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Análise de aspectos desenvolvimentais em um grupo de crianças pré-escolares da cidade de Pelotas-RS / Analysis of developmental aspects in a group of preschool children in the city of Pelotas-RS

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Academic year: 2020

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Análise de aspectos desenvolvimentais em um grupo de crianças pré-escolares

da cidade de Pelotas-RS

Analysis of developmental aspects in a group of preschool children in the city

of Pelotas-RS

DOI:10.34117/bjdv6n4-410

Recebimento dos originais: 10/03/2020 Aceitação para publicação: 30/04/2020

Tulio Loyola Correa

Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Pelotas Instituição: Universidade Federal de Pelotas

Endereço: Avenida Duque de Caxias, 250 - Fragata, Pelotas – RS, Brasil E-mail: tulioloyolacorrea@hotmail.com

Graziela Mayumi Toma

Professora Associada da Universidade Federal de Pelotas Instituição: Universidade Federal de Pelotas

Endereço: Avenida Duque de Caxias, 250 - Fragata, Pelotas – RS, Brasil E-mail: grazi_may@hotmail.com

Ariel Lacerda de Lima

Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Pelotas Instituição: Universidade Federal de Pelotas

Endereço: Avenida Duque de Caxias, 250 - Fragata, Pelotas – RS, Brasil E-mail: ariellarcerda96@gmail.com

Isabella Cunha Porsche Ferreira

Acadêmica de Medicina da Universidade Federal de Pelotas Instituição: Universidade Federal de Pelotas

Endereço: Avenida Duque de Caxias, 250 - Fragata, Pelotas – RS, Brasil E-mail: isabellaporsche@gmail.com

Beatriz Antunes da Silva

Acadêmica de Medicina da Universidade Federal de Pelotas Instituição: Universidade Federal de Pelotas

Endereço: Avenida Duque de Caxias, 250 - Fragata, Pelotas – RS, Brasil E-mail: b.antunesdr@gmail.com

RESUMO

A segunda infância é um período marcante no desenvolvimento motor e psíquico do ser humano. Assim, realizou-se um estudo analítico com base em dados coletados através de relatórios observacionais. Foram incluídas 39 crianças de três a seis anos de idade, totalizando 255 relatos. A maioria das crianças apresentou simultaneamente os três aspectos cognitivos e comportamentais analisados: brincar, desenhar e desenvolvimento motor. A presença do brincar foi constatada em todos os indivíduos considerados. O estudo reforça a importância desses âmbitos no desenvolvimento biopsicossocial pré-escolar e na comunicação dessas crianças com o mundo externo. Ainda, estudos adicionais são indicados para comprovar e reforçar a análise observada.

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Palavras-Chave: desenvolvimento infantil, segunda infância, pré-escolares. ABSTRACT

The second childhood is a remarkable period in the motor and psychic development of the human being. Thus, an analytical study was carried out based on data collected through observational reports. 39 children from three to six years of age were included, totaling 255 reports. Most of the children presented simultaneously the three cognitive and behavioral aspects analyzed: playing, drawing and motor development. The presence of playing was observed in all individuals considered. The study reinforces the importance of these areas in pre-school biopsychosocial development and in the communication of these children with the outside world. Furthermore, additional studies are indicated to confirm and reinforce the observed analysis.

Keywords: child development, second childhood, preschoolers.

1INTRODUÇÃO

Com o desenrolar da segunda infância, a criança pré-escolar passa por intensas mudanças físicas, tornando-se maiores e mais afiladas. Suas habilidades motoras gerais e finas se aprimoram – as crianças são capazes de correr e de pular, além de maior cuidado pessoal, o que providencia certa independência em relação aos cuidados parentais. Não à toa, conforme Erikson, a segunda infância é acompanhada por uma tarefa a ser cumprida: conciliar o conflito entre iniciativa e culpa, no qual o crescente desejo por fazer cada vez mais coisas tem seu contraponto no desejo pela aprovação social, principalmente dos cuidadores.

Alavanca-se, no período por Piaget chamado de pré-operatório, a função simbólica, a qual lhes permite um maior uso da linguagem e das brincadeiras dramáticas. Um amplo vocabulário se desenvolve, sendo utilizado para a fala social, bem como para os monólogos infantis, comuns nas brincadeiras desse período.

Além disso, desenhos e fantasias assumem papel central na segunda infância, o que para Winnicott, seria algo universal e próprio da saúde – sendo um momento em que o mundo interno infantil, com suas alegrias e frustrações, é elaborado e caracterizado como importante forma comunicativa. Os desenhos dessa fase destacam a figura humana, representando seus sentimentos sobretudo por cuidadores primários; além de uma maior noção do próprio corpo, a qual se desenvolve juntamente ao autoconceito, permitindo uma maior identificação e definição de si. É nessa fase que a criança adquire a consciência da genitália e das diferenças entre os sexos, o que provoca o aparecimento da vergonha e a separação maior de meninos e meninas nas atividades sociais. Tais elaborações infantis coadunam com o desenvolvimento emocional da época, como o aparecimento de sentimentos complexos – amor, ciúme, inveja e infelicidade.

