História natural da infecção HIV
Vítor Manuel Jorge Duque
Serviço de Doenças infecciosas
Hospitais da Universidade de Coimbra
Síndroma da Imunodeficiência Adquirida
Primeiros casos em homossexuais masculinos5 de Junho de 1981
5 casos de PPC em homossexuais masculinos Los Angeles
3 de Julho de 1981
26 casos de uma nova síndrome (SK) NY, Califórnia
“SK e infecções oportunistas em pessoas previamente saudáveis”
18 de Julho de 1981
Surto no sul da Califórnia (SK e PPC) Califórnia
MMWR - Morbidity and Mortality Weekly Report CDC - Centers for Disease Control and Prevention
Síndroma da Imunodeficiência Adquirida
Primeiros casos em heterossexuais9 de Julho de 1982
Primeiros casos em naturais do Haiti
16 de Julho de 1982
Primeiros 3 casos em doentes com hemofilia (PPC)
24 de Setembro de 1982
Síndroma da imunodeficiência adquirida, usado pela 1ª vez
Substituindo a designação “Gay-related immune deficiency” GRID
Outubro de 1982
5 casos em mulheres, uma com uma única exposição heterossexual Primeiro caso admitido de possível transmissão heterossexual
MMWR - Morbidity and Mortality Weekly Report CDC - Centers for Disease Control and Prevention
Síndroma da Imunodeficiência Adquirida
Hipótese da existência de um agente infeccioso5 de Novembro de 1982
Precauções para o pessoal clínico e de laboratório
10 de Dezembro de 1982
Primeiro caso associado com transfusão numa criança (20 meses)
17 de Dezembro de 1982
Transmissão vertical em 4 crianças (NY, NJ, Califórnia)
7 de Janeiro de 1983
Transmissão heterossexual para duas parceiras de toxicodep ev
MMWR - Morbidity and Mortality Weekly Report CDC - Centers for Disease Control and Prevention
Síndroma da Imunodeficiência Adquirida
A disseminação7 de Janeiro de 1983
Primeiros casos em 16 prisioneiros
4 de Março de 1983
Recomendações do CDC, grupos de risco não devem dar sangue
19 de Março de 1983
Primeiros 5 casos em negros provenientes da África Central
15 de Julho de 1983
Primeiros 4 casos de exposição em trabalhadores de saúde
MMWR - Morbidity and Mortality Weekly Report CDC - Centers for Disease Control and Prevention
Síndroma da Imunodeficiência Adquirida
O agente infecciosoMaio de 1983
Isolamento do LAV-1 por Barré-Sinoussi (grupo de Montagnier)
Março de 1985
Aprovação do primeiro teste comercial pela FDA (US Food and Drug Administration)
1986
Uniformização das designações LAV, ARV, HTLV Para “Human Immunodeficiency viruses” (HIV)
18 de Julho de 1986
Definição de SIDA em 1982
“Doença pelo menos moderadamente predictiva
de um defeito da imunidade celular, ocorrendo
numa pessoa sem causa conhecida para uma
resistência diminuída para essa doença”
Update on acquired immune deficiency syndrome (AIDS) – United States. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 1982;31:507-8; 513-4.
Factores de risco para SIDA
Organização dos casos de SIDA de acordo com os factores de risco, mutuamente exclusivos:
1. Homossexuais ou bissexuais masculinos 2. Toxicodependentes EV (exclui 1)
3. Naturais do Haiti (exclui 1 e 2)
4. Doentes com hemofília A (exclui 1, 2 e 3) 5. Outros (exclui 1, 2, 3 e 4)
Update on acquired immune deficiency syndroma (AIDS) – United States. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 1982;31:507-8; 513-4.
