• Nenhum resultado encontrado

Exercício Físico e Mecanismo Antioxidante de Defesa Exercise and Antioxidant Defense Mechanism

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Exercício Físico e Mecanismo Antioxidante de Defesa Exercise and Antioxidant Defense Mechanism"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

Exercício Físico e Mecanismo Antioxidante de Defesa

Exercise and Antioxidant Defense Mechanism

Roberto Vazatta*

Mestre em Educação Física Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep/SP) Docente Veris/SP

Luis Cláudio Silva Tangerino e em Educação Física

Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep/SP)

Gustavo Gomes de Araújo Doutor em Educação Física Universidade Estadual Paulista (Unesp/SP)

Mariza Pires de Melo

Doutora em Ciências Biológicas e docente da Universidade de São Paulo (USP/SP) ClÁudia Regina Cavaglieri Pós-Doutora em Ciências Biológicas e docente do Mestrado em Educação Física Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep/SP)

Rozangela Verlengia

Pós-Doutora em Ciências Biológicas e docente do Mestrado em Educação Física Universidade Metodista de Piracicaba Unimep/SP

*Correspondências: Rua Epaminondas Neves, 296 18017-290 – Sorocaba/SP

vazatta@uirapuru.edu.br

Resumo Exer cícios regulares e moderados exercem efeitos benéfi cos à

saúde. O exercício aumenta o consumo relativo de oxigênio, particularmente no músculo esquelético e cardíaco. Associados a esse processo, há também um aumento na produção de espécies reativas do oxigênio, como ânion superóxido, per óxido de hidrogênio e radical hidroxila. Se a produção de espécies reativas de oxigênio ultrapassa os mecanismos de reparo e proteção, o efeito é o estresse oxidativo, descrito no músculo esquelético, que desenvolve uma série de alterações relacionadas com a modifi cação de constituintes celulares e destruição da função contrátil. Dentre os mecanismos de defesa que atuam na remoção das espécies reativas do oxigênio, tem-se a superóxido dismutase, a catalase e a glutationa peroxidase, denominadas enzimas antioxidantes. Após exercício de resistência, aumenta a atividade da superóxido dismutase total. Assim, os referidos mecanismos mostraram que a atividade dessa enzima não é alterada durante o exercício. Observou-se, também, um aumento na atividade das enzimas citrato sintaObservou-se, catalase e glutationa redutase. No exercício agudo, a atividade máxima da catalase e glutationa redutase apresentou-se signifi cativamente diminuída no músculo de sedentários, sugerindo a condição do estresse oxidativo como responsável pela exaustão. Percebeu-se grande variabilidade dos dados, decorrente da intensidade e duração do exercício.

Pala vras-chave antioxidantes – espécies de oxigênio – reativas –

exercício físico.

Abstract Regular and moderate exercise bring benefi cial health effects.

Exercise increases the relative consumption of oxygen, particularly in skeletal and heart muscles. Associated with this process, there is also an increased production of oxygen reactive species such as superoxide anion, hydrogen peroxide and hydroxyl radical. If the production of reactive oxygen species exceeds the repair and protection mechanisms, the result is oxidative stress, described in skeletal muscle, which develops a series of alterations relating to the modifi cation of cell constituents and the destruction of contractile function. Among the defense mechanisms that act in the removal of reactive oxygen species, there are superoxide dismutase, catalase and glutathione peroxidase, which are called antioxidant enzymes. After resistance exercise, the activity of total superoxide dismutase increases. Thus, these mechanisms have shown that the enzyme activity is not altered during exercise. We also observed an increase in activity of citrate synthase, catalase and glutathione reductase enzymes. In acute exercise, the maximal activity of catalase and glutathione reductase was signifi cantly decreased in muscle of sedentary individuals, suggesting the condition of oxidative stress is responsible for exhaustion. We noticed great variation in the data resulting from the intensity and duration of exercise.

