ALMOÇOS
APPII reúne‐se com os candidatos à CML
Promoção Imobiliária: que futuro para Lisboa?
Antes do sufrágio que decidirá quem liderará os destinos da capital por‐
tuguesa durante os próximos quatro anos, a APPII – Associação Portu‐
guesa dos Promotores e Investidores Imobiliários portugueses, promoveu
um ciclo de dois almoços com os principais candidatos à Câmara de Lis‐
boa, com o intuito de ficar a conhecer as propostas socialista e social
democrata para o futuro da promoção imobiliária na capital.
Em plena época de campanha eleitoral, os candidatos do PS e PSD, António Costa e Pedro Santana Lopes, aceitaram o desafio da APPII, e compareceram aos almoços agenda‐ dos com os profissionais do sector, a quem apresentaram a sua proposta política.
Com o objectivo de esclarecer os seus asso‐ ciados, o Presidente da APPII, Henrique Polignac de Barros, redigiu um conjunto de dez questões que abordaram temas como a Reabilitação Urbana, a oferta (ou falta dela) de estacionamento, as taxas de compensa‐ ção urbanística e a TRIU, a criação de uma bolsa de arrendamento, o «êxodo» popula‐ cional de Lisboa para a periferia, as acessibi‐ lidades, e os instrumentos de fiscalidade e tributação camarária.
Conheça nas próximas páginas as conclusões dos almoços com Pedro Santana Lopes e António Costa.
Social‐democratas querem dar prioridade à
requalificação urbana da capital
A reabilitação urbana, o repovoamento, a actualização dos instrumentos
de planeamento do território, a construção de vias subterrâneas de circu‐
lação rodoviária e a promoção da imagem de Lisboa no exterior, nomea‐
damente com a criação de obras arquitectónicas emblemáticas, são, no
entender de Pedro Santana Lopes, algumas das questões prioritárias para
a cidade de Lisboa.
De facto, como explicou aos associados da APPII, o programa político de Pedro Santana Lopes promete dar especial atenção às questões relacionadas com a requalificação urbana da capital portuguesa. Até porque, sublinhou o candidato,
um dos objectivos é, precisamente, «equilibrar a
construção nova com a reabilitação urbana». Ain‐
da assim, «a reabilitação deverá ser sempre priori‐
tária».
Consciente de que a aposta na reabilitação é, para os promotores, muito mais onerosa do que a cons‐ trução nova. Santana defende que «é importante
criar estímulos fiscais para a Reabilitação», os
quais teriam efeitos benéficos para a cidade, a pra‐ zo.
Reconhecida como uma tarefa «muito complexa» a reabilitação de Lisboa não deverá apenas restrin‐ gir‐se às zonas históricas ou turísticas. E, embora a requalificação e do Parque Mayer continue a cons‐ tituir‐se como uma das prioridades para o candida‐ to, outras zonas também precisam de rápida inter‐ venção. Da mesma forma, referiu, «temos que
prioritizar a requalificação dos bairros sociais, que estão muito necessitados».
Uma herança do seu mandato enquanto Presiden‐
tectos «estrela» estrangeiros para desenvolver obras em Lisboa, que deverão repetir‐se. «Continuo a favor deste tipo de convites, até porque não há no mundo nenhuma cidade competi‐
tiva que não tenha no seu património urbano obras assinadas por arquitectos de outras naciona‐ lidades. E acredito que Lisboa não deva ser excepção», rematou. Até porque, rematou «numa perspectiva ibérica, cada vez mais Lisboa tem que ser competitiva face às cidades de Madrid e Barcelona»
Durante o encontro com os promotores imobiliários, Santana Lopes defendeu igualmente o carácter de urgência da revisão e criação de «novos e mais eficientes planos e instrumentos de ordenamento para a cidade de Lisboa». E lembrou a importância do recém‐criado Observatório do Imobiliário, enquanto plataforma de diálogo entre a autarquia e os privados. Até porque «os vereadores responsáveis têm de se sentar à mesa com os demais decisores, para que sejam cria‐ das as ferramentas de planeamento mais adequadas para a cidade, mas que também estimulem a iniciativa privada a participar na construção de Lisboa». Ao nível das acessibilidades e transportes, uma das principais bandeiras da proposta de Santana Lopes é «a continuação da desnivelamento do eixo‐central de Lisboa, na continuação do que já foi feito com o Túnel do Marquês». Evocando exemplos de outras capitais europeias, o candidato defende «a criação de mais túneis», na avenida Fontes Pereira de Melo e junto ao Campo Gran‐ de, por exemplo, os quais vão permitir «reorganização do trânsito rodoviário na cidade, o que
permitirá evidentes melhorias ao nível da circulação dos transportes públicos, por exemplo»,
acredita. O estacionamento é também uma questão fulcral, e essencial para o desenvolvimento da cidade, considera. Consciente da complexidade que é a construção abaixo do solo no centro da cidade, no entender de Santana Lopes, a criação de estacionamento em altura poderá ser uma solução para combater as actuais lacunas ao nível da oferta disponível. Consciente do papel de peso que os promotores imobiliários desempenham no desenvolvimento e modernização da cidade de Lisboa, o candidato social democrata, salientou ainda que «a segu‐ rança jurídica é um bem essencial», prometendo que essa será uma das suas principais preocupa‐ ções em caso de vitória. Sendo o repovoamento da cidade uma «urgência», o candidato social democrata acredita que «é benéfico um choque fiscal para a cidade no que respeita ao IMT», sendo esta uma medida muito
importante para alcançar o objectivo de «trazer de volta a Lisboa os cidadãos perdidos o que,
logo permitirá aumentar a receita» O almoço com o candidato social‐democrata aconteceu no passado dia 17 de Setembro, teve lugar no Hotel Olissipo Lapa Palace. Campanha online: www.pedrosantanalopes.net
Criar um ambiente de segurança para que o
investimento possa acontecer, defende o PS
O investimento privado é, e continuará a ser, o principal motor de
desen-volvimento da cidade de Lisboa. Mas, para que este possa acontecer é
fundamental que sejam criadas e mantidas as condições que ofereçam
segurança, jurídica e fiscal, aos investidores que ali queiram desenvolver
projectos. Foi com esta premissa que António Costa, candidato pelo PS à
autarquia lisboeta (e actual presidente de câmara) iniciou o seu discurso
perante os promotores imobiliários reunidos no Altis Belém, no dia 24 de
Setembro.
