremamente salutar a influência que a maçonaria teve em diferentes segmentos da sociedade sulina, embora esta influência tenha sido mais notável no setor político, temos a presença maçônica até mesmo no aspecto religioso. Em São Gabriel, conforme registros maçônicos, a maçonaria manteve-se inserida em diferentes acontecimentos políticos e sociais. Em especial atuou em prol da libertação dos cativos, fato registrado também por obras como:

Rs: Escravismo e Abolição de Margaret Marchiori Bakos (1982) e Os cativos e os homens de bem de Paulo Staudt (2003).

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maçons que residiam na localidade, entre estes Francisco Chaves e Joaquim Coimbra. Abbott era natural da Bahia, onde foi iniciado na maçonaria.

Na cidade de São Gabriel, Abbott desempenhou o papel de vacinador, agente filantrópico, e também organizou a Santa Casa de Caridade, dando início à construção desta em 1861. Atuou politicamente liderando o Partido Conservador até a sua morte.

Alguns de seus filhos também foram maçons como Jonatas, João Frederico e Fernando Abbott. Tendo este último também desempenhado carreira política com grande destaque.

No livro Rocha Negra: a Legendária, de Morivalde Calvet Fagundes (1989), é

salientado que desde a fundação, da Rocha Negra nº. 1 já havia , entre os seus membros o interesse em relação à libertação dos cativos. Promoções eram oferecidas aos maçons adeptos do movimento abolicionista. ”Desde o início da Loja manifestaram os seus componentes decidido pendor pela causa emancipadora, tendência essa que ela procurou estimular, premiando com louvores, aplausos e elevações de grau aos seus Obreiros que alforriavam escravos." (p.31).

Neste mesmo sentido, pontua Bakos (1982), afirmando que o desempenho da maçonaria gabrielense no movimento abolicionista foi um dos mais expressivos do período e que para mobilizar os maçons nessa causa, os mesmos eram premiados com promoções hierárquicas na Ordem pelo então venerável Dr. Jonatas Abbott.

Prontamente na solenidade de regularização da loja, pela comissão presidida pelo Conde de Porto Alegre, Jonatas Abbott liberta um de seus escravos e seu ato acaba servindo de exemplo durante esse ano, a outros maçons e as libertações que se sucederam são parabenizadas pelo Conde. Em 1875, dois anos após a fundação da loja maçônica Rocha Negra nº. 1, foi proibida pelo Grande Oriente Unido do Brasil3 a iniciação de pessoas relacionadas ao comércio de escravos.4

Conforme o maçom Carlos Dienstbach na obra a Maçonaria Gaúcha (1993), logo

após as primeiras alforrias, os maçons começam a fazer contribuições e arrecadar dinheiro para a libertação de mais escravos.

Consta nas bibliografias maçônicas pesquisadas, que além da atuação da Loja maçônica no movimento emancipador, existiu um interesse em propiciar aos filhos de escravos, suporte através de trabalho.

3 Associação de Lojas Maçônicas que realizam o mesmo rito. Em 1889, foi eleito como Grão Mestre da Ordem

do Grande Oriente, o então presidente da recém proclamada Republica Deodoro da Fonseca, iniciado na maçonaria em setembro de 1873, na Loja Rocha Negra n°1.ver mais em, CASTELLANI, José; CARVALHO, William Almeida de. História do Grande Oriente do Brasil - A Maçonaria na História do Brasil. São Paulo/SP: Editora Madras, 2009.

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Mas a libertação de escravos acabou trazendo um novo problema, o qual era de como um escravo libertado vai se sustentar, libertar escravos ás vezes era um menos a alimentar. Foi quando em 25 de maio de 1874, o Dr. Jonathas Abbott, em bela peça de oratória, disse que era necessário dar emprego e trabalho aos filhos de escravas livres. (DIENSTBACH, 1993, p.632)

Para dar este apoio foram trazidos da Europa pelos maçons, dois teares e um mestre tecelão que serviriam para uma espécie de oficina a ser oferecida aos filhos de escravos. Na sessão do dia 29 de setembro, foi designada uma comissão para promover a instalação da oficina. Após a instalação, foi iniciada a sua produção com a doação de lã do maçom Francisco Martins de Oliveira. No entanto, a oficina iniciada em 1874, não perdurou muito tempo. Pela falta de recursos, de trabalhadores e de mercado, foi esta transformada posteriormente em uma fábrica:

O tear instalado para dar emprego aos filhos de escravos parece ter ido à decadência, infelizmente. Em 15 de maio de 1877 ainda se vê a apresentação das contas da tecelagem. Mas a 9 de outubro já a há proposta de se transformar a oficina em asilo de órfãos e no mês seguinte a 20 de novembro foi proposto em seu estabelecimento, em sua substituição, uma fabrica de charutos e o cultivo de tabaco. (FAGUNDES, 1989, p.33).

