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Revista
Brasileira
de
CIÊNCIAS
DO
ESPORTE
ARTIGO
ORIGINAL
Capacidade
de
sprints
repetidos
e
níveis
de
potência
muscular
em
jogadores
de
futsal
das
categorias
sub-15
e
sub-17
Juliano
Dal
Pupo
a,∗,
Daniele
Detanico
a,
Francimara
Budal
Arins
b,
Paulo
Cesar
Nascimento
Salvador
b,
Luiz
Guilherme
A.
Guglielmo
ae
Saray
Giovana
dos
Santos
baUniversidadeFederaldeSantaCatarina(UFSC),CentrodeDesportos,DepartamentodeEducac¸ãoFísica,Florianópolis,SC,Brasil bUniversidadeFederaldeSantaCatarina(UFSC),CentrodeDesportos,ProgramadePós-Graduac¸ãoemEducac¸ãoFísica,
Florianópolis,SC,Brasil
Recebidoem14dejunhode2013;aceitoem14deoutubrode2014 DisponívelnaInternetem4defevereirode2016
PALAVRAS-CHAVE
Futsal;
Exercícioanaeróbio; Forc¸amuscular; Fadiga
Resumo Oprincipalobjetivodesteestudofoicompararodesempenhonossaltosverticaise
sprintsrepetidosfeitoscommudanc¸adesentido(SRMS)elinhareta(SRLR)entrejogadoresde
futsal dascategorias sub-15esub-17.Foramavaliados15jogadoresdosexomasculino,que fizeramsaltosverticaisetestesdesprintsrepetidosemlinharetaemudanc¸adesentido.Não foiencontradadiferenc¸anodesempenhodossprintsenoíndicedefadiga(p>0,05)nosSRMS
eSRLR,assimcomonossaltosverticais(p>0,05)entreascategorias.Observou-secorrelac¸ão
significativa(p<0,05)dodesempenhonosSRMSeSRLRcomossaltosverticais.Odesempenho
nossprintsesaltosverticaisfoisimilarentrejogadoresdascategorias.Apotênciamuscularfoi relacionadacomodesempenhonossprints.
© 2016Publicado porElsevier Editora Ltda.em nome deCol´egio Brasileirode Ciˆenciasdo Esporte.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons. org/licenses/by-nc-nd/4.0/). KEYWORDS Futsal; Anaerobicexercise; Musclestrength; Fatigue
RepeatedsprintabilityandmusclepowerlevelsofthefutsalplayersofU15andU17 categories
Abstract Themainpurposeofthestudywastocomparetheperformanceofverticaljumps and shuttle(RSS) andstraightline (RSL) repeatedsprintrunning between futsalplayers of U15andU17categories.Fifteenmalefutsalplayersperformedverticaljumpsandrepeated sprintstestsinstraightlineandchangeofdirection.Therewerenosignificantdifferencesof sprintperformanceandfatigueindex(p>0.05)intheRSSandRSL,aswellasverticaljumps
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:juliano.dp@hotmail.com(J.DalPupo). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.01.010
0101-3289/©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeCol´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte.Este ´eumartigoOpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
74 DalPupoJetal.
(p>0.05)betweencategories.Significantcorrelation(p<0.05)ofsprintperformanceinboth RSSandRSLwithverticaljumpsperformancewereobserved.Sprintsperformanceandvertical jumpsweresimilarbetweenU15andU17categories.Thelevelofmusclepowerwasrelatedto sprintperformance.
©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofCol´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte. Thisisanopenaccess articleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/ licenses/by-nc-nd/4.0/). PALABRASCLAVE Fútbolsala; Ejercicioanaeróbico; Fuerzamuscular; Fatiga
Capacidaddesprintsrepetidosynivelesdepotenciamuscularenjugadoresdefútbol saladelascategoríascadeteyjúnior
Resumen Elprincipalobjetivodelestudiofuecompararelrendimientoenlossaltosverticales yenlossprintsrepetidosconcambiodedirección(SRCD)ylínearecta(SRLR)entrejugadoresde
fútbolsaladelascategoríascadeteyjúnior.Quincejugadoresrealizaronlossaltosverticalesy laspruebasdesprintsconcambiodedirecciónylínearecta.Noseencontróningunadiferencia en elrendimiento de los sprintsy el índice de fatiga (p>0,05) enlos SRCD y losSRLR, así
comoenlossaltosverticalesentrelascategorías.Hubounacorrelaciónsignificativa(p<0,05) delrendimientoenlosSRCDySRLRconlossaltosverticales.Elrendimientoenlossprintsysaltos
verticalesfueronsimilaresentrelascategorías.Elniveldepotenciamuscularserelacionócon elrendimientoenlossprints.
