• Nenhum resultado encontrado

Área Temática: Globalização e regionalização

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Área Temática: Globalização e regionalização"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

Área Temática: Globalização e regionalização

A CRIAÇÃO DA UNIÃO DE NAÇÕES SUL AMERICANAS (UNASUL) NO CONTEXTO DO GOVERNO DE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (2003-2010)

THE CREATION OF UNION OF THE SOUTH AMERICAN NATIONS IN THE CONTEXT OF LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA GOVERMENT’S (2003-2010)

Lucas Bonatto Diaz1 Rafael Balardim2

RESUMO

Busca-se mostrar neste trabalho, como a criação da UNASUL (União de Nações Sul Americanas) foi uma evolução do processo de integração no continente e como isso refletiu na política externa do governo Lula (2003-2010). O objetivo é apresentar a UNASUL, em sua formação política e diplomática e mostrar como este processo de integração buscou unificar a posição dos países, frente ao Sistema Internacional. Além disso, a UNASUL consolidou a cooperação no continente em áreas como infraestrutura, defesa, energia entre outras.

Palavras chave: UNASUL; Integração sul-americana; Política Externa Brasileira; Governo Lula;

Desenvolvimento.

ABSTRACT

It seeks to show in this paper how the creation of UNASUL (Union of South American Nations) as an evolution of the integration process in the continent, in the context of the Lula government and what this process reflected in its foreign policy. As an objective, this paper seeks to present UNASUR, in its political and diplomatic formation, and that this process of integration unified the discourse of the countries. In addition, it consolidated the continent against the post-Cold War world, cooperating in areas such as infrastructure, defense, energy and others.

Keywords: UNASUL; South American integration; Brazilian foreign policy; Government Lula; Development.

1 INTRODUÇÃO 1.1 Delimitação do tema

A UNASUL (União de Nações Sul Americanas) criada em 2008 e tendo seu tratado constitutivo entrado em vigor no ano de 2011, foi um marco na história da integração sul-americana. A busca por autonomia na região e a concertação deste discurso, desencadearam no processo criando a organização aos moldes de um projeto de integração avançado, como outros que existem. Começando pela esfera política e englobando diversos pontos que levariam ao desenvolvimento econômico e social da região.

Neste trabalho, busca-se mostrar o contexto da criação da UNASUL durante o governo Lula (2003-2010), o que representou e o que a UNASUL representa para a construção da identidade sul-americana, frente ao Sistema Internacional. Procura-se também, mostrar as transformações que o presidente Lula, junto com seu chanceler, Celso Amorim, provocou com o combate a pobreza e a boa relação com os países sul-americanos em um

1 Graduando do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). E-mail:

lucasdiaz_12@hotmail.com

2 Professor Adjunto de Relações Internacionais (UNIPAMPA). Doutor em Estudos Estratégicos Internacionais

(UFRGS). Pesquisador associado do NERINT/UFRGS (Núcleo Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais). Coordenador do GEELAm (Grupo de Estudos Estratégicos Latino-Americanos). E-mail: rafaelbalardin@unipampa.edu.br

(2)

contexto de condições internacionais favoráveis. Isso por meio de uma política externa com aspirações de potência regional e global.

1.1.2 Problemática

O problema que será discutindo neste trabalho consiste em analisar como a UNASUL se diferencia dos demais processos anteriores, que por meio do fortalecimento do bloco perante ao Sistema Internacional, busca o alinhamento dos países do continente pela busca do desenvolvimento.

Sendo o Brasil, durante o governo Lula, um líder regional que apostou na cooperação Sul-Sul, foi possível a criação do bloco visando a inserção internacional, diferente da praticada por governos anteriores. Garantiu, acima de tudo, a estabilidade na região sul-americana como condição para a retomada do desenvolvimento socioeconômico.

1.1.3 Objetivos

O objetivo deste trabalho é analisar a UNASUL como uma organização que, diferente de processos de integração latino-americanos anteriores, buscou pela via político-diplomática, concertar e unificar o discurso e as ações dos países sul-americanos em prol do desenvolvimento e estabilidade do continente.