Keywords antioxidants – reactive oxygen species – physical

(2)

Introdução

Produção de Espécies Reativas

do Oxigênio no Exercício

Aeróbio e Anaeróbio

O exercício físico, tanto aeróbio (me-tabolismo aeróbio) quanto anaeróbio (sis-tema ATP-PC [adenosina trifosfato e cre-atina fosfato] e glicólise), pode promover importantes adaptações morfofuncionais e metabólicas no organismo, embora sua prática esteja relacionada, também, à pro-dução excessiva de espécies reativas do oxi-gênio (ROS).1

Durante o repouso, 10% a 20% do san-gue normalmente fl ui para o músculo es-quelético. Entretanto, esse volume aumenta para 85% a 90% durante o exercício, segui-do pelo consequente aumento da oferta de glicose e oxigênio.2 Embora este

desempe-nhe um papel fundamental no processo de fosforilação oxidativa, permitindo ao nosso organismo utilizar a energia dos nutrientes com maior efi ciência, uma pequena fração do seu consumo mitocondrial é transforma-da em ROS.3 Estas são representadas pelo

radical ânion superóxido (O2 ) e rad ical hidroxila (OH), os quais apresentam um elétron desemparelhado em sua estrutura atômica.4

A utilização do oxigênio pelo músculo durante exercício aeróbio (extenuante) pode aumentar entre cem a duzentas vezes em relação ao repouso.4, 5

Conse-quentemente, aumenta-se o fl uxo de elétrons resultante da rápida respiração mitocondrial no músculo ativo, o que pode promover um aumento no extravasamento de elétrons, resultando a produção de ROS.4

Por outro lado, apesar de o exercício

aporte de oxigênio, a produção excessiva de ROS tem sido verifi cada durante esse tipo de esforço. Provavelmente, tal processo ocorra a partir da ativação do mecanismo da xantina oxidase (XO), resultante da degradação aumentada da adenosina trifosfato (ATP).1

Esse mecanismo pode ser descrito como isquemia-reperfusão, no qual as cau-sas do processo lesivo não residem na hi-póxia, mas sim na reperfusão do oxigênio, formando então as ROS. Com o consumo de ATP, há uma redistribuição dos íons cál-cio no citossol, originando alta concentra-ção citossólica de cálcio, que promove a ati-vação de uma protease (calpaína), que, por sua vez, enzimaticamente converte outra enzima do citoplasma, a xantina desidroge-nase (XD) em XO. A não formação de ATP na cadeia respiratória diante de uma bai-xa perfusão sanguínea de oxigênio passa a provocar uma sequência de reações catabó-licas do difosfato de adenosina (ADP), ori-ginando sucessivamente o monofosfato de adenosina (AMP) e, em sequência, adeno-sina – inoadeno-sina e hipoxantina, havendo um grande acúmulo desta última. Ao ocorrer a reoxigenação, a XO atuará sobre o seu subs-trato, a hipoxantina, para transformá-la em xantina. Nesse processo, devido à formação de uma grande concentração de XO e com oferta abrupta de oxigênio, formar-se-á, em excesso, o O2. Cabe lembrar que a partir da XO também se forma ácido úrico.6

Defesa Antioxidante

Celular

O organismo atua neutralizando o efei-to potencial danoso de ROS por meio de substâncias geralmente agrupadas, que se denominam sistemas de defesa antioxidan-tes, os quais integram muitas substâncias

(3)

genericamente intituladas antioxidantes varredores de espécies reativas.7

As enzimas antioxidantes são substân-cias capazes de retardar ou inibir a oxida-ção dos substratos. Elas agem bloqueando a formação de ROS ou interagindo com eles, tornando-os menos tóxicos. Antio-xidante pode ser assim defi nido: qualquer substância capaz de doar elétrons para o radical livre, ativando-o e tornando-o um composto estável.8, 9 Para promoverem o

máximo de proteção, as células contêm uma variedade de substâncias que são ca-pazes de varrer diferentes espécies de radi-cais livres, incluindo peróxidos lipídicos e radicais livres orgânicos contendo centros de carbonos. Essas moléculas são estrate-gicamente compartimentalizadas em orga-nelas subcelulares.7

