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MANUFATURA VERDE E SUAS VARIA º ÁES: EM BUSCA DE UM MODELO CONCEITUAL

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MANUFATURA VERDE E SUAS

VARIA├º├ÁES: EM BUSCA DE UM

MODELO CONCEITUAL

Marco Antonio Mabilia Martins marcoamm@gmail.com Dusan Schreiber dusan@feevale.br

Os termos manufatura verde, manufatura sustent├ível e cadeia de suprimentos verde s├úo amplamente utilizados, em n├¡vel global, na comunidade cientifica. Entretanto, diversos trabalhos utilizam-se desses m├║ltiplos conceitos, evidenciando uma falta de consenso entre os acad├¬micos para o seu uso. Este estudo tem como objetivo realizar uma an├ílise compreensiva do modelo conceitual de Manufatura Verde, buscando contribuir para uma maior clareza em seu conceito. Esta pesquisa se qualifica como qualitativa e bibliogr├ífica, sendo a coleta de dados realizada no m├¬s de mar├ºo e abril de 2019, nas bases de dados Science Direct e Scopus. Os principais resultados revelam que os termos manufatura sustent├ível e manufatura verde possuem os mesmos termos chave e buscam descrever o mesmo processo, com apenas uma diferen├ºa em sua finalidade - enquanto a primeira d├í mais enfoque ao ambiente externo, a segunda mant├®m seu enfoque nos processos internos. Quanto ao termo “cadeia de suprimentos verde”, observou-se uma dist├óncia conceitual referente aos dois primeiros termos, dando um maior foco ├á quest├úo do processo como um todo, da cadeia de suprimentos, e n├úo somente ao processo produtivo.

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1. Introdução

As questões que envolvem o tema sustentabilidade têm adquirido uma importância cada vez maior no contexto acadêmico e corporativo. O relatório Brundtland da World Commission for Economic Development, “Our Common Future” (WCED, 1987) coloca que a sustentabilidade é o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades. Banerjee (2002) ainda acrescenta que essa temática se tornou recorrente em pesquisas, e é um processo de mudança em que a exploração de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico são realizadas de maneira consistente em relação às necessidades gerais.

Acompanhando essa evolução, a manufatura também tem se tornado foco de estudos acadêmicos, e a sua relação com o ambiente natural e sustentável está gradualmente se tornando reconhecida. As empresas vêm refletindo sobre a implementação de estratégias orientadas para sustentabilidade (FROEHLICH, 2014). A preocupação com os processos produtivos passou a ter maior destaque somente a partir da década de 1990 (SILVA et. al., 2015). Um exemplo foi o processo de auditoria externa pelos britânicos, no início dos anos 90, que resultou na integração de políticas ambientais corporativas com programas como o Green Manufacturing (GM) ou Environment Management System (SEM) recebendo mais atenção ao longo dos anos 90 (MORROW; RONDINELLI, 2002). O progresso, a lucratividade, a produtividade e a gestão ambiental são questões agora vistas como prioridade pelas organizações de manufatura. (SARKIS, 2001).

Analisando-se de outra perspectiva, há também uma crescente sensibilização do consumidor frente a produtos e serviços que tenham uma procedência sustentável (MILFONT, MARKOWITZ, 2016). Ou seja, as organizações devem levar em consideração as tendências de consumo, mesmo que não haja uma obrigatoriedade legal em desenvolver processos de manufatura sustentáveis. Dessa forma, termos como Manufatura Verde (Green

Manufacturing), Manufatura Sustentável (Sustainable Manufacturing), Cadeia de Suprimentos

Verde (Green Supply Chain), entre outros, foram sendo utilizados em diversos artigos como forma de conceituar esse processo de mudança na manufatura das organizações (PUSAVEC et al., 2010; DORNFELD, 2012; DEIF, 2011).

Nesse contexto, uma análise do modelo conceitual da produção ou manufatura verde seria de suma importância para um melhor entendimento do termo, além de contribuir para uma melhor contextualização deste e de outros conceitos semelhantes em futuros trabalhos acadêmicos. Desta forma, este estudo justifica-se na medida em que há diversos trabalhos utilizando-se

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desses múltiplos conceitos, com percepção de uma falta de consenso entre os acadêmicos para o seu uso.