©2016PublicadoporElsevier EditoraLtda.ennombredeCol´egioBrasileirodeCiˆenciasdo Esporte.Esteesunart´ıculoOpenAccessbajolalicenciaCCBY-NC-ND(http://creativecommons. org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
Ofutsalécaracterizadocomoumesporteintermitente,no qualocorremac¸õesdeelevadaintensidadeintercaladaspor brevesperíodosderecuperac¸ão.Análisesdasdemandasde jogo mostramque osjogadores defutsal de elitegastam 20%dotempoemac¸õesdeelevadaintensidade,taiscomo
sprints.Adicionalmente,temsidoverificadoqueos momen-tosdecisivossãonormalmenteprecedidosporsprintsdealta intensidadecomdistânciasmédiasentre10e30m( Barbero--Álvarezetal.,2008).Assim,acapacidadedefazersprints
repetidamente(CSR)éconsideradaumimportanteatributo parao desempenho nofutsal (Barbero-Álvareze Barbero--Álvarez,2003;CastagnaeBarberoAlvarez,2010).
ACSRédeterminadatantopelofornecimentodeenergia das viasanaeróbias quantodas aeróbias (Ross e Leveritt, 2001; Rampinini et al., 2007), além da dependência dos aspectos neuromusculares (Gorostiaga et al., 2009). De acordocom investigac¸õesprévias,apotênciamuscularfoi fortemente correlacionada tanto com o desempenho em
sprints isolados (Sleivert e Taingahue, 2004) quanto com a CSR (Dal Pupo et al., 2010). Todavia, Brughelli et al. (2008)verificaramque existemdiferenc¸asbiomecânicas e neuromuscularesquandoossprintssãofeitoscommudanc¸a desentido (SRMS) ouem linhareta(SRLR). Deacordocom
Mendez-Villanueva,HamereBishop(2008),nosSRMSa
velo-cidadeémenorquandocomparadacomosSRLR,devidoàs
constantesfasesdeacelerac¸ãoedesacelerac¸ão.Alémdisso, umavez que cada mudanc¸ade sentido requer umaforc¸a defrenagemseguidaporumaforc¸adepropulsão,as carac-terísticas neuromusculares podem diferir entreos sprints
feitosemlinharetaecommudanc¸adesentido(Sleiverte
Taingahue, 2004;Brughellietal.,2008; Smirniotouetal., 2008).
As propriedades neuromusculares podem apresentar característicasdiferenciadasdeacordocomaidade,tendo emvistaqueopotencialelásticoeneuraldomúsculo esque-léticoéumapropriedadequepodesermelhoradaaolongo dosanosdetreinamento(Bosco,1999).Assim,pareceque asrelac¸õesentrepotênciamuscularesprintsrepetidossão dependentesdaidadeedosaspectosmaturacionais.Seabra, Maia e Garganta (2001) observaramdiferenc¸as significati-vasnodesempenhodotestecontínuousjumpde15sentre ascategoriassub-14sub-16.Issoindicaqueindivíduoscom idadesuperiorsãocapazesdeproduzirresultados superio-resematividadesqueenvolvamacapacidadedeproduc¸ão depotênciademembrosinferiores.
Noentanto,poucotemsidoinvestigadosobreaCSRea potênciamuscular,considerandoasdiferentesfaixasetárias dofutsal.Nãoháoestudosconclusivosacercadaspossíveis similaridadesoudiferenc¸asentreasmesmas.Ainvestigac¸ão desses parâmetros torna-se relevante na medida em que na prática,muitas vezes,a prescric¸ão dascargas de trei-namentonascategorias debase sedámaisem func¸ãodo empirismoedaexperiênciapessoaldotécnico/preparador físicodoquepropriamenteapartirdeumdiagnósticodas capacidadesdosatletasemcadafaixaetária.As consequên-ciasdessainadequac¸ãodascargasdetreinopodeprejudicar odesempenhodosatletaseatépropiciaroaparecimentode lesõesmusculares, visto que fazemparte de umprocesso deformac¸ãoesportiva.