Introdução
Infecção HIV
• Processo vírico activo que está associado com imunodeficiência progressiva
• Os doentes infectados podem não ter doença sintomática mas tem uma infecção crónica potencialmente letal
• Distinção entre infecção HIV vs SIDA
– Interesse histórico para fins epidemiológicos
– Actualm/ c/ tratamento anti-retrovírico a distinção é arbitrária e com menor significado clínico
História Natural da Infecção HIV
Infecção 2-3 S Síndroma vírica aguda
2-3 S Seroconversão Portador assintomático 10 A Infecção sintomática SIDA 1-2 A
História Natural da Infecção HIV
• Transmissão da Infecção
– 2-3 semanas
• Síndroma vírica aguda
– 2-3 Semanas
» Recuperação e seroconversão
• Infecção crónica assintomática
– 8-10 anos
• Infecção HIV sintomática/SIDA
– 1,3 anos
• Infecção HIV assintomática – 3,7 anos
Fauci et al. Ann Intern Med 1996;124:654-63
Infecção 2-3 S Síndroma vírica aguda 2-3 S Seroconversão Portador assintomático 10 A Infecção sintomática SIDA 1,3 A
Síndroma vírica aguda
Descrito em 1985
• 2-6 semanas após a exposição • Doença sintomática em 50-89%
• Diagnóstico correcto em consulta médica - 25% • Duração 1-3 Semanas
• Seroconversão 3-5 semanas após infecção • Em 52 profissionais com infecção ocupacional
– Seroconversão: mediana aos 46 dias (média-65 dias) com teste ELISA 2ª geração
– Teste de 3ª geração o período de janela é ainda mais pequeno – Métodos moleculares
Depleção linfocitária na infecção vírica
aguda
• Diminuição dos linfócitos CD4+
– Naïve (CD45RA) > memória (CD45RO) – Diminuição dos CD8+
– Nadir pelo 9º dia após inicio da SVA • Nas semanas seguintes
– Aumento significativo dos linfócitos CD8+ [> nas células que coexpressam CD45RO, HLA-DR e CD38 (activação celular)] – Associado a uma diminuição da taxa de destruição
dos linfócitos CD4+
– Inversão da relação CD4+/CD8+
• Aparecimento de respostas específicas linfocitotóxicas T (CTL) – Controlo da virémia na maioria dos doentes
Síndroma vírica aguda
• Febre 96% • Adenopatias 74% • Faringite 70% • Exantema 70% • Mialgias 54% • Diarreia 32% • Cefaleias 32% • Náusea e vómitos 27% • Hepatomegalia 14% • Emagrecimento 13% • Candidíase oral 12% • Sinais neurológicos 12%Síndroma vírica aguda
• Febre 96 %
• Adenopatias 74 % (cervicais e axilares)
• Faringite 70 % (não exsudativa)
• Exantema 70 % (maculopapular, tronco e extremidades)
• Mialgias 54 % • Diarreia 32 % • Cefaleias 32 % • Nausea e vómitos 27 % • Hepato/esplenomegalia 14 % • Emagrecimento 13 %
• Ulcerações aftosas na boca, esófago ou genitais
• Candidíase oral 12 %
• Sinais neurológicos 12 %
–– neuropatia periférica, parésia facial, neurite braquial, Guillain-Barré
Síndroma vírica aguda
Variação com a categoria de transmissão
Características (n; %) Global (378) Masculino (355; 94) Feminino (n=23; 16) Sexual* (324; 86) TDIV+ (34; 9) Febre 75 74 83 772 502 Fadiga 68 67 78 71 50 Mialgia 49 501 261 522 292 Erupção cutânea 48 48 48 512 212 Cefaleia 45 45 44 47 30 Faringite 40 40 48 432 182 Adenopatia cervical 39 39 39 41 27 Artralgia 30 30 26 28 26 Suores nocturnos 28 28 22 30 27 Diarreia 27 27 21 282 232
Vanhems P, et al. J Acquir Immune defic Syndr 2002;31:318-321
Diferença significativa por género1 ou por via de transmissão2 +TDIV, via intravenosa como via de transmissão
Síndroma vírica aguda
Infecções oportunistas
• Pneumonia por Pneumocystis carinii/jiroveci • Meningite por Cryptococcus neoformans
• Trombocitopenia
• Leucopenia e linfopenia • VS
• Fosfatase alcalina
• LCR pleocitose linfocítica doentes
proteínas n com sinais
glicose n neurológicos
Síndroma vírica aguda
• Inicialmente:
linfócitos totais
CD4+ e CD8+
CD4+/CD8+ – normal
