Introdução ao Controle Químico
de Plantas Daninhas
Prof. Leonardo Bianco de Carvalho
leonardo.carvalho@unesp.br
www.fcav.unesp.br/lbcarvalho
Cronograma da Aula
• Contextualização • Histórico • Usos • Importância • Classificações • PropriedadesContextualização
• Matologia – Ciência das Plantas Daninhas • Plantas que interferem em atividades
humanas
• Estudos básicos (biologia e ecologia) a métodos práticos de manejo
• Métodos de manejo mais apropriados em cada situação que asseguram a
sustentabilidade do ecossistema e a mínima influência de plantas daninhas
Planta Daninha
• Espontânea (não semeada/plantada)
• Área de interesse humano (agrícola ou não) • Momento (indesejado)
• Potencial de causar prejuízos (agressividade e interferência)
Agressividade de Plantas
Relacionada com:• Características da população (genéticas e reprodutivas)
• Capacidade adaptativa (relação com fatores abióticos)
• Capacidade de sobrevivência (relação com fatores bióticos)
População
Organismos
Ambiente
Interferência de Plantas Daninhas
COMPETIÇÃO ALELOPATIA PARASITISMO INICIALISMO HOSPEDAGEM DE PRAGAS IMPACTO NO MANEJOInterferência de Plantas Daninhas
INTERFERÊNCIA
COMPETIÇÃO ALELOPATIA PARASITISMO INICIALISMO HOSPEDEAGEM DE PRAGAS IMPACTO NO MANEJOPlanta Daninha
• Espontânea (não semeada/plantada)
• Área de interesse humano (agrícola ou não) • Momento (indesejado)
• Potencial de causar prejuízos (agressividade e interferência)
CONTROLE
Preventivo Cultural Mecânico Físico Biológico QuímicoHistórico – Uso de Químicos
• Os produtos químicos foram usados comoherbicidas na agricultura por muito tempo, mas seu uso era esporádico, frequentemente ineficaz, e carecia de qualquer base científica.
• Theophrastus (filósofo grego e pupilo de Aristóteles), considerado o pai da botânica
moderna (372? -287? AC), relatou que as árvores, especialmente as árvores jovens, poderiam ser mortas aspergundo azeite de
• O filósofo grego Democritus (460-370 AC) sugeriu que as florestas poderiam ser
desmatadas pulverizando as raízes das árvores com o suco de cicuta (cicuta) no qual as flores de tremoço haviam sido embebidas.
• No primeiro século AC, o filósofo romano Cato defendia o uso de amurca (resíduo aquoso
deixado após o óleo ser drenado de azeitonas esmagada) para controle de plantas daninhas.
• Romanos em 146 AC (saque de Cartago) usaram sal nos campos para impedir o crescimento das plantações.
• O sal foi usado como herbicida na Inglaterra muito tempo depois.
• Em 1821, o sulfato de cobre foi usado pela primeira vez para o controle de plantas
daninhas.
• Em 1855, o ácido sulfúrico foi usado na
Alemanha para controle seletivo de plantas daninhas em cereais e cebolas.
• Em 1902, o arsenito de sódio foi usado pelo
US Army Corps of Engineers dos EUA para
• Em 1896, Bonnet demonstrou que sulfato de
cobre controlava seletivamente as plantas de
Sinapis arvensis em cereais, na França.
• Rabaté demonstrou que o ácido sulfúrico diluído poderia ser usado para o mesmo
• Bolley relatou o uso seletivo de sais de metais pesados como herbicidas em cereais.
• Em 1908, nos Estados Unidos, Bolley estudou
sulfato de ferro, sulfato de cobre, nitrato de cobre e arsenito de sódio para o controle
seletivo de plantas daninhas de folhas largas em grãos de cereais.
• Na primeira metade do século 20, os franceses
Bonnett, Martin e Duclos, e o alemão Schultz,
pesquisaram sobre o uso de sais de metais
pesados para o controle seletivo de plantas daninhas.
• Um trabalho bem-sucedido na Europa
observou os efeitos herbicidas seletivos de
soluções salinas metálicas ou ácidos em
cereais.
• Em 1914, óleos de petróleo foram
introduzidos para controle de plantas
daninhas ao longo de canais de irrigação e em
plantações de cenoura.
• E ainda são usados em algumas áreas para controle de ervas daninhas.