As substâncias que integram o sis-tema de defesa antioxidante podem ser classifi cadas em relação à ação de var-redura dos antioxidantes, em sistema de defesa primária e/ou secundária. A primária interage com o radical livre gerado diretamente a partir do oxigênio denominado O2, já a secundária refere--se a radicais originados a partir da dis-mutação do O2 . Por outro lado, de um modo mais amplo, os vários componen-tes químicos antioxidancomponen-tes são classifi ca-dos como componentes de defesa primá-rios, e os varredores enzimáticos, secun-dários. Nesse contexto, de acordo com Davies, Quintanilha, Brooks e Packer4 o

sistema de defesa antioxidante enzimá-tica é classifi cado como defesa primária. Várias pesquisas têm demonstrado a presença de mecanismos de defesa e re-paro do músculo esquelético diante das alterações causadas pelo exercício, como

as alterações na atividade das enzimas an-tioxidantes. Isso ocorre em resposta à pre-sença de ROS.10, 11, 12, 13, 14 Os resultados das

pesquisas mostram que treinamento de resistência para corredores que percorrem, por semana, 16 a 147 quilômetros, geral-mente aumenta a atividade e a expressão gênica de várias enzimas antioxidantes dos atletas.15, 16

Halliwell e Gutteridge9 relatam que,

fi siologicamente, o organismo pode se de-fender da agressão mediada pelas ROS e evitar o agravo da lesão muscular, utilizan-do-se das reservas de enzimas antioxidan-tes. Porém, também a defesa antioxidante pode ser feita por moléculas pertencentes a um sistema não enzimático, as quais in-cluem vitaminas A, E, C, betacaroteno e glutationa. A partir desse ponto, o sistema antioxidante enzimático é formado por três tipos de enzimas: superóxido dismu-tase (SOD), que são representadas pela manganês SOD (Mn-SOD) mitocondrial, manganês dependente e a cobre zinco SOD (CuZn-SOD) citoplasmática, depen-dente de cobre e zinco. Essas duas atuam sobre o radical O2. Fazem parte do sis-tema antioxidante enzimático, ainda, as enzimas glutationa peroxidase (GSH-PX), selênio dependente e a Catalase (CAT), dependente de ferro. Estas duas últimas atuam sobre o peróxido de hidrogênio (H2O2), transformando-o em água.11 No

entanto, o organismo não dispõe de enzi-mas que atuem sobre o OH, potente cau-sador do estresse oxidativo. Felizmente, para esse fi m, nosso organismo pode utili-zar pequenas moléculas, que diminuem a reatividade do OH.

A produção de ROS realiza-se por meio de uma reação em cadeia que, partindo de

(4)

espécies ativas relativamente pouco tóxicas (O2 e H2O2), leva à formação de substân-cias altamente lesivas, como os radicais hidroxil e peroxil.9

Antes de elas exercerem seu efeito da-noso, o organismo é capaz de desativá-las utilizando substâncias antioxidantes, tor-nando-os inativos. Não existe possibilidade de parar a redução do oxigênio ou a produ-ção de ROS, porém a defesa natural e so-fi sticada contra seus efeitos nocivos ocorre dentro do citosol, da mitocôndria da célula e de outras organelas, assim como em seu espaço extracelular circundante.9

Segundo Heff ner e Repine,8 pode ser

considerado antioxidante qualquer pro-cesso que previne a formação de ROS. A primeira prevenção se realiza nas mitocôn-drias, com a redução dos metabólicos tóxi-cos à água, sem formação signifi cativa de radicais livres intermediários.