Posteriormente há a diminuição do trabalho dos maçons em benefício do abolicionismo e somente em 1884 é que novamente os maçons vão se empenhar pela causa.

É válido supor que esta diminuição tenha ocorrido por conseqüência da promulgação da Lei do Ventre Livre (1871). Como nos mostra Moreira (2007), há uma redução neste período do ímpeto abolicionista, pois a lei deu esperança aos defensores da abolição, freando o movimento por aproximadamente dez anos. Diversos abolicionistas viam na Lei do Ventre Livre o cumprimento do que almejavam: uma emancipação gradual; com a Lei em andamento o fim da escravidão não demoraria a chegar.

Entretanto, segundo Bakos (1982), a lei não satisfaz na totalidade e durante esse período nota-se a insatisfação de um gabrielense, mostrado por meio de “O Jornal do Comércio”, devido o não cumprimento da lei: ”[...] nosso governo tem lançado mão de quantias destinadas a um fim tão humanitário para acudir a outras necessidades criadas pelos esbanjamentos havidos no País [...]” (p.55).

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Ribeiro Baltar, Bento Rodrigues Salazar, Ismael Meyer, Máximo Irigaray, Carlos Candido Pereira, Gaspar Ferreira Cardoso, Emidio José Lino Moreira, Sebastião Menna Barreto e João Pedroso Barreto de Albuquerque Sobrinho, para uma reunião a fim de discutirem os meios de promover a libertação dos cativos do município. E também neste período o conceito dos maçons na província sulina ascende, em parte pelo desempenho no movimento:

[...] o prestigio da maçonaria cresce extraordinariamente no decorrer do ano de 1884, quando Gaspar da Silveira Martins ocupa o cargo de Grão Mestre da Ordem. No seu discurso de posse, o líder liberal elogia o desempenho dos maçons rio-grandenses nos movimentos humanitários brasileiros, especialmente na luta anti-escravagista. (BAKOS, 1982, p.43)

Após essa reunião, os maçons procuram persuadir proprietários de escravos em prol da libertação:

Lançaram-se esses beneméritos obreiros, com a maior decisão. Em sua meritória tarefa, e agindo amistosamente junto aos proprietários de escravos, com maneiras persuasivas e convincentes, foram por toda a parte, triunfando e, em 10 do mesmo mês, achava-se a zona urbana com todos os seus cativos em liberdade. (FAGUNDES, 1989, p.34)

Ainda em setembro foram organizadas comissões para agirem nos distritos do município. Essas comissões, de acordo com Bakos (1982), tiveram também a participação de profanos5. As comissões foram vitoriosas no que objetivavam.

Em homenagem ao aniversário da promulgação da Lei Rio Branco, e das libertações alcançadas, no dia 28 de setembro de 1884, foi realizada uma Sessão Magna de festividade. Esta sessão teve a presença dos maçons, visitantes e familiares (FAGUNDES, 1989). Na Ata Maçônica deste dia, pode-se perceber que a comemoração teve caráter festivo e solene, e que o registro dessa sessão mostra o intuito que tiveram esses membros de destacar para a posteridade o lado caridoso e humanitário da sociedade maçônica e do povo gabrielense:

Cantou-se de novo o hino da Off 6. findo o que usou da palavra o Ir. Ven. e em uma

bem elaborada Pec. do Arch. felicitou a Off. pela gloria mostrada em grande parte pelos préstimos e união dos filhos da Rocha Negra,que, como que movidos por um mandato divino e ampliados pela influência e patriotismo do povo gabrielense proclamarão em dez de dezembro livre de toda a cidade e em seguida dispersando-se diversas comissões de seu filhos, pelo município atearão o facho emancipador por todos os ângulos desse abençoado torrão [...] de seus trabalhos cobertos de glórias e bênçãos, cada qual apresentando os frutos colhidos em benefícios dos infelizes escravos desse município, e em bem da civilização e sentimentos humanitários que

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caracteriza o patriótico povo gabrielense, declarando que os bons resultados colhidos pelas diversas comissões os filhos da Rocha Negra, para obter cartas de liberdade pelo município (Ata maçônica, 28 set. 1884)

