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AC no /001 1

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Academic year: 2021

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AC no 200.2007.747250-0/001 1

Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça

Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira

ACÓRDÃO

APELAÇÃO CÍVEL No 200.2007.747250-0/001 - CAPITAL

RELATOR: Juiz Onaldo Rocha de Queiroga, convocado, em substituição à Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira

APELANTE: Heloísa Leite de Aragão ADVOGADO: Francisco de Assis Galdino APELADA: PBPREV - Paraíba Previdência

ADVOGADOS: Otaviano Henrique Silva Barbosa e Luís Artur Sabino de Oliveira

LITISCONSORTE: Khadija de Cassis Gonçalves, menor, representada por sua genitora, Edileide Patriota da Silva

ADVOGADOS: João Batista Gomes de Lima Júnior e outros

APELAÇÃO CÍVEL. PENSÃO POR MORTE.

EX-CÔNJUGE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DURANTE A VIGÊNCIA DO CASAMENTO. COMPROVAÇÃO. ITERATIVA E REMANSOSA JURISPRUDÊNCIA DANDO CONTA DA POSSIBILIDADE DE RECEBIMENTO DO BENEFÍCIO. PROVIMENTO.

- A quebra do vínculo matrimonial, por meio de ação de divórcio, por si só, não tem o condão de impedir o ex-cônjuge de receber pensão por morte, principalmente quando comprovado que, durante toda a constância do casamento, dependia economicamente do extinto.

- Precedentes do STJ e de outros tribunais pátrios.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos.

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Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, dar provimento à apelação.

Trata-se de apelação cível interposta por HELOÍSA LEITE DE ARAGÃO contra sentença (fls. 78/81) proferida pela Juíza de Direito da 5a Vara da Fazenda Pública da Capital que, nos autos da ação previdenciária para concessão de pensão por morte, ajuizada em face da PBPREV - PARAÍBA PREVIDÊNCIA, julgou improcedente o pleito exordial, deixando de reconhecer o possível recebimento de pensão deixada por falecimento do seu ex-cônjuge, Francisco Gonçalves Neto, que integrava os quadros da Polícia Militar do Estado da Paraíba, na condição de 30 Sargento.

A apelante aduz que a sentença deve ser reformada, pois a autora/apelante, de fato e de direito, faz jus ao recebimento de pensão por morte deixada por seu ex-marido, Francisco Gonçalves Neto, com fundamento na Lei Geral da Previdência (Lei n° 8.213/91) e, ainda, no artigo 201, inciso II, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como nos artigos 18, inciso I, "a" e 19, §20, "a", ambos da Lei Estadual n° 7.517/2003.

Embora intimadas a apelada (PBPREV) e a litisconsorte (Khadija de Cassis Gonçalves), menor representada por sua genitora, Edileide Patriota da Silva, ambas deixaram de apresentar contrarrazões.

Neste grau de jurisdição, instada a manifestar-se, a Procuradoria de Justiça emitiu parecer, contudo sem adentrar no mérito, por entender ausente o interesse público na lide (fls. 113/115).

É o relatório.

VOTO: Juiz ONALDO ROCHA DE QUEIROGA Relator

A apelante pretende receber pensão por morte, deixada por seu x-cônjuge, Francisco Gonçalves Neto, 3° Sargento da Polícia Militar da Paraíba, aposentado, o qual faleceu em 23 de abril de 2007 (fls. 14).

Alega que, mesmo divorciada do extinto desde 2003 (fls. 12), e tendo ele falecido em 2007, faz jus ao recebimento de pensão, no equivalente a

50% (cinquenta por cento) dos seus vencimentos, ressaltando que, quando vivo, e em acordo celebrado em juízo, quando do divórcio, o de cujus destinava 10% (dez por cento) de sua remuneração para a apelante, haja vista ser uma pessoa doente, que sofre de pressão alta e osteoporose.

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Ao contestar o feito, a PBPREV — Paraíba Previdência, ora apelada, escudou-se na Lei Estadual no 7.517/2003, notadamente no seu artigo

19, §20, "a", in verbis.

Art. 19. Os critérios de concessão de benefícios observarão as regras estabelecidas na Constituição Federal.

(...)

§ 2 0 São dependentes do segurado:

a) o cônjuge ou convivente, na constância do casamento ou da união estável, esta mediante comprovação de Ação Declaratária.

À luz dessa regra, o direito da apelante estaria fulminado, pois para o recebimento de pensão por morte ela deveria encontrar-se ainda casada quando do falecimento do seu ex-marido, ou então ter sido reconhecida a união estável.

Acontece que, embora tal norma seja clara nesse sentido, esse não é o atual entendimento da jurisprudência pátria. É que já está sedimentado que, se comprovado que o extinto, quando vivo, dava assistência à autora, independente da existência de divórcio ou outro meio que quebrasse o vínculo matrimonial, e ela dependia dele, a apelante tem direito ao recebimento da pensão.

Destaco arestos nesse sentido:

PENSÃO POR MORTE — EX-ESPOSA — DEPENDÊNCIA ECONÔMICA POSTERIOR — DIREITO AO BENEFÍCIO. A jurisprudência pacificou-se no sentido de que o cônjuge que dispensa o direito aos alimentos no momento da separação judicial e, posteriormente, vem deles necessitar, tem direito a pleitear o benefício da pensão por morte se o alimentante houver falecido.'

