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Violência Conjugal: Crenças de Atuais e Futuros Profissionais, Implicados na sua Reposta e Prevenção – Direito, Saúde e Educação

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V ARIA

VIOLÊNCIA

CONJUGAL:

CRENÇAS DE

ATUAIS E FUTUROS

PROFISSIONAIS,

IMPLICADOS NA

SUA REPOSTA E

PREVENÇÃO –

DIREITO, SAÚDE E

EDUCAÇÃO

Paula Cristina Cabral Universidade Fernando Pessoa, Porto Universidad Oviedo - Astúrias, Espanha pccabral@ufp.edu.pt Francisco Javier Rodríguez-Díaz Departamento Psicologia - Universidad Oviedo gallego@uniovi.es

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ABER & EDUCAR 23 / 2017 : CONTORNOS D

A EDUCA ÇÃ O INCL USIV A N A PERSPETIV A D A LEI E D AS RESPOST AS EDUCA TIV AS Resumo

Com o presente estudo, apresenta-se uma investiga-ção, referente à problemática da violência conjugal, cujo objetivo primordial foi caracterizar as crenças dos profissionais e futuros profissionais diretamente im-plicados na sua resposta e prevenção. Com o intuito de identificar as crenças quanto à dimensão do fenó-meno violência conjugal, a perceção jurídica face ao mesmo e quais as crenças e atitudes legitimadoras de violência nas relações conjugais, desenvolveu-se um estudo quantitativo descritivo, aplicando a Escala de Crenças de Violência Conjugal – ECVC (Machado, Ma-tos & Gonçalves, 2006). A soma total da escala mede o nível de tolerância / adaptação em relação à violência física e psicológica exercida no contexto das relações conjugais. A soma de cada fator permite compreender as crenças / atitudes específicas de este tipo de violên-cia. Neste contexto, outro objetivo, foi o de avaliar a fiabilidade da ECVC, mediante o teste de Kolmogoro-v-Sminov, constando, através dos resultados obtidos, que o modelo proposto originalmente, não tem um bom ajuste aos dados. Observa-se e discute-se, ainda, a análise diferencial de género.

Palavras-chave

violência conjugal; crenças; género; convivência

Abstract

This study presents an investigation about the prob-lem of marital violence, whose primary objective was to characterize the beliefs of professionals and future professionals directly involved in their response and prevention. In order to identify the beliefs about the dimension of the phenomenon of conjugal violence and the legal perception regarding it and the beliefs and legitimating attitudes of violence in marital rela-tions, a descriptive quantitative study was developed, applying the Beliefs of Violence Scale Conjugal - ECVC (Machado, Matos & Gonçalves, 2006). The total sum of the scale measures the level of tolerance / adaptation in relation to physical and psychological violence in the context of marital relationships. The sum of each factor allows to understand the specific beliefs / atti-tudes of this type of violence. In this context, another objective was to evaluate the reliability of the ECVC, using the Kolmogorov-Sminov test, and the results obtained show that the model originally proposed does not have a good fit to the data. We also observe and discuss the gender differential analysis

Keywords

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V

ARIA

INTRODUÇÃO

A violência conjugal é um fenómeno que se tornou numa temática que preenche a coluna de interesses na ordem do dia, assumindo-se como uma questão uni-versal que vem atravessando todos os tempos e cenários históricos. Contudo, somos conscientes, tratar-se: i) de uma questão complexa, com variações nem sempre sensíveis e com presença constante nos diversos espaços geosociais, integrada na dinâmica familiar, envolvendo fatores individuais e relacionais, atuais e passados, dos quais se destacam as heranças transgeracionais (Razera et al., 2014; Stith, McCollum, Amanor-Boadu, & Smith, 2012); ii) de um fenómeno complexo que em termos ge-néricos comtempla elementos biológicos, psicossociais, históricos e culturais, de difícil consenso quanto ao seu conceito, já que no decorrer da história da humanida-de, existiram múltiplas definições e redefinições de tal conceito (Fonseca, 2012). Porém, neste estudo falamos apenas (das perceções) de violência conjugal. Especifica-mente, os maus tratos nas relações conjugais são alvo de um olhar incrédulo, por não ser de esperar que tais tipo de relações sustentadas nos afetos e no amor possam en-veredar pelos mais diversos caminhos de violência. Falamos de um problema que embora sempre tenha existido, hoje é mais debatido e denunciado, contri-buindo para o aumento da sua visibilidade (Duarte, 2013). Segundo Berry (2000), até aos anos setenta não existiam respostas específicas para o problema. O que, desde então, com a crescente participação crimi-nal do fenómeno, se tem vindo, a verificar uma mul-tiplicidade de pedidos de ajuda aos sistemas formal e judicial (Duarte, 2013; Machado et al., 2009). A par desta ação, a partir da década de 90, em Portugal, ve-rifica-se também, um número crescente de trabalhos de investigação sobre tal tipo de violência, sobre a sua prevalência e dimensão (Machado et al., 2014) e uma compreensão mais qualitativa do fenómeno (Lila, Germes,Miñana, Llinares, & Gracia, 2014; Machado & Matos, 2001; Matos, 2000); constituindo-se, assim, um reflexo de uma maior sensibilidade face ao fenó-meno violência conjugal (Fatela, 1989; Winstok, 2016; Winstok, & Sowan-Basheer, 2015) e intolerância social face a comportamentos violentos.

Do mesmo modo, é um fenómeno que vem sendo ob-jeto de particular atenção de políticos, juristas, ciólogos, psicólogos e toda a espécie de curiosos, so-bretudo, ligados a grupos de pressão com intervenção social; tratando-se de um complexo problema social, que o devir comunitário e a crescente consciência

co-letiva sobre a dimensão e efetividade dos direitos, vem impondo (Colossi, 2015; Alves et al. 2012; Dias, 2004; Pinheiro et al. 2012; Santos e Costa, 2004). Tal, tem trazido a palco novas interrogações, emergentes dos choques e contradições que vão surgindo ao nível das crenças, das tradições e da cultura a muitos títulos dominantes na nossa sociedade (Dias, 2004; Langhin-tichsen-Rohnling, McCullars,, & Misra, 2012; Torral-bas-Fernández, & Calcerrada-Gutierrez, 2016).

