w w w . e l s e v i e r . p t / r p s p
Artigo
original
O
risco
e
os
consumos
de
performance
na
populac¸ão
jovem:
entre
as
concec¸ões
e
as
práticas
Hélder
Raposo
a,baEscolaSuperiordeTecnologiadaSaúdedeLisboa(ESTeSL-IPL),Lisboa,Portugal
bCentrodeInvestigac¸ãoeEstudosdeSociologia(CIES/ISCTE-IUL),ISCTE-IUL,Lisboa,Portugal
informação
sobre
o
artigo
Historialdoartigo: Recebidoa30deabrilde2014 Aceitea5demaiode2016 On-linea17dejunhode2016 Palavras-chave: Risco Juventude Consumosdeperformance
r
e
s
u
m
o
Objetivos:Ofocodesteartigocentra-senarealidadeemergentedoconsumode medicamen-tose/ouprodutosterapêuticosnaturaisparafinalidadesdegestãododesempenhopessoal (aquidesignadosconsumosdeperformance),etemcomoobjetivoanalisararelac¸ãoentreas práticasdeconsumoeaspercec¸õesdoriscoedaeficáciaatribuídasaosprodutos farmaco-lógicosenaturaisparafinalidadesdemelhoriaebem-estar,porpartedapopulac¸ãojovem portuguesa(18-29anos).
Metodologia:Aanálisedosresultadosempíricosdecarácterextensivoresultadaaplicac¸ão deuminquéritoporquestionárioaumaamostradeâmbitonacional(n=1.483).Dovasto conjuntodeindicadoresdoquestionárioaplicado,aquelesquesãoaquiespecificamente mobilizadossãoosquedizemrespeitoàspercec¸õesderiscoassociadasaestesconsumos; aosescalonamentosderiscoatribuídosaosdiferentesrecursosterapêuticospara finalida-desdeperformance;bemcomoàsexperiências(eformasdegestão)doriscoedaeficácia resultantesdaspráticasefetivasdeconsumo.
Resultados:Constata-seque,apesardeosposicionamentosrelativamenteaoriscodos con-sumosdeperformancefazeremsalientarumavisãodevalorizac¸ãodaseguranc¸a,hávariac¸ões ediferenciac¸õesconcretasquesãoindiciadorasnãosódepermeabilidadesepredisposic¸ões aoconsumo,mastambémdeconcec¸õesqueseredefinemnoquadrodasexperiênciasde uso,dascircunstânciasdoconsumoedasfinalidadesdautilizac¸ãodosdiferentesprodutos terapêuticos.
Conclusões:Asconcec¸õessobreoriscoassociadoaestesconsumostraduzemumacerta plasticidadesocial,nosentidoemqueaancoragemnaexperiênciaeafamiliaridadecom opróprioconsumoconstituem-secomoaspetosdecisivosparaapercec¸ãodeummaior controlonagestãodorisco.Torna-se,porisso,importanteaprofundaroconhecimentosobre asespecificidadescontextuaisdossegmentosjuvenisondeseconstroemasmodalidades degestãopráticadoriscoedaeficáciaassociadasaestesconsumos.
©2016OAutor.PublicadoporElsevierEspa ˜na,S.L.U.emnomedeEscolaNacionalde Sa ´udeP ´ublica.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Correioeletrónico:helder.raposo@estesl.ipl.pt http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2016.05.003
0870-9025/©2016OAutor.PublicadoporElsevierEspa ˜na,S.L.U.emnomedeEscolaNacionaldeSa ´udeP ´ublica.Este ´eumartigoOpen Accesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Risk
and
performance
consumptions
among
young
people:
Between
conceptions
and
practices
Keywords:
Risk Youth
Performanceconsumptions
a
b
s
t
r
a
c
t
Objectives: Thisarticlediscussestheemergingrealityofthenewtherapeuticinvestments throughmedicationsand/ornaturalproductsforpurposesofmental/cognitiveand/or physi-cal/bodyperformancemanagement(designatedhereinasperformanceconsumptions)among thePortugueseyouth(aged18-29).
Methodology: Thesociologicalanalysisoftheempiricaldataresultsfromtheapplication ofaquestionnairetoanationalsurvey(n=1483).Fromthesetofquestionnaireindicators applied,thosethatarespecificallymobilizedconsistoftheperceptionsofriskassociated withtheseconsumptions;thegradingofriskgiventodifferenttherapeuticresourcesfor performancepurposes;andtheexperience(andmanagement)ofriskandefficacyofactual consumptionpractices.
Results: Althoughthepositionsregardingtheriskofperformanceconsumptionsdopoint outtheappreciationofsafety,therearespecificvariationsanddifferentiationsthatnotonly indicatepermeabilitiesandpredispositionstowardsconsumption,butalsoconceptionsthat areredefinedduetotheactualpractices,circumstancesandpurposesoftheconsumptions, aswellastothecontextsinwhichthoseconsumptionsoccur.
Conclusion: Conceptionsoftheriskassociatedwiththeseintakestranslateacertainsocial plasticityinthesensethatanchoringexperienceandfamiliaritywithownconsumption constituteaspectsasdecisivefortheperceptionofagreatercontrolonriskmanagement. Itisthereforeimportanttofurtherknowledgeaboutthecontextualspecificitiesofjuvenile segmentswhicharebuiltformsofpracticalriskmanagementandefficacyassociatedwith theseconsumptions.
©2016TheAuthor.PublishedbyElsevierEspa ˜na,S.L.U.onbehalfofEscolaNacionalde Sa ´udeP ´ublica.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Oschamados consumos de performance,ouseja,autilizac¸ão de fármacos e/ou produtos naturais para finalidades de manutenc¸ãooumelhoriadodesempenhopessoalnoplano cognitivo/mental e/ou físico/corporal1 correspondem a um
fenómenoemergenteecomcrescentevisibilidadesocial2–5.
Nãosetratandodeumfenómenoquesejaexclusivodeuma gerac¸ãoemparticular,omesmotemvindo,todavia,a assu-mirummaiorprotagonismojuntodapopulac¸ãomaisjovem, nosentidoemqueoshorizontesdereforc¸ododesempenho oudemelhoriadascapacidadespessoais–anívelcorporal, cognitivoousocial–tendemaafigurar-secomoreferências potencialmentesignificativasnosuniversosdasculturas juve-nis.Ocaráctermaissalientedaspredisposic¸õesculturaispara amelhoriadodesempenhofísicoecognitivo,eaadesãosocial aousodosmedicamentosparafinalidadesdesvinculadasdo enfoque da saúde (como aprevenc¸ão, a manutenc¸ão ou a «reparac¸ão»),remetem,assim, para umconjuntode inves-timentosde performance cujas lógicas importa identificar e compreender.
Com efeito, o reconhecimento de que o consumo de vários produtos terapêuticos para finalidades de melhoria dedesempenhonossegmentosjuvenis,eparticularmenteos estudantis,setemvindo gradualmenteaexpandir,está na basedeumacrescenteatenc¸ãopública,mastambémdeum
interessecientíficoquesevaidisseminandoemváriasáreas deinvestigac¸ão,quetendemaconfigurarestefenómenocomo umpotencialproblemadesaúdepública3–7.
