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ESTIMATIVAS DE EXPECTATIVA DE VIDA COM PROBLEMAS CRÔNICOS DE COLUNA PARA BRASIL E GRANDES REGIÕES, Resumo

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ESTIMATIVAS DE EXPECTATIVA DE VIDA COM PROBLEMAS CRÔNICOS DE COLUNA PARA BRASIL E GRANDES REGIÕES, 20131

Mirela Castro Santos Camargos (UFMG) Luiza de Marilac Souza (FJP) Wanderson Costa Bomfim (UFMG) Karina Silva Fonseca (UFMG) Ananda Jessyla Félix Oliveira (UFMG) Warlison Ramos de Oliveira (UFMG)

Resumo

Introdução: Os problemas crônicos de coluna não ocasionam elevada mortalidade e

sua gravidade pode ser considerada relativamente baixa, se comparados a outras enfermidades, porém são fatores de grande impacto no que diz respeito às limitações funcionais bem como na qualidade de vida. Objetivo: Estimar a expectativa de vida com problemas crônicas de coluna, para a população das cinco regiões brasileiras e para o Brasil, ao nascer e aos 60 anos de idade, por sexo, em 2013, utilizando os dados da Pesquisa Nacional de Saúde. Metodologia: Foi utilizado o método elaborado por Sullivan, combinando a tábua de vida, com experiência de mortalidade corrente da população em 2013, e as prevalências de doenças crônicas de coluna na população das cinco regiões brasileiras e para o Brasil no mesmo ano. Resultados: Em 2013, ao nascer, em média, os homens poderiam esperar viver 71,2 anos, 13,1 anos dos quais com problemas de coluna (18,4%). No caso das mulheres, esses valores chegavam a 78,5 anos e 19,0 anos (24,2%), respectivamente. Com o avançar da idade, as diferenças permaneciam. Aos 60 anos, as mulheres esperavam viver, em média, por mais 23,4 anos, sendo 7,3 desses anos (31,0%) com problemas de coluna. Já para os homens, na mesma idade, apenas 5,2 anos (26,4%) dos 19,9 anos remanescentes seriam vividos com problemas de coluna. Assim, as mulheres viveriam mais, mas poderiam esperar viver um número maior de anos com problemas de coluna. Conclusão: O conhecimento do número médio de anos a serem vividos com problemas de coluna pode auxiliar no desenvolvimento de tratamento e suporte adequado, prevenindo suas consequências, como por exemplo, as aposentadorias prematuras. Dizer que, em média, uma mulher pode esperar viver 19 anos com

1 Trabalho apresentado no XXI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Poços de

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problemas crônicos de coluna e um homem 13 anos, nos permite lançar luz em um problema que muitas vezes não é tratado de forma adequada. Cabe aos gestores e aos responsáveis pela elaboração de políticas públicas rediscutir as ações vigentes, garantindo que mesmo na presença de problemas crônicas de coluna, as pessoas possam ter qualidade de vida para realizar suas atividades do dia-a-dia.

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ESTIMATIVAS DE EXPECTATIVA DE VIDA COM PROBLEMAS CRÔNICOS DE COLUNA PARA BRASIL E GRANDES REGIÕES, 2013

INTRODUÇÃO

O Brasil, assim como vários outros países, vem passando por um processo de transformações epidemiológicas, que consiste na substituição de doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas, além da mudança do padrão etário das doenças, pois cada vez mais a carga de morbimortalidade vem se transferindo dos grupos etários mais jovens para os mais idosos (SZWARCWALD et al, 2017).

Um dos grandes avanços da humanidade em termos de saúde é o controle cada vez maior sobre os fatores que levam a mortalidade, levando a ganhos significativos de expectativa de vida. O resultado disso é uma população vivendo cada vez mais. Contudo, tal fato remete a uma reflexão sobre o quanto estamos vivendo com problemas de saúde e o quanto se vive de forma saudável. Isso levou as estimativas de anos vivos com saúde ou Expectativa de Vida Saudável a serem alvo de vários estudos (SALOMON et al, 2012).

