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Um gênero em dois veículos de mídia digital: a análise do gênero crítica sob a perspectiva sistêmico-funcional

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Academic year: 2021

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(1)

Um gênero em dois veículos de

mídia digital: a análise do gênero

“crítica” sob a perspectiva

sistêmico-funcional

sistêmico-funcional

Gisele de Carvalho

UERJ

(2)

1. Pontos de partida



A circulação dos gêneros do discurso em meio digital:

portais, sítios, blogues; de leitores a usuários 

interatividade



O evento motivador



O objetivo deste trabalho: destacar as contribuições da

análise de gêneros sob a perspectiva

análise de gêneros sob a perspectiva

sistêmico-funcional, tomando como exemplo os resultados de um

estudo do gênero crítica/resenha, disseminado em meio

digital nos sítios de duas revistas de atualidades e em

quatro blogues de cinema



A pergunta de pesquisa: A publicação de resenhas em

suportes diferentes mantém ou altera a estrutura

genérica e o padrão prosódico avaliativo do gênero?

(3)

2. Uma breve descrição do corpus



20 críticas de cinema: 10 publicadas nos

sítios das revistas Veja e Época; 10 postadas

em 4 blogues de cinema, a saber: Cinema e

Argumento, Diário de Dois Cinéfilos,

Argumento, Diário de Dois Cinéfilos,

Hollywoodiano e Museu do Cinema.



Os 10 filmes são avaliados 2 vezes: uma na

revista e outra no blogue

(4)

3. As contribuições da análise de gênero sob a

perspectiva sistêmico-funcional



Gênero – definições:

Eggins e Slade (1997, p. 56): “atividade com

propósito e estágios reconhecidos, na qual

propósito e estágios reconhecidos, na qual

os participantes se engajam como membros

de uma cultura”

Martin e White (2005, p. 32): “processo social

com estágios e propósitos reconhecidos”

(5)

Consequentemente...



1. gêneros são produzidos por atores sociais

em seus

contextos

e são

analisáveis

em

seus aspectos macro-discursivos e

micro-textuais;



2. o estudo de gêneros assim definidos



2. o estudo de gêneros assim definidos

precisa de

ferramentas analíticas

que

possam dar conta das ações realizadas por

meio da linguagem em nossas interações

sociais.

(6)

Contexto de Cultura, gênero e EGP



EGP das críticas de filmes:

1)

classificação do filme segundo o gênero a que

pertence;

2)

resumo do enredo do filme;

2)

resumo do enredo do filme;

3)

avaliação (de diferentes aspectos) do filme;

(7)

Contexto de situação & registro



“Todo uso de linguagem tem um contexto. As

características ‘textuais’ permitem que o

discurso seja coerente não só com ele

mesmo, mas também com seu

contexto de

situação

” (HALLIDAY; HASAN, 1985, p. 45)

situação

” (HALLIDAY; HASAN, 1985, p. 45)



Registro e suas variáveis:

campo

,

relações

e

modo



descrição da linguagem que prioriza a

correlação sistemática, mas probabilística,

entre texto e contexto

(8)

As variáveis do contexto

 Campo - o quê? A atividade social e seu propósito:

cotidiana ◄▬▬▬▬▬►especializada

 Relações – quem? Os participantes e seus papéis sociais:

relações de poder: igual ◄▬▬▬▬▬► desigual

contato: frequente ◄▬▬▬▬▬►ocasional

envolvimento afetivo: alto ◄▬▬▬▬▬►baixo

envolvimento afetivo: alto ◄▬▬▬▬▬►baixo

 Modo – como? A linguagem e seus usos:

ação ◄▬▬▬▬▬► reflexão

mais espontânea ◄▬▬▬▬▬► mais preparada

(9)

Prevendo o texto...



os textos dos blogues: o blogueiro se coloca

como um generalista ou diletante 

linguagem menos especializada



a menor discrepância nas relações de poder



a menor discrepância nas relações de poder

entre os interagentes no blogue 

mais

marcas de interação; uso de linguagem mais

propício à troca.

(10)

Atitude

-

recursos semânticos usados para

negociar emoções...



Afeto

(que emoção o filme provoca em você?

Alegria/tristeza

Segurança/insegurança

Satisfação/Insatisfação

Satisfação/Insatisfação

(11)

...avaliar a qualidade estética de processos

semióticos ou fenômenos naturais...



Apreciação

- O que você acha do filme?

Reação (qualidade & impacto)

Composição (proporção & complexidade)

Valor (relevância & originalidade)

Valor (relevância & originalidade)

(12)

... e o comportamento humano.



Julgamento

– como você julga (a atuação

profissional de) X?