Diante disso, os objetivos do presente estudo foram: 1)compararodesempenhonossprintsrepetidosenos sal-tos verticais com contramovimento (CMJ) e squat jump
Capacidadede repetidoseníveisdepotênciamuscularemjogadoresdefutsal 75
Tabela1 Característicasdosjogadoresdefutsaldas cate-goriassub-15esub-17
Sub-17(n=7) Sub-15(n=8)
Idade(anos) 16,4±0,5 14,6±0,5
Tempodeprática(anos) 7,2±0,8 5,6±0,8 Massacorporal(kg) 65,3±7,5 61,6±7,4
Estatura(cm) 172,2±8,6 171,2±8,5
Comp.demembro inferior(cm)
84,8±4,4 82,6±3,7
(SJ)entre ascategorias sub-17 e sub-15; 2) correlacionar odesempenhonosSRMSeSRLRcomoCMJeSJ.Asprincipais
hipótesesdestainvestigac¸ão foramqueodesempenho nos
sprintsenossaltosverticaisseriamaiornosatletasda cate-goriasub-17;odesempenhonosSRMSteriacorrelac¸õesmais
elevadascomoSJ,enquantoqueosSRLRteriamcorrelac¸ões
mais elevadas com o CMJ. Essa hipótese é apoiada pelo fatodequetantonosSRMS,devidoàsgrandesacelerac¸ões,
quanto noSJ, a ac¸ão concêntricados extensoresdo joe-lhoédeterminantenagerac¸ãodeforc¸aspropulsivas(Bosco, 1999;SleiverteTaingahue,2004).Poroutrolado,tantonos SRLRquantonoCMJaparticipac¸ãodosmecanismoselásticos
éumdosprincipaisdeterminantesdodesempenho (Bosco, 1999).
Material
e
métodos
ParticipantesParticiparamdestapesquisa,voluntariamente,15jogadores de futsal do sexo masculino de uma equipe de Florianó-polis, Brasil, que participavam de competic¸ões de nível estadual. Os atletas, cujas características estão apresen-tadas na tabela 1, pertenciam às categorias sub-15 e sub-17.
Foram adotados os seguintes critérios de inclusão no estudo:a)treinarcomfrequênciamínimadetrêsvezespor semana;b)termínimodedoisanosdetreinamento sistemá-ticonamodalidade;c)nãoterlesõesqueimpossibilitassem oesforc¸omáximo.Antesdeiniciarosprocedimentosparaa coletadedados,osatletaseosresponsáveisforam escla-recidossobreosobjetivoseosprocedimentosdecoletade dados.Posteriormente,osresponsáveispelosparticipantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).OprojetofoiaprovadopeloComitêdeÉticaem Pes-quisacomSeresHumanosdaUniversidadeFederaldeSanta Catarina(073-2007).
Delineamentodoestudo
Osatletasforamsubmetidosadoisdiasdeavaliac¸ões, sepa-radaspelointervalode48h(segundaequarta-feira,período vespertino),parafazerdoistestesdesprintsrepetidosde 25m,emordemaleatória,umemlinhareta(SRLR:6×25m)
eooutrocomumamudanc¸adesentidode180◦ [SR
MS:6x
(2×12,5m)].Noprimeirodia,previamenteàexecuc¸ãodos
sprints repetidos,os jogadores fizeramos saltos verticais SJ e no segundodia, precedente aossprints, os CMJ. No
primeirodiatambémforamtiradasmedidas antropométri-casde massa corporale estatura para caracterizac¸ão dos participantes.Paraisso,usou-seumabalanc¸a(Plena®,São
Paulo,Brasil),calibradaemmiligramas,umestadiômetroe umafitamétrica(Sanny®,SãoBernardodoCampo,Brasil),
amboscomresoluc¸ãode1mm.
As avaliac¸ões foram feitas durante a temporada com-petitiva da periodizac¸ão e foram incorporadas na rotina diáriadetreinamentodaequipe.Osparticipantesnão fize-ramtreinamentonas 48h precedentes ao primeirodia de avaliac¸ãoeapenastreinoleve(técnico/tático)entreo pri-meiroe segundodiadeavaliac¸ão.Todosforamorientados acompareceralimentadosehidratadosparaasavaliac¸ões. Osatletasficaramlivres paraingeriráguanodecorrerdos testes.