Diante do exposto, o objetivo desse estudo é realizar uma análise compreensiva do modelo conceitual de Manufatura Verde. Por se utilizar da interpretação subjetiva de informações textuais elaboradas, o tipo de pesquisa utilizado é qualitativo. O procedimento técnico utilizado nesse estudo é a pesquisa bibliográfica, pois se realiza um levantamento de artigos e capítulos de livros científicos em diversas bases de dados.

2. Referencial teórico

Embora as preocupações ecológicas sempre tenham sido fontes de preocupações de empresários e acadêmicos da área (HOLDREN & EHRLICH, 1974), somente em 1987, o relatório Our Common Future da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (WECD, 1987) revelou que os padrões ambientais atuais alteraram o planeta e todos os seres vivos. Em consequência disso, as empresas passaram a aumentar o enfoque ambiental em suas estratégias nos últimos anos. Com isso, o enfoque econômico, antes considerado como uma prioridade no planejamento estratégico das organizações, vem sendo substituído por um conceito mais amplo de desenvolvimento sustentável, no qual as metas de crescimento estão associadas aos esforços de redução dos efeitos nocivos ao meio ambiente (STROBEL et al., 2004).

Diante dessas tendências, no setor produtivo das empresas também houve demanda por mudanças com o intuito de acompanhar esse novo ciclo. De acordo com Bylinsky (1995), no final dos anos 80, foi estabelecido um padrão de manufatura sustentável, onde qualquer empresa que desejasse competir globalmente deveria começar a fabricar produtos que estivessem de acordo com a regulamentação verde do mercado europeu. A partir de então, as atividades de manufatura começaram a se concentrar na redução de resíduos na produção, para depois focarem na redução de recursos, energia e materiais tóxicos, bem como o desenvolvimento e uso de materiais renováveis. Hoje em dia, as empresas estão muito mais conscientes das preocupações ambientais e com objetivos mais claros de garantir a sustentabilidade para o crescimento futuro. A “produção verde” está se tornando uma estratégia vital adotada por várias indústrias através de processos, técnicas, práticas ou sistemas novos ou modificados (THURNER, ROUD, 2016).

Outros fatores que vêm contribuindo para essa mudança são as regulamentações mais rígidas sobre o meio ambiente e aumento da pressão pública, que estão forçando os fabricantes a incluir

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fatores ambientais em suas estratégias de manufatura e a adotar sistemas de produção que minimizam os impactos negativos das operações no meio ambiente e recursos naturais (KAZANCOGLU et al., 2018; BAI et al., 2018). No Quadro 1, está relacionada evolução acadêmica para o tema da manufatura, e sua preocupação em provocar menores dados ao meio ambiente.

Quadro 1 – Evolução da prática verde na manufatura

Autores Principais achados

Holdren & Ehrlich (1974) Nas últimas quatro décadas, o encargo ambiental ligado às atividades industriais tornou-se uma questão global cada vez mais importante. WCED (1987) Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED)

apresenta um relatório centrado nas necessidades e nos interesses da humanidade, na segurança do patrimônio global para as gerações futuras e na redistribuição dos recursos às nações mais pobres.

Jelinski et. al. (1992) Utilizaram o termo “Manufatura Sustentável” para caracterizar o termo “Ecologia industrial”, ressaltando a importância da sustentabilidade nos processos produtivos.

Bylinsky (1995) Um padrão de fabricação global e eficaz, inculcando que qualquer empresa que deseje competir globalmente deve começar a fabricar produtos que estejam em conformidade com a regulamentação verde do mercado europeu.

Dornfield (2012) Aborda as questões regulatórias e econômicas que cercam a manufatura verde e os detalhes das novas cadeias de suprimento que precisam estar em vigor antes de se tornarem verdes.

Thunder & Roud (2016) Práticas verdes se tornam atividades vitais nas indústrias, e são praticadas através de processos, técnicas, ou sistemas novos ou modificados Kazancoglu et al., (2018) Regulamentações mais rígidas sobre o meio ambiente e aumento da

pressão pública estão contribuindo para os sistemas de produção que minimizam os impactos negativos das operações.

Fonte: Elaborado pelos autores

Com isso, é compreensível que haja uma continuidade de estudos que abordem a temática de uma manufatura verde e ligada a outros objetivos empresariais, que não sejam somente os econômicos.