Capacidade

Tenacidade

Tenacidade

Normalidade

(13)

Exemplo do sítio da revista

Doce sem ser adocicado

Juno, uma das criações mais originais do cinema independente, merece mais do que

suas quatro indicações ao Oscar: merece ser visto

Algumas adolescentes se expressam por meio das roupas que vestem, outras montam blogs, outras ainda fazem álbuns de

colagem. Já a personagem-título de Juno (Estados Unidos/Canadá, 2007) dirige toda a sua criatividade para o que diz, e como o diz. Juno é incapaz de deixar uma palavra quieta no seu canto: todas elas têm de ser modificadas ou arranjadas em combinações

inovadoras e improváveis. É condizente então que os diálogos do inovadoras e improváveis. É condizente então que os diálogos do filme (já em exibição em esquema de pré-estréias, e com entrada em circuito prevista para o dia 22) fervilhem de imaginação – e que, na interpretação da notável Ellen Page e dos atores igualmente

inteligentes que lhe fazem companhia, eles ricocheteiem para lá e para cá como balas num tiroteio. Oportunidade para essa fuzilaria não é o que falta na história. [...]

(14)

Análise – exemplos do sítio da revista



Apreciação - “o filme dirigido por Jason

Reitman é uma das criações mais originais

do cinema americano nos últimos anos”

(valor +)

(valor +)



Julgamento - Reitman [...] é seguro no

(15)

Exemplo do blogue

Juno

Quem me conhece, sabe o quanto eu ando cético e decepcionado em relação ao cinema atual. Quem me conhece, também sabe o quanto eu me encanto com filmes grandiosos, épicos... Justamente numa hora em que Hollywood e a maioria da crítica especializada tentam fabricar falsas obras-primas, o ótimo (e ainda novo) diretor Jason Reitman vem com esse Juno (Juno, 2007) e me deixa sem palavras. Minha fé no bom cinema está de volta.

Alguns filmes estão além de qualquer elogio ou palavra. Por mais Alguns filmes estão além de qualquer elogio ou palavra. Por mais que eu tente decifrar e explicar aqui os encantos proporcionados por Juno, isso significaria horas e horas de enrolação e não

chegaríamos a lugar algum. Acho que basta dizer que o filme de Jason Reitman atingiu em cheio o meu coração. É isso. Estou

apaixonado por Juno. Alguns filmes têm esse poder. Um endereço certo. [...]

(16)

Análise – exemplos do blogue



Afeto – (eu) Estou apaixonado por Juno.

(satisfação +)



Apreciação – [...] o filme representa

originalidade dentro de um tema tão batido

originalidade dentro de um tema tão batido

(valor +)



Julgamento - O diretor Jason Reitman e a

roteirista Diablo Cody ainda são capazes de

encher o filme de referências pop que não

(17)

A prosódia atitudinal de críticas

 tendência ao

elogio

 avalia-se mais o

produto

do que o

comportamento humano

 ao não avaliar por meio de Afeto, o crítico

 ao não avaliar por meio de Afeto, o crítico

constrói uma imagem discursiva de quem

privilegia a

análise objetiva

, buscando

conferir credibilidade à avaliação

(18)

Explicando as diferenças



Na

revista

(Scalzo, 2003):



público  busca credibilidade nas fontes à disposição



jornalista como mediador  analisa, seleciona,

recorta e oferece informações qualificadas ao público



jornalista e seu público  fala para ele; não divide

seu espaço com o leitor



jornalista e seu posicionamento  subjetividade

marcada indiretamente; avalia por meio de Apreciação

e Julgamento somente e assim mantém

distância

(19)

Explicando as diferenças



No

blogue

:

 blogueiro e seu público



o espaço

interacional é compartilhado

 blogueiro como mediador



estimula a

 blogueiro como mediador



estimula a

interação entre os diferentes participantes

 blogueiro e seu posicionamento



subjetividade marcada diretamente por meio

da primeira pessoa do singular, mas também

por meio de avaliação de Afeto, a mais

(20)

4. Voltando ao ponto de partida

 Linguística Sistêmico-Funcional e da Teoria de Gênero e Registro

oferecem pressupostos teóricos e metodológicos que permitem:  analisar os recursos usados em interações sociais segundo as

convenções de uma determinada atividade social e seus propósitos comunicativos.

 identificar características léxico-gramaticais de um exemplar de um gênero e relacioná-las tanto aos estágios que o realizam, quanto gênero e relacioná-las tanto aos estágios que o realizam, quanto aos diferentes aspectos de sua configuração contextual, assim

cumprindo a tarefa de correlacionar texto e contexto da cultura e da situação.