A violência é uma forma de relação, na qual se utili-za a força física, psicológica e económica para impor e reagir contra algo, a partir de uma posição de supe-rioridade perante alguém, a quem não se reconhe-ce como igual (Ali et al, 2016; Martínez et al, 2009; Straus, 2016; Winstok, 2016).

Ao transferir o nosso discurso para a violência conjugal, faz-se referência a um padrão abusivo que ocorre na prá-tica; numa relação de intimidade e num espaço suposta-mente protetor, o lar. Esta é uma realidade transversal, que envolve as pessoas nas suas relações interpessoais mais íntimas e assiste-se em todos os países, culturas, sociedades e em todas as classes sociais (Ellsberg et al, 2014; Ventura, Frederico-Ferreira, & Magalhães, 2013), diferenciando-se, quando analisada segundo as suas formas de manifestação. Acrescentando ainda, o que refere a Organização Mundial de Saúde1, que define a violência, como o uso intencional de força física ou de poder, uso esse efetivo ou na forma de ameaça, contra o próprio, contra outra pessoa, contra um grupo ou comu-nidade, e que resulta ou pode resultar em dano físico, morte, dano psicológico, deformação ou privação. Tal definição, para o nosso estudo, interessa-nos, pois, ela introduz, para além da força física, o conceito de poder na dimensão da violência, que nos leva ao conceito da violência de género.

Segundo Archer (2000a), numa meta-análise realizada, ambos os géneros cometem agressão física. O que para outros autores, o característico padrão abusivo da vio-lência conjugal é a que se articula em torno de dois de-sequilíbrios do poder: o género e a idade (Hamby, 2014, Hamby, 2016b; Straus, 2016). Em consequência, a gran-de maioria dos agressores são homens, enquanto as mu-lheres desempenham maioritariamente o rol de vítimas (Mathias et al., 2013; Vatnar e Bjorkly, 2009; Martínez et al., 2009; Casimiro, 2008; Trindade & at., 2008).

A violência conjugal, pois, deve analisar-se a partir de diferentes fatores que a legitima culturalmente. Desde sempre, crenças e valores acerca das mulheres e dos homens, caracterizaram uma sociedade patriar-cal definindo-se como superiores os homens e atri-buindo-lhes o direito e a responsabilidade de dirigir a

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conduta das suas mulheres (Aiquipa, 2015; Delgado--Alvarez, Sánchez-Gómez, & Fernández-Dávila, 2012). Crenças e valores que se enraizaram através dos sécu-los, traduzindo-se em estruturas sociais particulares, tais como a divisão do trabalho, as políticas institu-cionais e a discriminação quanto à mulher ( Monte-santi, & Thurston, 2015; Rodríguez-Blanes, Vives-Ca-ses, Miralles-Bueno, San Sebastián, & Goicolea, 2017). Os estereótipos de género, transmitidos e perpetuados pela família, poder-se-ão desenhar como uma pirâmide invertida, na qual no topo se encontra o chefe (chame--se marido, pai, irmão ou filho) que ostenta a maior hierarquia, por ter sido educado para desempenhar o papel de dominador, já que é a ele a quem compete ter a liberdade económica e a prestação de alimentos, exerce a sua autoridade sobre os demais, sendo fun-damentada no medo (García-Moreno, & Temmerman, 2015). A segunda categoria é ocupada pela mulher, no papel de dependência económica, psicoafetiva e ideo-lógica; sendo que, ao contrário do homem, foi forma-da para ser objeto, obedecer, seguir e atender ( Aiqui-pa, 2015, Moral, García, Cuetos, & Sirvent, 2017). O atrás referido, pode constituir elementos como crenças e mitos; tais, são resistentes às mudanças, o mesmo será dizer, que apesar de assistirmos atual-mente a uma quase consensual condenação da violên-cia conjugal, algumas crenças e mitos encontram-se enraizados na nossa sociedade, dificultando assim a atuação dos profissionais na sua prevenção e interven-ção, bem como nas denúncias deste fenómeno, que se vem tornando num grande flagelo. Segundo Falcón (2008), no caso específico da violência conjugal, tais mitos cumprem três principais funções: i) culpabili-zam a mulher (mitos acerca da provocação, masoquis-mo, etc…); ii) naturalizam a violência (o matrimónio é assim, os ciúmes são o condimento do amor; iii) im-pedem a vítima de sair da situação (mitos acerca da família, do amor, a abnegação, a maternidade, etc) Para efeitos do presente estudo, as crenças serão enten-didas como teoria subjetiva que as pessoas têm acerca da violência conjugal e que são adquiridas a partir de processos de socialização (Rosa & Falcke, 2014),uma vez que a maior parte das investigações nesta área se centra numa perspetiva de género. As crenças serão representantes da cultura dominante e influenciam no comportamento das pessoas, ainda que não sejam sustentadas de modo consciente e explícito (Winstok, 2016). Isto implica, portanto, a importância das cren-ças nos núcleos dos profissionais que trabalham com as vítimas dos maus tratos conjugais. Neles, as cren-ças perpetuadoras dos circuitos da violência conjugal

propõem uma diferença entre crenças legitimadoras e crenças invisibilizadoras (Torralbas-Fernández, & Cal-cerrada-Gutierrez, 2016; Barros, & Schraiber, 2017). As legitimadoras são entendidas como aqueles mandatos culturais que regulam as relações no seio da família; funcionam como teorias explicativas que justificam, naturalizam e até determinam certas práticas violen-tas. Tratam se de crenças que coincidem com a ideo-logia dos sistemas autoritários ou patriarcais, que é construída em torno de conceitos, tais como: verti-calidade, obediência, disciplina, hierarquia, poder e respeito. Tal, entende-se no sentido, por exemplo: a mulher deve obedecer ao marido, o pai em casa é que impõe as regras e a desobediência e falta de respeito serão comportamentos que levam a um castigo. A na-turalidade com que estas premissas são aceites e in-clusive ordenadas por um dos cônjuges e, por certos setores profissionais (e.g. educação, saúde, direito), falam da coerência do modelo autoritário de família, no que respeita ao macrossistema em que está inse-rido: a cultura patriarcal legitimadora (Dias, 2010; Soto, & Pérez, 2017)