Nocasodopresenteartigo,queseinscrevenoquadrode umainvestigac¸ãosociológicasobreotema,aabordagemnão seconfinaaohabitualenfoquedageneralidadedosestudos empíricosexistentessobreosconsumosterapêuticosde per-formance, dadoque estestendem aestarprivilegiadamente orientadosparaperfis,práticasecontextosdeconsumo espe-cíficosedelimitados,quersejamemtornodosconsumos de performancecognitiva –aschamadassmartdrugs–juntodos estudantes universitários3,6,7, ou em contextos específicos
ligadosapráticasdeinvestimentofísico,comoéocaso parti-culardosginásios8,9.Nainvestigac¸ãoqueaquisetomacomo
referência,aopc¸ãopassapelomapeamento dadiversidade dosuniversos juvenis,na medida queseprocurar situar o fenómenodosconsumosterapêuticosdeperformanceno qua-drosocialeculturalmaisamploemquesedesenvolve.
Éjustamenteporestaordemderazõesqueaancoragem empírica da investigac¸ãoqueenquadra apresente aborda-gemremete–comoseveránasecc¸ãodametodologia–para aconstituic¸ãodeumaamostraqueincluinasuacomposic¸ão tantojovensuniversitárioscomojovenstrabalhadores(sem formac¸ão académica superior); as diferentes categorias de
consumosdeperformance(parafinalidadesdedesempenho neu-rocognitivoefísico-corporal);eoconsumotantodefármacos comodeditosprodutosnaturais.
Objetivos
Emtermosdosobjetivosespecíficosdestetrabalho,aquiloque estáemcausaéfundamentalmenteacaracterizac¸ãoe discus-sãoanalíticadaspercec¸õesderiscoedeeficáciaquerecaem sobreestesconsumos, oque significaqueadiscussão não sedebruc¸asobreospotenciaisriscosparaasaúdequeestes podem efetivamente comportar, mas sim em que medida asconcec¸õesdapopulac¸ãojovemacercadoseventuais ris-cosdestetipodeconsumosconcorremparaestruturarassuas práticasdeconsumo.Trata-sedeumaabordagemque consti-tuiumaimportanteportadeentradaparaacompreensãodas lógicassociaisquepresidemàsopc¸õesdosindivíduosfaceao vastomercadodefármacoseprodutosnaturaisorientadopara amelhoriadodesempenho.
Nesta medida, e sendo certo que várias investigac¸ões tendem a salientar a existência de uma postura de maior experimentac¸ãona populac¸ãojovem10, éimportante frisar
que tal não totaliza necessariamente todas as práticas de consumo,atéporqueimportanãoperderdevistao reconhe-cimentodadiversidadedecontextos(escolar,trabalho,lazer, etc.)edapotencialpluralidadedelógicasquenestesse desen-volvem.
Porestarazão,emlugardasconcec¸õescanónicasdorisco11,
quetendemapressuporasuarealidade«objetiva»(passível de procedimentos decalculabilidade e de avaliac¸ão proba-bilística) e a conceber o indivíduo como um ator racional empenhadoemescolhaseponderac¸õeslógicasdebenefício diretoe utilitário, a abordagem desenvolvida na discussão dos resultados privilegia a explorac¸ão de outros níveis de compreensãorelativamenteaomodocomooriscovaisendo concebidopelosindivíduosnoquadrodosseuscontextosde vivênciaprática.Talsignificaqueemalternativaauma pers-petivaatomizadadosindivíduosnasuarelac¸ãocomorisco, entendendo-afundamentalmenteenquantoconjuntode res-postas individuais que se baseiam nos diferentes recursos cognitivosquecadaumpodemobilizarfaceàinformac¸ão peri-cial(designadamente preventiva)12,13, aênfaseda presente
abordagemalicerc¸a-senaexplorac¸ãodaquiloquesedesignará decontextualidadesocialdasconcec¸õessobreorisco.
Éjustamenteporestemotivoquequalquerpressuposto queassumacomocaracterísticadistintivadajuventudeoseu «natural»alheamentofaceaosriscos–subsumidanuma pos-turamaisexperimentalemundanadesprovidadequalquer reflexividade–ouque,noseu contraponto,assumaqueos jovensautomonitorizamtodososaspetosdassuasescolhase investimentosporviadaponderac¸ãodasopc¸õesmenos desa-fiadorasdasuaseguranc¸aontológica14,constituiumevidente
maniqueísmoteóricoemqueimportanãoincorrer.
Metodologia
A análise que aqui se apresenta tem por suporte empí-rico um estudo nacional sobre os consumos terapêuticos para amelhoria dodesempenhofísico, intelectual esocial na populac¸ão jovem portuguesa (18-29 anos). No processo de recolha de dados foi adotado um modelo de métodos mistos15,queincluiu,entreoutrastécnicas,oinquéritopor
questionário1, tendo este sido antecedido pela realizac¸ão
de sessões de grupos focais (10 sessões/57 participan-tes). Com estes últimos, procedeu-se à explorac¸ão prévia do universo dos consumos de performance em segmentos juvenis, circunstância que acabou por sustentar o essen-cial da operacionalizac¸ão dos indicadores constantes do questionário16.
O inquérito por questionário (anónimo e autoadminis-trado) foi aplicado a uma amostra de âmbito nacional (n=1.483),nãoproporcionaleporquotas,comerromáximo de±2,54%,e para um intervalode confianc¸a de 95%. Esta amostra é, em termos da sua composic¸ão,constituída por jovens universitários(70%) eporjovens trabalhadoressem formac¸ão de nível superior (30%). No caso dos primeiros incluem-seestudantesprovenientesdasáreascientíficasda Saúde (36,9%), Engenharia (13,5%), Ciências Sociais (12,8%) eArtes(6,8%)2, e,nosegundo caso,incluem-se
trabalhado-resdeempresasdecall-center(15,4%)ede atendimentoem lojas degrandessuperfíciescomerciais (megastores)(14,7%). Nadistribuic¸ãoporsexo,asmulheresrepresentam59,2%eos homens40,8%.
Nocasodosestudantes,aaplicac¸ãodoquestionáriofoi efe-tuadanasescolasefaculdades,sempreemespac¸ospróprios cedidosparaoefeito,eapósobtidaarespetivaautorizac¸ão institucional. Nocaso dostrabalhadores,essa aplicac¸ão foi efetuada nasprópriasempresas,onde tambémforam cedi-dosespac¸osadequadosparaestafinalidade.Ocontactocom osinquiridosfoisempreasseguradopelaequipade investiga-dores,constituídaporsociólogos,semqualquerinterferência dos diferentes interlocutores institucionais. Já no caso das empresas,eparasalvaguardarqualquerequívocoquantoàs finalidadeseànaturezaanónimadasrespostas,foitambém distribuídaumanotainformativapréviaatodosquantosse voluntariaramparaparticiparnoestudo.