=tf PENSÃO POR MORTE — CÔNJUGE SEPARADO JUDICIALMENTE — INEXISTÊNCIA DE VETO LEGAL AO PERCEBIMENTO DO BENEFÍCIO — COMPROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA E NECESSIDADE ECONÔMICA. Não existe <‘' veto legal ao cônjuge separado judicialmente, que renunciou

alimentos, em perceber o benefício previdenciário de pensão por morte. Comprovada pela prova testemunhal amparada pela prova documental acostada, a ajuda econômico- financeira, do ex-cônjuge falecido à requerente, restou

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comprovada a dependência econômica. Ocorrendo a necessidade superveniente à morte do cônjuge em perceber alimentos, é de ser deferido o benefício, conforme disposição da Súm. 379 STF. (TRF da 3a Região — AC-RO 2001.03.99.005741-2 — SP — ia T. — Rel. Des. Fed. Roberto Haddad — DJU 25.06.2001) (ST 148/127). 2

No caso vertente, após analisar os autos, chega-se à conclusão de que a autora/apelante dependia economicamente do extinto, tanto que, quando da separação, ele, de forma livre e consciente, ofereceu-lhe o percentual de 10% (dez por cento) da sua aposentadoria, gerando, com isso, um vínculo de dependência econômica incontestável, o que condiz com o atual entendimento jurisprudencial.

Registre-se, por oportuno, que a autora é pessoa que já conta com quase 70 anos de idade, além de ser doente, conforme demonstram os documentos encartados às fls. 18/24 dos autos.

In casu, mesmo que a autora tivesse renunciado aos alimentos quando da ocasião do divórcio, segundo a Súmula 336 do STJ, teria o direito ao recebimento da pensão por morte, desde que comprovasse sua dependência econômica. Eis o texto do referido verbete:

ST3 Súmula no 336/2007:

Renúncia aos Alimentos da Mulher na Separação Judicial - Direito à Pensão Previdenciária por Morte do Ex-Marido. A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente.

Ainda sobre a matéria, vejamos o que decidiu o STJ, em acórdão da lavra do Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, nos autos do Agravo

Regimental no Recurso Especial no 1015252/RS (5a Turma, Julgamento:

12.04.2011, Publicação: 25.04.2011):

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL PENSÃO POR MORTE DE SERVIDOR PÚBLICO REQUERIDA POR EX-CÔNJUGE. RENÚNCIA AOS ALIMENTOS POR OCASIÃO DO DIVÓRCIO NÃO IMPEDE A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. SÚMULA 336/ST3. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA SUPERVENIENTE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. Consoante disposto na Súmula 3361STJ: a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada

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a necessidade econômica superveniente.

2. O só fato de a recorrente ter-se divorciado do falecido e, à época, dispensado os alimentos, não a proíbe de requerer a pensão por morte, uma vez devidamente comprovada a necessidade.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais tem o mesmo entendimento, conforme se vê adiante:

PREVIDENCIÁRIO - SEPARAÇÃO JUDICIAL - CONCESSÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA À ESPOSA. MORTE DO EX-MARIDO - DIREITO DELA À PENSÃO PREVIDENCIÁRIA INDEPENDENTE DE INSCRIÇÃO COMO SUA BENEFICIÁRIA. Se a ex-esposa recebia alimentos do ex-marido, terá direito, por sua morte, à pensão previdenciária por ele deixada. Demonstrada "salienter tantum" a dependência econômica da ex-esposa ao segurado (contribuinte) de instituição de previdência, faz ela jus à pensão previdenciária decorrente de sua morte, independentemente de estar nela (instituição) inscrita. A pensão previdenciária, - no caso de já ser a pensionista titular de alimentos (que lhe eram pagos pelo servidor falecido) -, nada mais é do que uma sequência do preexistente estado de dependência. 3

SERVIDOR PÚBLICO MILITAR. PENSÃO POR MORTE. EX-MULHER. COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA - POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO COMO BENEFICIÁRIA. ART. 201, V, DA CF/88. O fato da autora ter se divorciado do falecido e, à época, dispensado os alimentos, não a coíbe de requerer a pensão por morte, uma vez devidamente comprovada a necessidade e até mesmo a sua dependência econômica enquanto estavam separados. É devida a inclusão de ex-mulher como beneficiária de ex-servidor militar falecido, diante da comprovação de que ela, mesmo que divorciada, dependia economicamente da pensão do segurado falecido. Não conheço do pedido de reiteração do Recurso Especial retido e improvejo o apelo. 4

Diante do exposto, comprovada a dependência econômica da demandante, dou provimento à apelação, reformando a sentença vergastada, de modo a obrigar a PBPREV - Paraíba Previdência a pagar, à apelante, pensão por morte no equivalente a 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração do ex-cônjuge falecido.

Condeno a referida autarquia, ainda, ao pagamento das

3 Apelação Cível no 250.571-7, Rel. Des. Almeida Melo, D3 de 26/11/2002.

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parcelas vencidas referentes à pensão desde a data do óbito até a efetiva implantação do benefício, com correção monetária de 0,5% (meio por cento) ao mês, e, por último, ao pagamento de verba sucumbencial, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, na forma do artigo 20, § 3 0, "a", "h" e "c", do CPC.

É como voto.

Presidiu a Sessão o Excelentíssimo Desembargador MARCOS

CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE, que participou do julgamento com ESTE RELATOR (Juiz de Direito Convocado, com jurisdição limitada, para substituir a

Excelentíssima Desembargadora MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA) e com o Excelentíssimo Doutor RICARDO VITAL DE ALMEIDA (Juiz de Direito Convocado, em substituição à Excelentíssima Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI).

Presente à Sessão a Excelentíssima Doutora LÚCIA DE

FÁTIMA MAIA DE FARIAS, Procuradora de Justiça.

Sala de Sessões da Segunda Câmara Especializada Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa/PB, 12 de novembro de 2012.

Referências

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