Pelo fato de converterem os oxidantes em espécies menos tóxicas, são considera-dos os varredores de ROS, presentes nos espaços intracelular e extracelular, que fun-cionam eliminando os oxidantes, ou pre-venindo sua conversão em espécies menos tóxicas. A SOD, juntamente com a GSH--PX e a CAT, constitui o principal sistema enzimático contra a agressão de ROS, agin-do de acoragin-do com a magnitude de geração de O2 e H2O2.8 Segundo Abud e Didio,17

o exercício extenuante agudo e o treino de exercício crônico aumentam o consumo de vários antioxidantes.

Glutationa

A glutationa (GSH) constitui um im-portante sistema de proteção endógena das células contra os prejuízos provocados por

substâncias tóxicas e oxidantes endógenos produzidos pelo metabolismo. Ela está pre-sente em elevadas concentrações nas cé-lulas dos mamíferos e demais vertebrados sob forma reduzida (~99%) em menores quantidades, aproximadamente 1% na for-ma de glutationa oxidada (GSSG).18 Uma

queda nos níveis de GSH de 20% a 30% pode prejudicar as defesas celulares contra a ação tóxica dos radicais oxidantes, levan-do ao dano celular e à morte celular.8

Segundo Ferreira,19 sob condições de

excesso de agentes oxidantes e/ou defi -ciência do sistema protetor, haverá de-sequilíbrio entre o consumo de GSH e a produção de GSSG, o que caracte-riza igualmente o estresse oxidativo. Considera-se que, para esse caminho de oxidação e redução, quem garante uma nova redução da GSSG à GSH é a enzima glutationa redutase (GSH-Rd). Assim, a magnitude do estresse oxidativo pode ser monitorada pela razão GSSG/GSH.

A GSH é um tripeptídeo formado a partir dos resíduos dos aminoácidos glici-na, glutamato e cisteína. Na forma reduzi-da, ela contém um átomo de selênio liga-do covalentemente. A GSH é responsável pela redução do H2O2 ou hidroperóxidos

orgânicos a água, por intermédio da ação da enzima GSH-Px oxidando a GSH à GSSG – esse sistema é chamado de siste-ma da glutationa. A GSH está presente na maioria das células, é o tiol mais abundante no meio intracelular e sua capacidade redu-tora é determinada pelo grupamento -SH presente na cisteína. Ela pode ser conside-rada um dos agentes mais importantes do sistema de defesa antioxidante da célula, protegendo-a contra a lesão resultante da

(5)

exposição a agentes como íons ferro, oxi-gênio hiperbárico, ozona, radiação e luz ul-travioleta. Além disso, diminui a suscetibi-lidade à lesão renal decorrente da isquemia e reperfusão, atua como transportadora e reservatório da cisteína, participa da de-sintoxicação de agentes químicos e da eli-minação de produtos da lipoperoxidação e, ainda, é requerida para a síntese de DNA, de proteínas e de algumas prostaglandi-nas.9, 6

A GSH-Rd é a enzima responsável pela nova redução da GSH, sendo esta depen-dente da oxidação das vias das pentoses, ou seja, vias metabólicas que fazem oxidação de carboidratos com cinco carbonos, pelas quais os hidrogênios provenientes dessa via são carreados na forma de nicotinami-da adenina dinucleotideo-fosfato reduzinicotinami-da (NADPH). Sob condições de diminuição do fornecimento de NADPH, como no je-jum e na defi ciência de glicose- 6-fosfato desidrogenase (G6PD), há prejuízo da fun-ção da GSH-Rd. Após exposifun-ção da GSH ao agente oxidante, ocorre sua oxidação a GSSG. A recuperação da GSH é feita pela enzima GSH-Rd, uma etapa essencial para manter íntegro o sistema de proteção celu-lar.9, 19