Osdados recolhidosatravésdoinquéritopor questioná-rio foram tratados estatisticamente, através do recurso ao
SoftwareStatisticalPackageforSocialSciences(SPSS).Esse tra-tamentoincluiu,numaprimeirafase,aorganizac¸ãodosdados
1 Oinquéritoporquestionário,bemcomotodososdados
apre-sentadoseanalisadosaolongodoartigo,podemserconsultados norelatórioestatísticodoprojetodeinvestigac¸ão,disponívelem:
http://www.cies.iscte.pt/ConsumosdePerformance.pdf. Relativa-menteaoquestionário,estepermitiuquantificara expressãoe configurac¸ãodosconsumosdeperformancenoâmbitodouniverso emestudo,tendosidoestruturadoem5secc¸õesdiferentes,que traduzem as dimensõesde análise da investigac¸ão: consumos terapêuticos,percec¸õessobreconsumosterapêuticos,percec¸ões derisco,fontesdeinformac¸ãoeautorrepresentac¸õesepráticas sociais,seguidasdeumasecc¸ãodecaracterizac¸ão sociodemográ-fica.Nocasopresente,osindicadoresremetemexclusivamente paraasecc¸ãodaspercec¸õesderisco.
2 As áreascientíficas identificadasintegramumadiversidade
decursos,deacordocomaseguintedistribuic¸ão:Saúde– Enfer-magem(36%),Medicina(33,1%)eCiênciasFarmacêuticas(30,9%); CiênciasSociais–HistóriaeHistóriadeArte(38,9%),Economia (23,2%),CiênciaPolíticaeRelac¸õesInternacionais(17,4%)eoutros (20,5%); Engenharia–EngenhariaCivil(36%),Engenharia Meta-lúrgica edos Materiais/EngenhariaMecânica(21%),Engenharia Eletrónica/Engenharia Eletrotécnica/Engenharia Eletromecânica (14,5%)eoutros(28,5%);Artes–Música(55,4%),Teatro(25,7%)e Danc¸a(18,8%).
Tabela1–Posicionamentofaceaoriscodosconsumosdeperformance
Posicionamentofaceaorisco Concorda Discorda Nãosabe Total
n % n % n %
A–Sósedevetomar
medicamentos/produtosparaa melhoriadodesempenhoseestivermos segurosdequenãoháriscos
1.304 88,1 143 9,7 33 2,2 100%(n=1.480)
B–Sósejustificapensarnapossibilidade dehaverriscosassociadosaos medicamentos/produtosparaa melhoriadodesempenhoseentretanto surgiralgumproblema
307 20,8 1.081 73,2 89 6,0 100%(n=1.477)
C–Oconsumodos
medicamentos/produtosparaa melhoriadodesempenhosónãoémais generalizadoporqueelespodemcausar gravesefeitosnegativos
952 64,3 312 21,1 216 14,6 100%(n=1.480)
D–Seosresultadosdos medicamentos/produtosparaa melhoriadodesempenho compensaremvaleapenaassumir algunsriscos
315 21,3 1.110 75,0 55 3,7 100%(n=1.480)
E–Asexperiênciasanterioresde consumodemedicamentos/produtos paraamelhoriadodesempenhosão suficientesparalidareficazmente comosseusriscos
373 25,3 884 60,0 216 14,7 100%(n=1.473)
F–Aspessoasquetêmumconhecimento aprofundadosobreos
medicamentos/produtosparaa melhoriadodesempenhoconseguem usá-losdeformaseguraeeficaz
690 46,6 653 44,1 139 9,4 100%(n=1.482)
AeB–«(des)valorizac¸ãodorisco»:oreconhecimentoeaimportânciaatribuída,ounão,aoriscoenquantocritériodecisivoquepodecondicionar aspráticasdeconsumo.
CeD–«opc¸õesentreriscos»:omodocomoosriscossão,ounão,ponderadosemarticulac¸ãocomaobtenc¸ãoderesultadosquesejam valori-zadospelosindivíduos.
EeF–«imunidadesubjetiva»:seaexperiênciaprópria,ou,emcontraponto,oconhecimentodeíndolemaispericial,instauram,ounão,a confianc¸anecessáriaparaoriscopoderser–mesmoquereconhecido–subjetivamentediluído,deixando,porisso,decondicionar necessaria-menteaspráticasdeconsumo.
eacodificac¸ãodasrespostase,numasegundafase,diversas análisesdescritivas,bivariadasemultivariadas.
É,portanto,combasenestesdadosqueseprocuratrac¸ar umretrato panorâmico dospadrõesprincipais relativos às articulac¸õesentre asconcec¸ões sobreo risco easpráticas deinvestimentoterapêuticonoquadrodosconsumosde per-formance.Osindicadoresquesãoespecialmentemobilizados são,então,osquedizemrespeitoàspercec¸õesderisco associa-dosaestesconsumos;aosescalonamentosderiscoatribuídos aosdiferentesrecursosterapêuticosligadosàsfinalidadesde melhoria;bemcomoàsexperiências(eformasdegestão)do riscoedaeficáciaresultantesdosconsumosdeperformance.
Apresentac¸ão
e
discussão
de
resultados
Posicionamentosfaceaoriscodosconsumos deperformance
Relativamenteàsinalizac¸ãoerespetivadiscussãodas prin-cipaislinhasdetendênciaemtermosdosposicionamentos
dosinquiridosfaceaoriscoassociadoaosconsumosde perfor-manceé,semdúvida,útilerelevanteoexercíciodedeterminar assuasconfigurac¸õesmaisestruturantesequantitativamente maisexpressivas.
Nesta medida, e com o objetivo de aferir os diferentes modos como o reconhecimento do risco se inscreve nas percec¸õesdosinquiridosacercadosinvestimentos terapêuti-cosparafinalidadesdemelhoriadodesempenho,recorreu-se aumindicadorquevisaavaliaroposicionamentodos inqui-ridosfaceaoriscodosconsumosdeperformance.
Num planogenérico einicial, otrac¸omaissaliente que sedestacadizrespeitoaotendencialalinhamentodos posi-cionamentos dos inquiridos com as concec¸ões valorativas dominantes sobre a indesejabilidade de práticas poten-cialmente não seguras. Constata-se uma notória adesão normativa àideiaqueconotao riscocomo umadimensão negativaeindesejável,peloqueéesseoaspetoque,numa primeiraleituradescritiva,seassumecomomaistransversal (tabela1).
Destemodo,erelativamenteàleituradaexpressãoqueesta configurac¸ãogeralassume,pareceplausíveladmitirqueesta
resultarámaisdoefeitodeumacertaressonânciasocial rela-tivamenteàideiade quetudopodeestar sujeitoarisco17,
doquepropriamentede umapreocupac¸ãoreflexiva como risco,atéporquesetratamdeconsumosque,embora reme-tendoparaumcertograudefamiliarizac¸ãojuntodapopulac¸ão jovem,nãoestãotãoamplamentedisseminadosemtermos depráticasefetivaseestruturadas,nosentidodeestasse tra-duzirememinvestimentossistemáticosecontinuados1,16,18.
Nestamedida,esendocertoqueos consumosparaqueas asserc¸ões explicitamentealudemestejam aremeterparao domínioespecíficodaperformance–ouseja,paradomíniosque tendemaestarnaperiferiadaintervenc¸ãomédica–,esta res-sonânciasocialdoriscoparece,acimadetudo,fazerecoda pregnânciaqueodiscursomedicalizadodaprevenc¸ãoedos pressupostosnormativosdapromoc¸ãodasaúdeedos esti-losdevidasaudáveis19–21temvindoaassumirnoâmbitodos
discursoseconcec¸õesleigassobreasaúde22,23.