• Em 1923, Convolvulus arvensis foi controlada com sucesso na França com clorato de sódio e agora é usada como um esterilizante de solo em combinação com herbicidas orgânicos.
• Na década de 1920, o tricloreto de arsênico foi introduzido para controlar corda-de-viola. • Na década de 1930, o ácido sulfúrico foi
usado para o controle de plantas daninhas
daninhas na Grã-Bretanha nos anos 1930. Foi e ainda é um herbicida muito bom, mas é
muito corrosivo para equipamentos e prejudicial para as pessoas.
Histórico – Herbicidas Sintéticos
• O primeiro produto químico orgânico sintético para controle seletivo de ervas daninhas em cereais foi o 2-(1-metilpropil)-4,6-dinitrofenol (Dinoseb), introduzido na França em 1932.
(King 1966)
• Foi usado por muitos anos para o controle seletivo de algumas plantas daninhas de
folhas largas e gramíneas em grandes
• Em 1940, o sulfamato de amônio foi introduzido para o controle de plantas
Década de 1940
• Muito importante
• Em 1941, Pokorny sintetizou pela primeira vez o ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D).
• Em 1942, Zimmerman e Hitchcock
descreveram os fenoxiácidos substituídos (2,4-D, dentre eles) como reguladores de
crescimento.
• Na década de 1940, Kraus, Mitchell e Hamner provaram que reguladores de crescimento
matavam plantas e podiam ser usados para controlar seletivamente plantas daninhas.
• Em 1944, Marth e Mitchell relataram o uso diferenciado de 2,4-D para matar
dentes-de-leão e outras plantas daninhas de folhas largas seletivamente em gramado.
• Em 1944, Hamner e Tukey relataram os
primeiros testes de campo com 2,4-D para o controle seletivo bem-sucedido de plantas daninhas de folhas largas.
• Também trabalharam com o 2,4,5-T. • Agente laranja ~ 2,4-D + 2,4,5-T
• Em 1945, Slade et al. descobriram que o ácido naftalenoacético contralava seletivamente
Sinapis arvensis em aveia.
• Também descobriram as propriedades
herbicidas em folhas largas do sal de sódio do
Décadas Seguintes
• Em 1951, Bucha e Todd relataram a eficácia do
monuron (uma ureia substituída como o
diuron e o linuron) para o controle de gramíneas anuais e perenes.
• Em 1953 surgiu o primeiro herbicida acilanilide (como o propanil).
• Em 1956 surgiu o primeiro herbicida triazina (simazine)
(Zimdahl 1995)
• Em 1956 surgiu o primeiro herbicida alfa-cloroacetamida (N,N-diallyl
alpha-chloroacetamide = CDAA)
• Em 1958, atrazine. • Em 1961, trifluralin. • Em 1962, paraquat. • Em 1969, oxadiazon. • Em 1971, glyphosate. • Em 1972, bentazon. • Em 1982, glufosinate-ammonium. • Em 1986, chlorimuron-ethyl. • Em 1987, clethodim.
• Em 1990, nicosulfuron. • Em 1993, haloxyfop-p-methyl. • Em 2000, diclosulam. • Em 2001, mesotrione e imazamox. • Em 2008, saflufenacil e aminocyclopyrachlor. • Em 2010, indaziflam.
• O desenvolvimento de herbicidas ocorreu acentuadamente após a Segunda Guerra Mundial.
• Em 2002, 204 herbicidas seletivos foram
listados no Herbicide Handbook (Vencill 2002), e
357 foram aprovados pela Weed Sci. Soc.
• Herbicides are not only beneficial and
profitable where labor is scarce or expensive, but they may also be advantageous where
labor is plentiful and cheap.
• Herbicides can be used in places where other methods don’t work.
• Herbicides control weeds in crop rows where
• Preemergence herbicides provide early
season weed control when competition
results in the greatest yield reduction and when other methods are less efficient or impossible to use (e.g., it is impossible to mechanically cultivate when soil is wet).
• Cultivation can injure crop roots and foliage. Selective herbicides reduce the need for
tillage and control of weeds in crop rows
where tillage is not effective.
• Herbicides reduce destruction of soil
structure by decreasing the need for tillage
and the number of trips over the field with heavy equipment.
• Herbicides permit selective weed control in orchards.
• Proper herbicide selection maintains plant cover and reduces or eliminates the need for tillage that encourages soil erosion.