• Dentro de várias semanas:
CD4+ e CD8+ (específicos)
CD4+/CD8+ – inversão
Síndroma vírica aguda
• Métodos directos
– Antigenémia p24
– RNA HIV-1 no plasma
• Métodos indirectos
– Pesquisa de anticorpos (ELISA) +/-
– Western-blot -/indeterminado
Síndroma vírica aguda
• detectado no soro e no LCR
• 75% dos doentes com infecção primária • 2 semanas após exposição
• início da síndroma vírica aguda • persiste durante semanas a meses
• baixa ou desaparece com o aparecimento da resposta humoral (complexos ag-ac)
Síndroma vírica aguda
Antigenémia p24
• marcador mais sensível de infecção HIV-1 aguda • tipicamente valores elevados (105 a 106 cópias/ml)
• declinam com CD8+ e aparecimento da resposta acs
• alto nível de RNA HIV-1, faz virtualmente o diagnóstico de infecção aguda na ausência de acs
• baixo nível (104 cópias/ml), pode corresponder a falso +
(2/9 % dos doentes sem infecção HIV-1)
Síndroma vírica aguda
Virémias plasmáticas - RNA HIV-1
• Mantém-se negativo durante 2 a 6 semanas após início do síndroma vírica aguda
• Acs específicos podem ser detectados no Western blot
• P24 é a primeira banda positiva no Western blot
Síndroma vírica aguda
Pesquisa de anticorpos (ELISA)
• Mononucleose infecciosa • Influenza
• Hepatite vírica • Sarampo
• Rubéola
• Infecção primária por HSV • Sífilis secundária
Síndroma vírica aguda
Diagnóstico diferencial
• História clínica
– Avaliação de comportamentos de risco
• Exames complementares
– Hemograma completo e diferencial – Monotest / Paul-Bunnell
– Sífilis: TPHA, IgM, VDRL
– Quantificação das virémias plasmáticas HIV-1 – ELISA para HIV-1
Síndroma vírica aguda
Avaliação do doente com doença aguda
História natural da infecção HIV
• Infecção extensão ao órgãos linfóides regionais (dias)– Tempo de duplicação médio de 10 h
•
Virémia macissacom pico às 2-4 S
• Síndroma vírica aguda (SVA)
• Alto risco de transmissibilidade • Disseminação generalizada
• Atingidos extensiva/ os órgãos linfóides (semanas)
Resposta imune com controlo parcial pelos linf. T citotóxicos (CD8+), regulado por citocinas CD4+ específicas para HIVHistória natural da infecção HIV
• Taxa de replicação média
10
10viriões /dia
(10.000.000.000)• Alvo major linf. CD4+ (a sua destruição representa a
consequência da “clearance” vírica pelos linf. T citotóxicos ou Killer cells)
• Cerca de 10-25% da população CD4+ é infectada precocemente no decurso da infecção HIV
– Destruição de cerca de 109 linf CD4+/dia
– 30% da carga vírica é renovada diariamente – 6-7% da pop. linf. CD4+ é renovada diariamente
História natural da infecção HIV
• “Set point” vírico - cerca de 4 meses após a transmissão Replicação vírica persistente
• Declínio dos CD4+ cerca de 50/mm3/ano média de 8-10
anos
• Destruição marcada do sistema imunitário com aumento da susceptibilidade às infecções e tumores quando
História natural da infecção HIV
• Grande variabilidade individual • Sem tratamento
– Progressão moderada
• T1/2 infecção Sida 10 anos
– Progressores rápidos
• Evolução “fulminante” c/ CD4+ < 200 mm3 em 2 anos
– Não progressores a longo termo (0,9%)
• Infecção HIV > 8 anos • Linf CD4+ >500/mm3
• Não progressores (NP) a longo termo ou NP de elite
– Infecção HIV > 8 anos – RNA HIV-1 < 40 cópias/ml
Infecção vírica aguda
Primeiro ano após infecção:
• Doentes não tratados– 4-11% atingem uma virémia abaixo do limiar de detecção – o “steady state” da virémia observa-se em cerca de 30% – restantes doentes há um aumento gradual da virémia • Entre os 6-24 Meses após infecção o
– Risco de progressão da doença:
• 1,8% por cada aumento de 0,5 log na virémia
RNA do HIV-1 (cópias/mL)
aos 6-12 M