Assim, diferentes crenças em torno do fenómeno violência conjugal podem interferir naqueles que di-retamente estão envolvidos no mesmo, bem como, a postura dos profissionais que de modo diferencial são chamados a intervir, influenciando as práticas insti-tucionais e comunitárias; isto é, invisibilizando. Des-te modo, é de acreditar que tais crenças podem assu-mir um impacto profundo, quanto às normas sociais pelas quais uma comunidade se pauta, bem como moldar o entendimento construído pela sociedade, que constrói acerca de tais experiências (Razera, Cen-ci, & Falcke, 2014; Fortune, 2001). Realidade esta, que vem trazendo exigências, impostas até mesmo pelos responsáveis da manutenção de um estado democráti-co. O que vem fazendo-se notar, através da criação de planos nacionais de combate ao referido fenómeno, apelando a uma coordenação a todos os intervenientes e a um aprofundamento das medidas de prevenção e proteção da vítima e tratamento com o agressor. Fri-sando para tal, uma precisa e forte atuação articulada de todas as entidades que estejam envolvidas na res-posta ao fenómeno, quer na sua prevenção, quer na intervenção, sejam eles profissionais da justiça (puni-ção de crimes), sejam os que estejam de modo mais direto com as vítimas (saúde, instituição de apoio, controlo social, educação…). Este apelo, esta articula-ção, não deixa margem de dúvidas para uma necessi-dade imperiosa de criação e implementação de novas exigências à intervenção dos profissionais que de um

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modo direto, ainda que diferencialmente, lidam com o fenómeno violência conjugal, sejam eles da área da saúde, da educação, como os da última instância, os da justiça.

Contudo, há dificuldades que persistem. Dificulda-des que poderão ser ilustradas sobre as perceções que as vítimas de maus tratos de violência conjugal têm sobre a atuação dos diferentes profissionais que com elas lidam, sentindo a inoperância das diferentes es-truturas sociais com responsabilidade de intervenção e prevenção em situações de violência conjugal ou de risco (Calvinho, 2013). Nomeadamente, na desilusão da atuação de certos profissionais, por estes mesmos não acreditarem ser válida, pela frequente suspensão do processo; acrescentando a tal, também, por parte de profissionais da saúde, a dificuldade de interven-ção e a passiva aceitainterven-ção do mal trato de violência conjugal, centrando a sua atuação no tratamento das consequências na saúde atual e da intervenção social, resultantes exclusivamente do lado material da vida, das suas condições materiais (Calvinho, 2007, 2013). Não raras as vezes a interação da vítima com profissio-nais da saúde, resulta na invisibilidade do fenómeno da violência conjugal, quando por exemplo a vítima adota comportamentos que tenta esconder o sucedi-do, seja pela vergonha, seja pelo medo do agressor, e, deste modo esconde o verdadeiro motivo da consulta, (Calvinho 2007; Lisboa et al, 2003; Rodríguez-Blanes, Vives-Cases, Miralles-Bueno, San Sebastián, & Goico-lea, 2017; Silva, Padoin, & Vianna, 2015), o que con-sequentemente não se encontra em tais profissionais uma posição de empatia.

No que se refere às crenças dos profissionais e no im-pacto que elas poderão relevar nas vítimas de violência conjugal, será importante referir a análise que Ptacek (1988) efetuou, a partir de textos escritos de profissio-nais que diretamente lidam com vítimas de mau tra-to; será dizer, nomeadamente, psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, como exemplo de que as crenças de tolerância perante as vítimas de maus tratos conju-gais podem interferir, tais profissionais consideram i) a perda de controlo e ii) a provocação da companhei-ra como comportamentos justificativos da violência ocorrida; tais justificações, pois, contribuem para manter as atitudes culturais que sustentam a violên-cia nas relações da intimidade (Machado, 2009). Deste modo, a nosso ver e segundo Ramos (2004), as atitudes e respostas inadequadas dos profissionais e serviços que lidam diretamente com o problema dos maus tratos resultantes da violência conjugal trans-parecem para além de uma lacuna de informação e

de consciencialização sobre tal problemática; as suas consequências, do mesmo modo, revelam uma certa ambivalência da sociedade em geral, quanto a este tipo de violência. Assim, reconhece-se que é impor-tante abordar as crenças que são relevantes para a vio-lência conjugal; a saber, as crenças sociais e culturais, permitindo a compreensão das reações dos profissio-nais (atuais e futuros).

Portanto, considera-se importante e necessária a identificação e avaliação das crenças, sendo perentó-rio desenvolver estudos, que nos ajudem a avaliar e promover as mudanças das crenças que legitimam o comportamento da violência conjugal e, consequen-temente, das atitudes dos profissionais, quer sejam da área do direito, da saúde, da educação bem como aqueles que no futuro exercerão as suas atividades nas mesmas áreas, perante as situações de violência en-tre parceiros; são eles os que lidam diariamente com tal fenómeno e os outros que com ele virão a lidar no futuro (Brum, Lourenço, Gebara & Ronzani, 2013). Es-tudos que serão fundamentais a uma maior conscien-cialização e sensibilização dos profissionais e futuros profissionais – sensibilidade multidisciplinar, entre os vários sistemas de intervenção (direito, saúde, edu-cação,…) - face à gravidade do fenómeno violência conjugal, suas consequências e para a crescente ne-cessidade de reforçar a sua prevenção, de modo as ví-timas encontrarem melhores respostas e, por sua vez, os agressores tratamentos mais adequados (Correa, 2016; Torralbas-Fernández, & Calcerrada-Gutierrez, 2016). Ressalvando, ainda, a finalidade para com os futuros profissionais de se conseguir, com tais estu-dos, identificar os obstáculos e as dificuldades que po-dem influenciar no exercício da sua futura profissão. Ora, analisado o contexto donde tem lugar o fenóme-no a estudar, que passamos a apresentar, por um lado, propõe-se a adaptar a utilização da Escala de Crenças sobre a Violência Conjugal (ECVC) (Machado, Matos & Gonçalves, 2006), na sua aplicação a profissionais (exercendo ou em formação) relacionados diretamen-te com a problemática da violência conjugal, que permita avaliar e dimensionar este construto e, por alargamento, orientar as estratégias de intervenção, baseadas na evidência que otimizem ou reajustem a comunidade numa situação de desigualdade; por conseguinte, tratar-se-á igualmente de oferecer uma análise diferencial da incidência, por um lado, a va-riável género e, de outro, aquela referida à atividade profissional.