• Erosion in orchards and in other perennial crops can be prevented by maintenance of a sod cover with selective herbicides.
• Herbicides save labor and energy by reducing the need for hand labor and mechanical tillage.
• They can reduce fertilizer and irrigation
requirements by eliminating competing weeds. • They reduce harvest costs by eliminating
interfering weeds and can reduce grain drying costs because green, weedy plant material is absent.
• Other methods of weed control will, of course,
also accomplish these things but not as efficiently and often not as cheaply.
Desvantagens
• Custo• Conhecimento técnico
• Dependência de condições ambientais • Toxicidade para mamíferos
Desvantagens
• Persistência no ambiente • Carryover • Deriva • Resíduos em alimentos • Seleção de plantasAtualmente – dependência do controle químico
Classificações
• Uso• Local de aplicação • Época de aplicação
• Seletividade para as culturas • Mobilidade nas plantas
• Modo de ação
• Mecanismo de ação (sítio de ação)
O que é um Herbicida Atualmente?
• …”a pesticide used to kill unwanted plants”
(ScienceDaily)
• “a chemical substance used to control or
manipulate undesirable vegetation, especially
weeds” (MaximumYield)
• “a chemical used to kill or otherwise manage
certain species of plants considered to be pests”
(Science Encyclopedia)
• “a chemical used to kill or inhibit the growth of
weeds and other unwanted plant pests” (DMO
Herbicida é um produto formulado à base de um
composto químico tóxico capaz de matar plantas
...e outros compostos capazes de garantir
estabilidade e durabilidade, imprimir característica à formulação e melhorar o desempenho
Composto químico tóxico = ingrediente ativo
Outros compostos “atóxicos” = inertes, adjuvantes
Decreto Nº 44.038, de 15 de junho de 1999 (Defesa Agropecuária – SP)
• Ingrediente inerte: a substância não ativa em relação à eficácia dos agrotóxicos, seus componentes e afins,
resultante dos processos de obtenção destes produtos, bem como aquela usada apenas como veículo ou
diluente nas preparações.
• Aditivo: qualquer substância adicionada
intencionalmente aos agrotóxicos ou afins, além do ingrediente ativo e do solvente, para melhorar sua
ação, função, durabilidade, estabilidade e detecção ou para facilitar o processo de produção.
• Adjuvante: a substância usada para imprimir as características desejadas às formulações.
Produto Sintético
Produto formulado = ingrediente ativo + outros ingredientes
Uso
• Herbicidas - “weed killers” - dessecantes (pré-semeadura) - desfolhantes/dessecantes de pré-colheita • Maturadores/Reguladores de crescimentoLocal de Aplicação
• Solo ou Palha (Pré-emergentes)Local de Aplicação
• Solo ou Palha (Pré-emergentes)Época de Aplicação
• Antes da semeadura (ou do plantio) • Depois da semeadura (ou do plantio) • Antes da emergência da cultura• Depois da emergência da cultura
• Antes da emergência das plantas daninhas • Depois da emergência das plantas daninhas
CULTURA PLANTAS DANINHAS
PRÉ-EMERGÊNCIA PÓS-EMERGÊNCIA
PRÉ-SEMEADURA OU
PRÉ-PLANTIO
Sem cultura e com plantas daninhas não estabelecidas Ex. trifluralin após o preparo
do solo, mas antes da semeadura de soja
Pré-plantio incorporado (PPI)
Sem cultura, mas plantas daninhas estabelecidas
Ex. glyphosate para dessecação antes da semeadura sob palha
Dessecação em pré-semeadura/plantio
PRÉ-EMERGÊNCIA
Cultura e plantas daninhas não estabelecidas
Ex. pendimethalin logo após semeadura de milho
Cultura (de germinação ou brotação lenta) não estabelecida, mas plantas
daninhas estabelecidas Ex. 2,4-D após plantio da cana
PÓS-EMERGÊNCIA
Cultura estabelecida, mas plantas daninhas não
estabelecidas
Ex. diuron aplicado em algodão ou citros após capina
ou cultivo
Cultura e plantas daninhas estabelecidas
Ex. sethoxydim ou fluazifop em soja