Na mesma Ata notamos que os rituais realizados com os 61 libertos que simbolizavam no momento, o fim da escravidão, de certa forma, procurava condicionar a obediência desses libertos como nos mostra o ritual de juramento:

[...] a convite do irmão venerável foram os mesmos postados ante o altar e de joelhos tendo a mão aberta na Bíblia e na espada prestarão o seguinte juramento: Juro perante Deus e meus concidadões de ser honrado e amante do trabalho, diligenciando ser útil a sociedade e a pátria. (Ata maçônica, 28 set. 1884)

No mesmo sentido, encerra a solenidade, o Venerável, dirigindo a palavra aos libertos:

[...] felicitando-os pelo honroso nome de cidadão brasileiro que acabavam de reconquistar, pedindo-lhes que conservassem sempre firme e honroso juramento prestado sobre a Bíblia, símbolo de caridade divina e a espada símbolo da honra, que fossem amigos dos desgraçados e infelizes, respeitadores das leis, amantes do trabalho e sobretudo inimigos do vicio (Ata maçônica, 28 set. 1884)

As fontes bibliográficas e as atas consultadas afirmam a participação da Rocha Negra nº. 1 na campanha abolicionista de São Gabriel. As obras maçônicas retomam o caráter humanitário e caridoso que tiveram esses maçons neste processo. Já as obras de memorialistas locais pouco diferem nesse sentido, e de maneira mais objetiva foi abordado o assunto por trabalhos científicos.

Para se pesquisar de modo mais denso sobre essa atuação seria necessário procurar determinadas fontes primárias, como Cartas de Alforria concedidas a cativos de maçons gabrielenses, para ver se realmente os motivos para a liberdade eram somente o altruísmo (como postulam alguns autores) e até que ponto esta liberdade era concretizada. Infelizmente essas fontes não foram encontradas, sendo possível apenas uma discussão das fontes referentes à região em que se inseriu São Gabriel. A partir disso, neste trabalho, a percepção da maçonaria enquanto agente promotor do processo de abolição é ainda parcial.

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2 CONTEXTO DAS LIBERTAÇÕES LOCAIS (1858 a 1871)

O período que antecede a Lei Áurea (1888) é marcado por leis que minam paulatinamente o uso do elemento servil na sociedade brasileira. A escravidão era tida por parte da sociedade, cada vez mais como algo defasado e movimentos a favor da emancipação começam a ser freqüentes nas províncias.

Com a Lei Euzébio de Queiróz (1850), medidas mais eficazes foram tomadas com a intenção de proibir o contrabando de cativos no Brasil. Em 1854; é promulgada a Lei Nabuco de Araújo visando sancionar autoridades que fossem coniventes com o contrabando. Em 1871; é anunciada a Lei do Ventre Livre, também chamada de Lei Rio Branco e essa lei procurava a partir da liberdade dos recém nascidos, propiciar o término gradual da escravidão. Para perceber as libertações anteriores a 1884; no município de São Gabriel, tendo em vista que neste ano foi abolida a escravidão no Rio Grande do Sul, foram pesquisados dois livros notários: o primeiro do período de 1858-1870, procedente do 2º distrito, e o segundo do período de 1867-1871, do 4º distrito de São Gabriel.

Os livros são referentes a distritos, subdivisões do município gabrielense que possuíam um povoamento significativo em regiões distantes da área urbana. Portanto se referem a uma parcela da região fronteira-oeste subordinada administrativamente a São Gabriel, não necessariamente apenas o que se entende atualmente como São Gabriel, ou seja, incluindo áreas que posteriormente passaram a integrar outros municípios.

Nestes livros, foram considerados dados relativos ao escravo que estava recebendo alforria, o motivo da libertação, as alforrias condicionais e aquelas consideradas singulares por algum motivo, como também sucintamente as escrituras relativas à compra e venda de escravos e doação. Embora a documentação pesquisada tenha sido precária, serviu para ilustrar mesmo que parcialmente o processo abolicionista no município e as transformações deste período de transição entre o escravismo e a liberdade.

No livro do segundo distrito (1858-1870), foram computadas para a pesquisa, vinte e seis escrituras. Destas, vinte e três se refere à Escritura de venda de escravos, duas referentes a Cartas de Liberdade e uma a doação. A partir disso, nota-se que no período o comércio de escravos predomina sobre a libertação, o que é previsível em uma época em que o regime escravista está em pleno vigor. Nota-se que a região do segundo distrito não se apresenta diferente da grande parte do Brasil escravista.