Emtermosmaisconcretos,edecorrentedestepadrãode carácterrelativamentetransversal,é,então,possível salien-tar a configurac¸ão de 3 orientac¸ões principais: a primeira delasdizrespeitoàexistênciadeumaacentuadapreocupac¸ão com o risco; a segunda diz respeito ao modo como a ideiade seguranc¸aparece prevalecer face a horizontes de experimentac¸ãocomvistaàobtenc¸ãodasvantagens poten-cialmenteassociadasaestetipodeconsumos;e,porfim,a terceiralinhadeorientac¸ãodizrespeitoàdesqualificac¸ãodas formasdegestãodoriscoancoradasemcritériosdenatureza experiencial(dospróprios).
Noquadrodestepanoramageralé,todavia,possível veri-ficaralgunsrecortesematizesmaisespecíficos,queindiciam diferenciac¸õesrelevantesnomodocomoseexpressamas ten-dênciasassociadasaosdiferentesposicionamentos.
Combasenadistribuic¸ãosociodemográficadestes indica-dores,torna-senotóriaavalorizac¸ãodocritériodaexperiência de consumo como recurso suficiente de gestão dos ris-cosdecorrentes doconsumoporpartedosinquiridosmais velhos (24-29 anos), aspeto que não será completamente surpreendente, isto se seatender aofacto de quea idade podepotencialmenteprovidenciarumasituac¸ãode alguma sedimentac¸ãodeexperiênciasedeexposic¸ãoa circunstân-ciasquepodemtornarcontextualmentejustificávelorecurso a consumos terapêuticos, designadamenteos de melhoria dodesempenho.Seumadasparticularidadesdesteuniverso remete, justamente, para a constatac¸ão de que tendem a estarausentes–sobretudonascamadasmaisjovens– trajetó-riasterapêuticassuficientementelongaseconsistentespara quesepossamconstituireorganizarmodalidadesde inves-timentoterapêuticomenostuteladas(quersejapelafamília ou pelapericialidade do campo da saúde)e mais orienta-das para a procura de finalidades que sejam significativas paraossujeitos,entãonãosurpreendequeestacircunstância tenhamenosexpressividadenos entendimentosdos inqui-ridosmaisjovens,especialmentenosqueseenquadramna categoriados18-20anos.
Já no que diz respeito à distribuic¸ão destes posiciona-mentos pelo perfil de atividade, ou seja, em func¸ão de se tratar do segmento dos jovens universitários ou dos jovenstrabalhadoressemformac¸ãoacadémica superior,as únicas diferenciac¸ões com significância estatística são as que se reportam ao segmento da populac¸ão universitária,
designadamentequandoseprocedeaodesdobramentopor áreasdeformac¸ãoerespetivoscursos.
Nestamedida,verifica-sequeasáreasdeformac¸ão aca-démicaondesãoefetivamentenotóriososmaioresníveisde preocupac¸ãocomoriscodizemrespeito,emprimeira instân-cia,aoscursosdeArtes.Aesteaspetonãoserácertamente alheioofactodesernestescursosqueoconsumode produ-tosnaturaisparaagestãododesempenhoémaisexpressivo edesertambémnestescursosqueessesprodutosnaturais têmumamenoratribuic¸ãoderisco(emexatocontrapontoaos produtosfarmacológicos)1,18.
Masigualmenterelevanteéaconstatac¸ãosegundoaqual se verificam posicionamentos transversais nos cursos de saúde,tantoemrelac¸ãoàpreocupac¸ãocomorisco,comoà desqualificac¸ãodoscritérios experienciais.Talé particular-mentenotórionoscursosdeMedicinaedeFarmácia,peloque oreconhecimentodoriscoenquantopropriedadeintrínseca dosprópriosprodutospodeserentendidoàluzdanatureza dasformac¸õespericiaisdestasáreas.
Mobilizandotambémparaestaanáliseumindicadorquese designouporperfildeconsumo,indicadoressequeécomposto apartirdosconsumosdeclaradospelosinquiridosequecom basenumadivisãofeitaentreosrecursosdestinadosà per-formanceneuro/cognitivaeosdirecionadosparaaperformance
físico/corporalpermitiuconstruir4perfisdistintos(consumidor
neuro;consumidorfísico;consumidordeambos;nãoconsumidor)3,
é possível verificar algumas tendências diferenciadas ao nível dos posicionamentos face ao risco dos consumos de performance.
Neste sentido, constata-se que, no que diz respeito às formas de gestão do risco, é notório o modo como o
perfil de consumo introduz posicionamentos distintos, dado que a valorizac¸ão do critério da experiência (asserc¸ão E) émais enfatizadapelos«consumidores de ambos»(36,2%), em contrapontoaos «não consumidores»(23,8%), pelo que o patrimóniodeexperiênciaspréviasde consumose cons-tituiefetivamente como umrecursoconcretode gestãodo risco. A mesma lógica de diferenciac¸ão se torna patente no posicionamento relativo ao critério da experimentac¸ão subjacente à opc¸ão entreriscos (asserc¸ão D), dado que os inquiridos quetendem ater umaposic¸ãodemaior discor-dânciasãoos«nãoconsumidores»(84,5%),aopassoqueno casodos«consumidoresdeambos»essadiscordânciaé con-sideravelmentemenosexpressiva(72,4%),oquesugere,uma vez mais, quea experiência de consumo parece concorrer paraodesenvolvimentodepredisposic¸õesàprossecuc¸ãoou experimentac¸ãodosconsumosdegestãododesempenho.
3 Comoreferido,foramconstituídos4perfis:«consumidorneuro»
(42,1%)–quecorrespondeaosjovensqueusamouusaramalgum produtoexclusivamentecomfinalidadesdegestãodo
desempenhoneuro/cognitivo;«consumidorfísico»(7,8%)–que incluiosqueusamoujáusaramprodutosexclusivamenteparao desempenhofísico/corporal;«consumidordeambos»(22,0%)–onde sãoincluídososinquiridosqueconsomemoujáconsumiramum oumaisprodutosparacadaumadasfinalidades;e«não
consumidor»(28,1%)–doqualfazemparteosqueindicaram nuncaterconsumidonenhumprodutoparaqualquerfinalidade deperformance.
Tabela2–Tipodeconsumoseriscoatribuído:médias
Tipodeconsumos Média Desvio-padrão Fármacosparaaumentara
massamuscular
4,09 0,82 Fármacosparaemagrecer 3,90 0,84 Fármacosparaaumentara
energiafísica
3,64 0,83 Produtosnaturaispara
aumentaramassamuscular
3,44 1,01 Fármacosparadormir 3,39 0,88 Fármacospara
descontrair/acalmar
3,25 0,86 Produtosnaturaispara
emagrecer
3,22 1,00 Produtosnaturaispara
aumentaraenergiafísica
2,97 0,97 Fármacosparaaconcentrac¸ão 2,90 0,86 Produtosnaturaispara
descontrair/acalmar
2,57 0,89 Produtosnaturaisparadormir 2,55 0,85 Produtosnaturaisparaa
concentrac¸ão
2,37 0,79
Nota:escalade1-5,emque1correspondea«nulo»e5a«muito elevado».
Hierarquiasderisconosconsumosdeperformance
O estabelecimento de delimitac¸ões e de hierarquias de atribuic¸ãoderiscoconstituiumadimensãodeanálise rele-vantequepermite explorardequemodosseorganizamos escalonamentosdoriscoatribuídoaosdiferentesprodutos, concretamentesegundoasuanatureza(fármacosenaturais), mastambém segundoassuasdistintasfinalidades (generi-camenteassociadasàgestãododesempenhofísico/corporal e/ouneuro/cognitivo).