Local x Época (Geral)
• PPI – Pré-Plantio Incorporado (aplicado antes da semeadura da cultura e antes da emergência das
plantas daninhas – trifluralin)
• PRE – Pré-Emergência (após a semeaduras, mas antes da emergência da cultura e das plantas
daninhas – alachlor e atrazine)
• POS – Pós-Emergência (após a emergência da
Seletividade
• Incapacidade do herbicida causar intoxicação à planta a ponto de reduzir significativamente sua produtividade
• Seletivos (não ocasionam intoxicação que acarreta redução significativa de
produtividade)
• Não seletivos (ocasionam intoxicação que acarreta redução significativa de
produtividade, podendo levar a cultura à morte)
Mobilidade
• Móveis (translocáveis) = Sistêmicos
• Não móveis (não translocáveis) = Tópicos (de Contato)
Sistêmicos
• Simplasto (floema) – folhas (POS) • Apoplasto (xilema) – solo (PRE)
Modo de Ação
3 visões:
• Série de eventos metabólicos que resultam na expressão final do efeito tóxico do herbicida sobre a planta
• Todas as etapas que ocorrem com o herbicida desde seu contato com a planta até a morte da planta
• Processo geral da planta que é afetado pelo herbicida, ocasionando sua morte
Modos de Ação
• Inibidores da síntese de aminoácidos • Inibidores da síntese de lipídeos
• Inibidores da síntese de pigmentos • Inibidores fotossintéticos
• Inibidores do crescimento de plântulas • Destruidores de membranas celulares • Reguladores de crescimento
Mecanismo de Ação (Sítio de Ação)
• Primeiro de uma série de eventos metabólicosque resultam na expressão final do efeito tóxico do herbicida sobre a planta
• ...ou seja, é o primeiro ponto do metabolismo da planta em que o herbicida atua
Mecanismos de Ação (Sítio de Ação)
• ACCase• ALS (ou AHAS) • PPO ou PROTOX • EPSPS • GS • 4-HPPD • DOXP • FSII • FSI • Formação de microtúbulos • AGCML
• Síntese de parede celular • Mimetizadores de auxínas
Mecanismos de Ação (Sítio de Ação)
• PDS • DHP • Não ACCase • Desacopladores • Transporte de auxínasInibidores de aminoácidos
Inibidores de lipídeos
Inibidores de carotenoides
Destruidores de membrana
Inibidores de divisão celular
Inibidores fotossintéticos
Hormonais e relativos
ALS, EPSPS e GS
ACCase e “não ACCase”
DOXP e HPPD PROTOX e Desacopladores energéticos DHP, Tubulina e AGCML FS II e FS I Mimetizadores de auxina e Inibidores de transporte de auxina
Local de aplicação Movimento na planta Sítio de ação / Mimetização * Inibição / Desrregulação # Plantas daninhas controlas Folhas Sistêmico ACCase Lipídeos G++ ALS Aminoácidos alifáticos DGC EPSPS Aminoácidos aromáticos DG
HPPD Carotenoides DG DHPS Ácido fólico G Auxinas * Metabolismo celular # D+
Contato
FS I Transporte de elétrons DG anuais PROTOX Clorofilas e Citocromos D anuais
GS Aminoácidos e Rubisco DG anuais
FS II
Solo
Sistêmicos
FS II Transporte de elétrons D DOXP Carotenoides DG
ACCase / ALS / HPPD / Auxinas
Contato
Tubulina Microtúbulos G anuais Aminoacil tRNAs AGCML G Enzima não-ACCase Lipídeos G
Outros
Ionização (dependência do pH)
• Ionizáveis (cargas mudam, dependendo do pH) - Ácidos (glyphosate, mesotrione e 2,4-D)
Outros
Ionização (dependência do pH)
• Não ionizáveis (cargas não mudam, independentemente do pH)
- Não iônicos (alachlor, flumioxazin e clomazone) - Catiônicos (diquat e paraquat)
Propriedades físico-químicas
• Solubilidade em água (S) • Pressão de vapor (PV)
• Constante da Lei de Henry (KH)
• Constante de dissociação eletrolítica (pKa)
• Coeficiente de partição octanol/água (P ou Kow) • Constante de sorção na fração mineral do solo (Kd)
• Constante de sorção normalizado para o teor de carbono orgânico (Koc)
Propriedades físico-químicas
Potencial de volatilização
• Constante da Lei de Henry (KH) Potencial de persistência
• Tempo de meia-vida (T1/2) Potencial de lixiviação
• Índice GUS
Solubilidade em água – S