3. Em busca de um conceito para o termo “manufatura verde”

Na literatura, de forma a conceituar esse processo de transformação no setor produtivo das organizações, foram utilizados diversos termos: Manufatura Verde, (Green Manufacturing)

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(DEIF, 2011), Produção Sustentável (Sustainable Production) (PUSAVEC et al., 2010), manufatura ambientalmente consciente (environmentally conscious manufacturing) (ILGIN; GUPTA, 2010; SARKIS, 1999) e manufatura ambientalmente benigna (environmentally benign

manufacturing) (GUTOWSKI et al., 2005). Outros autores ainda usam o termo Green Supply Chain para referenciar este mesmo contexto (RAO, HOLT, 2005; SRIVASTAVA, 2007),

dando evidências de que há um uso excessivo de termos para nominar um mesmo processo. Entre os termos mais utilizados, estão o Green Manufacturing, Sustainable Manufacturing, e o

Green Supply Chain.

O que se pode verificar é que há diversas semelhanças nos conceitos desses termos, o que é justificável considerando que há muitos artigos aplicando termos distintos para falar do mesmo processo, que também possui o mesmo propósito. Nesta perspectiva, por entender que esse é um processo vital para redução de impactos ao meio ambiente, pesquisas que visem compreender o assunto, e sua aplicação nas empresas de manufatura, tornam-se relevantes. Com base nesse contexto e das justificativas apresentadas, o presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise compreensiva do modelo conceitual de Green Manufacturing, buscando uma melhor conceituação e contribuindo para o axioma de seus conceitos.

4. Metodologia

O artigo de utiliza da interpretação subjetiva de informações contidas em textos e revistas científicas, e por essa razão, trata-se de uma pesquisa qualitativa. O procedimento técnico da pesquisa foi realizado por meio de uma revisão sistemática da literatura, buscando reunir e sintetizar os resultados encontrados em pesquisas prévias que analisaram o tema pertinente a

Green Manufaturing. De acordo com Sampaio e Mancini (2007), a revisão sistemática é uma

forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura sobre determinado tema, além de permitir incorporar um espectro maior de resultados relevantes, ao invés de limitar as conclusões à leitura de poucos artigos. Segundo os autores, devem ser observados os seguintes passos: a) definição de objetivo; b) busca de evidências, definindo termos ou palavras-chave, estratégias de busca e bases de dados; c) revisão e seleção dos resultados; d) analisar a qualidade metodológica dos estudos.

Com o objetivo já estabelecido, buscou-se identificar os artigos acerca do assunto, realizou-se busca nas bases Scopus e Science Direct de março a abril de 2019, com a seguinte estratégia de busca: Concept of green manufacturing, concept of sustainable manufacturing e concept of

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periódicos, definindo-se que o conjunto destas palavras constasse no article title, abstract e em

Keywords. Somente foram utilizados termos em inglês. Os materiais limitam-se a artigos e

capítulos de livros científicos, por apresentarem uma avaliação blind review por pares, contendo teor informativo consistente. O recorte temporal tem início no ano de 1974, evoluindo até ano de 2019, considerado como período final nesta pesquisa.

O total de referências resultante dessa busca foi de 157, sendo 84 na base Scopus e 73 na Science Direct. Após a leitura dos respectivos títulos, resumos e referências de todos os artigos, 94 foram selecionados. Esta seleção ocorreu por meio de uma leitura de titles e abstracts analisando-se o teor de aderência da bibliografia ao tema central. Depois de selecionadas, as 94 bibliografias foram integralmente lidas; destas, apenas 62 apresentavam aderência ao escopo central da pesquisa.

Por fim, vale destacar, que a etapa de análise metodológica dos estudos é a crítica, na qual se apresenta uma elaboração de um juízo crítico, posicionando-se frente às informações analisadas.

5. Resultados

Nessa seção, são apresentados os resultados da revisão sistemática aplicada aos três conceitos.