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MÉTODO

Amostra

A amostra formada por um total de 418 participantes (profissionais com um n= 256 que representa 61, 24%) com idades compreendidas entre os 17 e os 72 anos (M=34.42; DT=11.567). Em que 38.3% (n=160) dos par-ticipantes são homens (profissionais seriam n=97, que representam 23,21% do total); 61.7% (n=258) são mulheres (profissionais n=159, que representam 38% do total). Os homens referem uma média de idade de 36.28 anos (DT=12.586) com um mínimo de 17 anos e um máximo de 68 anos; enquanto no que se refere às mulheres, estas apresentam uma idade média de 33.27 anos (DT=10.752), oscilando entre os 18 e os 72 anos (é de ressalvar que a média nos diferentes grupos da amostra considerados para profissionais refere uma média que varia entre os 39 e os 43 anos, enquanto o grupo dos não profissionais, isto é, dos estudantes, varia entre 23 e 24 anos). No momento da investiga-ção, 33.5% (n=140) dos participantes estavam casados e 5.7% (n=24) em união de fato, enquanto 55% (n=203), se encontrava no estado de solteiro e o restante núme-ro da amostra 5.7% (n=24), no estado de divorciados. Especificamente, 35.6% (n=57) dos homens eram casa-dos, 3,8% (n = 6) tinham parceira, por sua vez 53,8% (n = 86) eram solteiros e 6,9% (n = 11), estavam divorcia-dos. Relativamente às mulheres, 32.2% (n=83) indica o número das que se encontravam casadas e 7% (n=18), tinham companheiro, enquanto 55.8% (n=144) apre-senta o número das que estavam solteiras e 5% (n=13) divorciadas.

Instrumento

Administra-se, em primeiro lugar, um questionário ad hoc (Cabral & Quintas, 2010), com o objetivo de reco-lher os dados sociodemográficos principais dos par-ticipantes (idade, sexo, nível de estudos, atividade profissional, atividade laboral, assim como o estado civil) e a dimensão criminológica para identificar o fenómeno da violência conjugal (epidemiológico e comportamental), referida pelos grupos considerados quer profissionais, quer estudantes.

Posteriormente, para o estudo, aplica-se a ECVC – Es-cala de Crenças sobre a Violência Conjugal (Machado, Matos & Goncalves, 2006). Esta escala avalia as cren-ças, em relação à violência física e psicológica, no con-texto de relações do tipo conjugal. É um questionário composto por 25 itens. Os itens são apresentados com uma escala de resposta de 5 pontos (desde 1 =

discor-do totalmente, até 5 = concordiscor-do), que se reportam a crenças comuns sobre a violência conjugal, face aos quais os participantes se devem posicionar em termos de grau de concordância/discordância. Através da re-ferida escala, trata-se de conhecer as representações do sujeito sobre o fenómeno, onde: os valores mais elevados representam uma maior legitimação das crenças e atitudes sobre a violência conjugal. Por sua vez, a soma de cada fator permite perceber o tipo de crenças e atitudes específicas deste tipo de violência, donde através da análise fatorial da escala identifi-cam-se quatro fatores que explicam 56% da variância dos resultados: Fator 1 – “legitimação e banalização da pequena violência”, onde estão incluídos os itens rela-cionados com as crenças que normalizam a pequena violência (e.g. “insultos”, “bofetadas”…); Fator 2 – “le-gitimação da violência pela conduta da mulher” (e.g. “má esposa”, “esposa infiel”…); Fator 3 – “legitimação da violência motivada por causas externas”, justifica a violência conjugal através de fatores externos (e.g. “desemprego”, “álcool”); Fator 4 – “legitimação da vio-lência pela preservação da privacidade familiar”, des-culpabiliza a violência pela proteção da intimidade familiar (e.g. “a violência conjugal é assunto privado da família”…). A escala original, por sua vez, através do coeficiente alpha Cronbach revela uma consistência interna muito boa (0.93).

Procedimento e Análises de Dados

Foram solicitadas as necessárias autorizações ins-titucionais para a realização deste estudo, nos seus diferentes contextos de aplicação (direito, saúde e educação). A recolha de dados procedeu-se após a transposição do questionário num software “Eval & Go”, que nos permitiu através de um link proceder-se a uma recolha mais rápida e eficaz. A participação foi, em todos os casos, voluntária, garantindo-se a confi-dencialidade.