• “Abundância do herbicida na fase aquosa, quando a
solução está em equilíbrio com o composto puro em seu estado de agregação a temperatura (25 oC) e pressão
(1 atm) específicas” (Schwarzenbach et al., 1993)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
S = Msat / Vágua
Msat= fração molar de solubilidade do herbicida na forma líquida ou sólida Vágua= volume molar da água = 0,018
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Solubilidade em água (mg/L) Intensidade
=< 50 Baixa
> 50 e <= 500 Moderada
> 500 Alta
Solubilidade em água (mg/L) Herbicida
=< 50 atrazine, pendimethalin
> 50 e <= 500 ametryn, fomesafen
> 500 acifluorfen, glyphosate
Indica a quantidade de água necessária para dissolver o herbicida
Pressão de vapor – PV
• “A pressão do estado de vapor do herbicida em
equilíbrio com sua fase condensada, seja ela líquida ou sólida” (Schwarzenbach et al., 1993)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
ln(PV) = A – B / (T + C)
A, B e C são constantes para cada herbicida T = temperatura em Kelvin
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Indica a pressão necessária para o herbicida evaporar
University of Hertfordshire (2013) Pressão de vapor (mPa) Intensidade
< 1x10-6 Baixa
=< 1x10-4 e >= 1x10-6 Moderada
> 1x10-4 Alta
Pressão de vapor (mPa) Herbicida
< 1x10-6 glyphosate, MCPA
=< 1x10-4 e >= 1x10-6 fluazifop, metribuzin
Constante de dissociação eletrolítica – pKa
• “Potencial de dissociação de um herbicida ácido ou básico, em meio líquido, em relação ao pH do meio”
(Schwarzenbach et al., 1993)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
pKa = pH – log([A-] / [AH]) pKa = pH – log([B+] / [BOH])
pH = potencial hidrogeniônico do meio A-= herbicida ácido na forma dissociada
AH = herbicida ácido na forma molecular B+= herbicida básico na forma dissociada
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Indica a capacidade do herbicida formar íons em solução
University of Hertfordshire (2013) Constante de dissociação (pKa) Ácido Intensidade
Baixa (< 3,0) Ácido forte Alta
Média (=> 3,0 e <= 9,0) Ácido fraco Moderada
Alta (> 9,0) Ácido muito fraco Baixa
Constante de dissociação (pKa) Base Intensidade
Baixa (< 3,0) Base muito fraca Baixa
Média (=> 3,0 e <= 9,0) Base fraca Moderada
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
University of Hertfordshire (2013) Constante de dissociação (pKa) Herbicidas Ácidos
Baixa (< 3,0) glufosinate, glyphosate
Média (=> 3,0 e <= 9,0) ioxynil, mesotrione
Alta (> 9,0) oryzalin, ametryn
Constante de dissociação (pKa) Herbicida Básicos
Baixa (< 3,0) atrazine, hexazinona
Média (=> 3,0 e <= 9,0) ?
Alta (> 9,0) ?
Herbicidas não-ionizáveis Herbicidas catiônicos
flumioxazin, linuron diquat e paraquat
metamitron, molinate oxyfluorfen, thiobencarb
Coeficiente de partição octanol/água – Kow
• “Coeficiente que gera estimativa direta da
hidrofobicidade ou da tendência de partição do
herbicida de um meio aquoso para um meio orgânico”
(Mackay et al., 1997)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Kow = [Coctanol] / [Cágua]
Coctanol= concentração do herbicida dissolvido em octanol Cágua= concentração do herbicida dissolvido em água
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Indica a afinidade do herbicida com compostos orgânicos
University of Hertfordshire (2013) log Kow ou log P Intensidade
< 2,7 Baixa bioacumulação
=> 2,7 e <= 3,0 Moderada bioacumulação
> 3,0 Alta bioacumulação
log Kow ou log P Intensidade
< 1,0 Baixa lipofilicidade
=> 1,0 e <= 2,5 Adequada lipofilicidade
Coeficiente de sorção – Kd
• “Coeficiente que gera estimativa da tendência de
partição do herbicida da fase líquida para a fase sólida do solo” (Schwarzenbach et al., 1993)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Kd = [Cfs] / [Cfl]