Fazendo o quase «inevitável» balanço dos seus dois anos de mandato, e uma antevisão dos pro‐ jectos a que pretende dar continuidade, caso seja reeleito, Costa dirigiu‐se aos presentes, real‐ çando que «a cidade constrói‐se naturalmente, fruto do trabalho conjunto entre a Câmara Muni‐
cipal e os Promotores Imobiliários»,
sendo que, «o melhor contributo que
podemos dar, enquanto autarcas, é criar um ambiente de confiança para que o investimento possa acontecer».
Neste sentido, defende o candidato, «é
imperativo desbloquear muito do investimento planeado para Lisboa, e que actualmente se encontra bloquea‐ do. Mas, para isso, será muito impor‐ tante que sejam criadas novas e claras regras relativas ao urbanismo». E, afir‐
mou, que um dos seus principais objec‐ tivos continuará a ser «agilizar o qua‐
dro legislativo relativo aos licenciamen‐ tos» na cidade.
A nova forma de cálculo das taxas de compensação urbanística foi uma das medidas criadas pelo actual executivo camarário que maior polémica tem causado junto dos promotores imobiliários. E, neste encontro, António Costa ten‐
tou responder a algumas das críticas que têm sido tecidas, afirmando que «a equiparação de operações com 1.800 m² a operações de loteamento pode, à primeira vista, parecer uma bizarria, mas não o é, até porque não se trata de uma comparação assim tão linear». Além disso, «não podemos esquecer que dizem respeito sobretudo a zonas no casco histórico, onde as áreas dispo‐ níveis não abundam, e onde são muito necessários equipamentos de apoio à população». E, em todo o caso «essa equiparação não teve um efeito negativo na TRIU nem no regulamento munici‐ pal de taxas e compensações», afiança. O já polémico factor «F» (factor de cálculo que condicionará o valor a pagar pelos promotores) também ainda não está totalmente definido, sendo esta uma questão que só deverá ficar encer‐ rada após as eleições. «Actualmente está em curso, no âmbito do Observatório Imobiliário de Lis‐ boa, um processo de redefinição do factor «F», para que este não tenha as consequências nefas‐ tas que teria se se mantivesse conforme a sua forma inicialmente sugerida».
Um dos objectivos de António Costa é travar o êxodo de habitantes de Lisboa, e acredita que para tal é preciso «ter mais emprego na cidade». E acredita existir aqui uma boa janela de opor‐ tunidades, pois cada vez mais, «é preciso dar resposta às necessidades das empresas que nos últi‐
mos anos se deslocaram para os parques empresariais na periferia de Lisboa, e que actualmente desejam retornar de volta à cidade».
E acredita que os habitantes deverão ser atraídos não pelo «baixo custo do imobiliário» no cen‐ tro da cidade, «que nunca será mais baixo comparativamente ao da periferia de Lisboa», mas pela criação de valor adicional, pelo que «a criação de equipamentos escolares, de saúde e de
lazer no centro deverá ser uma prioridade».
Para o candidato socialista, a Reabilitação Urbana deve ser uma prioridade, sendo esta uma estratégia que «se tem de traduzir de diversas formas, nomeadamente com a descentralização
dos licenciamentos nas obras para esse fim», além de que «devemos evoluir e ter uma visão mais lata do que já é a reabilitação urbana para fins fiscais». Apesar já existirem 14 zonas delimitadas de reabilitação urbana em Lisboa, «hoje em dia a reabi‐ litação urbana não se pode restringir aos bairros históricos, e tem de ser alargada à quase totali‐ dade da cidade». Zonas como a Almirante Reis e Alvalade são para o candidato, «eixos prioritá‐ rios, onde urge reabilitar grande parte do património».
Sendo assim, «correcto que se estimule o investimento em reabilitação numa cidade como Lis‐
boa», o actual dirigente defende que «é para isso necessário dar instrumentos de orientação e estimular os investimentos que são feitos em políticas prioritárias». Helena Roseta, que também esteve presente no Almoço, chamou a atenção para a existência de 140.000 fogos devolutos na cidade, «o que significa que podemos rapidamente aumentar a nossa população, sem a necessi‐ dade de enveredar por grandes planos de expansão urbana. O almoço com o candidato socialista aconteceu no passado dia 24 de Setembro, e teve lugar no Hotel Altis Belém Campanha online: www.antoniocosta2009.net