Na inativação de um agente oxidante ocorre produção de GSSG e depleção de GSH. Em situações em que o sistema de óxido-redução está íntegro, haverá recu-peração da GSH, entretanto, sob condições de excesso de agentes oxidantes e/ou defi ci-ência do sistema protetor, haverá desequi-líbrio entre o consumo de GSH e a produ-ção de GSSG, o que caracteriza o estresse oxidativo. O excesso de GSSG, resultado de um ambiente mais oxidante que favo-rece a formação de pontes dissulfeto (-SS-) nas proteínas portadoras de grupamento

tiol (-SH), pode promover oxidação de pro-teínas, com prejuízo de suas funções. Essa oxidação é reversível à custa da ação de compostos antioxidantes, como a GSH.9, 6

A GSH-Px é a enzima responsá-vel por agir sobre a GSH, para que esta faça a redução do H2O2 ou hidroperóxi-dos orgânicos a água. A GSH-Px catali-sa a redução do H2O2 e peróxidos orgâ-nicos para seus correspondentes alcoóis à custa da conversão da GSH a GSSG. No músculo esquelético com fi bras mis-tas, aproximadamente 45% da atividade da GSH-Px é encontrada no citosol, sendo o restante (55%) localizado na mitocôndria.9

Enzima Catalase

A enzima catalase (CAT) consiste de quatro subunidades proteicas, cada uma com um grupo ferro Fe (III). Esta promo-ve a remoção doH2O2, a água e oxigênio. Embora exista uma sobreposição entre a função da CAT e da GSH-Px, as duas enzimas diferem na afi nidade para H2O2 a baixas concentrações. Desse modo, quan-do o nível deste último é baixo, a GSH-Px é mais ativa do que a CAT em removê-lo das células.9, 10

Superóxido Dismutase

Uma das defesas contra o radical su-peróxido é promovida pela SOD. No mús-culo esquelético existem duas soformas, a Mn-SOD, encontrada na mitocôndria, e a CuZn-SOD, localizada no citosol, as quais atuam sobre o radicalO2, transformando--o em H2O2 e O2. A enzima antioxidante CuZn-SOD tem um peso molecular de 32.000 daltons contendo duas unidades proteicas, cada qual com um local ativo para o cobre e para o zinco. Este não tem

(6)

função no ciclo catalítico, mas ajuda a esta-bilizar a enzima. A sequência completa de aminoácidos estruturais da CuZn-SOD é semelhante entre vários tipos de plantas e animais. A Mn-SOD, que foi primeiramen-te isolada da bactéria Escherichia coli, primeiramen-tem uma massa molecular de 40.000 daltons, contendo um local proteico ativo para o manganês. Em um pH 7.0, a taxa de dis-mutação do O2 para ambas as enzimas é bem similar. A Mn-SOD também é mais facilmente desnaturada por calor químico quando comparada com a CuZn-SOD.9

Alterações nas Enzimas Antioxidantes durante o Exercício

Khassaf et al.20 verifi caram que a

res-posta das enzimas antioxidantes é altamen-te dependenaltamen-te de vários fatores, incluindo o tipo de exercício e de programa de trei-namento, duração, intensidade, exposição prévia ao exercício, idade do indivíduo, es-tado nutricional, tecido e tipo de fi bra ana-lisada (Tipo I ou Tipo II e intermediária), tempo de obtenção das amostras para aná-lise e a técnica utilizada. Assim, observa-se uma variedade de dados na literatura se o exercício agudo aumenta o nível de antio-xidantes endógenos.

No exercício agudo aplicado em ratos em esteira não foram encontradas alte-rações das antioxidantes CAT e SOD,21, 22

porém, em treinamento crônico realizado durante 12 semanas com ratos, houve in-cremento da atividade enzimática da GSH--Px nas fi bras musculares deles.16

Somani et al.23 constataram que

o exercício agudo aplicado em ratos se-dentários desenvolveu maior estresse oxi-dativo, quando comparados com ratos

treinados por um longo período de treino (crônico).

Ji et al. 24 investigaram o efeito de um

treinamento crônico em uma sessão de treino agudo de exercício em ratos treina-dos e não treinatreina-dos. Imediatamente após o exercício, os dois grupos apresentaram ou não defi ciência de selênio. No caso dos ra-tos treinados, essa defi ciência não afetou a atividade da SOD e da CAT no fígado ou no músculo dos roedores. Já o grupo de ra-tos com defi ciência de selênio e não treina-dos apresentou elevação da atividade des-sas enzimas no fígado, porém, no músculo, foi muito pouco alterada.