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menor número, sendo estas na faixa de 4 a 12 anos. Há, porém, o registro de uma escrava de nome Mariana, recebida como herança por João Evangelista de Ramos Castro que estava sendo vendida aos 50 anos de idade.

Nas Cartas de liberdade constantes no livro não estão especificadas as idades dos escravos, nem os motivos da alforria, apenas o nome e o sexo. Sobre a doação é constatado que se trata de um escravo chamado Roberto de seis anos de idade. O escravo pertencia a Constantina Garces de Moraes e estava sendo doado ao seu neto José Maria Machado de Bittencourt.

No livro do 4º distrito (1867-1871), foram selecionadas para análise, trinta e oito escrituras, destas; vinte e três são cartas de alforria, quatorze de compra e venda e duas de doação.Há, portanto, um cenário bastante diverso do distrito constante no livro anterior. Entre os escravos alforriados, treze eram mulheres de idade entre cinco meses e cinqüenta anos e entre os homens, a idade variava entre dez meses e quarenta e cinco anos, todavia não são em todas as cartas que estão registradas as idades dos alforriados.

A respeito das libertações, algumas foram concedidas pelos proprietários através da imposição de cláusulas como era o caso do escravo Antonio, de quarenta anos de idade, libertado por Manuel Alves da Silva, que obteria a sua liberdade mediante o pagamento de determinada quantia: “[...] pela quantia de oitocentos mil reis moeda corrente deste império, para o que já ele libertante recebeu da mão do mencionado crioulo Antônio por conta de sua liberdade a quantia de duzentos e quarenta mil reis” Sendo que Antonio poderia escolher a forma de obter o dinheiro para o pagamento restante: “[...] ele libertante lhe concedia o direito de trabalhar onde melhor lhe conviesse a fim de pagar o restante de sua liberdade. ” 7

Nesse processo de emancipação, muitos escravos obtiveram a sua liberdade mediante pagamento ao proprietário, como também é o caso do escravo Joaquim de 50 anos de idade:

[...] tinha deliberado dar-lhe a liberdade pela quantia de quatrocentos mil reis, tendo já recebido do dito escravo por conta da alforria cento e quarenta e quatro mil reis, ficando-lhe a dever duzentos e cinqüenta e seis mil reis a pagar-lhe em serviço ou em dinheiro a contar desta data há um ano, e para que o mencionado escravo Joaquim goze de sua liberdade.8

Desse modo sua antiga proprietária Anna Maria dos Santos, provavelmente ainda iria usufruir por um bom tempo dos serviços de Joaquim. Pois a cláusula de pagamento era um consenso entre proprietário e escravo. O segundo conquistava a sua liberdade, mas quase

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sempre continuava em um trabalho servil por determinado prazo para quitar o restante do pagamento.

Angariar a quantia suficiente para tentar por sua liberdade não era tarefa fácil e sobre este aspecto nos mostra Moreira (2007) que:

Algumas vezes os escravos obtinham o dinheiro para suas alforrias mediante a execução de serviços especiais a terceiros ou como retribuição de pessoas a quem estavam alugados. A obtenção dos recursos para as alforrias passava pela possibilidade de os escravos estenderem suas redes de relacionamento e pelo aproveitamento das situações nas quais estavam alugados para fora da casa senhorial. (p.68)

No registro de carta de liberdade da escrava Maria, do ano de 1869, da freguesia de São Vicente, 4°distrito de São Gabriel, encontramos mais um exemplo desta prática expressa no dizer de seu dono Francisco Pereira Fortes: “[...] atendendo aos bons serviços, deliberei dar-lhe liberdade pela quantia de um conto e duzentos mil reis, com a condição porém de pagar-me esta importância em serviço até que perfaça a quantia referida.”9

Houve também outras maneiras de outorgar alforrias condicionais. Como nos comprova as escrituras de alforria concedidas em 1870; na freguesia de São Vicente por Constantina Garces de Moraes a duas de suas escravas, Benedita de 50 anos e Margarida de 39 anos, a estas foi dada a liberdade com: “[...] a cláusula e condição de gozarem de sua liberdade depois de seu falecimento, tanto a Benedita, como a Margarida”.10

Já o seu escravo Vicente de 10 meses, filho de Margarida obteve a alforria sem condições, tendo por motivo desta a amizade que Constantina tinha pela criança: “[...] em remuneração da amizade, que ela libertadora tem ao referido mulatinho Vicente por have-lo criado”.11

No que concernem às condições conferidas por Constantina à liberdade de sua escrava Virginia de cinco anos, ficou o comprometimento de sua neta Felisberta Flores Garces de garantir a mesma até os vinte anos; “[...] toda a educação que lhe seja possível domesticamente” 12.