% de doentes c/ progressão para SIDA aos 5 anos
< 4 531 8 %
4 531-13 020 17 %
13 020-36 270 41 %
>36 000 40 %
Susan Little and Luc Perrin, AIDS Rev 2000:136-143
Valor prognóstico da virémia obtida
aos 6-12 M após infecção aguda
História Natural da Infecção HIV
Infecção 2-3 S Síndroma vírica aguda
2-3 S Seroconversão Portador assintomático 10 A Infecção sintomática SIDA 2-3 A
Infecção HIV crónica
• Imunodeficiência progressiva
• Perda progressiva de Linfócitos T CD4+
• Diminuição nas respostas CTL HIV - específicas • Nos não-progressores
– Respostas HIV específicas CTL robustas – Linf. T CD4+ preservados
Infecção HIV crónica
Factores que influenciam a taxa de progressão
• Vírus defectivos: raro
(Lancet 1992;340:863)
• Susceptibilidade genética a nível dos receptores locais
(Nature Med 1996;2:966)
Idade: Duração da sobrevida inversamente correlacionada com a idade
(Lancet 1996;347:1573. Lancet 2000;355:1131)
• Genes do sistema major de histocompatibilidade
(Nature Med 1996;4:405; Hosp Pract 1998;33:53)
Níveis de RNA HIV-1 no plasma após “set point”
(Science 1996;272:1167; Ann Intern Med 1997;126:946)
• Respostas citotóxicas parecem ser o determinante do “set point “ e da taxa de progressão
Infecção HIV crónica
Factores associados com aumento da sobrevida
– Terapêutica antirretrovírica N Engl J Med 1998;338:853
Lancet 1998;252:1725
– Profilaxia PPC JAMA 1988;259:118
– Profilaxia MAC N Engl J Med 1996;335:384
– Acompanhamento por médico com experiência na
Linfadenopatia Generalizada Persistente
(Categoria A)
• Adenomegalias > 1 cm
– Em dois locais extra-inguinais – Duração =>3 meses
– Exclusão de outras causas
– Sem sintomas constitucionais evidentes
• Histologia
– hiperplasia folicular —> deplecção folicular ou atrofia linfóide
Linfadenopatia Generalizada Persistente
(Categoria A)
• Adenomegalias
cadeias cervicais anteriores e posteriores cadeias submandibulares
cadeias occipitais cadeias axilares
cadeias epitrocleares podem estar envolvidos cadeias femorais
Linfadenopatia Generalizada Persistente
(Categoria A)
• Exame físico
simétricos móveis indolores consistência elásticatamanho varia entre 0,5 e 2 cm
• Restante exame físico –>
normal
• Complicações da infecção HIV podem coexistir:
candidose oral
Linfadenopatia Generalizada Persistente
(Categoria A)
Anunciador da SIDA (década de 80)
Pode seguir-se à síndroma vírica aguda
Resulta da infecção precoce das células CD4+
presentes nos nódulos linfáticos
Ocorre em 50/70% dos infectados por HIV-1 Diagnóstico de exclusão
Linfadenopatia Generalizada Persistente
(Categoria A)
Síndromas de reconstituição imune
Doentes tratados com HAART
Doentes com LGP:
Reaparecimento de adenomegalias
(repopulação com células T específicas anti-HIV)
Infecções micobacterianas silenciosas:
Linfadenite focal com sintomas constitucionais Cerca de ½ meses após HAART
Linfadenopatia Generalizada Persistente
(Categoria A)
Diagnóstico diferencial: • Infecção HIV • Sarcoidose • Sífilis secundária • Doença de Hodgkin • Infecção micobacteriana • Sarcoma de Kaposi • LinfomaLinfadenopatia Generalizada Persistente
(Categoria A)
Achados não característicos:
Adenomegalias no mediastino e/ou hilo pulmonar não são características da LGP
Adenomegalias mesentéricas e retroperitoneais, são frequentes no infectado pelo HIV – TAC abdominal
Assimetria e crescimento rápido
Involução das adenomegalias – degenerescência do centro germinativo e perda da hiperplasia –
História Natural da Infecção
HIV
Infecção 2-3 S Síndroma vírica aguda
2-3 S Seroconversão Portador assintomático 10 A Infecção sintomática SIDA 2-3 A
Doença constitucional e wasting
• Doença constitucional:
