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PROJETO DE LEI Nº 054/2015.

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PROJETO DE LEI Nº 054/2015.

DECLARA o canto coral da SOCIEDADE

DE CANTO APOLLO como patrimônio

imaterial da cultura do Município de

Marques de Souza.

RICARDO KICH, Prefeito Municipal de Marques de Souza, Estado do Rio

Grande do Sul,

FAÇO SABER que a Câmara de Vereadores aprovou e eu sanciono a seguinte

Lei;

Art. 1º Fica declarado como Patrimônio Imaterial do Município de Marques de

Souza, Estado do Rio Grande do Sul, o canto coral da SOCIEDADE DE CANTO

APOLLO, considerando constituir-se em uma das atividades do gênero, mais antigas do

Estado e possivelmente do País, mantendo a tradição e a cultura há 129 anos na comunidade

local.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as

disposições em contrário.

GABINETE DO PREFEITO MUNICIPAL, 15 de junho de 2015.

RICARDO KICH,

(2)

MENSAGEM JUSTIFICATIVA

AO PROJETO DE LEI Nº 054/2015

MARQUES DE SOUZA, 15 de junho de 2015.

Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Vereadores

Dentre os séculos XIX e XX foi incentivada a imigração européia para o Brasil. Entre 1870 e 1950 foram os italianos que chegaram em maior número. Eles se espalharam desde o sul de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, sendo grande parte na região de São Paulo. Já os alemães vieram num fluxo contínuo desde 1824, fixando-se primariamente na parte Sul do Brasil.

Os imigrantes que se fixaram na zona rural do Brasil meridional, vivendo em pequenas propriedades familiares, conseguiram manter seus costumes, estabelecendo no país muitas semelhanças das terras que deixaram na Europa.

Alguns povoados fundados por colonos europeus mantiveram a língua dos seus antepassados durante um longo tempo. Em contrapartida, os imigrantes que ficaram nas grandes fazendas e nos centros urbanos do Sudeste, como italianos, espanhóis e árabes, rapidamente se integraram à sociedade brasileira.

A imigração italiana e a alemã influenciaram em diversos aspectos a nossa cultura. Na culinária, por exemplo, foi notável a herança italiana, que transformou os pratos de massa e a pizza em comida popular em quase todo o Brasil.

Os alemães influenciaram muito a região Sul, onde até hoje a população realiza festas como Oktoberfest e celebra o Dia do Colono Alemão com comidas típicas como o chucrute e o strudel.

Traziam na sua bagagem tradições musicais desconhecidas no Brasil. Conheciam e produziam ritmos diferentes para os portugueses, castelhanos, índios e crioulos da região. Manuseavam instrumentos de corda e sopro desconhecidos dos locais.

Esses grupos de imigrantes tiveram um papel importante na formação da cultura brasileira e rio-grandense, especialmente no que diz respeito as nossas tradições artísticas, como encenações teatrais típicas, corais de igrejas e bandas de música.

Mantinham suas raízes culturais artísticas, principalmente no que se referem à música, entregando a professores músicos práticos – e alguns com formação – a educação das crianças e dos adolescentes no manuseio de diferentes instrumentos e no canto. Esses jovens montavam pequenos grupos musicais e animavam os “kerbs” – festas que duravam três dias – e os bailes locais, cantavam nas festas das Igrejas, nos casamentos e até nos velórios.

Ilustríssimo Senhor

Vereador RODRIGO WOMMER

M. D. Presidente da Câmara de Vereadores MARQUES DE SOUZA – RS.

Essa preservação cultural musical dos alemães e italianos rio-grandenses representa um dos principais fomentos da multiplicidade cultural brasileira.

(3)

Ao lado do movimento tradicionalista, o Canto Coral envolve o segundo maior número de apreciadores e praticantes no Rio Grande do Sul. Tradição trazida no bojo das correntes migratórias européias do século XIX, especialmente a germânica e italiana, congrega em torno de 5.000 mil grupos organizados no Estado – com média de 23 cantores por grupo, o que representa 115.000 mil cantores diretamente ligados à arte, somados a 3 pessoas de cada integrante, por conta da participação das famílias temos 345.000 mil, mais os inúmeros apreciadores, chegamos a quantia de 500.000 mil pessoas, a maior parte filiada à Federação de Coros do Rio Grande do Sul (FECORS). Em municípios de maior tradição chega a ter mais de três dezenas de grupos, como é Nova Petrópolis, que tem 36 coros organizados, Teutônia com 50 coros, considerada oficialmente a Capital Nacional do Canto Coral e assim por diante, em todo Estado.

Todos os grupos se formaram a partir da vontade de cantar, vontade de resgatar também um pouco da trajetória heróica de seus antepassados que fizeram do canto a melhor forma de aplacar a dor da saudade da pátria de além-mar, agora somada à aflição da incerteza numa terra estranha.

Dalla Italia noi siamo partiti Siamo partiti col nostro onore Trentasei giorni di macchina e vapore

E nella Merica noi siamo arriva'. Merica, Merica, Merica, Cossa saràlo 'sta Merica?

Merica, Merica, Merica, Un bel mazzolino di fior. E alla Merica noi siamo arrivati No' abbiam trovato nè paglia e nè fieno

Abbiam dormito sul nudo terreno Come le bestie andiam riposar.

Ou como cantavam os que embarcaram em frágeis e incertos trimastros, meio século antes, nos portos de Bremen e Hamburg, da Alemanha:

Nun ade, du mein lieb Heimatland Lieb Heimatland, ade!