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É importante ressaltar também que, para o desenvolvimento pleno dessas novas capacidades, é necessário estímulo dos adultos responsáveis pela criança. Em casos de um ambiente muito crítico, o pré-escolar pode apresentar inibição ou temores exagerados.

O entendimento acerca desses aspectos é fundamental para a identificação do saudável em pré-escolares; bem como fornece ferramentas para melhor interação e comunicação com crianças em diversos âmbitos, visando ampliar a relação médico-paciente e atender uma necessidade apontada de superação das abordagens tradicionais.

2 OBJETIVO

O presente estudo tem como objetivo analisar e discutir a evolução das crianças de três a seis anos acompanhadas pelo trabalho da disciplina Psicologia Médica I da Universidade Federal de Pelotas em três aspectos: realização de brincadeiras, prática de desenho e presença de desenvolvimento motor.

3 METODOLOGIA

Estudo analítico feito com base em relatos coletados por alunos do 1º semestre do curso de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, através de monitorias realizadas na disciplina de Psicologia Médica I.

A disciplina aborda o contato com pessoas de diferentes faixas etárias, através de uma atividade prática que consiste no contato semanal de alunos com uma pessoa escolhida; visando a troca de experiências, a observação e a identificação de elementos característicos de determinada fase da vida. As observações são feitas semanalmente, através do contato direto entre o aluno e a pessoa observada, onde esse pode acompanhar a rotina da pessoa e captar melhor certos pontos chaves e relevantes para a psicologia daquela faixa etária. Esses encontros são discutidos e expostos a um monitor, um aluno de semestre mais avançado que tem por objetivo instruir e guiar essas observações, em um grupo de aproximadamente cinco alunos, cada um responsável por acompanhar uma faixa etária diferente.

O estudo reuniu relatos sobre crianças da faixa etária de três a seis anos, desde o primeiro semestre do ano de 2015 até o primeiro semestre do ano de 2018. Foram verificados e reunidos, por meio da análise dos relatos, três aspectos fundamentais da faixa etária analisada: realização de brincadeiras, prática de desenho e presença de desenvolvimento motor. Os dados coletados foram digitados em tabela em Microsoft Office Excel 2013 e posteriormente analisados.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao todo, foram analisados 255 relatórios, perfazendo um contingente de 39 crianças. Dessas, 21 (53,8%) eram do sexo masculino e 18 (46,2%) eram do sexo feminino. Todos os observados possuíam de três a seis anos de idade. Dos que possuíam idade específica presente nos relatórios (N=29); seis (20,7%) tinham três anos, cinco (17,2%) tinham quanto anos, dez (34,5%) tinham cinco anos e oito (27,6%) tinham seis anos.

Em relação aos aspectos cognitivos e comportamentais da fase analisados no estudo (brincar, desenhar e desenvolvimento motor); verificou-se que, em três crianças (7,7%), apenas o brincar foi relatado. Em outra criança (2,6%), foi relatada a coexistência do brincar e do desenhar, não sendo relatos aspectos específicos de desenvolvimento motor para a fase. No entanto, o conjunto do desenvolvimento motor e do brincar, foi relatado em 14 observados (35,9%) e, em 21 participantes (53,8%), todos os aspectos foram encontrados durante os relatos.

Figura 1. Intersecção de conjuntos com os resultados, onde: B= brincar, D= desenhar e DM= desenvolvimento motor

Nesse sentido, como em todos os indivíduos observados foi relatada a presença de brincadeiras, torna-se evidente o papel desse ato como elemento crucial no desenvolvimento das crianças estudadas. Além disso, nos indivíduos que apresentaram a realização de desenhos ou sinais de desenvolvimento motor, esses aspectos eram realizados ao passo que o brincar ainda se mostrava presente.

Segundo Winnicot, o modo de pensar “faz de conta” permite a elaboração mais livre e menos conflituosa de aspectos desejados, proibidos ou repudiados de si mesmo. Assim, busca-se entender a

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brincadeira da criança, estudando os seus significados e mensagens, para também compreender a criança que brinca.

Sob este prisma, vemos que os observados masculinos se colocavam nas brincadeiras majoritariamente como heróis, talvez com poderes suficientes para enfrentarem os seus desafios e medos internos ou para escoarem suas frustrações e agressividades. O “faz de conta” também surgiu em outros momentos, como quando meninos assistiam às animações infantis na televisão ou se inspiravam nelas para serem personagens, conforme diz o trecho: “enquanto assistíamos à animação, ele me contou que gostaria de ser um super-herói, mas, como estes não existem, ele queria ser policial”.