Emtermosgenéricos,otrac¸omaissalientequeaeste pro-pósitosedestacadizrespeitoaotendencialescalonamentodo riscoemfunc¸ão,desdelogo,danaturezadosprodutos,poiseste variadeacordocomaspercec¸õesassociadasaofactodeestes seremfármacosouprodutosnaturais.Nocasodestesúltimos, ederestoemcoerênciacomoutraspesquisas17,tendea
pre-valecerumestatutodemaiorinocuidade,tendênciaquese podeverificaratravésdadistribuic¸ãodasmédiascontidasna
tabela2.
Um outro critério de distinc¸ão dos escalonamentos do riscoaconsideraréoquedizrespeitoàfinalidadedos con-sumos.Taléconcretamentevisívelquandoseconstataque nocasoparticulardosprodutosnaturaispara «aumentara massamuscular»epara«emagrecer»,bemcomonocasodos «fármacosparaaconcentrac¸ão»,tendeaprevalecero crité-riodafinalidade doprodutofaceaocritériodanaturezado mesmo.Ouseja,nãoobstantesetrataremdeprodutos natu-rais,verifica-sequeosrecursosparaafinalidadede«aumento damassamuscular»figuramcomoumdosquefazemrecair sobresiumadasmédiasmaiselevadasdeatribuic¸ãoderisco (3,44),sendo tambémessa asituac¸ão (embora comvalores menoselevados),dosprodutos«paraemagrecer»(3,22).
Já no caso dos fármacos para a finalidade de «concentrac¸ão»verifica-se, pelo contrário, que aatribuic¸ão de risco é uma das mais baixas, donde se conclui que
a natureza do produto se afigura, também aqui, como um critério que tende a ficar subsumido na valorizac¸ão da suafinalidade.Trata-se,comefeito, deumrecursocuja disseminac¸ãoinstauranãosóummaiorgraudefamiliaridade, masnestecasotambém,deumapercec¸ãomaisacentuadade inocuidade, nãoobstantesetratardeumprodutoquímico. Aliás,osfármacosparaaconcentrac¸ãosão,justamente,um dosprodutossobreosquaisrecaemosconsumosmais eleva-doseasuafamiliaridadedecorredofactodeseremtambém estesprodutososqueremetemparatrajetóriasdeconsumo comuminíciomaisprecoceemtermosdeidade(antesdos 18anos)16,18,ouseja,paracontextosmaioritariamente
marca-dosporexperiênciasdeconsumoiniciadasnoseiodafamília. Umaoutraparticularidadedestasaparentesdissonâncias que,comefeito,complexificamasatribuic¸õesdeinocuidadee risconoquadrodaorganizac¸ãogeraljáassinalada,dizrespeito aumamenorconsensualidadedos2produtosnaturaisjá refe-ridos(para«aumentaramassamuscular»epara«emagrecer»), umavezqueéprecisamentenestesqueseverificaum desvio--padrãomaiselevado(1,01e1,00respetivamente).Talparece significarquenãosóonaturaltendeaserobjetodeummaior desconhecimentoporpartedosinquiridoscomparandocom osfármacosparaasmesmasfinalidades,mastambémaideia dequeestãoemcausainvestimentoscujasconotac¸ões nega-tivastendemaresvalarparaodomíniodaperigosidadeeda ilicitude (no caso dosprodutos naturaispara «aumentar a massamuscular»)ouatéparaodomíniodareprovac¸ãosocial (nocasodosprodutosnaturaispara«emagrecer»)24.
Analisandoosdadoscommaisdetalhe,etomandocomo referência a distribuic¸ão destes escalonamentos do risco em termos sociodemográficos, é relevante salientar algu-masdiferenciac¸õesimportantes.Umaprimeira dizrespeito à configurac¸ãode um padrãogeral quetende a associara atribuic¸ãodeumriscomaiselevadoaosprodutos terapêuti-cosparafinalidadesdeperformanceneuro/cognitiva(«dormir», «concentrac¸ão» e «descontrair/acalmar») ao universo do sexo masculino, e a atribuic¸ão de um risco mais elevado aosprodutospara finalidadesde performancefísica/corporal («aumentar a energia física», «emagrecer» e «aumentar a massamuscular»)aouniversodosexofeminino.Estes ele-mentos são,aliás,bastante convergentescoma orientac¸ão diferenciadoraqueavariávelsexotendetambémapotenciar relativamenteaotipode reprovac¸ãodosconsumosde perfor-mance,namedidaemquenocasoconcretodosconsumospara finalidadesdemelhoriadodesempenhofísico/corporal(com excec¸ão do«emagrecimento»),há, por partedas raparigas, umacoincidênciaentreabaixaatribuic¸ãodasualegitimidade comosníveismaiselevadosdeatribuic¸ãoderisco24.
Já quando se analisam as distribuic¸ões destes mes-mos escalonamentos de risco tendo emlinha de conta as diferenciac¸ões que se configuram entre os segmentos da populac¸ão jovem universitária e da populac¸ão jovem tra-balhadora, verifica-se que o risco atribuído aos consumos associadosaodesempenhoneuro/cognitivoémaiselevadona populac¸ãolaboralrelativamenteàpopulac¸ãouniversitária,ao passoque,nocasodosconsumosmaisligadosaodesempenho físico/corporal,aatribuic¸ãoderiscotendeasergenericamente maiornapopulac¸ãouniversitária.
Ainda um outroaspeto amerecer destaqueé oque se prende com a constatac¸ão de diferenc¸as resultantes das
distintasformac¸õesacadémicasdosinquiridosprovenientes dosegmentodapopulac¸ãojovemuniversitária.Comefeito,a pertenc¸aaoscursosrevela-secomoumcritérioque estabe-lecediferenc¸asconcretas,particularmentenocasodoscursos daáreadasaúde(especialmenteFarmáciaeEnfermagem)e daáreadasArtes.Apartirdessesposicionamentos, especi-almenteosquedizemrespeitoaosprodutosnaturais,parece resultarclaroqueaformac¸ãoacadémicaconcorreparao esta-belecimentodeorientac¸õesideológicasbemdemarcadas,pois enquanto se verifica uma considerável depreciac¸ão destes produtosnosreferidoscursosdesaúde(apesardetudo,não tãoacentuadoemMedicina)–especialmenteparaas finalida-desdemelhoriadodesempenhofísico/corporal–,noscursos das Artes há, emcontrapartida, uma clara valorizac¸ão do natural,poisquaisquerquesejamasfinalidadesdestes pro-dutos, ésempre sobreestes quesistematicamente recaem osvalores maisbaixos deatribuic¸ão de risco. Esta evidên-ciaempíricadenota,portanto,opapeldosefeitoscontextuais (nestecasoasdistintaspertenc¸asacadémicas)namodulac¸ão dasorientac¸õesedasconcec¸õesrelativasàscaracterísticase propriedadesdosdiferentesrecursosparafinalidadesde per-formance.