Também foi observada neste úl-timo estudo que a concentração da GSH-Px, GSH-Rd e CAT são signifi can-temente maiores no sóleo (fi bras tipo I) do que no vasto lateral, porção superfi cial (SVL) ou profunda (DVL), ambas as fi bras do tipo II, mas constatou-se que não há diferenças na concentração da SOD para esses três tipos de músculos. Na realização de um turno agudo de exercício moderado para ratos sedentários não houve alteração da atividade de nenhum dos antioxidan-tes para o músculo sóleo, todavia, para o músculo vasto lateral, houve um signifi -cante incremento na atividade de GSH-Px, GSH-Rd e CAT.25

Segundo Powers et al.,26 ocorre o

aumento da atividade da SOD em diferen-tes tipos de fi bras musculares em resposta ao treinamento aeróbio.

Smolka et al.14 investigaram a

ativi-dade das enzimas antioxidantes no mús-culo sóleo de ratos sedentários, que foram treinados continuamente e de modo intermitente por oito semanas.

(7)

Durante o exercício crônico, por um lado, foi observado um aumento na ativida-de das enzimas: citrato sintase, CAT e GSH-Rd; por outro lado, no exercício agu-do, a atividade máxima destas duas últimas enzimas apresentou-se signifi cativamente diminuída no músculo dos ratos, sugerin-do a condição sugerin-do estresse oxidativo como responsável pela exaustão desse grupo.

Semin et al.27 determinaram o

efei-to de um exercício submáximo agudo de corrida (60 minutos - 18 metros/mi-nuto x 5º) sobre o sistema antioxidante, em diferentes períodos após o término do exercício (0 hora, 3 horas e 24 ho-ras), no intestino e rim de ratos. SOD e GSH-Px não foram incrementados no rim, mas a SOD intestinal diminuiu após o exer-cício 0 hora e 3 horas respectivamente; após esse tempo, retornou ao valor do controle. A GSH-Px incrementou imediatamente após o exercício e, depois, retornou ao valor de controle.

Gregorevic et al.,28 por intermédio de

administração por inalação de oxigênio (hiperbárico), de forma aguda ou duas vezes por dia durante 28 dias, estimula-ram a produção de ROS e analisaestimula-ram, no músculo sóleo e extensor longo dos de-dos de ratos Sprague Dawley, a atividade das enzimas Mn-SOD, CuZn-SO e CAT. A inalação aguda diminuiu a atividade da enzima CAT em aproximadamente 51% no músculo sóleo. Entretanto, para o músculo extensor longo dos dedos, a administração crônica por 28 dias aumentou a atividade da Mn-SOD em 241% nesse tipo de fi bra

rápida. Já na administração aguda de 60 minutos não houve alterações signifi cantes para ambas isoformas da enzima SOD.

Vocês et al.29 observaram que, após

um exercício agudo, o conteúdo da GSH não se alterou no músculo sóleo e gastroc-nêmio de ratos sedentários, independen-te do grupo tratado ou não com ginseng. A literatura aponta tanto aumento quanto diminuição na atividade das enzimas da defesa antioxidante, dependendo do proto-colo de exercício utilizado.30

Considerações Finais

Podemos observar a importância do processo das enzimas antioxidantes duran-te exercícios físicos aeróbios e anaeróbios. A maioria dos estudos descritos indica que, após exercício de resistência, aumenta a ati-vidade da SOD total, os quais mostraram que a atividade dessa enzima não é alterada durante o exercício. Com relação à ativida-de da GSH-Px, existe uma concordância na literatura de que o exercício de resistência aumenta a atividade dela no músculo es-quelético. No caso da CAT, existem poucas evidências sugerindo que o exercício pro-move modulação na atividade enzimática. De fato, a maioria dos estudos mostra que o exercício reduz a atividade dessa enzima.