Nessas libertações vimos que o mundo senhorial e escravista não era tão estanque. Possivelmente, havia entre proprietária e os referidos escravos uma relação mais próxima, pois a ex-proprietária afirma que ajudou a criar Vicente e demonstra certa preocupação com a

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educação de Virginia. No livro Negociação e conflito (1989), uma obra que traz uma nova

abordagem sobre o escravismo, conforme postulam os autores, na esfera escravista, havia negociações entre senhores e escravos e manipulação entre ambos para se obter colaborações mútuas. Para os autores, no que se refere ao relacionamento: ”tem sido sintetizadas através de uma dicotomia que permanece extremamente forte em nossa mentalidade coletiva” (p.13). O escravo foi colocado pela historiografia brasileira por muito tempo em duas esferas distintas, o escravo revoltado com a sua situação, e o escravo submisso á sua condição.

Em relação à documentação que foi analisada, é importante ressaltar que no mesmo dia das alforrias, Constantina também realiza a doação do escravo João a outra neta Adelia Prates Fagundes13.

Outros proprietários que colocaram cláusula a seus antigos escravos foram; João da Costa Nunes ao libertar o escravo Mathias de sete anos, que deveria servir fielmente até a morte dos antigos donos.

Na escritura de liberdade de Vicente, 45 anos, concedida por João Garces de Moraes, o primeiro receberia a sua alforria: “[...] como o apende-se, porém de acompanhar-me em quanto vivo for, depois do que gozara francamente a sua liberdade.”14

Nestes dois casos a liberdade só seria realmente alcançada por Mathias e Vicente após a morte dos antigos donos. Até então deveriam continuar solícitos e fieis a estes. Levando em consideração as condições de vida precária que possuía um escravo o mesmo poderia vir a falecer antes de seu ex-proprietário, depois de usufruir apenas da posição legal de liberto.

No caso da Escritura de Alforria de Amandia de 21 anos, fica explícito o motivo que levou Maria Rolinda dos Santos a libertá-la: “[...] em remuneração a amizade que nela tinha por avela criado como filha, e atendendo aos bons serviços que a referida escrava lhe tem prestado até esta data deliberou dar-lhe sua liberdade”. Entretanto se Maria viesse a falecer, Amandia ficaria em domínio de sua comadre, ate data determinada para “[...] domesticá-la como de direito for [...]”15

Em poucas escrituras estão transcritos os motivos das libertações e os mais recorrentes são em conseqüência dos bons serviços, à obediência, à fidelidade e à amizade como é o caso de Diolanda de apenas 5 meses, liberta sem condições: “[...] uma mulatinha recém nascida que terá a idade de 5 meses, a qual terá o nome Diolanda, quando se batize, filha de uma

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escrava criola de nome Rosa, cuja mulatinha pela muita amizade que lhe tinha por te-la ajudado a criar deliberou dar-lhe a liberdade”.16

Notamos o quanto é trabalhado nas cartas de libertação a atitude benéfica do proprietário que liberta, vinculando o liberto à gratidão do seu antigo dono:

As próprias palavras e expressões abundantemente utilizadas moldam o cenário de um paternal senhor (ou senhora) recompensando espontaneamente (“sem constrangimento de pessoa alguma”) seus “fiéis” e “dóceis” trabalhadores. (MOREIRA, 2007, p.27)

Moreira também percebe que nos textos das cartas de alforria não é mostrado o “antagonismo cotidiano” entre escravo e proprietário, e que nesse sentido não retrata a luta e a vitória dos escravos contida na quebra da escravidão.

Outros escravos também conseguiram a sua liberdade incondicional, assim como Amandia e Vicente. Como demonstram as alforrias de João, escravo de Maria Angélica de Assumpção; Mariana17, de 40 anos, escrava de João Costa Nunes Victor e Maria pertencente a Delfina Barbara da Silva.E também os escravos de Anna Joaquina de Carpes; Mauricio, Raimundo, João, Maria, Manoel, Joana, Rita, Annacleta e Leopoldina, ambos libertos na mesma data sem condições impostas.