– Doença sintomática na ausência de tumor ou
infecção oportunista
• Fadiga fácil (redução da actividade diária) • Fadiga debilitante (incomum)
• Febrícula (temp < 38º C)
• Suores nocturnos (ocasional)
Wasting severo
• Perda de > 10% peso corporal (d. avançada) • Desordens afectivas subjacentes (tox ev)
• Distúrbios endócrinos e metabólicos do HIV+
– Hipogonadismo ( testosterona e dihidrotestosterona) – Níveis elevados de proteína imunorreactiva à miostatina
• Na grande maioria dos doentes associado a
– Diminuição da ingestão calórica – Aumento do catabolismo por DO – Diarreia crónica
• Seja qual for a etiologia associado a risco de morte • Anuncia infecção ou neoplasia oportunista
História Natural da Infecção
HIV
Infecção 2-3 S Síndroma vírica aguda
2-3 S Seroconversão Portador assintomático 10 A Infecção sintomática SIDA 2-3 A
Manifestações clínicas da
infecção HIV
Linf. T
CD4 Infecções Manifestações não infecciosas
> 500 S. viral aguda LGP S. Guillan-Barré Miopatia Meningite asséptica 200 a 500 Pneumonia pneumocócica Pneumonias bacterianas Tuberculose pulmonar Herpes Zoster Candidíase oroesofágica Criptosporidiose (auto-limitada) S. Kaposi Leucoplasia oral
Carcinoma cervical in situ
Carcinoma cervical Linfoma de células B Anemia Mononeuropatia multiplex PTI Linfoma de Hodgkin
Manifestações clínicas da
infecção HIV
Linf. T
CD4 Infecções Manifestações não infecciosas
< 200 Pneumonia Pneumocystis Histoplasmose e coccidioidomicose disseminadas TB miliar/ extrapulmonar LMP S. emaciação Neuropatia periférica Demência Cardiomiopatia Mielopatia vacuolar Polirradiculopatia progressiva Linfoma não- Hodgkin
< 100 Herpes simplex disseminado Toxoplasmose Criptococose Criptosporidiose crónica Microsporidiose Candidíase esofágica < 50 CMV disseminado MAI disseminado Linfoma SNC
História natural da Infecção HIV
• Vários sistemas de classificação
– Classificação dos CDC 1988 – Classificação Walter Reed – Classificação dos CDC 1993
(adultos/adolescentes)
– Classificação dos CDC 2008
(adultos/adolescentes/crianças)
Classificação dos CDC 1988
I Infecção aguda II Infecção assintomática III LGP IV Doença sintomática A. Doença constitucional B. Doença neurológica C. Doenças infecciosas D. Carcinomas E. Outras condiçõesUtilidade prognóstica limitada, substituída pela classificação de 1993, ainda actualmente a mais utilizada, com base na clínica e contagem de linfócitos CD4
Quadros Clínicos (Categorias) Linfócitos CD4+ (Categorias) (A) Assintomático, Infecção aguda ou LGP (B)* Sintomático, situações não A não
C (C) Situações indicadoras de SIDA (1) > 500/µl A1 B1 C1 (2) 200-499/µl A2 B2 C2 (3) < 200/µl A3 B3 C3 [MMWR 1993;41(RR-17):1-19]
Classificação dos CDC - 1993 (adolescentes e
adultos)
Condições que Permitem Classificar um Doente
HIV
+na Categoria B
• Angiomatose bacilar • Candidíase orofaríngea
• Candidíase vulvovaginal recorrente • Displasia cervical ou carcinoma in
situ
• Sintomas constitucionais: febre (38,5°C) ou a diarreia >1 mês
• Leucoplasia oral
• Herpes zoster, recidivante ou > de 1 dermátomo
• Púrpura Tromobocitopénica idiopática
• Listeriose
• Doença Inflamatória Pélvica • Neuropatia periférica
Condições não incluídas em C, que:
– São atribuídas à infecção HIV ou indicam defeito da imunidade celular
Doenças Indicadoras de SIDA (Categoria C)
• Candidíase do esófago, traqueia, brônquios, ou pulmão
• Carcinoma invasivo do colo do útero
• Coccidioidomicose, extrapulmonar
• Criptococose, extrapulmonar • Criptosporidiose com diarreia
>1mês
• CMV com exclusão da doença hepática, esplénica ou ganglionar • Herpes simplex mucocutâneo
com ulcerações >1 mês, ou bronquite, pneumonite ou esofagite