Na literatura há várias maneiras de se mensurar a Expectativa de Vida Saudável como, por exemplo, a incapacidade funcional, a autopercepção de saúde e as doenças crônicas (ROBINE, ROMIEU & CAMBOIS, 1999; NARDI, SAWADA, SANTOS, 2013; MALTA et al, 2014; PEREIRA et al, 2014). Neste estudo, a forma definida foi analisar a expectativa de vida com doença crônica, sendo o foco de interesse as doenças crônicas de coluna.

Um estudo realizado com base na Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar mostrou que doenças de coluna eram prevalentes em 15,43% da população do Brasil em 2008, sendo a segunda doença crônica mais relatada entre a população estudada, atrás apenas da hipertensão arterial. Esse percentual é ainda maior para indivíduos de idades mais avançadas, como os grupos etários de 60 a 69 anos e 70 a 79, que apresentaram prevalência de 35,14% e 35,54%, respectivamente (BARROS, et al., 2011). Em outro estudo, que utilizou a Pesquisa Nacional de Saúde também obteve

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resultados que demonstraram o quanto a prevalência desses problemas se eleva com a idade. Além disso, as doenças de coluna geram certo grau de limitação e também apresentam um padrão de crescimento do percentual de prevalência com a idade. Das pessoas com 18 a 29 anos que possuem algum problema de coluna, 5,7% apresentam grau intenso ou muito intenso de limitações das atividades habituais, contra 20,2% dos indivíduos com 75 anos ou mais (OLIVEIRA et al., 2015).

Os problemas crônicos de coluna não ocasionam elevada mortalidade como outras doenças tais como, cardiovasculares ou as neoplasias. Sua gravidade pode ser considerada relativamente baixa ao comparar-se com esses grupos de doenças citadas, porém são fatores de grande impacto no que diz respeito às limitações funcionais bem como na qualidade de vida (DELLAROZA et al, 2013; NASCIMENTO &COSTA, 2015), acarretando em muito ônus, tanto individuais quanto macro, para a sociedade e os governos. Em termos micro, os problemas crônicos na coluna podem ocasionar perda do condicionamento físico, diminuição da participação em atividades sociais, estresse familiar, diminuição do contato com a comunidade, perdas financeiras, ansiedade e depressão. Já em termos macro, os impactos podem ser do tipo econômico, devido a gastos relacionados ao tratamento da patologia em si, além de ônus monetários devido a outras situações tais como, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (FERREIRA & NAVEGA, 2010).

Pode-se perceber como as doenças de coluna podem ter um impacto importante no que se refere a saúde da população. Desse modo, o conhecimento de como esse problema de saúde afeta a população vem se tornando cada vez mais relevante, principalmente diante das mudanças de estrutura etária que o país vem passando, gozando de uma proporção cada vez maior de pessoas idosas. As informações sobre esse problema são de grande relevância para o planejamento e execução de medidas de prevenção e promoção de saúde, que possam permitir ganhos em saúde para a população (CAMARGOS, 2014; SANTOS et al, 2015).

Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi estimar a expectativa de vida com problemas crônicas de coluna, para a população das cinco regiões brasileiras e para o Brasil, ao nascer e aos 60 anos de idade, por sexo, em 2013, utilizando os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).

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METODOLOGIA

Fonte de Dados

Este estudo utiliza dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013, uma pesquisa de base domiciliar, realizada em conjunto entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2013 (IBGE, 2014), além da utilização de Tábuas de Vida Completas, por sexo, publicadas pelo IBGE para o mesmo ano (IBGE, 2013).

