Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial -
nº 42
Março / 2008 Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N.º 05020027-9/200 ECT/DR/RJIndicadores mostram desempenho do laboratório
O uso de indicadores vem se tornando uma prática em diversas empresas de diferentes setores da econo-mia. São dados numéricos que auxiliam a compreender o desempenho e o funcionamento de cada setor ouprocesso da organização. Quando são medidos de forma adequada e sistemática e bem interpretados os indicadores apresentam informações importantes que ajudam a administração a tomar decisões que
afetam o funcionamento da empresa e a implantar mudanças com rapidez e maior segurança. O Programa de Indicadores Laboratoriais é uma iniciativa pioneira no setor de laboratórios clínicos. O Pro-grama foi desenvolvido através de parceria da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Labora-torial (SBPC/ML) com a empresa ControlLab. Ele produz dados objetivos que permitem ao administrador, por exemplo, identificar pontos fortes e fracos da empresa, oportunidades para melhorar seu desempenho e estabelecer estratégias de crescimento. Nesta edição, Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial entrevista a coordenadora da Qualidade do Laboratório Santa Luzia (SC), Ivana Pereima. Ela explica qual é a importância do Programa de Indicadores para os laboratórios e como eles podem participar. Ivana é farmacêutica e auditora do Programa de
Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC) da SBPC/ML. Leia a entrevista completa na página 2.
As empresas de pequeno porte conseguem competir com as grandes organizações e se firmar no merca-do? O que elas precisam fazer para conseguir isso? Neste artigo, o consultor de vendas, motivação, ges-tão e recursos humanos Gilclér Regina mostra que os pequenos podem levar vantagem sobre os “gigan-tes” porque apresentam uma estrutura menor, menos
burocrática e mais veloz.
Presidente da GEAC Desenvolvimento de Talentos, Gilclér ilustra o artigo com a história de Davi e Golias e com casos verídicos, como o da Rede Wal Mart. Leia o artigo completo na página 5.
Indicadores mostram
desempenho no laboratório
Para o laboratório, qual é a importância de participar do programa?
O Programa de Indicadores Laboratoriais é capaz de apre-sentar o comportamento do laboratório em relação a outros e, assim, decisões baseadas em fatos podem ser conduzidas. O programa estimula a discussão de conceitos e a impor-tância do melhor uso dos indicadores, além de estimular a prática de estratégias já adotadas e a troca de experiências. Também se pode ajudar a avaliar o programa e contribuir para sua ampliação.
A participação no programa implica alterar a rotina e processos no laboratório, inclusive as atividades dos colaboradores?
Não. O ideal é que a compilação dos dados não venha a interromper as atividades regulares do laboratório. A par-ticipação inicial pode ser parcial, ou seja, apenas alguns indicadores do programa são respondidos, com base nos dados disponíveis pelo laboratório. Paulatinamente o labo-ratório se familiariza com o programa e procura se adequar, pois o descritivo, a fórmula, a unidade e o formato de cada indicador, além de um comentário a respeito são fornecidos pelo provedor do programa, facilitando muito o entendimento e aplicação. Dessa forma, o laboratório evolui em termos de participação em número de indicadores oferecidos para comparação ao longo do tempo.
Como funciona o programa?
O programa é on line; funciona na área de acesso exclusivo para clientes do sistema da ControlLab. Ela é responsável por
Foto: divulgação
O Programa de Indicadores Laborato-riais é uma ferramenta de gestão desenvolvida através de parceria
entre a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina
Labo-ratorial (SBPC/ML) e a empresa ControlLab para estimular a melhoria contínua nos processos laboratoriais. Seu objetivo é
con-tribuir para o aumento da produtividade, da lucratividade do setor e melhorar resultados operacionais. Uma das principais características do Programa é a comparação das melhores práticas e a geração de dados objetivos, por meio de indicadores mercadológicos, administrativos e técnicos, que possibilitem ao gestor do laboratório monitorar o de-sempenho do seu negócio; avaliar os seus
processos; identificar pontos fortes e fra-cos; identificar oportunidades de melhoria;
desenvolver estratégias para crescimento e práticas eficazes; e melhorar resultados operacionais. Uma vez por ano é realizado o Fórum de
Indicadores Laboratoriais, quando são discutidas ferramentas de monitoramento de resultados e feita a avaliação do
Progra-ma. O Fórum ocorre durante o Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Nesta entrevista, a coordenadora da Qua-lidade do Laboratório Santa Luzia (SC), Ivana Pereima, conta qual é a importância do Programa para os laboratórios e como eles podem participar. Ivana é farmacêutica e auditora do Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC) da SBPC/ML.
Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial - três etapas: a de coleta de dados de cada laboratório; em
seguida, da análise estatística dos dados; e, por último, pela emissão dos relatórios, com a elaboração de um resumo, tabelas e gráficos comparativos.
Para cada indicador há um descritivo que auxilia o labo-ratório a entender o que ele significa, os dados que devem ser coletados e os cálculos que devem ser feitos.
O laboratório é responsá-vel por outras duas etapas: a primeira é após a revisão dos dados gerados nas pla-nilhas de cálculos, os quais devem ser enviados on line para a ControlLab. A segun-da, refere-se à análise crítica dos dados reportados nos relatórios emitidos pela Con-trolLab, essencial no processo de tomada de decisão, que necessita de um referencial, um padrão de excelência que
permita a determinação de metas consistentes para estimar o sucesso ou insucesso dos resultados alcançados.
Como conseguir o engajamento da equipe de modo que o laboratório participe efetivamente do programa?
Em primeiro lugar, é importante que um profissional do laboratório seja eleito para coordenar essa atividade e fazer com que toda a equipe perceba a importância de avaliar indicadores de desempenho com base em referencial de mercado real. Em seguida,
compartilhar o entendimento com a equipe que o uso de indicadores é essencial no processo de tomada de deci-são. E, por último, estabelecer melhorias das metas reais, que naturalmente se tornam mais exigentes com o tempo, à medida que o laboratório avalia seus resultados.
A participação no progra-ma pode variar conforme
o tamanho do laboratório e o número de postos de coleta que ele tem?
A participação é única, independente do tamanho do laboratório, pois o programa não é em módulos. O que pode haver são inscrições independentes para cada uni-dade técnica e isto só ocorrerá para laboratórios com filiais e unidades hospitalares. Contudo, esta é uma opção do laboratório, conforme a sua estratégia.
Para cada
indicador há
uma descrição
do seu
significado
Indicadores que fazem parte do Programa
Acidente e Contaminação - Acidente com pérfuro-cortante - Contaminação de hemocultura Cliente
- Atraso de resultados
- Sucesso na comunicação de resultados alarmantes
Coleta
- Coleta própria ambulatorial - Coleta própria hospitalar - Coleta domiciliar/home care - Coleta de terceiros
- Coleta de franquia Entrega de laudo
- Eletrônico - e-mail - Eletrônico - website - Impresso entregue em casa - Impresso retirado no laboratório - Telefone ou fax
Glosa
- Glosa geral - Glosa por convênio Laudo não retirado Pessoal - Horas trabalhadas - Absenteísmo - Rotatividade geral - Rotatividade da recepção Treinamento - Treinamento geral - Treinamento interno Produtividade - Pessoal geral - Pessoal técnico - Pessoal faturamento - Pessoal de recepção - Coletador próprio - Coletador franqueado - Área Patologia/Citopatologia Público
- Exames por paciente
- Exames por paciente particular - Exames por paciente de convênio - Exames por paciente do sistema público Recoleta
- Recoleta geral
- Recoleta por material impróprio - Recoleta para confirmação - Recoleta por acidente - Recoletas diversas Ticket médio Terceirização Volume de exames - Exames particulares - Exames de convênio - Exames do sistema público Mais informações: http://www.controllab.com.br/#indicadores
O programa
é aberto a
laboratórios
de qualquer
tamanho
Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial - 5
A pequena
empresa pode
ser mais
rápida nas
decisões
A vontade de se preparar tem que
ser maior que a vontade de vencer
Nos dias atuais vemos muitas empresas pequenas participando da lista das melhores empresas para se tra-balhar, publicada anualmente pelas revistas Você S.A, Exame e Época, via empresa de consultoria e pesquisa Great Place to Work, que utiliza uma metodologia consagrada em 29 países.
Hoje, empresas pequenas já são multinacionais com raízes fincadas nos mais longínquos rincões deste planeta.
A pergunta mais comum que se faz é a seguinte: como é a competitividade da micro e pequena empresa? Como competir com as grandes estruturas?
Certa vez, quem deu a dica foi Jack Welch, o grande executivo do final do século 20. Ele disse: “Quero ver a General Electric com a sua competitividade somada à velocidade de uma pequena empresa”.
Penso que a grande dica é que o pequeno, com menos burocracia, pode ser mais veloz, sair na frente, decidir mais rápido, ser mais criativo... A buro- cracia mata a meta! Porém, é preciso acreditar mais no próprio potencial.