• Histoplasmose, extrapulmonar • Encefalite pelo HIV (demência) • Isosporíase com diarreia >1 mês
Doenças Indicadoras de SIDA
(Categoria C)
• Sarcoma de Kaposi
• Linfoma de Burkitt , imunoblastico, primário do SNC
• Infecção por Mycobacterium avium, disseminada
• Infecção por Mycobacterium
tuberculosis, (pulmonar e extra)
• Pneumonia por Pneumocystis
carinii
• Pneumonia bacteriana recorrente (>2 episódios em 12 meses)
• Leucoencefalopatia multifocal progressiva
• Septicémia por Salmonella (não tífica), recorrente
• Estrongiloidíase, extra-intestinal • Toxoplasmose
Classificação do CDC - 1993 (adolescentes e
adultos)
Limitações
• Não valoriza a virémia
• Os doentes são catalogados de acordo com o valor mais baixo de linfócitos CD4+
• Não há mecanismo de reclassificação para os doentes com recuperação após HAART
• Estabelecida num tempo em que a doença tinha um curso progressivo, não reversível
Classificação do CDC - 2008
História natural após HAART
• Diminuição da incidência de todas as infecções oportunistas e mortalidade entre 1994 a 1998
• Diminuição de cada uma das IO c/ manutenção das relações entre elas
• Linfoma, Wasting, carcinoma cervical
– Sem alteração
• Continuam a ocorrer IO e morte em doentes sob HAART mas numa taxa mais baixa
• AS IO acontecem quando os linfócitos CD4+ estão mais baixos (< 50/mm3)
História natural após HAART
• Outras condições ocorrem c/ CD4+ mais elevados
– Wasting
– Linfoma Hodgkin – Sarcoma Kaposi – Demência da SIDA – Esofagite por Candida
– Pneumonia bacteriana recorrente
• A maioria dos doentes c/ IO ou morte sob HAART – Resposta virológica incompleta
• “Rebound” vírico em doentes c/ IP pode ser devido a vírus resistentes mas c/ patogenicidade diminuída
Espectro clínico na era HAART
IO Clínica “clássica” Clínica após HAART
MAC Doença disseminada, emagrecimento, diarreia, bacteriémia
Linfadenite focal, massas granulomatosas, raram/ micobacterias
CMV Retinite, vitrite rara Vitrite, retinite, doença extar-ocular
Cryptoc Meningite indolente, pleocitose no LCR rara
Meningite franca, pleocitose marcada
LMP Défices neurológicos, RMN: hipodensidades sem realce
Défices neurológicos RMN com hipodensidades freq/ c/ realce periférico
Zoster Pode ser severo c/ complicações
Ligeiro a moderado sem complicações
Espectro clínico na era HAART
Condições emergentes:
– Complicações hepáticas nos doentes com infecção VHC/VHB
• Insuficiência hepática terminal • Carcinoma hepatocelular
• Exacerbação da hepatite B após resistência ao 3TC
– Tumores
• Linfomas (vírus herpes)
• Carcinoma anogenital (vírus do papiloma humano) • Tumores não relacionados com vírus
Espectro clínico na era HAART
• Complicações relacionadas com o tratamento
– Toxicidade
• Específico de fármaco
• Exantema (ABC, NVP, EFV, DLV, APV) • Mitocondrial
– Neuropatia periférica (D4T, DDC, DDI, 3TC) – Pancreatite (DDI, DDC, 3TC)
– Acidose láctica (AZT, D4T, DDI, DDC) – Cardiomiopatia e miopatia (AZT)
Espectro clínico na era HAART
• Complicações relacionadas com o tratamento
– Toxicidade
• Emergente – Hepática
– Lipodistrofia
– Hiperlipidémia e resistência à insulina – Necrose avascular e osteopenia
Espectro clínico na era HAART
• Complicações relacionadas com o tratamento
– Reacções inflamatórias
• Infecciosas
– MAC/BK – CMV
– VHC/VHB
– Herpes zoster e simplex – LMP (vírus JC)
Chronic adverse events in the HAART era
1987 1996 1998 2002
AZT ddI 3TC d4T PIs
“HIV/ AIDS wasting” Abnormal lipids Lactic Acidosis Lipoatrophy Visceral Obesity Dyslipidemia Insulin Resistance Chronic Hyperlactatemia Endothelial dysfunction mtDNA Depletion in vivo Vascular events?