Com o objetivo de se verificar o ajuste do modelo ori-ginalmente proposto pelos autores do questionário Escala de Crenças de Valores (Machado, Matos, & Gon-çalves, 2006), utilizou-se a Análise Fatorial Confirma-tória (AFC), empregando à totalidade da amostra; o método de extracção de fatores utilizado foi de máxi-ma probabilidade robusta sobre umáxi-ma máxi-matriz de corre-lações policóricas, sendo o ajuste dos dados efetuado ao modelo estabelecido pelo x2/g.l. de Satorra-Bentler ou robusto, o Índice de Ajuste Comparativo (CFI) e a Root Mean-Square Error of Approximation (RMSA). De acordo com os resultados, realizou-se uma Análise Fatorial Exploratória (AFE), a fim de determinar a estrutura do

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teste, sendo o ajuste estabelecido através do Adjusted Goodness of Fit Indez (AGFI) e da Root Mean-Square of Resi-duals (RMSR). A pertinência, de submeter os dados à análise fatorial é estimada pelo teste índice de Bartlett e o teste de Kaiser-Meyer-Olkin. Considerando o des-conhecimento de estrutura e tal como recomendam Abad, Olea, Ponsoda y García (2011), em primeiro lu-gar utilizou-se o método de extração de componentes principais, de modo a definir o número de componen-tes que compõem o questionário. Atendendo às limi-tações do método anterior (ver Abad, Olea, Ponsoda y García, 2011) a AFE levou-se a cabo mediante o método de extração de mínimos quadrados não ponderados, sendo o método de rotação Promin.

A fiabilidade dos fatores foi estimada através do coe-ficiente alfa de Cronbach para dados ordinais (Elosua y Zumbo, 2008), enquanto a análise diferencial da incidência da variável sexo realiza-se através de uma MANOVA.

A análise estatística dos dados foi realizada, recorren-do-se ao pacote estatístico IBM SPSS Statistics 22, o programa EQS 6.3 para Windows e o FATOR 10.3.01 XP. Resultados

Exposto a importância de abordar as crenças nos nú-cleos profissionais relacionados com a intervenção nas relações interpessoais afetivas de maltrato, apre-senta-se a necessidade de dar resposta ao nosso pri-meiro objetivo; isto é, o de confirmar a adaptação da Escala de Crenças sobre a Violência Conjugal (ECVC) (Machado, Matos e Gonçalves, 2006), tanto para os profissionais em exercício como em formação, com a pretensão de buscar e conhecer a dimensão diferencial deste, quer por género, quer pela própria atividade profissional na problemática do maltrato nas relações conjugais. Tratou de se confirmar as dimensões es-tabelecidas: i) legitimação e banalização da pequena violência, ii) a legitimação da violência pela conduta da mulher, iii) legitimação da violência motivada por causas externas e iv) pela preservação da privacidade familiar, para este construto através da sua adapta-ção à populaadapta-ção em geral. Os resultados obtidos me-diante o teste de Kolmogorov-Sminov não permitem manter a suposição de normalidade univariada tanto nos itens como para os fatores. A AFC realizada com base no modelo proposto originalmente pelos autores Machado, Matos e Gonçalves (2006), permite cons-tatar um resultado que se revela num mal ajuste aos dados, ou seja, não nos permite um ajuste adequa-do à nossa amostra, tal e como indicam o CFI (.871) e o RMSA (.074; I.C.=.068, .079) (x2/g.l. de

Satorra--Bentler=817.308; g.l.=253). Por sua vez, os resultados têm a existência de correlações estatisticamente sig-nificativas entre todos os fatores propostos pelo mode-lo original e adaptado à população em geral (ver tabela 1): as correlações entre o fator 1 e o 2, o fator 1 e o 4 e, o fator 2 e o 4 são particularmente elevadas, o que não é de surpreender tanto na abordagem teórica que se mantém no que respeita à incidência da banalização da realidade de maltrato nas relações de casal, desde o núcleo familiar.

Tabela 1: Correlações na amostra utilizada entre os fatores do modelo original proposto para a população geral por Machado, Matos e Gonçalves (2006).

Fatores Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4

Fator 1 1

Fator 2 .798* 1

Fator 3 .502* .364* 1

Fator 4 .785* .741* .546* 1

Nível de Significância de *≤ .05; ** ≤ .01; *** ≤ .001

Sendo que, os resultados obtidos na AFC, apontam a possibilidade de que a estrutura fatorial do questionário é composta por um menor número de fatores, procedeu--se à realização da AFE (Análise Factorial Exploratória) mediante o método de componentes principais (Abad, Olea, Ponsoda y García, 2011). Os resultados obtidos re-comendam a extração de dois fatores, porquanto ambos, tanto a estatística de Bartlett (6506.3 -g.l.=300; p<.001-) como o teste de Kaiser-Meyer-Olkin (.906), indicam que os dados cumprem as condições adequadas para serem submetidos à análise factorial.

Mediante o método de extração de mínimos quadra-dos não ponderaquadra-dos procedeu-se à realização da AFE, assumindo a existência de dois fatores, tal e como recomenda o método de componentes principais. A tabela 2 mostra os valores da matriz de rotação, don-de se podon-de observar que os itens 1, 4, 5 e 21, foram su-primidos: os itens 1 e 21 foram excluídos por razões de base metodológica - o item 1 foi suprimido por ter uma carga factorial inferior a .30 e uma comunalidade in-ferior a .10, enquanto o item 21 foi suprimido devido a que a sua carga no fator 1 (.361) era praticamente igual à sua carga no fator 2 (.341)-, enquanto que o argumen-to, no caso dos itens 4 e 5 têm que ser resultados de estudos teóricos (não discriminavam corretamente, já que todos os participantes davam, quase, a mesma resposta; além disso, observar-se uma correlação en-tre estes dois itens de .997). Esta mesma matriz

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bém permite observar que alguns itens (6 e 9) indicam a existência de certa relação entre os fatores – não é de admirar, conforme existe uma correlação de .697 entre os fatores-, obtendo cargas superiores a .30 em ambos os fatores, ainda que maior no fator 2

.

Tabela 2. Análise descritiva de Média, Desvio padrão e carga fatorial nos Fatores 1 e 2 nos resultados obtidos na AFE para a adaptação da Escala ao núcleo profissional em exercício como em formação sobre suas crenças relativas à violência conjugal.

