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Doença Cardiovascular na mulher: importância do estilo de vida

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Doença Cardiovascular na mulher:

importância do estilo de vida

daielle da silva dias*; marcelo velloso heere*

; ktia de agelis*

Data de recebimento: 11/05/2004. Data de aceitação: 27/05/2004.

* Universidade São Judas Tadeu, Laboratório do Movimento Humano, São Paulo-SP, Brasil. Bolsista PBIC-CNPq E-mail: dany25_dias@yahoo.com.br

Resumo l As doenças cardiovasculares (DCV) constituem a mais importante causa de morte em ambos os sexos em todas as

regiões do país e no mundo ocidental. O impacto financeiro que as doenças cardiovasculares geram ao Sistema Público de Saú-de confere a esta o primeiro lugar no sexo masculino e o segundo no sexo feminino, chegando a ter um custo Saú-de 274 bilhões Saú-de dólares/ano nos Estados Unidos da América. A partir dos anos 60, com sua entrada no mercado de trabalho, e conseqüentemen-te maior exposição ao estresse, fumo e maus hábitos alimentares, a taxa de mortalidade devido às doenças cardiovasculares das mulheres rapidamente se elevou. Anualmente mais de 500.000 mulheres morrem devido a doenças cardiovasculares nos Esta-dos UniEsta-dos, taxa que supera a verificada em homens e também o número somado de mortes por outras causas em mulheres. A manutenção das atividades de casa e afazeres com os filhos, somados às novas obrigações que o mercado de trabalho impõe às mulheres parece ser fator fundamental para o aumento na incidência de doenças cardiovasculares. No Brasil, esse índice aumen-tou de 10 para 25% nos anos 60 e 70. A morte devido às doenças cardíacas é maior em homens (39%) do que em mulheres entre 45 e 64 anos. Entretanto, depois dos 65 anos, a taxa de mortalidade por doenças cardíacas em mulheres ultrapassa à dos homens em 22%. Esse aumento na incidência de doenças cardiovasculares no sexo feminino está condicionado cronologicamente à menopausa, evento correspondente à última menstruação da mulher caracterizado pela diminuição dos hormônios sexuais circulantes na corrente sanguínea. Atualmente muitas evidências conferem ao estrogênio uma função cardioprotetora, já que este parece estar associado ao controle de alguns fatores de risco como a obesidade, hipertensão arterial e a dislipidemia. O climatério, período que segue após o evento da menopausa, é uma etapa no ciclo de vida das mulheres na qual são observadas algumas modificações, que associadas, poderão alterar o bom funcionamento do organismo, podendo levar ao desenvolvimen-to de quadros padesenvolvimen-tológicos. De fadesenvolvimen-to, mulheres de mesma faixa etária, são duas a três vezes mais acometidas por doenças cardio-vasculares após a menopausa (1:3) quando comparadas à pré-menopausa (1:9). Alterações nos mecanismos de controle da pressão arterial, aliados às modificações no perfil lipídico e maior prevalência de obesidade e diabetes em mulheres pós-meno-pausa são interpretados como importantes fatores para o desenvolvimento de DCV. Apesar disso, o sedentarismo e os maus hábitos de vida são apontados como sendo os principais fatores de risco para o desenvolvimento dessas patologias. Os meios de tratamento dessas enfermidades podem incluir o uso de fármacos, que geram altos custos financeiros, aliados ou não a mudan-ças no estilo de vida, mecanismos mais baratos e com grande eficiência. Estudos mostram que a adoção de um programa de treinamento físico no cotidiano de mulheres no climatério tem sido de grande relevância para uma melhora na capacidade de realizar esforços físicos, inclusive nas atividades domésticas, como também no controle de fatores de risco para o desenvolvi-mento de DCVs. Diminuição do peso corporal e LDL colesterol, audesenvolvi-mento do HDL colesterol, melhora do controle glicêmico além de aumento na sensibilidade dos mecanismos de controle da pressão arterial são benefícios comumente verificados em indivíduos que praticam exercícios físicos regularmente. Dessa forma, torna-se notório que a entrada da mulher no climatério está associada ao aparecimento de algumas patologias por causas fisiológicas e também por hábitos de vida que podem aumen-tar a morbi-mortalidade. Entretanto, o treinamento físico tem sido apontado como um importante meio profilático e de trata-mento para as doenças cardiovasculares, e aliando-se a mudanças nos hábitos alimentares e diminuição do fumo correspondem aos mecanismos que apresentam um ótimo custo benefício entre melhora na qualidade de vida e diminuição dos efeitos deleté-rios dos fatores de risco sobre a saúde cardiovascular.