De acordo com os estágios cognitivos piagetianos, as brincadeiras de “faz de conta” se classificam como jogos simbólicos. Há ainda outros jogos: os de regras, as quais podem ser tanto espontâneas como transmitidas. O que predominou nos jogos presentes nos relatos foram as regras espontâneas, sendo as regras transmitidas menos incorporadas pelos infantes. Podemos ver isso exemplificado no seguinte trecho: “começamos a jogar. À medida que avançamos mostrando as cartas, ele apresentava novas regras que iam trazendo vantagens para si ou dificultando para mim”.

Visto que em 22 crianças (56,4%) foi relatada a realização de desenhos e que 35 (89,7%) apresentaram sinais claros de desenvolvimento motor, é também evidente o papel importante desses dois aspectos no desenvolvimento dessa faixa etária.

O desenho é uma linguagem que se desenvolve antes da escrita; sendo capaz de incorporar as representações internas dos afetos, medos, esperanças e fantasias das crianças pré-escolares, muito usada em avaliações psicológicas como valiosa fonte de informação acerca do mundo interno do infante. Nota-se ainda, predileção pela figura humana, a qual vai ganhando formas cada vez mais realísticas conforme os pré-escolares se desenvolvem, tendendo a tornar-se em figuras completas ao final dessa fase.

Nos relatos, o desenhar encontra-se em evidência, desempenhando importante papel no relacionamento entre criança e observador, tal como nos sugere os seguintes trechos: “ficamos a maior parte da manhã desenhando e conversando apenas sobre o desenho” e “mostraram-se empolgados com a minha presença e insistiram para desenharmos de novo. O pai disse que os meninos passaram a semana toda desenhando”.

Em relação ao desenvolvimento da motricidade, as crianças da faixa etária de três a seis anos mostraram aprimoramento das atividades finas, aprendendo facilmente com a imitação, em concordância com o visto em um jogo de pirâmide de cartas: “dei a ideia de fazer uma pirâmide com as cartas e tentar tirá-las sem derrubar. Ao perceber que não conseguia montar a sua, demonstrou

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frustração e desinteresse. O ajudei e continuamos a brincar. Ao ver que me saia melhor, começou a copiar minhas técnicas e a melhorar seu desempenho, demonstrando cada vez mais interesse”.

Por fim, vale ressaltar que a maioria das crianças observadas (N=21; 53,8%) apresentou concomitantemente os três aspectos estudados, sendo evidenciadas a alta prevalência e a importância de um desenvolvimento infantil saudável contendo brincadeiras, desenhos e desenvolvimento motor de maneira simultânea.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que, nas crianças estudadas, o aspecto desenvolvimental mais frequentemente

notado é a realização de brincadeiras, seguida do desenvolvimento motor e da realização de desenhos, respectivamente. Não foram encontrados participantes que apenas desenhavam, apenas apresentavam desenvolvimento motor ou apenas possuíam os dois aspectos; sem a realização de brincadeiras.

A presença dos três aspectos concomitantemente na mesma criança foi o conjunto com maior número de observados, reforçando a importância desses âmbitos no desenvolvimento biopsicossocial pré-escolar e na ampla comunicação dessas crianças com o mundo externo.

Ainda, contemplar essas interações verbais e não-verbais do pré-escolar no âmbito pediátrico pode garantir um cuidado em saúde mais integral e eficiente, contribuindo para a promoção de um desenvolvimento infantil saudável.

No entanto, deve-se ressaltar que a amostra utilizada para tal estudo é pequena e que a análise se deu apenas pelo conteúdo de relatórios subjetivos oriundos da interação estudante-criança. Portanto, estudos adicionais são necessários para comprovar e reforçar a análise supracitada.

REFERÊNCIAS

PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. 12a edição. Porto Alegre: Artmed, 2013.

EIZIRIK, C. L.; KAPCZINSKI, F.; BASSOLS, A. M. S. O ciclo da vida humana: uma perspectiva

psicodinâmica. 2a edição. Porto Alegre: Artmed, 2012.

SHAFFER D. R.; KIPP K. Developmental Psychology: Childhood and Adolescence. 8a edição. Belmont, CA: Wadsworth, 2010.

HETHERINGTON E.M.; PARKE R.D.; GAUVAIN M.; et al. Child Psychology: A Contemporary

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BERK L.E. Development through the Lifespan. 4a edição. Boston, MA: Pearson Education, Inc; 2007.

BERNARDI, D. Reflexões acerca do brincar e seu lugar no infantil. Revista Brasileira de

Psicoterapia. Rio de Janeiro. Volume 18, número 1, Páginas 82-92, abril de 2016.

KOHLSDORF, M.; COSTA-JUNIOR, Á. L.. Comunicação em pediatria: revisão sistemática de literatura. Estud. psicol. (Campinas). Campinas, v. 30, n. 4, p. 539-552, Dez. 2013.

Imagem

Figura 1. Intersecção de conjuntos com os resultados, onde: B= brincar, D= desenhar e DM= desenvolvimento motor

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