Protocolodossaltosverticais
Para determinar a potência muscular de membros infe-riores os atletas fizeram três saltos verticais CMJ e três SJ,de acordocom o protocolodescritoem Bosco (1999). Respeitou-seumminutodeintervaloentrecadatentativa. Ossaltosforamfeitossobreumaplataformadeforc¸a piezo-elétrica(QuattroJump,modelo9290AD,Winterthur,Suíc¸a), comfrequênciadeaquisic¸ãode500Hz.Usou-seaalturado salto(desempenho) comoindicadordosníveisdepotência musculardemembrosinferiores,considerou-separaanálise ovalor médio das três tentativas.O cálculodaaltura foi feitocomosoftwareQuattroJumppormeiodométodode duplaintegrac¸ãodaforc¸adereac¸ãodosolo.
Protocolodesprintsrepetidos(SRMS eSRLR)
Antesdaexecuc¸ãodosprotocolosdeSRMSeSRLRosatletas
fizeram umalongamento estático nos membros inferiores comênfaseparaosmúsculosanteriores,posteriorese medi-ais dacoxa. Em seguida umaquecimento constituído por corridadebaixaintensidade(trote∼7km/h)durante5min, seguidopor3-4sprintsde20m,conduzidospelopreparador físicodaequipe.Oiníciodasavaliac¸õesdossprintsdeu-se 10minapósoaquecimento.
O protocolo dos SRMS foi composto por seis sprints de
25m feitos com uma mudanc¸a de sentido de 180◦ após
12,5m[6 x(2×12,5m)],com períododerecuperac¸ãode 25sentrecadarepetic¸ão.JáosSRLRforamcompostospor
seis sprints de 25m executados em linha reta (6×25m) comperíododerecuperac¸ãode25sentrecadarepetic¸ão. Osprotocolos desprintsrepetidos foramfeitosdeacordo comomodelopropostoporBuchheitetal.(2010).Os par-ticipantesforaminstruídosa completartodos ossprintso maisrapidamentepossível,foramfeitosincentivosverbais duranteaavaliac¸ão.Osatletasfizeramostestesempisode cimentopolidocomtênisespecíficosdefutsal.Paracapturar ostemposdossprintsforamusadasduasfotocélulas eletrô-nicas Speed Test 4.0 (Cefise, modelo Speed Test 6.0, São Paulo,Brasil). Foramconsideradoscomo variáveisde per-formancenossprintsomelhortempo(MT),otempomédio (TM)eoíndicedefadiga(IF),calculadopormeiodaequac¸ão IF=[( 6 TEMPOS/MT * 6) -1] * 100 (Fitzsimmons et al., 1993).
76 DalPupoJetal.
Análiseestatística
Osdadosforamapresentadospormeiodeestatística descri-tivanaformademédia±desvio-padrão(DP).Anormalidade dosdadosfoitestadamedianteotestedeShapiro-Wilk,o qualapontounormalidadeparatodasasvariáveis(p>0,05). Assim,paracomparar ostempos (MT e TM) e oíndice de fadigamensuradosnosSRMSeSRLReodesempenho(altura)
nossaltosCMJeSJentreascategoriassub-17esub-15foi aplicadootestetparaamostrasindependentes. Adicional-mente, calculou-se o tamanhodo efeito(effect size) das variáveisentreascategoriascomosoftwareG*Power3.1. Adotou-seoseguintecritériodeclassificac¸ão:<0,41=efeito pequeno;0,41-0,7=efeitomoderado;>0,70=efeitogrande (Cohen, 1988). Para verificar a correlac¸ão entreo tempo dossprints e o desempenho nos saltos verticais foi usada acorrelac¸ãolineardePearson. Asanálisesforamfeitasno StatisticalPackageforSocialSciences(SPSSparaWindows), versão15.0.Oníveldesignificânciaadotadoparaasanálises inferenciaisfoip<0,05.
Resultados
Natabela2estáapresentadaacomparac¸ãodostemposedo índicedefadiganosSRMSeSRLRentreascategoriassub-17
e sub-15. Não foram observadas diferenc¸as no desempe-nhonossprints entreascategorias.Todas asvariáveisnos SRMS,bemcomooíndicedefadiganosSRLR,apresentaram
tamanhodeefeito‘‘pequeno’’’ entreascategorias.Já os tempos(TMeMT)nosSRLRapresentaramtamanhodeefeito
‘‘grande’’entreascategorias.