Cfs= concentração do herbicida na fase sólida do solo Cfl= concentração do herbicida na fase líquida do solo
Coeficiente de sorção – Koc
• “Coeficiente que gera estimativa da tendência de partição do herbicida da fase líquida para a matéria orgânica do solo” (Schwarzenbach et al., 1993)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Koc = [Cfo] / [Cfl]
Cfo= concentração do herbicida na fase orgânica do solo Cfl= concentração do herbicida na fase líquida do solo
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Indicam a afinidade do herbicida com a fase sólida do solo
Koc (mL/g) Intensidade Mobilidade
< 15 Muito baixa Muito móvel
=> 15 e <= 75 Baixa Móvel
> 75 e <= 500 Moderada Moderadamente móvel
> 500 e <= 4.000 Alta Pouco móvel
> 4.000 Muito alta Imóvel
Koc (mL/g) Herbicida < 15 ? => 15 e <= 75 penoxsulam, sulfentrazone > 75 e <= 500 atrazine, mesotrione > 500 e <= 4.000 carfentrazone, glyphosate > 4.000 paraquat, pendimethalin University of Hertfordshire (2013)
Relação Kd, Koc e Kow (Karickhoff, 1981)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Kd = Koc x foc Koc = 0,411 x Kow Kd = 0,411 x Kow x foc
Koc = Kd / foc
foc= fator que indica a fração orgânica do solo em porcentagem
0,411 = Coctanol / Cmatéria orgânica(relação linear entre Koc e Kow – independentemente do soluto) Koc não depende do teor de matéria orgânica
Constante da Lei de Henry – K
H• “Representa a razão em que há divisão do volume de
moléculas do herbicida, determinando a compatibilidade relativa do composto para cada meio até o equilíbrio
entre vapor e a fase de solução” (Schwarzenbach et al., 1993)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
KH ~ PV / S
PV = pressão de vapor do herbicida S = solubilidade do herbicida em água
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Indica o potencial de volatilização do herbicida
University of Hertfordshire (2013) Constante de Henry
(Pa.m3/mol) Intensidade
< 2,5x10-7 Não-volátil
=< 2,5x10-5 e >= 2,5x10-7 Moderadamente volátil
> 2,5x10-5 Volátil
Constante de Henry
(Pa.m3/mol) Herbicida
< 2,5x10-7 glufosinate, glyphosate
=< 2,5x10-5 e >= 2,5x10-7 linuron, oxyfluorfen
Tempo de meia-vida – T
1/2• “Intervalo de tempo para que 50% da massa de
moléculas do herbicida seja degradado” (Schwarzenbach et al., 1993)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
T1/2 solo = ln (2) / k
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Indica o potencial de persistência do herbicida
Tempo de meia vida (dias) Herbicida
<= 30 alachlor, glyphosate, metribuzin
> 30 e <= 100 ametryn, atrazine, chlorimuron
> 100 e <= 365 acifluorfen, imazethapyr,
pendimethalin, trifluralin
> 365 paraquat, oxadiazon,
sulfentrazone, tebuthiuron
Tempo de meia vida (dias) Intensidade
<= 30 Não-persistente
> 30 e <= 100 Moderadamente persistente
> 100 e <= 365 Persistente
> 365 Muito persistente
Índice de lixiviação – GUS
• Groundwater Ubiquity Score (GUS) – (Gustafson, 1989)
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
GUS = log(T1/2 solo) x (4 – log(Koc))
Tf/2= tempo de meia vida do herbicida no solo Koc = constante de sorção em carbono orgânico do solo
Propriedades físico-químicas dos herbicidas
Indica o potencial de lixiviação do herbicida
University of Hertfordshire (2013)
Índice GUS Intensidade
> 2,8 Alta lixiviação
=< 2,8 e >=1,8 Moderada lixiviação
< 1,8 Baixa lixiviação
Índice GUS Herbicida
> 2,8 atrazine, mesotrione
=< 2,8 e >=1,8 diuron, s-metolachlor
Bibliografia
• Carvalho LB. 2013. Herbicidas.
• Monaco TJ. 2002. Weed Science: principles and practices.
• Rodrigues BN, Almeida FS. 2018. Guia de herbicidas.
• University of Hertfordshire – Pesticide Properties DataBase
(http://sitem.herts.ac.uk/aeru/ppdb/en/atoz_her
b.htm).
• Zimdahl RL. 2007. Fundamentals of Weed Science.
Leonardo Bianco de Carvalho
leonardo.carvalho@unesp.br