1.1.4 Justificativa

Neste trabalho, analisaremos os objetivos do Brasil na UNASUL e suas ações para construir a estabilidade do sul-americana, fomentando o desenvolvimento e fortalecendo a região frente a influências externas. Dessa forma, o projeto integracionista da UNASUL corresponde a estratégia de inserção sul-americana baseada na concertação política e cooperação econômica, aproveitando os potenciais da região.

Após a onda neoliberal que se espalhou pela América do Sul na década de 1990, governos de centro-esquerda chegaram ao poder em diversos países da América do Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Uruguai e Venezuela), com um viés reformista e progressista que representou um momento de grande otimismo na primeira década do século XXI. O Brasil, por exemplo, atingiu bons índices de desenvolvimento econômico e reduziu as desigualdades sociais, colocando-o na posição de liderança regional. Sendo assim, se faz necessário o estudo deste processo de concertação política, que visa a integração e a cooperação econômica para o crescimento e desenvolvimento social. Também se deve ressaltar a posição de liderança brasileira na América do Sul, superando rivalidades e colocando-se como um ator global influente.

Primeiramente, ira se apresentar algumas contribuições teóricas para a temática da integração regional. Logo depois, o método usado neste trabalho para buscar compreender o processo de integração da UNASUL. Na análise e discussão dos resultados, desenvolveremos a história da integração sul-americana, suas evoluções, e o surgimento da UNASUL chegando ao momento atual. Enfim, na conclusão será abordado alguns avanços recentes do bloco e as perspectivas para o futuro do processo de integração.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O processo de integração da América Latina, possui uma vasta gama de estudos, em diferentes áreas. No qual, especialmente o Mercosul e a UNASUL, são processos de integração que possuem uma literatura muito rica.

(3)

Amado Cervo e Clodoaldo Bueno (2011), por exemplo apontam a UNASUL como diferente dos processos anteriores, por ser formado primeiramente na esfera política, em uma busca de diminuir todas as rivalidades históricas e assimetrias do continente. Outros autores, como a diplomata Ana Patrícia Abdul-Hak (2013), vê a UNASUL, e em especial o Conselho de Defesa Sul Americano, com muito otimismo. Pois além de diminuir as desconfianças entre os membro, existe uma real cooperação entre os países envolvidos no âmbito de defesa. Além disso, para o Brasil, aponta a diplomata, a estabilidade do continente é fundamental para o projeto de potência emergente.

Ainda muito relevante, a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL) que incentiva o processo de industrialização e desenvolvimento do continente desde sua criação, possui uma vasta literatura de diversos pesquisadores que apontam dados relevantes. Em seus estudos, a UNASUL apresenta-se como um bloco vasto em recursos naturais, um grande mercado consumidor e um PIB entre os maiores do mundo.

3 MÉTODO

A método usado neste trabalho terá como método hipotético-dedutivo. Buscando analisar através de procedimentos históricos o início deste processo de integração que teve até o presente momento seu auge na UNASUL. Por meio de revisão bibliográfica, fontes primárias como o Tratado Constitutivo da UNASUL, documentos diplomáticos e discursos de chanceleres e presidentes dos países sul-americanos.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O histórico da integração sul-americana tem seus primórdios no século XIX, ainda quando os Estados sul-americanos estavam em plena formação e até mesmo ainda em suas guerras de independência. Podemos apontar, inicialmente o congresso do Panamá (1826) e o bolivarianismo de Símon Bolívar como o percursor do processo de integração latino-americano. Ainda no século XIX, os países sul-americanos entraram ebulições políticas internas e organizando seu papel na divisão internacional do trabalho que se iniciava no século XX com a hegemonia norte-americana logo após a I Guerra Mundial.