Os dados coletados por meio dessa pesquisa permitem o delineamento das condições de saúde da população brasileira, por meio de uma amostra representativa, que traz informações relacionadas diretamente ao indivíduo, como enfermidades diagnosticadas por um profissional de saúde e outras que dizem respeito a acesso a determinados serviços de saúde e informações referentes ao domicílio (IBGE,2014b). O tamanho da amostra é de 80,000 domicílios, permitindo a construção de indicadores para Unidades Federativas, capitais e regiões metropolitanas do Brasil (SZWARCWALD et al., 2014).

Para este estudo, foram utilizadas prevalências de doenças crônicas de coluna, por sexo e grupo etário para as cinco Grandes Regiões e para o Brasil.

Foram classificados como presença de doença crônica de coluna, aqueles indivíduos que responderam sim a seguinte pergunta: O(a) sr(a) tem algum problema crônico de coluna, como dor crônica nas costas ou no pescoço, lombalgia, dor ciática, problemas nas vértebras ou disco? Nesse caso específico dos problemas crônicos de coluna, não foi usado na pergunta ao respondente se algum médico deu o diagnóstico de tal transtorno.

Para compor a amostra, foram incluídas pessoas de todas as faixas etárias, excluindo os casos sem declaração de idade. Para calcular as prevalências, foram utilizados os pesos existentes na própria base, para garantir a representatividade da população total.

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Por fim, as outras fontes de informações empregadas são as Tábuas de Vida Completas publicadas pelo IBGE. Essas são construídas anualmente pelo instituto e são uma projeção com base na mortalidade calculada para os anos do Censo Demográfico, as quais resultaram de uma ampla discussão entre seus técnicos. (IBGE,2014).

Método

Para estimar a expectativa de vida com doenças crônicas de coluna foi utilizado o método elaborado por Sullivan (SULLIVAN, 1971), combinando a tábua de vida, com experiência de mortalidade corrente da população em 2013, e as prevalências de doenças crônicas de coluna na população mineira no mesmo período.

A expectativa de vida com problemas crônicos de coluna (EVCDCx) é definida como:

Onde:

EVCDCx: Expectativa de vida com problemas crônicos de coluna, que corresponde ao

número médio de anos a serem vividos com problemas crônicos de coluna a partir da idade x;

:proporção de pessoas com problemas crônicos de coluna no grupo etário x a x+n;

: pessoas-anos vividos de x a x+n, que corresponde ao total de anos vividos pela coorte no intervalo;

lx: probabilidade de sobreviver até a idade x. x nx nL x x n x x l L EVCPC =

(n )

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Já a expectativa de vida livre de problemas crônicos de coluna (EVLPCx), que fornece

o número médio de anos a serem vividos livres de problemas crônicos de coluna a partir de determinada idade, foi obtida diretamente subtraindo da expectativa de vida total (EVx) a EVCPCx:

Outra opção seria empregar o Método de Sullivan e, nesse caso, utilizar a proporção de pessoas livres de doenças crônicas de coluna no grupo etário x a x+n. Além disso, estimou-se a proporção de anos a serem vividos livres de doenças crônicas de coluna (% EVLPCx) e com doenças crônicas de coluna (% EVCPCx), pela razão entre o

número de anos a serem vividos em cada uma dessas condições e o total de anos a serem vividos.

As tabelas de sobrevivência foram construídas separadamente por sexo, sendo o número de anos vividos dentro de cada idade na tábua de vida foi distribuído segundo a prevalência de doenças crônicas de coluna em cada grupo etário específico. A opção por estimar as prevalências por grupos quinquenais teve como objetivo minimizar possíveis erros de estimativas por idade simples. Para apresentação dos resultados foram selecionadas as estimativas ao nascer e aos 60 anos.

RESULTADOS

No Brasil, em 2013, os problemas de crônicos de coluna atingiam 18,2% da população, acometendo 21,1% das mulheres e 15,5% dos homens. As prevalências tendem a aumentar com a idade e são maiores entre as mulheres (figura 1).