Também podemos observar um au-mento na atividade das enzimas: citrato sintase, CAT e GSH-Rd. Por outro lado, no exercício agudo, a atividade máxima destas duas últimas enzimas apresentou-se signi-fi cativamente diminuída no músculo de se-dentários, sugerindo a condição do estresse oxidativo como responsável pela exaustão.

(8)

Refêrencias Bibliográficas

1. Souza CF, Fernandes LC, Cyrino ES. Produção de espécies reativas de oxigênio durante o exercício aeróbio e anaeróbio. Rev Bras Cineantrop Desempenho Hum. 2010;8(2):102-9.

2. Aguilar-Silva RH, Cintra BB, Milani S, Moraes TP, Tsuji H. Estado antioxidante do sangue como indicador da efi ciência do treinamento em nadadores. Rev Bras Cien e Mov. 2002;10(3):7-11.

3. Ji L. Antioxidants and oxidative stress in exercise. Proc Soc Exp Biol Med. 1999;222:283-92. 4. Davies KJ, Quintanilha AT, Brooks GA, Packer L. Free radicals and tissue damage produced by exercise.

Biochem. Biophys. Res Commun. 1982;107(4):1198-1205.

5. Sjodin B, Hellsten WY, Apple FS. Biochemical mechanisms for oxygen free radical formation during exercise. Sports Med. 1990;10:236-54.

6. Signori JL, Signori SL. Atividade física e radicais livres. São Paulo: Ícone; 1995.

7. Yu BP. Cellular defenses against damage from reactive oxygen species. Physiol Rev. 1994;74:139-162. 8. Heffner JE, Repine JE. Pulmonary strategies of anti oxidant defense. Amer Rev Resp Dis.; 1989;

140:531-554.

9. Halliwell B, Gutteridge JMC. Free radicals in biology and medicine. 3ª ed. Clarendon: Oxford; 2000. 10. Powers SK, Lennon SL. Analysis of cellular responses to free radicals: focus on exercise and skeletal

muscle. Proc Nutr Soc. 1999;58(4):1025-33.

11. Powers SK, Hamilton K. Antioxidants and execise. Review Clin Sports Med. 1999;18(3):525-36. 12. Tiidus PM. Radical species in infl ammation and overtraining. Can J Physiol Pharmacol. 1998;76(4):533-8. 13. Clarkson PM, Sayers SP. Etiology of exercise-induced muscle damage. Can J Appl Physiol.

1999;24(3):234-48.

14. Smolka MB, Zoppi CC, Alves AA, Silveira LR, Marangoni S, Pereira da Silva L, et al. HSP72 as a complementary protection against oxidative stress induced by exercise in the soleus muscle of rats. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 2000;279(5):R1539-45.

15. Ji LL, Stratman FW, Lardy HA. Exercise and oxidative stress: role of the cellular antioxidant systems. Exerc Sport Sci Rev. 1995;23(2):135-66.

16. Robertson JD, Maughan RJ, Duthie GG, Morrice PC. Increased blood antioxidant systems of runners in response to training load. Clin Sci. 1991;80(6):611-18.

17. Abud RL, Didio LJ. Radicais livres e oxidação na atividade física. In: Chorayeb N, Barros Neto TL. O Exercício: Preparação Fisiológica, Avaliação Médica, Aspectos Especiais e Preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999.

18. Wilhelm Filho D, Torres MA, Marcon JL, Fraga CG, Boveris A. Comparative antioxidant defenses in vertebrates emphasis on fi sh and mammals trends. Comp Biochem Physiol. 2000;7(4):33-45.

19. Ferreira AL, Matsubara LS. Free radicals: concepts, associated diseases, defense system and oxidative stress. Rev Assoc Med Bras. 1997;43(1):61-8.