Jáquantoaocruzamentocomoperfildeconsumo,amaior atribuic¸ãoderiscotendeaconcentrar-senos«consumidores neuro»enos«consumidoresfísico».Aquiloqueérelevante destacar na arrumac¸ão desta tendência bipolarizada é a configurac¸ãodediferenc¸asrazoavelmenteexpressivasentre os consumidoresexclusivamente «neuro» e os consumido-resexclusivamente«físico»,namedidaemquenocasodos primeiros a atribuic¸ão de risco mais elevado concentra-se justamente nos produtospara a melhoria dodesempenho físico/corporal, ao passo que no segundo caso, a maior atribuic¸ão de risco recai nos produtos para a melhoria do desempenhoneuro/cognitivo.Oqueestadicotomiaparece, assim,colocaremevidênciaéqueamaiorfamiliaridadecom osprodutossugereumadiluic¸ãodosriscos.Emcontraposic¸ão, ouseja,quandoessafamiliaridadeestáausente,oquese veri-ficaéummaiorempolamentodorisco,dadotratarem-sede percec¸õesquenãoestãoancoradasemexperiênciasconcretas deconsumo.
Alógicadestesquadrosleigosdeescalonamentodorisco sugere,assim,queestashierarquiastêm,afinal,umcarácter dinâmicoemutável,oqueésugestivodeumareflexividade quese vai organizando emtorno doscontextos sociaisde vivênciaprática,emqueaexperiênciaeossaberes acumu-ladosserevelam fundamentaisnaconstruc¸ãoda confianc¸a leiganosrespetivosrecursos25.
Asexperiênciasdoriscoedaeficácianosconsumos deperformance
Aavaliac¸ãodosriscosedosbenefíciosobtidoscomos con-sumos efetivamente efetuados corresponde a uma outra dimensãoespecífica quetambémaquisejustifica sinalizar e explorar. Nesse sentido, e sendo certo que a expressão quantitativadasexperiênciasdeconsumo,concretamenteas negativas,érelativamentediminuta(315inquiridos,ouseja, 21,2%dototaldeinquiridosqueconsumiramalgumproduto para finalidades de performance, reportaram efeitos negati-vos),importa,aindaassim,aferirquaisosefeitoseresultados
Tabela3–Tipodeefeitosnegativosdosconsumos deperformance
Efeitosnegativos n %
Insóniaousonolência 128 21,7 Doresdecabec¸a/doresdeestômago 91 15,4 Dependênciapsíquica 65 11 Arritmias/tremores 60 10,2 Tonturas/alucinac¸ões/perdadecoordenac¸ão 57 9,7 Enjoo 55 9,3 Depressão/irritabilidade 51 8,7 Dependênciafísica 38 6,5 Diminuic¸ãodalíbido 24 4,1 Outroefeito 20 3,4 Total 589 100
Nota1:perguntaderespostamúltipla.
Nota2:n.◦derespostas=589;n.◦deinquiridos=315.
experienciados com este tipo de consumos, assim como as respetivasopc¸õesem matériada suagestão, nomeada-mentequandoosmesmossetraduzememefeitosnegativos (tabela3).
As experiências negativas relatadas centram-se, sobre-tudo, emtorno de alguns efeitosconcretos, como sejam a «insóniaousonolência»(21,7%),«doresdecabec¸a/estômago» (15,4%),«dependênciapsíquica»(11%)e«arritmias/tremores» (10,2%).Nestescasos,aquiloqueépossívelindicarpassapelo facto de seremos fármacos osprodutos queestão maiori-tariamenteassociadosaessesefeitos,emboratambémseja relevantedestacarqueosprodutosnaturaisassumem igual-mentealgumaexpressão–nãoobstanteestarmosalidarcom quantitativosrelativamentediminutosemtermosabsolutos –,nomeadamentenas«doresdecabec¸a/estômago»e«insónia ousonolência».Comalgumdestaqueafiguram-setambémas drogasrecreativas,principalmentenas«arritmias/tremores» e, com um pouco menos de expressão, nas «insónias ou sonolência»e«doresdecabec¸a/estômago»16.
Noscasosemqueoefeitoreportadopelosinquiridosdiz respeitoà«insóniaousonolência»,tendemapredominaras referênciasaospsicofármacos,designadamenteoAlprazolam
eXanax,aosquaissejunta,nacategoriadospsicofármacosà basedeplantas,oValdispert.Relativamenteaoefeito«doresde cabec¸a/estômago»,osfármacosmaismencionadosna catego-riadosanalgésicoseantipiréticossãooBen-u-roneoBrufen,
sendotambém deregistarareferênciaàsbebidas energéti-cas.Jánoqueserefereaosefeitosde«dependênciapsíquica», e um pouco à semelhanc¸ada «insónia ou sonolência», os psicofármacosmaismencionadossãooAlprazolameXanax,
mastambémaFluoxetina,aosquaissejunta,nacategoriados psicofármacosàbasedeplantas,oValdispert.Háigualmente referênciaàsdrogasrecreativas,sendoqueassituac¸ões repor-tadasdizemrespeitoaHaxixe/Cannabis/Marijuana.Porfim,e emrelac¸ãoaoefeito«arritmias/tremores»,asfrequênciassão poucoexpressivasedistribuem-seporváriostiposde medi-camentos.Há,noentanto,algumasreferênciasàsjáreferidas drogasrecreativas16.
Já em termos das opc¸ões adotadas para lidar com essesmesmosefeitos,prevaleceemtodososcasos(exceto, naturalmente,na«dependênciapsíquica»)ainterrupc¸ãodo respetivo consumo16, o que podeser expressão de formas
Tabela4–Tipodeefeitospositivosdosconsumos deperformance
Efeitospositivos n %
Maiorcapacidadedeconcentrac¸ão 360 18,7 Maiscalmo,tranquilonosexames
escolares/entrevistasemprego
341 17,7 Bem-estargeral 306 15,9 Maiorresistênciaparaestudar/trabalhardurante
longosperíodos
296 15,4 Melhordesempenhofísiconasatividades
desportivas
115 6 Nunca/aindanãoobtevenenhumefeitopositivo 105 5,5
Perdadepeso 104 5,4
Maiordesinibic¸ão/capacidadededivertir-se 100 5,2 Melhoraparênciaestética 86 4,5 Definic¸ãomuscular 57 3
Outroaspeto 38 2
Alterac¸ãodalíbido 15 0,8
Total 1.923 100
Nota1:perguntaderespostamúltipla.
Nota2:n.◦derespostas=1.923;n.◦deinquiridos=957.
deconsumodeíndolemaispontualeintermitente.Pode-se, assim,considerarque emmatériade gestãodestes efeitos negativos concretosa opc¸ão predominantede interromper osconsumosédenotativadeinvestimentosmais experimen-taispara finalidades que,podendo sercircunstancialmente significativas para os próprios, não assumem, porém, um carácterimperativoquevinculeosindivíduosànecessidade deimplementaralternativasparamanter,mesmoqueem for-matosdistintos,osconsumosvistoscomo indispensáveisà obtenc¸ãode certos resultados,como, de resto, émais fre-quentenassituac¸õesemqueestãoemcausafinalidadesde saúde17.
Noquedizrespeitoàexpressãoquantitativadosinquiridos quereportaramefeitospositivosdecorrentesdosconsumosde performance(957inquiridos,ouseja,64,5%dototalde inqui-ridos que consumiram algum produto para finalidades de
performance), esta revela-senotoriamente superior aos que referemefeitosnegativos,eosaspetospositivosmencionados acabamporser,emgrandemedida,oreflexodopredomínio dosinvestimentosterapêuticosorientadosparaasfinalidades demelhoriadodesempenhoneuro/cognitivo(tabela4).