Quanto as diferenças entre as Grandes Regiões, observa-se em as maiores prevalências podem ser observadas na região Sul, com 26,6% das mulheres e 19,7% dos homens com queixas em relação a essa enfermidade (figura 2).

x x

x EV EVCPC

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Figura 1 - Prevalência de problemas crônicos de coluna por idade e sexo, Brasil - 2013

Fonte dos dados básicos: PNS, 2013.

Figura 2 - Prevalência de problemas crônicos de coluna por sexo, Brasil e Grandes Regiões - 2013

Fonte dos dados básicos: PNS, 2013. 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 0 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 a 79 80 a 84 85 a 89 90 e mais % Grupo etário

Homens Mulheres Ambos

15,2 17,1 13,7 19,7 12,5 15,5 18,5 21 19,8 26,6 20,9 21,1 16,9 19,2 16,9 23,3 16,9 18,5 0 5 10 15 20 25 30

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil

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A Tabela 1 apresenta as estimativas da Expectativa de Vida Total (EV), Livre de Problemas Crônicos de Coluna (EVLPC) e Com Problemas Crônicos de Coluna (EVCPC) em 2013, ao nascer e aos 60 anos, em termos absolutos e relativos. Em 2013, ao nascer, em média, os homens poderiam esperar viver 71,2 anos, 13,1 anos dos quais com problemas de coluna (18,4%). No caso das mulheres, esses valores chegavam a 78,5 anos e 19,0 anos (24,2%), respectivamente. Com o avançar da idade, as diferenças permaneciam. Aos 60 anos, as mulheres esperavam viver, em média, por mais 23,4 anos, sendo 7,3 desses anos (31,0%) com problemas de coluna. Já para os homens, na mesma idade, apenas 5,2 anos (26,4%) dos 19,9 anos remanescentes seriam vividos com problemas de coluna.

Em relação as diferenças entre as Grandes Regiões, a região Sul apresentou as maiores expectativas de vida total e com problemas de coluna, para ambos os sexos. Em 2013, ao nascer, os homens dessa região poderiam esperar viver 73,5 anos, 16,6 anos dos quais com problemas de coluna (22,6%). Para as mulheres, esses valores atingiam 80,3 anos, 25,6 anos (31,9%), respectivamente. As menores expectativas de vida ao nascer com problemas de coluna foram observadas para os homens da região Centro-Oeste (11,4 anos) e para as mulheres da Norte (15,9 anos).

As mulheres viveriam mais, mas poderiam esperar viver um número maior de anos com problemas de coluna. Para homens e mulheres, o tempo a ser vivido livre de doenças crônicas de coluna, ou seja, os anos de vida saudáveis foi sempre maior que os anos a serem vividos com problemas crônicos de coluna.

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Tabela 1 - Expectativa de vida com e livre de problemas crônicos de coluna, Brasil e Grandes Regiões - 2013