Abnormalities of Fat Distribution
“Buffulo Hump”
Mixed Syndrome
Abnormalities of Fat Distribution
História natural da
infecção HIV-2
Infecção pelo HIV-2
• Distribuição geográfica distinta
• Disseminação limitada
• Menor transmissão sexual e vertical
• Menor taxa de progressão para SIDA
Infecção pelo HIV-2
Distribuição geográfica
Maior prevalência:
• Países da costa oeste de África (Guiné-Bissau, Senegal) • Países de língua Portuguesa ou com ligação a Portugal Portugal
Angola
Moçambique
Sudoeste da Índia Brasil
Infecção pelo HIV-2
Estudos in vitro:
• Diferente citopatogenicidade • Menor capacidade lítica
• Menor formação sincicial • Menor replicação vírica
Infecção pelo HIV-2
• Relações antigénicas próximas com o SIV
• Antepassado comum provável para HIV-2 e SIV • Diversidade genética menor em relação ao HIV-1 Subtipos A e B (bem caracterizados)
Subtipos C, D, E e F (menos bem caracterizados) • Subtipo A predominante em África e Portugal
Infecção pelo HIV-2
Reactividade cruzada entre os dois vírus • Infecção dupla
• Sobreinfecção
• Infecção por um vírus intermédio Confirmação por “PCR”:
• Possível em 33-100% dos casos • Se CD4+ inferiores a 400/mm3
confirmação HIV-2 comprometida diferentes capacidades de replicação
Infecção pelo HIV-2
Estudos prospectivos Dakar – Senegal
Mulheres infectadas (HIV-1, n=81; HIV-2, n=50) Trabalhadores do sexo
Avaliação 5 anos 8 anos
Sem SIDA 66,9% HIV-1
Sem SIDA 94,7% HIV-2
Sem SIDA 85% HIV-2
Infecção pelo HIV-2
Baixa taxa de transmissibilidade
• Via heterossexual
Casais sero-concordantes – maior taxa de mortalidade Casais sero-discordantes – menor taxa de mortalidade
Em 9 anos de acompanhamento não houve um único caso de seroconversão.
Poulsen A-G, et al. Lancet 1997;349:911-4
• Via vertical
Infecção pelo HIV-2
Baixa taxa de transmissibilidade
Contagem de CD4+
• Taxa de declínio mais lento
• Maior proporção de doentes com contagem estável • Declínio correlaciona-se com a taxa de mortalidade • Correlaciona-se com o nível de virémia plasmática
Lisse IM, et al. J Acquir Immune Defic Syndr Hum Retrovirol 1996;24:257-63 Jaffar, et al. J Acquir Immune Defic Syndr Hum Retrovirol 1997;16:327-32 Ariyoshi K, et al. AIDS 2000;14:339-4
Infecção pelo HIV-2
Baixa taxa de transmissibilidade
Virémias plasmáticas
• Prediz a taxa de declínio dos CD4+
• Valores 30X menores do que na infecção HIV-1 • Detectado em apenas 1/3 dos doentes
• Indetectável em 50% dos doentes com CD4+ superiores a 14%
Ariyoshi K, et al. AIDS 2000;14:339-4
Popper SJ, et al. J Infect Dis 1999;180:1116-21
Shanmugam V, et al. J Acquir Immune Defict 2000;24:257-63 Andersson S, et al. Arch Intern Med 2000;160:3286-93
Infecção pelo HIV-2
Corpo de polícia da Guiné-Bissau
Follow-up entre 1990 e 1997
Mortalidade global HIV-2 HIV-1 HIV -
Assintomáticos 1,7% 9,3% 0,4%
Sintomáticos 2,6% 11,8%