Acomparac¸ãododesempenhonoCMJeSJentreas cate-goriassub-17 e sub-15está apresentada na tabela 3.Não foramobservadasdiferenc¸assignificativas nodesempenho entreascategoriasparaambosossaltosverticais.Contudo, observou-seumefeito moderado na comparac¸ãoentre as categoriasnoSJeefeitograndenoCMJ.
Osvaloresdecorrelac¸ãodostemposobtidosnosSRMSe
SRLRcomodesempenhonossaltosverticaisestãodescritos
na tabela 4. Verificou-se correlac¸ão significativa entre os
sprintseossaltosverticais.Noentanto,ascorrelac¸õesmais
Tabela2 Comparac¸ãodostempose doíndice defadiga dossprintscommudanc¸adesentidoelinharetaentreas categoriassub-17esub-15
Sub-17(n=8) Sub-15(n=7) p TE SRMS TM(s) 5,30±0,20 5,40±0,26 0,20 0,40 MT(s) 5,13±0,22 5,23±0,25 0,21 0,39 IF(%) 3,26±0,91 3,23±1,95 0,48 0,03 SRLR TM(s) 3,91±0,15 4,07±0,23 0,07 0,82 MT(s) 3,73±0,12 3,89±0,22 0,06 0,90 IF(%) 4,66±1,82 4,69±2,28 0,49 0,01
SRMS,sprintsrepetidoscommudanc¸adesentido;SRLR,sprints
repetidosemlinhareta;TM,tempomédio;MT,melhortempo; IF,índicedefadiga;TE,tamanhodoefeito.
Tabela 3 Comparac¸ão dos saltos verticais entre as categoriassub-17esub-15
Sub-17(n=8) Sub-15(n=7) p TE CMJ(cm) 45,71±5,05 41,50±5,56 0,07 0,79 SJ(cm) 40,51±5,38 37,75±2,40 0,13 0,59
CMJ,saltocomcontra-movimento;SJ,squatjump;TE,tamanho doefeito.
Tabela4 Correlac¸ãoentreotempodossprintseaaltura nossaltosverticais
CMJ SJ R p r p TMMS −0,66 0,01 −0,63 0,02 MTMS −0,58 0,03 −0,63 0,02 TMLR −0,87 <0,01 −0,63 0,02 MTLR −0,83 <0,01 −0,68 0,01
TM,tempomédio;MT,melhortempo;MS,mudanc¸adesentido; LR,linhareta;CMJ,countermovementjump;SJ,squatjump.
elevadasforamobservadasdoCMJcomoTMLReMTLR,oque
confirmouumasdashipótesesdesteestudo.
Discussão
Osobjetivosdopresenteestudoforamcompararo desem-penho nos sprints repetidos e nos saltos verticais (CMJ e SJ) entreas categorias sub-17 e sub-15 e correlacionar o desempenho nos SRMS e SRLR com o desempenho no CMJ
e SJ. Em relac¸ão ao primeiro objetivo, nãoforam obser-vadasdiferenc¸as na maioria dasvariáveis dedesempenho nos sprints e nos saltos verticais entre as categorias. Estimava-se que as variáveis investigadas neste estudo fossem superiores nos atletas da categoria sub-17. Essa hipótese foi ancorada no fato de que, teoricamente, as cargas detreino deveriamseguirumplano depreparac¸ão em longoprazo (i.e.,planodeexpectativaesportiva),em queevoluiriamgradativamenteatéoatletaatingir onível profissional. Durante esse processo, ocorre o desenvol-vimento e aprimoramento na condic¸ão das capacidades físicas (Smith, 2003). Outra sustentac¸ão teórica para a hipótese foi o estudode Mendez-Villanuevaetal. (2011), emquediferenc¸assignificativasforamobservadasnotempo médioemSRLRde30mentreascategoriasdejogadoresde
futebol(sub-14<sub-16<sub-18).