Avaliando as informações encontradas nos dois livros, notamos que o período abordado era de mudanças que ficaram registradas claramente nas escrituras onde estão presentes documentos relativos à liberdade, exemplificando o fim da escravidão; escrituras de compra e venda mostrando que a mesma sociedade que liberta ainda se beneficia do comércio e do trabalho escravo e de doações que nada mais são do que deixar para alguém um bem, no caso o elemento escravo. As cartas também evidenciam por meio das cláusulas como o escravo ficava entre o limiar da escravidão e a liberdade. As condições impostas “são declaradas de maneira que não sabemos com clareza se o vínculo escravista foi realmente rompido” (MOREIRA, 2007, p.52). Pelas condições que, em geral, se impunha ao liberto, provavelmente não foi rompido de todo. Ao menos a exigência de uma fidelidade pessoal, na melhor das hipóteses, é possível perceber.

Contudo ainda que tenham sido poucas as fontes analisadas, elas evidenciam a presença de libertações de cativos anteriores à Lei Áurea; sem vínculo com o esforço maçônico local pela causa, em dois distritos de São Gabriel. Fato que se presume ter ocorrido nos demais distritos e na área urbana do município.

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Ao pesquisar um acontecimento histórico, surge uma série de dúvidas e indagações que nem sempre são supridas com as informações procedentes das bibliografias e outras fontes em geral. Quando essas fontes são escassas, diminuem ainda mais as possibilidades de respostas concretas, dificultando as conclusões acerca do objeto de um estudo. As obras referentes à Loja Maçônica Rocha Negra nº 1 ao movimento abolicionista gabrielense são raros e pouco satisfazem os anseios a respeito do tema abordado neste trabalho. Contudo, devemos considerar que a falta de fontes e o sigilo maçônico dificultam o levantamento de informações significativas, oportunizando o surgimento de novas ponderações e provocando novas reflexões sobre a temática escolhida,

Diante deste panorama, redirecionou-se o foco sobre a proposta inicial da pesquisa. Consideraram-se também as libertações ocorridas na região de São Gabriel/RS, sem conexão explícita com a sociedade maçônica local, no qual se obtiveram alguns elementos interessantes que proporcionaram o levantamento de algumas considerações acerca do tema. É importante, no entanto, considerar que a percepção da influência da maçonaria ou qualquer outra instituição ou movimento no processo abolicionista, não deve se restringir aos membros destas instituições como atitudes reservadas a estes. Provavelmente, o discurso proferido nos rituais da loja maçônica, assim como em qualquer outro espaço devem ter tido ressonâncias na sociedade em seu entorno. A partir disso, as libertações de escravos que ocorreram antes de 1884; não devem ser entendidas apenas como atitudes individuais e isoladas. Podem sim, ter sido fruto da influência de alguns grupos de interesse, entre estes, a maçonaria.

São Gabriel, a partir dos anos de 1850, teve seu crescimento demográfico provocado em parte pela militarização da região e pelo considerável contingente de escravos em sua sociedade. Esse fato é pouco abordado pela historiografia local, deixando uma lacuna a respeito da libertação posterior destes escravos em São Gabriel/ RS.

A Loja Maçônica Rocha Negra nº 1, atuou na vanguarda do movimento abolicionista local, sendo extremamente importante neste episódio da história gabrielense.

Através do teor das atas maçônicas obtidas, percebeu-se nos registros a intenção dos maçons de construir apenas uma imagem a respeito desta sociedade neste contexto, uma imagem benemérita.

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Os livros notários do 2° e 4° distritos de São Gabriel comprovam outras libertações, anteriores a atuação dos maçons da Rocha Negra nº 1. Por meio da análise desta documentação concluiu-se que esse era um período de transição, onde a liberdade e o sistema escravista estavam presentes e muitos escravos conquistaram através de negociações e concessões sua liberdade. Percebeu-se que nem sempre o liberto podia desfrutar da alforria, pois as condições impostas para a referida liberdade o ligavam à servidão e ao seu antigo proprietário.

Portanto, a abolição do trabalho escravo na região de São Gabriel/RS, sofreu a influência da Loja Maçônica Rocha Negra N°1 no período de 1873 a 1884, mas também por outros membros da sociedade como demonstram os livros notários. Além disso, em alguns casos, os próprios escravos com seu esforço, conseguiram desvencilhar-se da servidão e adquiriram a liberdade almejada.

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ANEXO 1 – População escrava no Rio Grande do Sul – 1780 a 1887.

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ANEXO 2 – Decreto maçônico nº 34, de 26 jul. 1875

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ANEXO 3 – Escritura de liberdade da Escrava Mariana.

Referências

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