Nestesentido,os resultadosqueimediatamentese des-tacamsão os que dizem respeito à «maior capacidade de concentrac¸ão» (com um recurso bastante expressivo aos suplementos alimentares, especialmente o Centrum e Cere-brum) e a capacidade de ficar «mais calmo, tranquilo nos exames escolares/entrevistas emprego», com um recurso fundamentalmente baseado em fármacos, em particularo
Valdispert,mastambém oInderal.Na «maiorcapacidadede concentrac¸ão»e,emboraemmenorescala,na«maior capa-cidade para estudar/trabalhar», predominam efetivamente osprodutosnaturais,aopassoquenosefeitosrelacionados com o ficar «mais calmo, tranquilo nos exames escola-res/entrevistas emprego» e no «bem-estar geral» (embora menos)assumemmaiorexpressãoosfármacos16.
No fundo, tal ocorre não só porque se verifica que, ao níveldadistribuic¸ãodosinquiridospelosperfisdeconsumo, aquelequepredominaéefetivamenteodos«consumidores
neuro»,mastambémporqueosrecursos(tantonaturaiscomo farmacológicos)orientadosparafinalidades demelhoriado desempenhoneuro/cognitivosãoaquelesquesãoobjetode umamenoratribuic¸ãoderiscoe,simultaneamente,aqueles ondeseverificamníveismaisexpressivosdeconsumoefetivo ecomumníveldefamiliarizac¸ãomaisdisseminado.
Conclusão
Noquadrodestarealidadeemergentedenovaspráticasde con-sumosdeperformance,afigurou-serelevanteexploraromodo comoseorganizamasrelac¸õesentreaspercec¸õeseconcec¸ões sobre o risco associado a estes recursos, e as práticas e predisposic¸õesdeconsumodosmesmos.Nestamedida,a evi-dênciaempíricaqueaquifoidiscutidapermitiuproblematizar algumasideiasrelativamentedisseminadasquantoàs práti-caseconcec¸õesderisconapopulac¸ãojovem,concretamente asquetendemavincularaspráticasdeconsumodestes seg-mentospopulacionaisaopressupostodequeestasseesgotam emposturasdeacentuadapredisposic¸ãoàexperimentac¸ão, comoseasmesmasfossemumreflexodeuma«natural» pos-turaiconoclasta evoluntarista dosjovensedoseu alegado alheamentofaceaoreconhecimentoeàponderac¸ãodos ris-cos.
Assim, e em lugar de se assumir como postulado a naturalizac¸ãodeumarelac¸ãodeinterdependênciaentre prá-ticas econsumosderiscoeajuventude26–28, comoseuma
eoutraseimplicassemreciprocamente,importaconsiderar, comoderestoaevidênciaempíricaaquimobilizadailustrou, que a juventude não corresponde, de facto, a uma tota-lidade homogénea. Em termos práticos, tal traduziu-se na constatac¸ão empíricada contextualidade socialsubjacente às lógicas de envolvimento com o risco, justamente por-quesendoapopulac¸ãojovemheterogéneaesegmentadaem tornodediferenciac¸õesculturaisesociodemográficas concre-tas(talcomotambémédenotadopelaprópriacomposic¸ãoda amostraselecionada),acabaporhaveremmatériade consu-mosdeperformancecondic¸õesparaaconstituic¸ãodediversas modulac¸õeseparticularidadesinternasaoníveldessas mes-maspráticas.
Destemodo,seéverdadequenumprimeiropatamarde análiseosdadosrelativosaosposicionamentosdos inquiri-dosfaceaoriscodosconsumosdeperformanceparecemfazer prevalecer, no plano estritodas percec¸ões,uma acentuada atribuic¸ãoderiscoaosmesmos,talacabaporsersobretudo maisnotórionassituac¸õesemqueosconsumossão perspe-tivadosdeumaformahipotéticaeabstrata.Ouseja,quando setendeaverificarumadissociac¸ãoentreessaspercec¸õese aspráticasefetivasdeconsumo.
Tal significa,portanto, que acaba porter expressãoum certo mimetismo retórico com as orientac¸ões normativas dominantes (concretamente os discursos preventivos) rela-tivamenteàtendencialassociac¸ãodestesinvestimentosaos seuspotenciaisriscos,oqueosvinculaàperspetivade con-sequênciasindesejáveisenegativas.Contudo,essaassociac¸ão acabaporsediluirereconfigurardeumaformasignificativa quandoestãopresentespráticasefetivasdeconsumo,oque traduzumacerta plasticidadesocialdas concec¸õessobreo riscoassociadosaestesconsumos.
Tambémnoquedizrespeitoaomodocomoseconstituem ashierarquias de risco relativamente aos medicamentos e produtosnaturaisparafinalidadesdemelhoriado desempe-nho,foi possível constatarqueo retratoprovidenciadopor estetipodeinformac¸ãoconfirmaoestatutosimbolicamente desigualdosprodutosterapêuticosemfunc¸ãodasua natu-reza (farmacológico ou natural), o que é convergente com outras pesquisas17,29,30 em que a conotac¸ão do natural à
ideiadeinocuidadetendeaserpredominante.Todavia,não deixade serpertinenteverificarque nãosó seconstituem diferenciac¸õessignificativasemfunc¸ãodasfinalidades espe-cíficasdos consumos, como os escalonamentos dosriscos sãotambémmodeladospelasuaancoragemnaexperiência enafamiliaridadedoconsumo.Aspráticasefetivasde con-sumoeaexperiênciapessoaldelasdecorrentesacabampor conferirumafamiliaridadecomosrecursosterapêuticosque concorre,noplanodaspercec¸ões,paraadiluic¸ãodosriscos, especialmente emalgunscontextos. Designadamente, mas nãoapenas,osestudantis.
Limites
e
perspetivas
da
pesquisa
Noquedizrespeitoàavaliac¸ãodoslimitesepossibilidades destainformac¸ãoempíricade tipoextensivo, constata-sea existência de umamargem ampla parao aprofundamento substantivodeoutrosaspetoscruciaisdarelac¸ãodoriscocom osconsumosdeperformance,particularmentenoquadrodeum enfoquedenaturezaqualitativa.Trata-sedeumaorientac¸ão metodológicaimportante,nosentidoemquecomportavárias potencialidadesparaaexplorac¸ãocompreensivadanatureza contextualdasconcec¸õesedasdiferentesestratégiase moda-lidadesdegestãopráticadoriscoedaeficácia.Ouseja,paraa análisedosmodoscomo,noâmbitodasexperiênciasde con-sumo,osindivíduosdãosentidoaosriscosetomamassuas decisõesdeconsumo terapêuticonoscontextos específicos emqueseenquadramassuasexperiênciasdiáriasedeacordo comasprópriascircunstânciasbiográficas.
Acompreensãodadiversidadedoscontextosdeac¸ãodos indivíduostorna-se,assim,fundamental,atendendoaofacto de que esses contextos são potencialmente estruturadores dosimperativosedasnecessidadesperformativasquepodem, comefeito,justificarapredisposic¸ãoparainvestimentos tera-pêuticosquevisemagestãododesempenhonasdiferentes vertentesqueseassumemcomosignificativasnoquadroda suaexistênciasocial.