No pós-II Guerra Mundial, a busca pelo desenvolvimento e industrialização dos países foi profundamente influenciada pelo pensamento da CEPAL, que defendia que o incentivo a integração levaria ao desenvolvimento das nações subdesenvolvidas do continente, além de sua identificação geográfica, cultural e história colonial. Desde então, esse processo desencadeou inúmeras tentativas de integração regional, como a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) em 1960; o Pacto Andino (1969); Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) em 1980; Mercosul no ano de 1991, de grande relevância nesse processo de integração sul-americano; a Área de Livre Comércio Americana (ALCSA) em 1993; o processo de Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA)em 2000 e a Comunidade Sul-Americana de Nações (CSN) em 2004, que evoluiu em 2008, para um marco na história da integração latino-americana, como União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).

A UNASUL teve seu tratado constitutivo aprovado no ano de 2008, em Brasília, pelas 12 nações sul-americanas, entrando em vigor somente em 2011. A UNASUL cada vez mais consolidada cria uma estrutura forte que faz frente aos Estados Unidos e a União Europeia, pois coordena o discurso sul-americano e fomenta o desenvolvimento econômico, a segurança e fundamentalmente a redução da desigualdade social na América do Sul.

Em números, o PIB da UNASUL representa 5,9% do PIB mundial, e uma população que representa 68% da América Latina, chegando ao numero 391.841.958 habitantes em

(4)

2011, quando seu tratado constitutivo entrou em vigor e representa uma das regiões mais urbanizadas do mundo, segundo a CEPAL. Além disso, a América do Sul conta com uma das maiores reservas de minerais do planeta, ainda segundo os números da CEPAL são: 65% das reservas de lítio, 42% de prata, 38% de cobre, 33% de estanho, 21% de ferro, 18% de bauxita e 14% de níquel, com informações geológicas parciais. No ano de 2011, a América do Sul foi a segunda zona do mundo com maior quantidade de petróleo com 20% das reservas mundiais, somente atrás do Oriente Médio. A estrutura da UNASUL possui quatro órgãos principais: o Conselho de Chefes de Estado, o Conselho de Ministros das Relações Exteriores, o Conselho de Defesa Sul-Americano e o Conselho de Delegados. Por meio de uma postura democrática se busca reduzir as assimetrias e desconfiança dos países da região, guiados pela identidade sul-americana e pelo desenvolvimento do continente.

Com a chegada ao poder de governos de centro-esquerda na região foi possível a emergência de uma nova coalizão política capaz de respaldar uma agenda de perfil logístico (CERVO; BUENO, 2011) e desenvolvimentista. Merece destaque o governo brasileiro, que em números trouxe mudanças significativas para o desenvolvimento social do país. Segundo Abdul-Hak (2013) “o Brasil diminuiu a pobreza em 50,6% de junho de 2003 a dezembro de 2010, em 2011, o país havia cumprido o objetivo de reduzir a pobreza pela metade.”

A política externa brasileira “ativa e altiva”, batizada por Celso Amorim (OLIVEIRA; SILVEIRA, 2015), buscou novamente a inserção brasileira de forma autônoma, cooptando os países vizinhos para uma concertação ativa em fóruns multilaterais. A busca por maior igualdade entre as nações e a crítica as estruturas internacionais foram alvo da diplomacia brasileira. “A politica externa brasileira do século XXI atualiza o passado ao mesclar equilibradamente as dimensões Norte-Sul e Sul-Sul.” (PECEQUILLO, 2008)

Assim, o interesse brasileiro na formação da UNASUL indica uma forma de estabilização da democracia e da paz na América do Sul, livre de interferência externa, dando espaço para a projeção brasileira como líder do continente, no contexto histórico, com forte expansão comercial e buscando o status de potência no século XXI. Embora o governo Lula seja de viés reformista, sua política interna e seus números de combate a pobreza, desemprego e a desigualdade social, e principalmente, a clausula democrática, foram passados para a UNASUL, por influência brasileira. Guiado pelo vetor do desenvolvimentismo, o governo brasileiro viu na criação da UNASUL a oportunidade de consolidação e aproximação com os países vizinhos, facilitando o diálogo, fortalecendo a região e gerando estabilidade política, para melhor inserção internacional da região.