5.1 Manufatura verde (green manufacturing)

Green Manufacturing (GM) também é conhecido por diferentes nomes, tais como manufatura limpa, manufatura ambientalmente responsável e manufatura sustentável. Independentemente do nome, a meta permanece a mesma, ou seja, projetar e fornecer produtos que minimizem os efeitos negativos no meio ambiente por meio de sua produção, uso e descarte (REHMAN, SHRIVASTAVA, 2013). De acordo com Bylinsky (1995), o conceito de GM originou-se na Alemanha no final dos anos 80, através de uma norma de fabricação global eficaz, argumentando que qualquer empresa que deseje competir globalmente deve cumprir a regulamentação verde do mercado europeu.

Desde então, as atividades de manufatura sustentável começaram a se concentrar na redução de resíduos na produção, alterando também sua orientação por processo para orientação para produto. Segundo Seliger et al. (2008), as atividades concentraram-se principalmente na redução de recursos, energia e materiais tóxicos, bem como o desenvolvimento e uso de materiais renováveis. Visão semelhante foi trazida por Li e Zhang (2018) que enumeraram casos em que organizações abordaram essas preocupações, poucas delas são projetadas para

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reutilização e reciclagem, minimizando o desperdício, as emissões e o consumo de matéria-prima.

Diante deste contexto, de regulamentações mais rígidas sobre o meio ambiente e aumento da pressão pública, fabricantes passaram a incluir fatores ambientais em suas estratégias de manufatura e a adotar a manufatura verde, que se refere aos sistemas de produção que minimizam os impactos negativos das operações no meio ambiente e recursos naturais (KAZANCOGLU et al., 2018; BAI et al., 2018). O seu conceito, portanto, segundo Mendler et al. (2005), é atender as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades. De acordo com Cortellini (2001), trata-se de um método de fabricação que minimiza o desperdício e a poluição, diminui o esgotamento dos recursos naturais e reduz as quantidades relevantes de lixo que entram em aterros sanitários. Já para Dubey et. al. (2015), é a eliminação de desperdícios e a redefinição do processo existente para minimizar as emissões de carbono durante cada processo, sem aumentar os custos e afetar as metas de produção.

O termo Green Manufacturing, portanto, é o símbolo de um novo paradigma de manufatura que emprega várias estratégias verdes (objetivos e princípios) e técnicas (tecnologia e inovações) para se tornar mais ecoeficiente. Isso processos que consomem menos material e energia, substituindo materiais de entrada, reduzindo saídas indesejadas e convertendo saídas em insumos, como a reciclagem (DEIF, 2011).

Após a exposição dos conceitos, é feita uma integração básica dos mesmos, apresentada no Quadro 2.

Quadro 2 – Conceitos de manufatura verde

Manufatura Verde

Redução de recursos, energia e materiais tóxicos Uso de materiais renováveis

Minimização do desperdício

Diminuição do esgotamento dos recursos naturais

Fonte: Elaborado pelos autores

Com isso, se vê um forte apelo à questão de processos que geram menos impactos ao ambiente, o que difere um pouco da manufatura sustentável, que é vista no próximo tópico.

5.2 Manufatura sustentável (sustainable manufacturing)

O órgão International Trade Administration (ITA) (2010), conceitua o Sustainable

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negativos, conservam energia e recursos naturais, são seguros para funcionários, comunidades e consumidores e economicamente viáveis. Posinasetti (2018) também enfatiza o termo, que visa reduzir impactos ambientais, e complementa que é um processo de fabricação que minimiza o desperdício. A questão da minimização das consequências para o meio ambiente, portanto, segue sendo o principal objetivo (PATHAK et. al, 2017).

Para Rosen e Kishawy (2012), a manufatura sustentável é a ligação entre a manufatura operacional e o ambiente natural. Sua intenção é melhorar a gestão ambiental e sustentabilidade. Ela foi introduzida na conferência da UNCED em 1992, no Rio de Janeiro, como um guia para ajudar as empresas e os governos na transição para o desenvolvimento sustentável, onde seu objetivo era conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a prestação e conservação do meio ambiente (FEIL, SCHREIBER, 2014).

Já o Centro Lowell de Produção Sustentável - Lowell Center for Sustainable Production (2019) define produção sustentável como “a criação de produtos utilizando processos não poluentes, conservadores de energia e recursos naturais, economicamente viáveis, seguros e saudáveis para trabalhadores, comunidades e consumidores, socialmente e criativamente gratificante para todos os trabalhadores”. Diante disso, analisar as propriedades dos conceitos de manufatura sustentável, desenvolve-se um conceito integrando as suas ideias básicas, apresentadas no Quadro 3.