Uma versão bem humorada da história de Davi e Golias conta que os soldados de Israel vendo aquele gigante gritaram: “Ele é tão grande que é impossível derrotá-lo”. Davi, menino mirrado, pega um estilingue e diz: “A cabeça dele é tão grande que será impossível errar”. O resto da história todos nós sabemos.
Acreditar que mesmo pequeno, mui- tas vezes remando contra a maré, sem financiamentos, sem estrutura e diante de um mercado cada vez mais exigente pode parecer presunção que diante de tantas incertezas pode-se prosperar.
Mas essa fé é o ingrediente número um do sucesso.
Quando pensamos no modelo americano de vida, do sonho americano, logo estamos imaginando carrões, iates, mansões. Na prática, a grande maioria dos milionários de lá são empresários de pequenos negócios que trabalham duro, poupam, mudam de carro a cada quatro anos, não são consu-mistas e tem foco no trabalho.
Gilclér Regina* Nos meus tempos de menino a propaganda
da Atlantic, uma companhia pequena de petróleo em relação às demais do mercado, dizia: “Quem não é o maior tem que ser o melhor”. Entretanto, eu coloquei um “pode” no lugar do “tem”, isto para não ser radical e dizer que para ser bom, só mesmo sendo
Gestão Estratégica em Medicina Laboratorial
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Murilo Rezende Melo
Criação, Arte e Diagramação
Design To Ltda
Jornalista responsável
Roberto Duarte - Reg. Prof. RJ 280JP
Jornal da SBPC/ML - Periodicidade mensal
É preciso
observar o
que outros
não quiseram
fazer
Vivemos numa sociedade onde todo mundo quer ser o primeiro. E o primeiro pensamento é que para ser bom tem que ser grande. Ouvi de um publicitário que não dá para assistir à segunda melhor novela para depois de oito meses descobrir que a primeira era melhor mesmo. Gente assim só assiste a um canal!
Em nossa cultura, quem ganha prata chora, porque o sentimento é de derrota. Aliás, neste caso perdeu mes-mo. Mas deveria olhar todo o caminho que foi percorrido até ali. Essa foi a vitória.
Ser pequeno é apenas o inicio. Se você ler a história de Sam Walton, o fundador da Rede Wal Mart, o maior faturamento do planeta, fechando 2007 com 300 bilhões de dólares, verá que ele iniciou seu pequeno negócio numa pequena cidade e assim permaneceu por muito tempo. O seu lema era: “O cliente pode demitir todos de uma empresa, do alto executivo para baixo, simplesmente gastando seu dinheiro em outro lugar”.
Para ser grande entendo que o maior passo é pensar como “grande”, ter atitude de “grande”, motivação de grandes proporções. O caminho passa por ver o que todo mundo vê. Mas enxergar diferente! Quando vemos pessoas se destacando, construindo uma “estrada de campeões”, precisamos observar que essas pessoas estão fazendo aquilo que outros não quiseram fazer.
O perigo não é pensar “grande” e não conseguir. O perigo é pensar “pequeno” e conseguir.
Penso também que as micro e pequenas empresas podem se destacar em equilíbrio, em regularidade, em continuidade.
A vontade de se preparar tem que ser maior que a vontade de vencer. O que o pequeno pode fazer para triun-far? O caminho é entender a mescla de disciplina com entusiasmo como a ponte entre os sonhos e a realidade. O preço a pagar é muito treinamento e estudo.
Já ouvi muita gente dizer assim: “Mas como? Vou treinar e depois a concorrência leva”. Sinto dizer, mas o caminho é esse mesmo e os riscos também. Isso sempre vai acontecer. Mas também é o caminho que leva ao sucesso - 82% das maiores empresas do mundo vieram do absolutamente nada.
Esquecendo aqui qualquer paixão pelo seu time, veja o exemplo do Internacional de Porto Alegre. Contra-riando a lógica, foi campeão mundial em cima do Barcelona, um dos clubes mais ricos do mundo com um time recheado de estrelas globais. Alguém aí lembra do Davi?
Construir o futuro, um pequeno negócio que amanhã será um grande sucesso, acima de toda e qualquer tec-nologia, fazer a diferença real está nas pessoas fiéis e comprometidas, na escolha e formação das equipes, na identificação das pessoas certas para os lugares certos. E isso não é privilégio só de grandes empresas.
O que motiva as pessoas a fazer o que fazem? O que motiva o mundo são as pessoas. Mas o que motiva as pessoas é a paixão, é sentir-se útil e comprometido com o negócio, seja pequeno ou grande. O maior desafio é não se acomodar.
*Consultor de vendas, motivação, gestão e recursos humanos e presidente da GEAC Desenvolvimento de Talentos, www.ceag.com.br.