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PAUTA DE REIVINDICAÇÕES PARA O CONGRESSO NACIONAL

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Academic year: 2021

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PAUTA DE REIVINDICAÇÕES

PARA O CONGRESSO NACIONAL

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GRITO DA TERRA BRASIL/2007

PAUTA DE REIVINDICAÇÕES

PARA O CONGRESSO NACIONAL

Os mais de 25 milhões de trabalhadores e trabalhadoras rurais, representados pela CONTAG, 27 Federações Estaduais e mais de 4000 Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais em nível local, têm interesse direto em inúmeras proposições que tramitam no Congresso Nacional, que precisam ser apreciadas ainda nesta legislatura. Apresentamos algumas delas que integram a pauta do Grito da Terra Brasil/2007 - principal ação de mobilização, proposição negociação coordenado pela CONTAG.

1. Acelerar a tramitação e votação do Projeto de Lei 5016/2005 - que prevê sanções penais e civis para quem pratica trabalho escravo, e votação e aprovação em Plenário da PEC 438-A/2001 – que dá nova redação ao art. 243 da Constituição Federal e estabelece a expropriação de áreas onde for constatada a exploração de trabalho escravo.

Aproximadamente 25 mil pessoas ainda trabalham, no Brasil, em condições análogas às da escravidão, segundo o relatório Uma Aliança Global contra o Trabalho Forçado, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). E é na área rural o local onde mais casos de trabalho escravo foram identificados por órgãos governamentais e não governamentais. Apesar do número expressivo de cativos, o Brasil foi citado como exemplo positivo de combate ao trabalho escravo por estar desenvolvendo estratégias e ações públicas importantes, em parceria com a sociedade civil. As ações de erradicação intensificaram-se, com a criação de um plano nacional e da "lista suja", onde são divulgados os nomes dos proprietários de terras onde há trabalhadores escravos. É necessário que o Congresso Nacional faça sua parte, aprovando Leis que reforcem o fim de tal prática em nosso país.

2. Restabelecer o regime de apreciação de urgência e sua aprovação do Projeto de Lei 6852/2006 - que altera as leis nº 8.212 e º 8.213, ambas de 24 de julho de 1991

A necessidade de criação de mecanismos de proteção social no campo é fundamental devido ao fato de que o acesso à terra é restrito, o desemprego é estrutural e as relações de trabalho são marcadas pela sazonalidade e informalidade.

A previdência social alcança mais de sete milhões de trabalhadores rurais e é a principal política pública de distribuição de renda no campo. Os recursos previdenciários são fundamentais para a melhoria das condições de vida no meio rural, na medida em que reduzem em mais de 10% o percentual de brasileiros que vivem abaixo do nível da pobreza. Além de movimentar a

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economia e o comércio de pequenos e médios municípios, diminui o êxodo rural e o processo de favelização das grandes cidades. Os rurais trabalham, em média, de 40 a 45 anos, e contribuem de maneira significativa para a Previdência Social. No caso específico dos agricultores familiares, a legislação prevê uma alíquota de 2,2% do valor da produção comercializada. Essa fórmula de contribuição considera as condições de trabalho e as especificidades da produção no campo. Portanto, a aposentadoria rural e os demais direitos previdenciários não são práticas assistencialistas, mas instrumentos de equilíbrio social e valorização da cidadania. O projeto do Executivo é resultado de um longo debate, realizado a partir de 2000, junto às bases do MSTTR que resultou na elaboração do PL 6548/2002, apoiado por mais de um milhão de assinaturas em todos os estados brasileiros.

3. Aprovação do PLP 01/2003 que regulamenta dispositivo da nova Constituição Federal (Emenda Constitucional nº 29, de 2000), que trata da aplicação de recursos para o financiamento das ações e serviços de saúde.

O PLP 01/03 responde ao preceito Constitucional de que a saúde é um dever do estado e um direito universal de todas/as cidadãos/ãs. Atende aos anseios da sociedade já expressos na Constituição Federal, na Lei Orgânica (Lei 8.080/90), na Emenda Constitucional 29 e nas deliberações da 12º Conferência Nacional de Saúde. Além do cumprimento constitucional, a Lei Complementar garante um financiamento estável que possibilitará ao SUS o melhor planejamento de seus serviços prestados às populações urbana e rural.

4. Acelerar a tramitação do PDC 2351/2006 que submete à consideração do Congresso Nacional o texto da Convenção 184 da OIT sobre segurança e Saúde na Agricultura.

Esta convenção trata sobre segurança e saúde na agricultura e serviu como base para a construção do texto da Norma Regulamentadora – 31. A Convenção 184 da OIT ainda não foi ratificada pelo Brasil e o processo está em tramitação no Congresso Nacional desde 2004.