 O modelo sistêmico-funcional põe à disposição dos pesquisadores

de gênero uma multiplicidade de possibilidades analíticas que têm como fundamento a interrelação entre linguagem e vida social. É abrangente e detalhado ao mesmo tempo, pois procura descrever os recursos léxico-gramaticais e discursivos em sua relação com o contexto sociocultural.

(21)

4. Voltando ao ponto de partida



os textos disponibilizados no sítio das revistas e nos

blogues são exemplares do gênero resenha/crítica



semelhanças tanto na estrutura genérica quanto

na prosódia avaliativa; as diferenças identificadas

se explicam pela relativa estabilidade dos gêneros

se explicam pela relativa estabilidade dos gêneros

(BAKHTIN, 1979/1992).



a tecnologia de nossos dias, de certo modo, tanto

permite o surgimento de novas formas dos velhos

gêneros, como acentua a nossa percepção da sua

instabilidade.

(22)

Referências

 BAKHTIN, M. (1979) Os gêneros do discurso. In Estética da criação verbal. Trad. Maria Ermantina G. G. Pereira. São Paulo: Martins

Fontes, 1992, p. 277-287

 BERBARE, A.P. Crítica de cinema: caracterização do gênero para projetos de produção escrita na escola. In: LOPES-ROSSI, M. A.

(org.) Gêneros discursivos no ensino de leitura e produção de textos. Taubaté-SP: Cabral Ed. e Livraria Universitária, 2002, p.41-58.

 CARVALHO, G. Críticas de livros: um breve estudo da linguagem da avaliação. Linguagem em (Dis)curso. Tubarão, v.6, n.2, p.

179-198, mai/ago 2006.

 CARVALHO, G. Atitudes diferentes: quando o blogueiro e o jornalista escrevem sobre cinema. In: ALSFAL - Congresso da Associação

de Lingüística Sistêmico-Funcional da América Latina, 4, 2008, Florianópolis - SC. Anais do 4o Congresso da Associação de Lingüística Sistêmico-Funcional da América Latina. No prelo.

 EGGINS, S. An Introduction to Systemic Functional Linguistics. London: Continuum International Publishing Group Ltd, 1994.  EGGINS, S.; SLADE, D. Analysing Casual Conversation. London: Cassel, 1997.

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Sage, 1996, p 232-256. Sage, 1996, p 232-256.

 HALLIDAY, M.A.K. Introduction to Functional Grammar. London: Edward Arnold, 1985.

 HALLIDAY, M.A.K.; HASAN, R. Language, Context and Text: Aspects of Language in a Social-semiotic perspective. Oxford:

Oxford University Press, 1985.

 HYLAND, K. Disciplinary Discourses – social interactions in academic writing. Harlow, UK: Pearson Education Limited, 2000.  MACHADO, A.R. (org.); LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L. S. Resenha. São Paulo: Parábola, 2004.

 MARTIN, J.R. Beyond Exchange: APPRAISAL Systems in English. In: HUNSTON, S.; THOMPSON, G. (eds). Evaluation in Text:

Authorial Stance and the Construction of Discourse. Oxford: Oxford University Press, 2000, p. 142-175.

 MARTIN, J.R.; WHITE, P. R. R. The Language of Evaluation. New York: Palgrave Macmillan, 2005.

 MARTIN, J.R.; ROSE, D. Working with Discourse: meaning beyond the clause. New York: Continuun International

Publishing Group Ltd, 2003.

 MATHESON, D. Media Discourses: Analysing Media Texts. Berkshire: Open University Press, 2005.

 OLIVEIRA, R.M.C. De onda em onda: a evolução dos ciberdiários e a simplificação das interfaces. 2002. Disponível em: http://

www.bocc.ubi.pt. Acesso em 26/05/2008.

(23)

(24)

Linguagem & significados



HALLIDAY (1985, p. 3): Linguagem é “um dentre os

sistemas por meio dos quais construímos

significados”; “esse sistema se organiza na forma

de rede de escolhas léxico-gramaticais”



A linguagem é vista como um recurso social para



A linguagem é vista como um recurso social para

expressar esses significados

ideacionais

,

interpessoais

e

textuais

ao mesmo tempo,

significados esses que “podem ser identificados em

unidades linguísticas de todos os tamanhos: no

léxico, no sintagma, na oração, na frase e no texto”

(EGGINS; SLADE, 1997, p. 48)

(25)

Resultados



Críticas nos sítios das

revistas:

não há avaliação por

meio de Afeto



Críticas nos blogues

:

 há avaliação por meio

de Afeto

 há mais índices de

Apreciação do que de

Julgamento

 há mais índices de

Apreciação do que de

Julgamento

Referências

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