Ítens X DP F1 F2 Correlação Item

– Total 2 .543 3 .615 6 -.442 .767 7 .403 8 .833 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 22 23 24 25 .319 .462 .710 .744 .779 .481 .650 .594 .528 .538 .415 .800 .766 .847 .389 .473 .753

Método de extração: mínimos quadrados não ponderados Método de rotação: Promin

A percentagem de variância explicada para os dois fatores obtidos é de 47.631%, com uma manifesta di-ferença entre ambos: 38.601% da variância que são explicadas pelo fator 1; enquanto o fator 2 explica os 9.030% restantes. Por sua vez, os índices de ajuste obtidos na AFE são adequados (AGFI=.98; RMSR=.05), como os índices obtidos de fiabilidade, que resultam elevados para ambos fatores (α= .923 y α= .853).

Apresentada a resposta de maneira satisfatória para dimensionar a avaliação do construto de crenças em profissionais relacionados com a violência conjugal, com o objetivo de apoiar a orientação das estratégias de intervenção, dá-se lugar à análise, desde a perspe-tiva diferencial da incidência do sexo e a formação dos profissionais, nos resultados obtidos.

Este segundo objetivo, por sua vez, permite-nos identifi-car de modo paralelo a situação dimensional das crenças sobre a violência nas relações afetivas de casal, que se fundamentam no desenvolvimento da atividade laboral de acordo com a incidênciadiferencial da variável sexo para a intervenção. Os resultados da MANOVA indicam que existem diferenças estatisticamente significativas (Lambda de Wilks = .840, F2, 408 = 38.927; p < .001) entre homens e mulheres nas variáveis de estudo (fatores 1 e 2). De forma mais específica, as provas univariadas (ANOVA) indicam que as diferenças entre homens e mu-lheres dão-se tanto no fator 1 (F1, 409 = 72.126, p < .001, d = .823) como no fator 2 (F1, 409 = 40971, p <.001, d = .641), sen-do a pontuação média superior nos homens (MF1 = 22.728;

MF2= 13.956) contra as mulheres (MF1 = 18.126; MF2= 11.767), em ambos os casos.

Os dados descritivos referentes à dimensão que se atri-buí ao fenómeno de maltrato afetivo que se refere aos participantes a nível profissional ou em formação, vão na mesma direção que os resultados da análise diferencial. Assim, e deste modo, pode referir-se que não se encontram diferenças significativas por grupo laboral (profissionais vs estudantes) de acordo com os grupos por âmbito de conhecimento (Direito, Saúde e Educação), para explicar as reações dos profissionais (atuais e futuros). Tais resultados, permitem-nos des-tacar uma elevada percentagem deles (cerca de 60%) que entende tratar-se de um fenómeno em crescimen-to, enquanto uma percentagem muito elevada (cerca de 90%) são da opinião que tem aumentado a sensibi-lidade perante esta problemática social, embora uma percentagem não desprezível (mais de 30%), referem uma importante tolerância na população; a dimensão da problemática assiste-se em todos os estratos sociais (superior a 90%), ainda que quase 45% afirme que ten-de a dar-se nos estratos sociais baixos e está presen-te nos seus núcleos familiares (cerca de 70%); notório que todos os grupos tenham uma perspetiva jurídica da dimensão deste fenómeno (mais de 98%), enquanto uma percentagem elevada considera que os agressores são homens (quase uns 90%) e não vítimas (somente 16%); salientar que, no que respeita aos participantes, profissionais ou não, na dimensão das relações afeti-vas de maltrato consideram que as mulheres não são agressores (mais de 20%) e são vítimas (perto de 90%), contudo consideram que ambos são agressores e víti-mas, aproximadamente 40%.

Discussão

Este estudo pretende aprofundar e abordar a impor-tância da dimensão da violência conjugal e dos seus

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intervenientes para os profissionais (atuais e futuros) que com ela se relacionam. Igualmente, trata de cons-tatar-se em que medida as crenças são relevantes para tal tipo de violência; a saber, as crenças sociais e cul-turais, permitindo, assim, a compreensão das reações dos diferentes profissionais (Torralbas-Fernández, & Calcerrada-Gutiérrez, 2016; Winstok, 2016). É um contexto que remete para anecessidade de contar com um teste adaptado à Avaliação das Crenças dos profis-sionais que trabalham no campo da violência conju-gal. Face a este desafio, confirmou-se que a Escala de Crenças sobre a Violência Conjugal (ECVC) (Machado, Matos e Gonçalves, 2006), na sua aplicação a profis-sionais que diretamente se relacionam com a proble-mática de maus tratos nas relações conjugais, assim como àqueles, que ainda no seu percurso académico, num futuro possam vir a deparar-se com tal realida-de, oferece resultados díspares com a sua adaptação à população em geral. Estes resultados referem-nos a impossibilidade de manter o suposto de normalidade univariada para as pontuações obtidas quer nos itens quer nos fatores que a compõem.

Assim, os resultados referem dois factores: i) Fator 1, com uma grande carga fatorial, num conjunto de 16 itens, que corresponde às posições dos diferentes participantes que traduzem crenças, que legitimam e banalizam a pequena violência, tais como: a) a violência é natural, sempre existiu e vai continuar a existir; b) uma bofetada não magoa ninguém; c) mulher deve retirar queixa de maus tratos contra cônjuge sempre que este peça desculpa, (…), sendo estas muitas das vezes enraizadas nas estruturas sociais, normas, va-lores e fatores biológicos (Casique & Furegato, 2006; Miller et al., 2013; López et al., 2015; Winstok, 2016). ii) Fator 2, com uma grande carga fatorial, num con-junto de itens, que nos conduzem às posições dos di-versos participantes que se traduzem na legitimação da violência conjugal num conjunto de fatores externos à conduta do agressor, sejam eles fatores económicos, sejam depen-dências (álcool, drogas…), seja o desemprego, sejam situações de relações extraconjugais e até mesmo, no que refere às características dos agressores, apon-tando para uma eventual presença de patologia indi-vidual. Este segundo fator está na linha dos estudos que fundamentam: i) o alcoolismo, ii) as desordens da personalidade, iii) entre outros fatores, frequente-mente, referidos na literatura, como justificação para o comportamento violento nas relações entre cônju-ges (ver Bratek, 2013; Finger, 2010; Keller et al. 2011; Montesanti, & Thurston, 2015). No que concerne ao consumo de álcool, um mínimo significativo de