O principal aspecto que poderia explicar a similari-dade nasvariáveisentreascategoriasnopresenteestudo provavelmente esteja ligado às divergências entre idade cronológica e biológicana divisão delas.Contudo, nãofoi possível avaliar a idade maturacional dos atletas neste estudo, oqueimpossibilita testaressahipótese. Demodo geral, as categorias de base de diversos esportes, como o futsal, são divididas pela idade cronológica (ano de nascimento) dos atletas, que não considera aspectos de desenvolvimento maturacional. É de consenso na litera-turaqueodesempenhonosesportesestáligadoaoestado maturacional dos atletas(Malina; Bouchard;Bar-Or, 2004;
Capacidadede repetidoseníveisdepotênciamuscularemjogadoresdefutsal 77
Figueiredo et al., 2009), principalmente a partir dos 13 anos,torna-semaissignificativoentre14e16anos(Malina; Bouchard;Bar-Or,2004),idadequecompreendeafaixa etá-riadamaioriadosatletasinvestigados.Essafasepubertária estárelacionadaaomaiordesenvolvimentodaaptidão aeró-bia(Seabra;Maia;Garganta,2001;Santos,2009),anaeróbia (Beneke;Hutler; Leithaüser, 2007) e à produc¸ão deforc¸a muscular (Seabra; Maia; Garganta, 2001; Santos, 2009). Outroaspectoquepodeterinfluenciadonosresultadosdo presente estudo é o pequeno número de sujeitos avalia-dos em cada categoria, o que podeser considerado uma limitac¸ão.
A ausência dediferenc¸as nas variáveis dedesempenho entre as categorias é observada em ambos os modelos de sprints repetidos (SRLR ou SRMS). Além de existirem
diferenc¸as biomecânicas e neuromusculares entre esses modelos,Buchheit etal. (2010) apontamque osSRMS são
dependentestambémdecapacidadesmotoras coordenati-vas,taiscomoagilidadeecoordenac¸ão.Essascapacidades, segundo Figueiredo et al. (2009), são mais influenciadas pelotreinamentodoquepropriamentepelaidade.Isso tal-vez possa explicar o fato de o TM e MT nos SRMS terem
valoresmaispróximosentreascategorias(p=0,20e 0,21, respectivamente; TE pequeno<0,40). Já nos SRLR houve
maiortendênciaparasuperioridadenacategoriasub-17 des-sasvariáveis(p=0,07;0,06,respectivamente)econfirmada pelograndetamanhodoefeitoencontradanoMT(TE=0,90) eTM(TE=0,82)entreascategorias.
Em relac¸ão ao desempenho nos saltos verticais, não foramobservadas diferenc¸as entreas categoriassub-15 e sub-17.Porém,aoanalisarotamanhodoefeitoobservou-se grandeefeitodoCMJentreascategorias,oqueevidencia certas mudanc¸as em func¸ão da idade. Silva etal. (2012)
não encontraram diferenc¸as significativas no CMJ, tanto entre jogadores de futebol das categorias sub-17, sub-20 eprofissionalquantoentreatletasdefutsaldascategorias sub-20eprofissional.Poroutrolado,Figueiredoetal.(2009)
demonstraramqueodesempenhonoSJeCMJfoi significati-vamentesuperioremjogadoresdefutebolmaismaturadose nafaixade13-14anos.Taisresultadospodemindicarqueos níveisdepotênciamuscular sãodependentes dacategoria epossivelmentedodesenvolvimentomaturacional, devido principalmenteaoaumentodaáreadesessãotransversadas fibrasmuscularesedoaprimoramentodopotencialelástico eneuraldomúsculoesquelético(Bosco,1999).
Outroachadoquemerecedestaquenesteestudofoique oCMJapresentoucorrelac¸ãoelevada(r>0,80)comas variá-veis obtidas nos SRLR (TM e MT). Issoconfirma a segunda
hipótese desta pesquisa, que apontava maior correlac¸ão do CMJ com o SRLR. Tal resultado está em concordância
comestudosprévios,quetambémidentificaramcorrelac¸ões (r=0,60)dodesempenhonoSRLRde30mcomo
desempe-nho noCMJ (Wisloffet al.,2004),bem como correlac¸ões dodesempenhonoCMJcomoMT(r=0,60)e TM(r=0,54) emsprintsrepetidosde35mfeitosemlinhareta(DalPupo etal.,2010).Ambos osestudosmencionados foramfeitos comjogadoresdefutebol.
Essa hipótese acimamencionada foi apoiada pelo fato de que tanto nos SRLR quanto no CMJ a participac¸ão dos
mecanismoselásticoséumdosprincipaisdeterminantesdo desempenho.Emsprintsemlinhareta,principalmente fei-tosemdistânciasmaiores(aproximadamente30m),oatleta
permanece com uma postura corporal mais ereta, sendo capazdepotencializar oselementos elásticos domúsculo esquelético(Mendez-Villanueva;Hamer;Bishop,2008). Nes-tescasosevidencia-sequeavelocidadealcanc¸adanosSRLR
está mais relacionada à eficiência do ciclo alongamento--encurtamento dos músculos agonistas do movimento, a exemplo dos extensores doquadril (Sleivert e Taingahue, 2004).Aeficiênciadessemecanismosedeveprincipalmente aoníveldestiffnessdoconjuntomúsculo-tendíneo,oqual exerce um fator importante na regulac¸ão do desenvolvi-mento de forc¸a muscular durante a corrida (Kubo et al., 2007).