A norma regulamentadora específica para a área rural foi reivindicada por meio do Grito da Terra Brasil e priorizada no planejamento da Secretaria de Inspeção do Trabalho - SIT à luz da discussão da Conferência da Organização Internacional do Trabalho – OIT sobre a Convenção 184 – Segurança e Saúde na Agricultura, que foi utilizada como elemento para a construção do texto da norma.

Esta proposta está respaldada pelo Governo e sociedade civil, já que foi discutida pela Comissão Permanente Nacional Rural – CPNR e o Grupo de Trabalho Tripartite – GTTR, constituído pelo Ministério do Trabalho e Emprego

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(Secretaria de Inspeção do Trabalho - SIT, Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho – DSST, FUNDACENTRO), representação dos empregadores e representação dos trabalhadores. A função principal da Comissão foi realizar a negociação da norma após a consulta pública promovida pelo Governo Federal. A primeira reunião de negociação aconteceu no dia 15 de outubro de 2001 e o término foi em fevereiro de 2004.

5. Acelerar a tramitação e apoiar o Projeto de Lei 142/2003 que revoga o parágrafo único do artigo 442 da Consolidação das Leis do Trabalho. O projeto propõe a revogação do dispositivo que não exige vínculo empregatício entre a sociedade cooperativa e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviço daquela.

As cooperativas de trabalho podem ser uma alternativa para vários trabalhadores brasileiros, fato que torna compreensível a preocupação do Legislativo em criar normas que incentivem a formação dessas instituições, quando da aprovação da vigente Lei nº 8.949, de 9 de dezembro de 1994, que introduziu parágrafo único ao art. 442, estabelecendo que “ Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vinculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela”.

No entanto tal norma tem gerado, na realidade, interpretações distorcidas, o que tem trazido inúmeros problemas, notadamente na área rural, onde muitas cooperativas “fantasmas”, chamadas de “coopergatos”, são criadas com o fim de burlarem a legislação trabalhista.

6. Acelerar a tramitação e vota do PL 3986/2000 que dispõe sobre a notificação compulsória dos casos de intoxicação por agrotóxico.

Mesmo sabendo do uso de agrotóxicos nas lavouras brasileiras de forma indiscriminada e em grande escala, não existem estatísticas confiáveis sobre os casos que afetam a os trabalhadores e trabalhadoras rurais, muitos dos quais acabam morrendo. Sem entrar no debate sobre o uso de agrotóxicos, a notificação compulsória de todos os casos de intoxicação permitiria levantar um diagnóstico fiel para organização de campanhas de prevenção e controle das intoxicações.

7. Acelerar a tramitação e votação do Projeto de Lei 4529/2004, que dispõe sobre o Estatuto da Juventude e dá outras providências.

8. Priorizar a votação e aprovação da PEC 394/2005 que inclui a expressão jovem na denominação do Capítulo VII, e dá nova redação ao art. 227. Incluindo o termo "jovem" no artigo 227 da nova Constituição Federal; incentivando a criação de

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unidades de referência juvenil, com pessoal especializado na área de Hebiatria, dentre outras políticas públicas para a juventude.

9. Priorizar a aprovação da PEC 138/2005 que dispõe sobre a proteção dos direitos econômicos, sociais e culturais da juventude. Alterando a denominação do Capítulo VII do Título VIII da nova Constituição Federal que passa a ser: “Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso".

10. Acelerar a tramitação e votação do Projeto de Lei 4530/2004, que aprova o Plano Nacional de Juventude e dá outras providências.

Os jovens trabalhadores e trabalhadoras rurais do MSTTR participaram ativamente das reuniões estaduais, realizadas pela Câmara dos Deputados por meio de Comissão Especial, para construção da proposta do Plano Nacional de Juventude. O propósito é assegurar aos jovens políticas públicas que possibilitem a melhoria da qualidade e das condições de vida também no local onde vivem, estudam e trabalham. A juventude rural tem demandas específicas, principalmente em assuntos referentes à educação que podem ser atendidas pelas proposições mencionadas.

11. Manutenção do veto do Presidente da República à Emenda nº 3 do Projeto de Lei que criou a Super-Receita.

A área rural sofre permanentemente com a utilização de diversos artifícios pelos patrões para burlar os direitos dos assalariados e assalariadas rurais, como no caso das “coopergatos”. Se não fosse a ação dos fiscais do trabalho, a precarização nas relações de trabalho afetariam ainda mais trabalhadores e trabalhadoras rurais, do que os casos identificados atualmente.

Os empresários justificam a manutenção da Emenda 3 devido aos pesados encargos que incidem sobre as folhas de pagamento. No entanto, a solução deste alegado problema não passa pela precarização das relações de trabalho, que efetivamente é o que propõe o texto da Emenda nº 3, ao impedir a ação dos fiscais do trabalho, mesmo naquelas situações flagrantemente fraudulentas. Isto porque, esta atribuição deixaria de ser de sua competência e passaria de ser responsabilidade exclusiva da Justiça do Trabalho.