20. Khassaf M, Child RB, Mcardle A, Brodie DA, Esanu C, Jackson MJ. Time course of responses of human skeletal to oxidative stress induced by nondamaging exercise. J Appl Physiol. 2001;90(3):1031-35. 21. Alessio HM, Goldfarb AH. Lipid peroxidation and scavenger enzymes during exercise:

adaptive response to training. J Appl Physiol. 1988;64(4):1333-36.

22. Laughlin MH, Simpson T, Sexton WL, Brown OR, Smith JK, Korthuis RJ. Skeletal muscle oxidative capacity, antioxidant enzymes, and exercise training. J Appl Physiol. 1990;68(6):2337-43.

23. Somani SM, Frank S, Rybak LP. Responses of antioxidant system to acute and trained exercise in rat heart subcellular fractions. Pharmacol Biochem Behav. 1995;51(4):627-34.

24. Ji LL, Stratman FW, Lardy HA. Antioxidant enzyme systems in rat liver and skeletal muscle. Infl uences of selenium defi ciency, chronic training and acute exercise. Arch Biochem Biophys. 1988;263(1):150-60. 25. Ji LL, Stratman FW, Lardy HA. Antioxidant. Glutathione and antioxidant enzymes in skeletal muscle:

effects of fi ber type and exercise intensity. J Appl Physiol. 1992;73(5):1854-59.

26. Powers SK, Criswell D, Lawler J, Ji LL, Martin D, Herb RA et al. Infl uence of exercise and fi ber type on antioxidant enzyme activity in rat skeletal muscle. Am J Physiol. 1994;266(2):375-80.

(9)

27. Semin I, Acikgöz O, Gönek S, Uzsal N, Kayatekin BM. Antioxidant enzyme levels in intestinal and renal tissues after a 60-minute exercise in untrained mice. Acta Physiol Hung. 2001;88(1):55-62. 28. Gregorevic P, Lynch GS, Williams DA. Hyperbaric oxygen modulates antioxidant enzyme activity in

rat skeletal muscles. Eur J Appl Physiol. 2001;86(1):24-7.

29. Voces J, Cabral AC, Prieto JG, Vila L, Perez AC, Duarte ID et al. Ginseng administration protects skeletal muscle from oxidative stress induced by acute exercise in rats. Braz J Med Biol Res. 2004;37(12):1863-71. 30. Gandra PG, Alves AA, Macedo ADV, Kubota LT. Determinação eletroquímica da capacidade antioxidante

para avaliação do exercício físico. Quím Nova. 2004;27(6):980-85.

Submetido: 30/9/2009 Aprovado: 22/2/2010

Referências

Documentos relacionados

Por isso, segundo os especialistas, para apenas manter a meta climática já assumida anteriormente pelo Brasil no Acordo de Paris, o ministro do Meio Ambiente deveria ter

O presente Edital tem por objetivo selecionar estudantes para as vagas de monitoria, remuneradas sob forma de bolsas, disponíveis para os cursos do IFC Campus BrusqueI. DOS

Dentro dessa ótica, averigou-se o pós-tratamento do efluente de uma estação piloto constituída de um reator UASB tratando esgotos sanitários da cidade de Belo

Por outro lado, um outro mecanismo hipotensor que tem sido associado é a ansiedade, ou seja, tem sido observado que após a realização tanto do exercício aeróbio

Por outro lado, os animais submetidos ao treinamento físico (grupos TF e OVA+TF), apresentaram um aumento da capacidade de tempo de exercício quando comparado

Paralelamente, o anestesiologista ainda pode ter que lidar com o tratamento de dor crônica intensa e de difícil controle em alguns casos e, atualmente, questiona-se como a

organizativos no movimento de área, tais como assembléias, congressos e fóruns com o propósito de avançar os espaços de luta e formação dos estudantes nas escolas de

Com essa proposta, buscamos desenvolver uma prática de interpretação de textos que privilegiasse a leitura crítica diante de posicionamentos divergentes sobre uma mesma