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1 itroduo

As sociedades modernas, repletas de novas tecno-logias, têm alterado de um modo importante o estilo de vida dos cidadãos. De fato, nas socieda-des marcadamente industrializadas, as referidas alterações promovem novos estilos de vida, em que a maioria das ocupações, os transportes e as tarefas domésticas requerem menor esforço físico induzindo, na maior parte das situações, ao se-dentarismo1. É crescente a evidência que a

maio-ria das pessoas (cmaio-rianças, jovens ou adultos) que vive em “grandes” cidades revela padrões de ativi-dade física muito reduzida. Os níveis de ativiativi-dade física parecem diminuir com o avanço da idade, sendo mais evidente no sexo feminino, no qual, a adolescência parece ser o período do desenvolvi-mento no qual essa diminuição se torna mais acentuada2. Este fato, aliado à aquisição de novos

hábitos alimentares e tabagismo é, em parte, res-ponsáveis por um vasto leque de patologias desig-nadas, muitas vezes, de doenças da civilização atual3.

A manutenção das atividades de casa e afaze-res com os filhos, somados às novas obrigações que o mercado de trabalho impõe às mulheres parece ser fator fundamental para o aumento na incidência de doenças cardiovasculares4.

Anual-mente mais de 500.000 mulheres morrem devido a doenças cardiovasculares nos Estados Unidos, taxa que supera a verificada em homens e tam-bém o número somado de mortes por outras cau-sas em mulheres5. No Brasil, esse índice aumentou

de 10 para 25% nos anos 60 e 706 . Além disso, a

morte devido às doenças cardíacas é maior em homens (39%) do que em mulheres entre 45 e 64 anos. Entretanto, depois dos 65 anos, a taxa de mortalidade por doenças cardíacas em mulheres ultrapassa à dos homens em 22%7.

O climatério, período após o evento da meno-pausa, é uma etapa no ciclo de vida das mulheres na qual são observadas algumas modificações, que associadas, poderão alterar o bom funciona-mento do organismo, podendo levar ao desenvol-vimento de quadros patológicos. De fato o início da equivalência nas taxas de eventos cardiovascu-lares entre os sexos coincide com o advento da

menopausa e conseqüentemente da privação es-trogênica8 motivo pelo qual tem sido atribuído

um papel cardioprotetor aos estrogênios9. Assim,

mulheres de mesma faixa etária, são duas a três vezes mais acometidas por doenças cardiovascu-lares após a menopausa (1:3) quando comparadas à pré-menopausa (1:9). Outro ponto importante, é que quanto mais cedo ocorre a menopausa, maior o risco de eventos cardíacos10.

Sabe-se que os fatores de risco clássicos para doença cardiovascular têm prevalência variada de acordo com a região onde são avaliados: diabe-tes mellitus (DM) foi detectado em 4% da popu-lação de Campinas em São Paulo6, mas em 7% da

população do Estado do RS11; sobrepeso e

obesi-dade em 44 e 55%, inativiobesi-dade física em 49 e 71%, hipertensão arterial em 23 e 32%, hipercolestero-lemia em 41 e 56% e fumo em 21 e 34% dessas populações, respectivamente. É importante enfa-tizar ainda que, no estudo realizado em Campi-nas, dois importantes fatores de risco para a doença cardiovascular, a hipercolesterolemia e a hipertensão, foram mais prevalentes em mulheres do que em homens6. Em um estudo recente

de-monstrou-se a importância de 11 fatores de risco para infarto agudo do miocárdio em mulheres pós-menopausa, entre eles, a redução dos níveis de atividade física, o diabetes, os níveis de pressão arterial e dos lipídios plasmáticos12.