estu-dos tem revelado que homens com problemas de al-coolismo tendem a abusar das suas parceiras, estejam ou não sóbrios. E ainda, que existem homens que be-bem e batem nas mulheres enquanto outros, nas mes-mas condições, não manifestam tal tipo de comporta-mento. Daqui, parece-nos ser necessário a existência de outras variáveis de modo a avaliá-las em conjunto, e, assim, conduzir-nos a uma melhor perceção da as-sociação entre alcoolismo e violência conjugal (Wins-tok, 2016). Ainda, em estudos mais recentes podemos encontrar dados que apontam para o fato de mulheres de maridos mais violentos terem maior probabilidade de consumos, entre os quais, o álcool (Lopes, 2016). A perceção da realidade descrita oferece a necessida-de necessida-de um enfoque perante uma perspetiva necessida-de géne-ro. Deste modo, os nossos resultados visam susten-tarem-se em crenças diferenciais, não centradas no desenvolvimento da atividade profissional, mas nela mesma, e na variável sexo dos diversos profissionais, ainda que, sem observar uma interação entre ambas (Lila, et al, 2014; Straus, 2016). Nesta linha, os resul-tados referidos quanto à dimensão do fenómeno vêm a confirmá-lo, ao mesmo tempo, em primeiro lugar, demonstram uma homogeneidade nas crenças dos participantes inquiridos, quer quanto à dimensão do fenómeno da referida violência, quer quanto aos seus intervenientes, isto é, não se apresentaram grandes diferenças significativas pelos grupos de profissionais e estudantes, de modo a explicar-se as suas reações. Todavia, os resultados permitem-nos destacar que uma percentagem elevada dos inquiridos (60%) en-tende que o fenómeno violência conjugal tem vindo a aumentar, bem como uma outra percentagem alta (aproximado os 90%) acredita que se tem assistido a uma maior sensibilidade a tal problemática social, mesmo que não seja de desconsiderar a posição de cerca de 30% dos participantes, relativamente ao fato de se verificar uma tolerância considerável na popu-lação. Ainda quanto à dimensão da problemática, por uma lado referem ( >90%) que se verifica em todos os estratos sociais, por outro, quase 45% dos participan-tes percecionam que se tende a assistir nos estratos so-ciais baixos e, cerca de 75% afirma estar presente nos seus núcleos familiares. Em contraposição, é o que se constata, como fator comum, em diversos estudos es-tatísticos referentes à violência conjugal, como ocor-rência com maior frequência nos estratos económicos mais desfavorecidos. Tal panorama, segundo Homem (2016), pode encontrar a sua justificação em fatores culturais e educacionais, legitimadores da violência que se assiste nos referidos estratos socioculturais,

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ou até mesmo causados pela maior visibilidade que vítimas e agressores, dos mesmos estratos, apresen-tam devido à escassez de outros recursos económicos e sociais, que tendencialmente os levarão a recorrer, de um modo geral, mais às instituições: i) de apoio às vítimas, ii) controlo social, levando-as a não terem como fugir da vigilância das instâncias judiciais e apoio social. Sendo ainda de referir, de modo sucinto, quando nos centramos no conceito de violência, cen-tramo-nos também no conceito de género. E, torna-se ainda mais claro quando o relacionamos a um outro conceito: o do sexo. Contudo, o cerne do conceito vio-lência de género, não tem a ver especificamente com um ou outro sexo, mas sim com a relação social que é estabelecida entre ambos numa concreta sociedade. Pois que, tal relação, tem sido sentida e caracterizada por uma desigual distribuição de poder entre homens e mulheres, o que tem determinado uma hierarquiza-ção social, remetendo as mulheres para um papel de subordinação, de dependência (Ali et al, 2016; Straus, 2016; Winstok, 2016). Assim a violência do género encontra as suas raízes e está ancorada na desigual-dade resultante de questões estruturais. É pois, uma manifestação de discriminação2, num sistema social, político e económico que estrutura e regula o modo de organização da sociedade em que estamos inseri-dos (Sottomayor, 2016). Sendo o género, como um inseri-dos diversos fatores associados à ocorrência do complexo fenómeno da violência conjugal, que a literatura vem enfatizando (Dourado & Noronha, 2014).

Considerando, ainda, a perceção dos diferentes gru-pos de profissionais e estudantes, quanto à dimensão do fenómeno violência conjugal, chama-se a atenção a percentagem elevada (> 98%) que têm sobre a pers-petiva jurídica do mesmo e, por sua vez, a perceção, também elevada, no que respeita aos intervenientes do fenómeno, onde os homens são considerados os agressores (perto dos 90%) e não vítimas (16%). Nte sentido, ressalta-se, que os participanNtes desNte es-tudo, profissionais ou futuros profissionais, no que respeita à dimensão das relações afetivas de maltrato, consideram que as mulheres não são intervenientes agressores (20%), antes, são vítimas (perto dos 90%), ainda que, aproximadamente 40%, considerem que ambos são agressores e vítimas (Barros, & Schraiber, 2017; Winstok, 2016).