Pode-se observar que as variáveis TM e MT obtidas durante a execuc¸ão dos SRMS apresentaram correlac¸ões
moderadascomoCMJ.Esseachadoassemelha-seaosdados deWisloffetal.(2004),queencontraramumr=0,72para a correlac¸ão entre o desempenho no CMJ e nos SRMS de
10m em atletasde futebol. Por sua vez, Brughelli et al. (2008)observaramumvalormédiodecorrelac¸ãode apro-ximadamente0,40 entrea altura dos saltos verticais e a performanceemtestedesprints paraamaioriados estu-dos analisados em seu trabalho de revisão. Ferrari Bravo et al. (2008) demonstraram que as mudanc¸as de sentido dos sprints repetidos, assim como nos SRLR, exigem dos
atletaselevados níveisdepotênciamuscular paraos atle-tasconseguirem desacelerar a umavelocidade superior a 20km.h−1e,na sequência,voltaremaacelerar.
Adicional-mente,Brughellietal.(2008)eFerrariBravoetal.,2008) destacam a importância da potência muscular de mem-brosinferioresnosSRMS,nosquaisserequerumaforc¸ade
frenagem seguida de uma forc¸a propulsiva, fatores esses que podem determinar o desempenho nessas ac¸ões. Esse fatotambémtem sidodemonstrado por Gorostiaga etal. (2009),aoencontraremcorrelac¸õesentresprintsrepetidos eaproduc¸ãodepotêncianomeio-agachamentoenoCMJ emjogadoresdefutsalefutebol.
Ascorrelac¸õesobservadasentreodesempenho noSJe asvariáveisTM e MT obtidasnos dois modelosde sprints
(SRLReSRMS)apresentaramcoeficientesmoderadose
simila-res,contrariaram,emparte,umadashipótesesdopresente estudo.Estimou-sequeoSJestaria maisfortemente rela-cionadocom o desempenho noSRMS, visto que essesalto
mensura a potência muscular com somente a fase con-cêntrica do movimento, o que reflete a habilidade de recrutamentoneural doatleta (Bosco, 1999). Além disso, nosSRMS,devidoàscurtasdistânciasegrandesacelerac¸ões,
aac¸ãoconcêntricadosextensoresdojoelhoédeterminante na gerac¸ão de forc¸as propulsivas (Sleivert e Taingahue, 2004).
Resultados semelhantes foram apresentados em estu-dos prévios, em que a potência máxima produzidano SJ mostrou-semoderadamentecorrelacionada com o desem-penhoemSRLRcomasdistânciasde5m(r=−0,64)(Sleivert
e Taingahue, 2004), 20m (r=−0,47) (Häkkinen, 1989) e 60m(r=−0,63)(Bosco;Komi;Ito,1981).Domesmomodo,
Smirniotouetal.(2008)verificaram,pormeiodeuma aná-lisederegressãomúltipla,queaperformanceemumSRLRde
30médependente,principalmente,dodesempenhonoSJ. Essasrelac¸õesindicamqueaac¸ãoconcêntricadosmúsculos extensoresdojoelhorequisitadasnoSJtambémé conside-radadeterminantenagerac¸ãodeforc¸aspropulsivasdurante
78 DalPupoJetal.
Conclusão
Odesempenhonosdoismodelosdesprintsenossaltos ver-ticais não apresentou diferenc¸a entre as duas categorias analisadas,sugerindoqueaidadecronológicapodenãoser ométodo maisadequado paraavaliar o estadode desen-volvimentoneuromusculardosjogadoresdefutsal.Todavia, o desempenho nos sprints em linha reta, assim como no CMJ,parece sofrer mudanc¸as (grande tamanhodoefeito) emfunc¸ãodaidade.Ainda,épossíveldestacarqueonível depotênciamuscularpodeserconsideradoumdosaspectos importantesparajogadoresdefutsal,visto queestá rela-cionadoao desempenhoem umsprintenacapacidadede
sprintsrepetidos,tantoquandofeitosemlinharetaquanto commudanc¸adesentido.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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