Sexo Local Idade EVx EVLPCx EVCPCx %

EVLPCx % EVCPCx Homens Brasil 0 71,2 58,2 13,1 81,6 18,4 60 19,9 14,6 5,2 73,6 26,4 Norte 0 68,2 56,1 12,2 82,1 17,9 60 18,7 14,5 4,2 77,6 22,4 Nordeste 0 68,1 54,6 13,5 80,2 19,8 60 18,9 13,9 5,0 73,5 26,5 Sudeste 0 73,3 61,1 12,1 83,4 16,6 60 20,4 15,1 5,3 74,1 25,9 Sul 0 73,5 56,9 16,6 77,4 22,6 60 20,4 14,1 6,3 69,2 30,8 Centro-Oeste 0 71,2 59,8 11,4 84,0 16,0 60 19,8 14,7 5,1 74,2 25,8 Mulheres Brasil 0 78,5 59,5 19,0 75,8 24,2 60 23,4 16,2 7,3 69,0 31,0 Norte 0 75,3 59,4 15,9 78,9 21,1 60 21,6 16,1 5,5 74,6 25,4 Nordeste 0 76,4 57,3 19,1 75,0 25,0 60 22,4 14,4 8,0 64,3 35,7 Sudeste 0 79,8 62,5 17,4 78,2 21,8 60 24,1 17,7 6,4 73,5 26,5 Sul 0 80,3 54,7 25,6 68,1 31,9 60 24,2 13,5 10,6 56,0 44,0 Centro-Oeste 0 77,9 60,2 17,7 77,2 22,8 60 22,8 17,4 5,5 76,0 24,0 Ambos os sexos Brasil 0 74,8 58,7 16,1 78,5 21,5 60 21,7 15,4 6,3 71,0 29,0 Norte 0 71,5 57,6 13,9 80,5 19,5 60 20,1 15,3 4,8 76,2 23,8 Nordeste 0 72,2 55,9 16,3 77,4 22,6 60 20,7 14,1 6,6 68,2 31,8 Sudeste 0 76,6 61,7 14,9 80,5 19,5 60 22,4 16,5 5,9 73,6 26,4 Sul 0 76,9 55,5 21,4 72,2 27,8 60 22,4 13,7 8,7 61,0 39,0 Centro-Oeste 0 74,4 59,7 14,8 80,2 19,8 60 21,3 16,0 5,4 74,8 25,2

Fonte dos dados básicos: PNS, 2013; IBGE - Tábua de Mortalidade para Brasil, 2013. Nota: EVx: Expectativa de Vida; EVLPCx: Expectativa de Vida Livre de Problemas Crônicos de Coluna; EVCPCx: Expectativa de Vida Com Problemas Crônicos de Coluna.

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DISCUSSÃO

O presente estudo estimou a expectativa de vida com problemas crônicas de coluna ao nascer e aos 60 anos, para homens e mulheres, em 2013, para Brasil e Grandes Regiões.

Os dados indicaram os problemas de coluna são mais prevalentes entre as mulheres e diferença acentua nas idades mais avançadas, como já foi observado em estudo anterior (CAMARGOS, 2014).

Na região Sul, um em cada cinco homens e uma em cada quatro mulheres relataram problemas crônicos de coluna, sendo as maiores prevalências dessas enfermidades, se comparadas a outras Grandes Regiões. Essas prevalências, aliadas a uma maior expectativa de vida, contribuíram para que essa região fosse a de maior expectativa de vida com doenças crônicas de coluna. Para Oliveira et al. (2015), a maior prevalência de queixa algum problema crônico de coluna em indivíduos da região Sul do Brasil poderia ser atribuído ao perfil mais envelhecido da população, contudo estudos adicionais a este respeito precisariam ser realizados.

Na análise das diferenças entre os sexos, observou-se que apesar das mulheres terem esperanças de vida ao nascer superior a dos homens, elas possuem menor proporção de anos a serem vividos sem doenças crônicas de coluna. Deste modo, se por um lado, em relação aos homens, as mulheres vivem mais, por outro elas passam um número maior de anos com deformidades e dores musculares relacionadas a doenças crônicas na coluna, o que se observa em todas as idades e regiões analisadas, em termos relativos e absolutos. Os resultados apresentados mostraram que, com o avançar da idade, as diferenças entre os sexos diminuem no caso da expectativa de vida com doenças crônicas de coluna.

Mesmo que a forma de mensurar saúde possa variar entre os estudos, dificultando comparações, os resultados do presente estudo corroboram trabalhos prévios que destacaram a desvantagem feminina em relação à expectativa de vida saudável (CAMARGOS, MACHADO, RODRIGUES, 2007; CAMARGOS, MACHADO,

RODRIGUES, 2008a; CAMARGOS, MACHADO, RODRIGUES, 2008b; CAMPOLINA

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apresenta resultados parecidos aos de Camargos (2014) que estimou os anos a serem vividos com problemas de coluna para o Brasil em 2003 e 2008.