5 CONCLUSÃO

A UNASUL se consolidou como um bloco que criou identidade sul-americana que vinha sendo um processo ainda que de forma lenta, com muitas oposições internas dentro dos países do continente. Fatores como desavenças históricas, pós um projeto mal sucedido de privatizações, abertura total ao capital financeiro e alinhamento subserviente ao Norte, uniu na virada do século o pensamento político da América do Sul.

Sendo assim, a oportunidade da criação de uma unidade que fosse uma forma dos países dialogarem, diminuírem suas desconfianças e reduzirem as assimetrias. Consequentemente, inserindo a América do Sul como um subcontinente forte perante aos demais blocos no Sistema Internacional.

A projeção brasileira na UNASUL, é um reflexo do contexto histórico e político que a América do Sul estava entrando e que o Brasil se posicionava como líder. O viés politico, a expansão econômica e as condições internas e externas durante o governo Lula alinharam-se para que o Brasil se inserisse no Sistema Internacional como uma potência emergente em pleno desenvolvimento.

(5)

Embora o projeto da UNASUL, seja um projeto recente, sua presença já esta nas Nações Unidas (ONU) como observadora, sua contribuição para a paz e a democracia no continente é de muita relevância. Na segunda década do século XXI, governos conservadores retomaram o poder na América do Sul, entretanto o projeto integracionista representado pela UNASUL permanece como um canal político e diplomático da região. A UNASUL se mantém consolidada perante as nações sul-americanas como um fórum permanente de diálogo e concertação política. Consequentemente, tal processo tem impacto direto no desenvolvimento social e econômico dos países membros.

REFERÊNCIAS

ABDUL-HAK, Ana Patrícia Neves Tanaka. O Conselho de Defesa Sul-Americano

(CDS): objetivos e interesses do Brasil. Brasília: FUNAG, 2013.

CERVO, Amado Luiz; BUENO, Clodoaldo. História da Política Exterior do

Brasil. Brasília: Ed. Unb, 2011.

OLIVEIRA, G. Z. ; SILVEIRA, I. L. De Lula a Dilma: Mudança ou continuidade na política externa brasileira para a América do Sul? Revista de Estudos Internacionais (REI), v. 6, n°. 2, p.134-159, 2015.

ALTOMONTE. H. CEPAL (org). Recursos Naturais na União das Nações

Sul-Americanas: Situação e tendências para uma agenda de desenvolvimento regional.

Santiago? Nações Unidas, 2013.

PECEQUILO, C. S. A política externa do Brasil no século XXI: os eixos combinados de cooperação horizontal e vertical. RBPI. Brasília , v. 51, n. 2, p. 136-156, 2008.

UNASUL. Tratado Constitutivo da UNASUL. Disponível em:

http://unasursg.org/PDFs/unasur/tratado-constitutivo/Tratado-Constitutivo-versionportugues.pdf Acesso em: 14 set. 2017.

Referências

Documentos relacionados

preciso, você será encaminhado pelo médico para outros locais, por exemplo, um hospital. Já em casos de emergências, vá direto ao pronto-socorro. Se o seu caso exigir exames

Em caso de administração concomitante, o médico deve monitorar o tempo de protrombina com maior frequência e realizar ajuste posológico da terapia anticoagulante durante o

Um estudo realizado na Espanha com pacientes com LAHIV demonstrou que o sexo influencia tanto no padrão de lipodistrofia quanto no perfil de risco cardiovascular, sendo a

Formell, nicht sehr gebräuchlich, Name des Empfängers bekannt.

5.2 Importante, então, salientar que a Egrégia Comissão Disciplinar, por maioria, considerou pela aplicação de penalidade disciplinar em desfavor do supramencionado Chefe

No entanto, quando se eliminou o efeito da soja (TABELA 3), foi possível distinguir os efeitos da urease presentes no grão de soja sobre a conversão da uréia em amônia no bagaço

• http://www.cbca-acobrasil.org.br/ : site do Centro Brasileiro de Construção em Aço – site com várias apostilas/manuais sobre dimensionamento e execução de estruturas

Alguns estudos corroboram com o relato do au- tor quando sinalizam, em seus achados, que são as mulheres que apresentam mais consciência ambiental (Banerjee; Mckeage, 1994; Roberts,