Financiamento
O projecto «Consumos terapêuticos de performance na populac¸ão jovem: trajectórias e redes de informac¸ão» foi financiado pela Fundac¸ão para a Ciência e Tecnologia (PTDC/CS-SOC/118073/2010) e desenvolvido no quadro do CentrodeInvestigac¸ãoeEstudosdeSociologia,doInstituto Universitáriode Lisboa(ISCTE)(CIES-IUL),emparceriacom oCentrodeInvestigac¸ãoInterdisciplinarEgasMoniz(CiiEM). Paraalémdoautordopresenteartigo,fazempartedaequipa deinvestigac¸ãoNoémiaLopes(coordenac¸ão),TelmoClamote, ElsaPegado,CarlaRodrigueseIsabelFernandes.
Conflito
de
interesses
Oautordeclaranãohaverconflitodeinteresses.
Agradecimentos
Um agradecimento a todos os jovens – estudantes e tra-balhadores – que participaram no estudo, bem como aos responsáveisnasinstituic¸ões–escolaseempresas–que pos-sibilitaramarecolhadeinformac¸ão.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
b
i
b
l
i
o
g
r
á
f
i
c
a
s
1.LopesN,ClamoteT,RaposoH,PegadoE,RodriguesC. Medications,youththerapeuticculturesandperformance consumptions:Asociologicalapproach.Health(London). 2015;19:430–48.
2.CoveneyC,GabeJ,WilliamsS.Thesociologyofcognitive enhancement:Medicalisationandbeyond.HealthSociolRev. 2011;20:381–93.
3.QuinteroG,NichterM.GenerationRX:Anthropological researchonpharmaceuticalenhancement,lifestyle regulation,self-medication,andrecreationaldruguse.In: SingerM,EricksonP,editors.Acompaniontomedical anthropology.London:BlackwellPublishing;2011.p.339–55.
4.LexchinJ.Lifestyledrugs:Issuesfordebate.CMAJ. 2001;164:1449–51.
5.FlowerR.Lifestyledrugs:Pharmacologyandthesocial agenda.TrendsPharmacolSci.2004;5:182–5.
6.McCabeSE,WestBT,WechslerH.Trendsandcollege-level characteristicsassociatedwiththenon-medicaluseof prescriptiondrugsamongUScollegestudentsfrom1993to 2001.Addiction.2007;102:455–65.
7.SinghI,KelleherK.Neuroenhancementinyoungpeople: Proposalforresearch,policy,andclinicalmanagement.AJOB Neuroscience.2010;1:3–16.
8.FerreiraV.Pesos,halteresesentidosdoscorpos(h)alterados: umséculodemusculac¸ãoemPortugal.In:NevesJ,Domingos N,coords.UmahistóriadodesportoemPortugal:classe, associativismoeEstado.Vol.III.ViladoConde:Quidnovi; 2011.p.231-257.
9.EisenbergM,WallM,ShinJ,BrueningM,LothK, Neumark-SztainerD.Associationsbetweenfriends’ disorderedeatingandmuscle-enhancingbehaviours.SocSci Med.2012;75:2242–9.
10.FerreiraP.Comportamentosderiscodosjovens.In:PaisJ, CabralM,editors.Condutasderisco,práticasculturaise atitudesperanteocorpo.Oeiras:CeltaEditora;2003.p.41–166.
11.Horlick-JonesT.Informallogicsofrisk:Contingencyand modesofpracticalreasoning.JRiskRes.2005;8:253–72.
12.LopesN.Dapercepc¸ãosocialdoriscoàautomedicac¸ão.In: Automedicac¸ão:práticaseracionalidadessociais.Lisboa: ISCTE;2003.TesedeDoutoramento.
13.Clamote,T.Fontesdeinformac¸ãoeconsumosterapêuticos. In:LopesN,org.Medicamentosepluralismoterapêutico: práticaselógicassociaisemmudanc¸a.Porto:Afrontamento; 2010.p.87-157.
14.GiddensA.Modernidadeeidentidadepessoal.Oeiras:Celta Editora;2001.
15.RodriguesC.Consumosterapêuticos:notasereflexões metodológicas.In:LopesN,org.Medicamentosepluralismo terapêutico:práticaselógicassociaisemmudanc¸a.Porto: Afrontamento;2010.p.267-282.
16.LopesN,coord.Relatórioestatístico:consumosterapêuticos deperformancenapopulac¸ãojovem.Lisboa:CIES-IUL/ISCTE. 2014.[consultado21Mai2015].Disponívelem:
http://www.cies.iscte.pt/ConsumosdePerformance.pdf
17.RaposoH.Consumosterapêuticos,percepc¸ãoegestãodo risco.In:LopesN,org.Medicamentosepluralismo terapêutico:práticaselógicassociaisemmudanc¸a.Porto: Afrontamento;2010.p.159-222.
18.LopesN,RodriguesC.Medicamentos,consumosde
performanceeculturasterapêuticasemmudanc¸a.Sociologia, ProblemasePráticas.2015;78:9–28.
19.BuckinghamA.Doingbetter,feelingscared:Healthstatistics andthecultureoffear.In:WainwrightD,editor.Asociology ofhealth.London:SagePublications;2008.p.19–37.
20.CrawfordR.Riskritualandthemanagementofcontroland anxietyinmedicalculture.Health(London).2004;8:505–28.
21.NettletonS,BuntonR.Sociologicalcritiquesofhealth promotion.In:BuntonR,NettletonS,BurrowsR,editors.The sociologyofhealthpromotion:Criticalanalysesof
consumption,lifestyleandrisk.London:Routledge;1995. p.41–58.
22.SilvaL.Asaúdeeosaudávelnasracionalidadesleigas:ocaso daalimentac¸ão.In:CarapinheiroG,org.Sociologiadasaúde:
estudoseperspectivas.Coimbra:PédePágina;2006. p.165-195.
23.PegadoE.Consumosterapêuticoseinvestimentosdesaúde. In:LopesN,org.Medicamentosepluralismoterapêutico: práticaselógicassociaisemmudanc¸a.Porto:Afrontamento; 2010.p.223-266.
24.PegadoE.Agestãodaperformancenasculturasjuvenis. ForumSociológico.2016(noprelo).
25.BisselP,WardP,NoyceP.Thedependentconsumer: Reflectionsonaccountsoftheriskofnon-prescriptions medicines.Health.2001;5:5–30.
26.FranceA.Towardsasociologicalunderstandingofyouth andtheirrisk-taking.JYouthStud.2000;3:317–31.
27.HuntG,EvansK,KaresF.Druguseandmeaningsofrisk andpleasure.JYouthStud.2007;10:73–96.
28.AustenL.Thesocialconstructionofriskbyyoungpeople. HealthRiskSoc.2009;11:451–70.
29.LopesN,org.Medicamentosepluralismoterapêutico: práticaselógicassociaisemmudanc¸a.Porto:Afrontamento. 2010.
30.LopesN,ClamoteT,RaposoH,PegadoE,RodriguesC.O naturaleofarmacológico:padrõesdeconsumoterapêutico napopulac¸ãoportuguesa.Saúde&Tecnologia.2012;8:5–17.