Ainda sobre as diferenças entre homens e mulheres, mas especificamente no que tange aos anos livres e com doença crônica de coluna, fatores explicativos apontados por outros pesquisadores estariam associados a própria constituição física e anatômica feminina, constituída por uma estrutura mais frágil, com menor densidade óssea e muscular (MALTA & SZWARCWALD, 2017). Outro ponto destacado são as alterações físicas advindas da gravidez e parto, que propiciam transformações no corpo feminino, que podem contribuir para o surgimento de dores na coluna. Historicamente também as mulheres são as principais responsáveis pelos trabalhos domésticos, pelos cuidados com crianças, atividades essas que muitas das vezes são executadas em posturas pouco ergonômicas (SILVA, FASSA & VALLE, 2004)

Mesmo que o tempo a ser vivido com problemas crônicos de coluna seja menor que o vivido livre dessas condições é preciso pensar na demanda de cuidado requerida por esta população. Afinal, em média, considerando a expectativa de vida ao nascer em 2013, uma mulher brasileira vai demandar de 19 anos e um homem de 13 anos de acompanhamento clínico constante, o que refletirá diretamente nos gastos com cuidado e reabilitação. Essas estimativas nos permitem jogar luz a problema que muitas vezes não é tratado de forma adequada. Cabe aos gestores e os responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas rediscutirem as ações vigentes, garantindo que mesmo na presença de problemas crônicas de coluna, as pessoas possam ter qualidade de vida para realizar suas atividades do dia-a-dia.

As estimativas realizadas permitem refletir sobre os anos a serem vividos com necessidade de: consultas médicas com ortopedistas; tratamento ambulatorial com fisioterapeutas; medicamentos e exames diversos; afastamentos da atividade laboral; cuidados dentro da família; entre outros. As perdas econômicas oriundas dos problemas de coluna, relacionadas ao tratamento como mencionado ou as perdas produtivas, pois esse problema gera muitos afastamentos, torna-se um fardo para as pessoas e para a sociedade como um (GORE et al, 2012). Ademais há um sério problema das aposentadorias como um relevante fator de ônus econômico e estão muito associadas aos problemas de coluna (FILHO, AZEVEDO & SILVA, 2011). Diante da discussão atual relacionada a previdência, é fundamental que o

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envelhecimento populacional ocorra de tal forma que permita trabalhadores mais produtivos, que não se aposentem devido a problemas de morbidade como doenças de coluna, e que estas deixem de ser fatores que ocasionem justamente o contrário (SANTOS, 2015).

Além de todas essas demandas, destaca-se a perda na qualidade de vida dos indivíduos, custos intangíveis, relacionados ao prazer diminuído da vida por causa da doença (DAGENAIS, CARO & HALDEMAN, 2008). As doenças de coluna e outras morbidades possuem um alto potencial de limitação funcional dos indivíduos, o que afeta diretamente a qualidade de vida destes (TAVARES & DIAS, 2012). Este tipo de discussão reforça a ideia que, tanto para a população como para o Estado, os investimentos em prevenção, que sejam capazes de reduzir o tempo vivido com problemas crônicos de coluna, como as deformidades e as dores musculares, são ainda a melhor solução para reduzir custos e ampliar a qualidade de vida nos anos remanescentes.

Na medida em que apresenta informações sobre os anos a serem vividos com e sem doenças crônicas de coluna, o presente estudo fornece subsídios para se estimar a demanda por cuidado e intervenções de saúde da população, apontando para a necessidade de se investir em prevenção para que a expectativa de vida livre de problemas crônicos de coluna possa ser ampliada. Além disso, reforça a necessidade de considerar as diferenças entre os sexos em relação à demanda por cuidados de saúde.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e a Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (PRPq/UFMG) pelo apoio no desenvolvimento deste artigo.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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