Es geht jetzt fort zum fremden Strand, Lieb Heimatland, ade!

Und so sing ich denn mit frohem Mut, Wie man singet, wenn man wandern tut:

Lieb Heimatland, ade!

E nessa estranha, e por vezes inóspita, terra também era o canto ao pé do rústico berço a embalar o sono infantil ou tentar encantar e fazer desistir o notívago animal de rondar a casa em busca de comida.

Dormi bambino nel tuo lettino, vegliano gli angeli il tuo dormir.

Dormi bambino nel tuo lettino , vegliano gli angeli il tuo dormir. Fa sogni d'oro mentre la mamma

la ninna nanna canta per te. Fa sogni d'oro mentre la mamma

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Ou ainda esta suave Wiegenlied - canção de berço - composta no século 18: Schlafe, mein Prinzchen, schlaf ein!

Es ruh'n Schäfchen und Vögelein Garten und Wiese verstummt auch nicht ein Bienchen mehr sum

Luna mit silbernem Schein Gucket zum Fenser herein Schlafe beim silbernen Schnein Schlafe, mein Prinzchen, schlaf ein

Schlaf ein, schlaf ein!

Atualmente no Estado, existem corais de todas as etnias, em todas as regiões, interior e capital, como o Coral Zemer de Porto Alegre, de estilo Melódico Judaico.

Falar do Canto Coral do Estado é falar de um movimento tradicional, contemporâneo e vivente ao mesmo tempo, integrador, representativo e baseado na comunidade.

Ademais, os cantos corais se enquadram nos objetivos da Lei nº 8.313/91, Lei Federal de Incentivo à Cultura, atendendo o Art. 1º, seus nove Incisos e o Decreto nº 5.761/06.

Os nove incisos do Artigo 1º da Lei Cultural Brasileira, tem relação direta com as atividades desenvolvidas pelos cantos corais do Estado, além de sua área (música) e segmento (erudito – canto coral) serem considerados prioritários, por seu mérito e relevância cultural, Artigo 3º, Inciso II, Alínea C da Lei 8.313/91, Artigo 18. (C).

Mais ainda, falar do Canto Coral é falar da promoção da inclusão cultural no Rio Grande do Sul, da ampliação do acesso à cultura, do incentivo à formação de platéias, da difusão da produção cultural e do impulso a geração de emprego e renda no setor cultural, reforçando o conceito de Economia da Cultura. É promover de fato no Rio Grande do Sul, a “inclusão dos modos de criar, fazer e viver a arte” de todos, em conformidade com a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988, TÍTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais: CAPÍTULO III - Seção II - DA CULTURA, Art. 216. II – os modos de criar, fazer e viver.

Esse é o cenário que um dos corais mais antigo do estado ajudou a construir. Nascido no Vale do Taquari, na pequena Neu Berlim da Forqueta, hoje município de Marques de Souza, em 15 de agosto de 1886, o Coro Apollo, foi idealizado pelos imigrantes alemães. A Sociedade de Canto de Homens “Apollo” foi o primeiro sinal de vida comunitária organizada mesmo antes da fundação da igreja e escola.

A distância entre os vizinhos e caminhos difíceis dificultava a locomoção levando assim a decisão do Coro ser formado somente por homens, o que permanece até hoje.

Os estatutos de fundação do Coral Apollo foram escritos em alemão com letra gótica e foram traduzidos em português. Esses documentos existem até hoje, a qual comprova os 129 anos de existência do coral.

No ano de 1936 o coral parou atividades devido à proibição de manifestações de imigrantes alemães durante a segunda guerra mundial reativando suas atividades no ano de 1948. As atividades desenvolvidas pelo coral são os ensaios semanais, apresentações em festas ou festivais de corais, concertos, atos públicos, cultos da comunidade e ainda atos fúnebres.

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Entre os cantos apresentados estão os folclóricos, festivos, sacros e do cancioneiro gaúcho.

Em sua longa caminhada o Coral Apollo já fez inúmeras apresentações em várias cidades do Estado do Rio Grande do Sul, inclusive fora do Brasil na cidade de Santa Rita e Santa Rosa Del Monday no Paraguai.

O Coral Apollo é considerado um dos corais mais antigo do Estado do Rio Grande do Sul, com 129 anos, mantendo a tradição de seus antepassados, contribuindo com a preservação, memória e tradição.

Registrar a Sociedade de Canto Apollo como Patrimônio Imaterial é uma forma de divulgar nossa cultura e mostrar ao público a gigantesca riqueza folclórica desse grupo, o cabedal musical do Rio Grande do Sul, às infinitas possibilidades existentes na fusão da música erudita brasileira e a importância da música feita no sul na contínua transformação da música de concerto brasileira.

O reconhecimento desse Grupo é também, o grande passo para protegermos as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade brasileira e responsáveis pelo pluralismo da cultura nacional.

Portanto, não resta a menor dúvida de seu alto grau de relevância e mérito para a sociedade do município, gaúcha e da cultura musical brasileira. E a apreciação e decisão desta matéria em regime de urgência, contribuirá, de forma decisiva para que a entidade possa concretizar um Projeto Cultural, buscando recursos que motivarão ainda mais a continuação de um extraordinário trabalho comunitário, mantendo viva a memória de antepassados que trouxeram os valores que extrapolam o âmbito material.

Respeitosamente,

RICARDO KICH, Prefeito Municipal

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