Quadro 3 – Conceitos de manufatura sustentável

Manufatura Sustentável

Processos não poluentes Conservação de energia Gestão de recursos naturais Minimizar impactos ambientais negativos

Fonte: Elaborado pelos autores

O termo, portanto, busca especificar a questão ambiental, mais do que o processo. Porém, é notável que, em comparação à manufatura verde, ambos conceitos apresentam o mesmo objetivo. No item 5.3, é possível essa comparação com o termo “cadeia de suprimentos verde”.

5.3 Cadeia de suprimentos verde (green supply chain)

A Green Supply Chain (GSC), diferentemente da tradicional Supply Chain, apresenta algumas características específicas referentes à inserção de critérios ambientais nas decisões e atividades

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da organização e em suas relações de longo prazo para melhorar o desempenho ambiental de seus produtos e processos (MENTZER et al., 2001).

A cadeia de suprimentos verde é vista como uma integração de processos, incluindo design de produto, seleção e fornecimento de materiais, processos de fabricação, entrega do produto final aos consumidores e gerenciamento do final da vida útil do produto após sua vida útil (SRIVASTAVA, 2007). Na visão de Zhu et. al (2005), este processo está fortemente relacionado a tópicos ambientais interorganizacionais, pois houve uma mudança no conceito, de compra ecológica para cadeias de fornecimento integradas onde participam o fornecedor, o fabricante, o cliente e a logística reversa, que seria o "fechamento do circuito" desse processo. Dessa forma, de acordo com os autores Hervani et al. (2005) e Rao e Holt (2005), o conceito de GSC engloba iniciativas ambientais em logística de entrada (incluindo compras), produção ou cadeia de suprimento interna (gestão de materiais), logística de saída (incluindo embalagens) e logística reversa. A GSC pode, então, ajudar a reduzir o impacto ambiental da atividade industrial sem sacrificar a qualidade, custo, confiabilidade, desempenho ou eficiência dos processos. Trata-se de uma mudança de paradigma, que é também benéfico para o desempenho econômico global (SRIVASTAVA, 2007).

No Quadro 4, apresentam-se os principais termos chave do conceito:

Quadro 4 – Conceitos de cadeia de suprimentos verde

Cadeia de Suprimentos Verde

Integração de processos na manufatura

Melhoria do desenvolvimento ambiental de produtos e processos Inciativas ambientais em toda a cadeia, desde a compra até a saída do produto

Redução do impacto da atividade industrial

Fonte: Elaborado pelos autores

Com isso, percebe-se uma tendência em descrever o processo como um todo, e não somente partes dele, como no caso dos dois conceitos anteriores.

5. Considerações finais

A utilização dos termos Manufatura Verde, Manufatura Sustentável e Cadeia de Suprimentos Verde ainda carece de um consenso em sua definição, de forma a ser construído um modelo conceitual que sirva de referência a futuras publicações. Neste contexto, este estudo analisou

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os atributos destes três termos por meio de pesquisa bibliográfica, de forma a contribuir na sua conceituação axiomática.

Os principais resultados revelam que o termo manufatura verde e manufatura sustentável possuem objetivos e termos-chave de conceituação semelhantes. Contudo, no que diz respeito à finalidade da atribuição dos termos, há uma pequena diferença: enquanto na manufatura verde há um foco maior nos processos produtivos internos, a manufatura sustentável foca, de forma mais precisa, a questão ambiental como impacto da manufatura. Essa afirmação converge com os artigos anteriores, que defendem que há essa diferença conceitual.

Já a respeito da “cadeira de suprimentos verde”, os conceitos chave destoam dos termos citados anteriormente, uma vez que esse primeiro termo diz respeito a todo o processo da cadeia, e não somente a produção. Apesar de haver o mesmo objetivo, o processo deve ser devidamente nominado nos trabalhos acadêmicos, de forma a não haver a generalização dos termos.

As limitações deste estudo quanto aos resultados vinculam-se à utilização do conteúdo somente na língua inglesa, além da utilização de apenas 2 bases de dados para a revisão sistemática da literatura.

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