Considerações

Finais

Os resultados do nosso estudo levam-nos à necessida-de necessida-de uma tomada necessida-de consciência sobre o necessida- desenvolvi-mento de um conhecidesenvolvi-mento mais profundo do fenó-meno violência conjugal e das suas interligações com os seus intervenientes, numa perspetiva de género, e consequentemente das populações. Tal, leva-nos a acreditar que o caminho será o de adotar um papel pró-ativo através da informação, sensibilização e edu-cação, como veículos fundamentais para uma preven-ção e intervenpreven-ção na violência conjugal desde a pers-petiva de género, preferencialmente junto daqueles que de um modo mais direto lidam com o fenómeno (Winstok, 2016). O que para tal, implica necessaria-mente, para além de um conhecimento aprofundado da dimensão do fenómeno e, de tudo o que envolve em seu redor, suas implicações, um conhecimento das crenças e atitudes dos diversos profissionais e fu-turos profissionais (saúde, direito, educação). Acredi-tando, assim, que deste modo, seremos conduzidos a agir de um modo mais decisivo e coordenado (Krug et al., 2002), com intuito de se conseguir respostas mais eficazes aos grandes desafios que o fenómeno violên-cia conjugal, de modo galopante, vem apresentando nos tempos hodiernos. Bem como, facilitar uma me-lhor e mais eficaz avaliação dos seus fatores de risco, como indicadores do fenómeno e não fatores causais que o desencadeiam. O que, neste sentido, poder-se--á ter em conta a posição de Andrews e Bonta (2006), quando se referem às características dos indivíduos e às circunstâncias que estão associadas ao aumento da probabilidade de cometer um crime futuro, como in-dicadores do fenómeno da violência conjugal e não fa-tores causais, para uma melhor tomada de decisão no âmbito de justiça (Guerra, 2016; Grams e Magalhães, 2011; McLaughlin & Munice, 2001), bem como, para a avaliação da probabilidade de reincidência dos sujei-tos (Homem, 2016; Guerra, 2016; Magalhães e Fernan-des, 2013).

O presente estudo, apesar de estarmos conscientes das suas contribuições, tem limitações que são necessá-rias de serem tomadas em consideração. Em primeiro lugar, o modelo subjacente adaptado tem suporte na literatura (isto é, estrutura multidimensional contra uma unidimensional), sendo que as dimensões con-textualizadas podem estar sujeitas a mudanças

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ciais e temporais. Em segundo lugar, as crenças como estruturas mediadoras do sentido de grupo na comu-nidade e dos seus membros, podem desempenhar um papel inadaptado, de modo que a avaliação estrutural deve ser acompanhada por uma outra grelha de con-teúdos (Arce & Fariña, 2010, Novo, Farina, Seijo, e Arce, 2012). Impossível descorar tais limitações e, com elas em mente, os posteriores trabalhos a realizar se-rão as bases para o seu desenvolvimento

.

Notas

1 http://www.who.int/topics/violence/en

2 Já em 1992, ao firmar a recomendação nº 19, o comité CEDAW,

afir-mou: “A violência de género é uma forma de discriminação que inibe de forma

decisiva a capacidade das mulheres a gozar dos direitos e liberdades numa base de igualdade com os homens”. Desta mesma forma, é concebida pela

Con-venção de Istambul, como resulta do seu Preâmbulo, na doutrina estabelecida no Direito Internacional dos Direitos Humanos das Mulheres.

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(15)

V

ARIA

Anexo I: Questionário “Representações Sociais da Violência Conjugal”

Anexo I: Questionário “Representações Sociais da Violência Conjugal”

(Cabral & Quintas, 2010)

É um questionário absolutamente anónimo sobre Violência Conjugal, e todos os dados recolhidos são utilizados estritamente para fins de investigação científica.

São apresentadas diversas afirmações em diferentes domínios, para os quais se pede que nos expresse a sua opinião, através da colocação de uma cruz no local que mais se aproxime do que pensa.

Não há respostas certas ou erradas, todas as pessoas têm a sua opinião e o que se pede é que nos dê a sua de uma forma o mais espontânea possível.

Agradecemos desde já a sua colaboração.

I – DIMENSÃO DO FENÓMENO VIOLÊNCIA CONJUGAL

1.1. Na sua opinião, numa escala de 1 (discordo) a 7 (concordo), na sociedade actual, o problema da Violência Conjugal:

Discordo Concordo

tem vindo a aumentar 1 2 3 4 5 6 7

há uma maior sensibilidade 1 2 3 4 5 6 7

há maior tolerância 1 2 3 4 5 6 7

existe na experiência de muitas famílias 1 2 3 4 5 6 7

existe especialmente nas famílias de estratos sociais

baixos 1 2 3 4 5 6 7

atinge variadas famílias de vários estratos sociais 1 2 3 4 5 6 7

1.2.Considera a Violência Conjugal, numa escala de 1 (discordo) a 7 (concordo), como:

Discordo Concordo

um comportamento que deve ser considerado crime 1 2 3 4 5 6 7

1.3.Considera que os principais agressores da Violência Conjugal, numa escala de 1 (discordo) a 7

(concordo), são: Discordo Concordo homens 1 2 3 4 5 6 7 mulheres 1 2 3 4 5 6 7 ambos 1 2 3 4 5 6 7

1.4.Considera que as principais vítimas da Violência Conjugal, numa escala de 1 (discordo) a 7

(concordo), são: Discordo Concordo homens 1 2 3 4 5 6 7 mulheres 1 2 3 4 5 6 7 ambos 1 2 3 4 5 6 7

II. Dados Socio-Demograficos Participantes

2.1. Idade: _________ 2.2. Sexo:__________________ 2.5. Estado Civil:____________

2.3. Actividade Profissional:_______________2.4. Situação Profissional (Estudante/Profissional): ______________

(16)

S

ABER & EDUCAR 23 / 2017 : CONTORNOS D

A EDUCA ÇÃ O INCL USIV A N A PERSPETIV A D A LEI E D AS RESPOST AS EDUCA TIV AS

Anexo I: Questionário “Representações Sociais da Violência Conjugal”

Anexo I: Questionário “Representações Sociais da Violência Conjugal”

(Cabral & Quintas, 2010)

A preencher pela investigadora: Data: __/__/____ Hora: ______ Local de Passagem: _____________________________________________________ Anotações:

Imagem

Tabela 1: Correlações na amostra utilizada entre os fatores do  modelo original proposto para a população geral por Machado,  Matos e Gonçalves (2006).
Tabela 2. Análise descritiva de Média, Desvio padrão e carga  fatorial nos Fatores 1 e 2 nos resultados obtidos na AFE para a  adaptação da Escala ao núcleo profissional em exercício como  em formação sobre suas crenças relativas à violência conjugal.

Referências

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