12. Apresentar para votação em Plenário na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 490/1995, que prevê a proibição da concessão de medidas liminares, com ou sem audiência de justificação prévia, em litígios coletivos pela posse da terra urbana ou rural, independentemente da data de ocupação, passando a ser sempre pelo procedimento ordinário, dando-se ampla defesa e o completo exame das questões

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fáticas e documentais; nos casos dos conflitos individuais, suprimi-se a possibilidade da concessão de liminares sem a audiência, garantindo também ampla defesa.

A concentração da propriedade, a grilagem de terras, os desmatamentos das áreas florestadas e a implantação de grandes projetos agropecuários, dentre outros, são fatores que produzem, cotidianamente, conflitos agrários onde os trabalhadores e trabalhadoras rurais são as vítimas. As ações de despejo, mesmo que de populações tradicionais que residem secularmente nos locais, normalmente são deferidas pelo Poder Judiciário sem a produção de provas de posse e sem qualquer cautela quanto aos riscos de violência e desagregação do coletivo. Este quadro é ainda mais agravado pela ação de policiais e até de milícias privadas, muitas vezes contratadas para apoiar os despejos.

Esta proposição procura fazer com que juízes e promotores conheçam os fatos antes do deferimento de liminares de despejo, evitando assim que injustiças e violências sejam cometidas, a exemplo dos massacres de Eldorado dos Carajás e Corumbiara.

13. Acelerar a tramitação do Projeto de Lei 7113/2006, que estabelece critérios para desapropriação de terras rurais para reforma agrária, removendo os obstáculos jurídicos presentes na legislação atual. Revoga o artigo 2º-A da Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001.

A Constituição Federal de 1988 garante o direito de propriedade condicionando-o ao cumprimento de sua função social. Também a Constituição Federal evidencia em seu art. 186 os critérios definidores da função social e determina que seja competência da União desapropriar para fins de reforma agrária a propriedade que não cumpra com qualquer dos requisitos ali discriminados. O PL 7113 propõe remover o entulho autoritário da MP 2183-56/2001que impede o avanço da reforma agrária, inclusive a desapropriação de área ocupada por trabalhadores rurais sem terras e a exclusão do processo de reforma agrária das famílias envolvidas nas ocupações coletivas de terras. Para o MSTTR, a MP 2183-56/2001 é um retrocesso nos processos de reforma agrária.

Além disso, a proposição resgata, também, o princípio da função social da propriedade, de forma que o uso da terra só pode ser considerado racional se atender, simultaneamente, a todos os requisitos previstos no art.186 da Constituição federal.

A proposição também prevê a atualização dos índices de produtividade da terra, considerando que os dados são de 1980 e estão defasados em relação aos avanços tecnológicos dos últimos anos, que promoveram o aumento da produtividade em quase todas as culturas.

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14. Acelerar a tramitação do Projeto de Lei Complementar 363/2006, que altera e acresce dispositivos à Lei Complementar n° 76, de 06 de julho de 1993, e dá outras providências. Estabelece critérios para a tramitação de ação de desapropriação de imóveis rurais.

O PLP propõe eliminar os entraves que dificultam os processos de desapropriação ou que repercutem em aumento dos custos finais de indenização. No corpo do projeto constam vários pontos apresentados pelo relator da CPMI, ex-deputado João Alfredo, e que acabou sendo o voto vencido devido à correlação de forças na composição da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Terra..

15. Rejeição do Projeto de Lei do Senado 264/2006, altera os arts. 161 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, e o art. 1º da Decreto-Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para prever o esbulho possessório com fins políticos e enquadrá-lo no rol dos crimes hediondos, e dá outras providências; e do Projeto de Lei 7485/2006, acrescenta parágrafo ao art. 20 da Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983, para prever o ato terrorista de quem invade propriedade alheia com o fim de pressionar o governo.

Apesar da reforma agrária ser reconhecida com necessária para o desenvolvimento rural sustentável, a sua realização é dificultada por limites políticos, legais, financeiros, administrativos, dentre outros. Por isto para concretização das ações públicas faz-se necessária intensa luta e pressão social. As ocupações de terra e acampamentos têm sido importantes instrumentos de luta dos trabalhadores rurais e suas organizações que dependem da realização de ampla e massiva reforma agrária, como meio assegurar cidadania, trabalho, dignidade no campo e na cidade.

As proposições originárias da CPMI da Terra procuram tipificar como crime a legítima luta pela democratização da terra, portanto devem ser rejeitadas em sua íntegra.

Referências

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