Por outro lado, os benefícios cardiovasculares, metabólicos e autonômicos após o exercício físico agudo e crônico têm levado investigadores a su-gerir o treinamento físico como uma conduta não-farmacológica importante no tratamento de diferentes patologias como o DM, a hipertensão e a insuficiência cardíaca13. Em uma revisão

recen-te14foi verificado que o exercício físico induziu

benefícios na composição corporal e redução do peso corporal, na capacidade aeróbia, na força e resistência muscular bem como uma diminuição e/ou melhora no controle dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares, cuja incidência vem aumentando de forma marcante no sexo fe-minino.

Dessa forma, através de uma pesquisa biblio-gráfica, o presente estudo tem por objetivo esta-belecer um panorama sobre o desenvolvimento

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histórico das doenças cardiovasculares no Brasil, associando com as mudanças no estilo de vida e maior prevalência dos fatores de risco para doen-ça cardiovascular. No segundo momento aborda-remos o papel do exercício físico como um meio não farmacológico de tratamento ou profilaxia das doenças cardiovasculares incidentes sobre o sexo feminino.

histico das doeas

cardiovasculares o brasil

A acelerada urbanização ocorrida no século XX é reconhecida como importante ponto desencade-ador para modificação do estilo de vida e adoção de maus hábitos alimentares, fatores esses conco-mitantes com a diminuição da atividade física. Esses processos acarretam mudanças que provo-cam impacto negativo à saúde e aumento da mor-talidade na população em geral. Dados do perfil de mortalidade no Brasil indicam que as doenças do aparelho circulatório (com predomínio das doenças cerebrovasculares e doença isquêmica do coração) representam a primeira causa de morte. Em 1989, esse conjunto de doenças repre-sentava a primeira causa de morte, com 28% dos óbitos, indicando sua importância enquanto pro-blema de saúde da população. Atualmente as do-enças do aparelho circulatório se destacam como a principal causa de mortes no País (28,8% para homens e 36,9% para mulheres), em todas as re-giões e estados.

A morbidade hospitalar pelas doenças cardio-vasculares apresenta padrão semelhante ao des-crito em vários países. No cômputo geral das internações pelo Sistema Único de Saúde no ano de 2003 para todo o território nacional, as doças cardiovasculares ficam em segundo lugar en-tre os homens, depois das doenças respiratórias, e em terceiro entre as mulheres, depois das hospi-talizações decorrentes por parto e complicações na gravidez e das doenças respiratórias. No en-tanto quando se avalia o custo total, as doenças cardiovasculares assumem a principal posição para ambos os sexos, com quase 20% de todo o valor gasto com internações no Sistema Único de Saúde, sendo o principal gasto entre os homens, e

o segundo entre as mulheres, em razão do impac-to das internações obstetrícias. Em números ab-solutos não se encontram dados disponíveis sobre os gastos em saúde pública no Brasil, entretanto, podemos verificar o enorme custo das doenças cardiovasculares aos cofres estatais usando como referência os Estados Unidos da América, no qual a estimativa de gastos com custos diretos e indire-tos de doenças cardiovasculares no ano de 1998 foram 274 bilhões de dólares.

É interessante notar, entretanto, que houve uma redução das taxas de mortalidade por doen-ças cardiovasculares nas últimas décadas nos paí-ses ocidentais, inclusive no Brasil, porém este declínio nos eventos é mais eminente nos homens do que nas mulheres. Apesar de ainda estar em discussão o que realmente levou a essa queda nas taxas, tem-se atribuído tal fato basicamente a me-lhorias no diagnóstico, tratamento e cobertura dos serviços de saúde em relação à hipertensão e outras doenças cardiovasculares.

fatores de risco para doea

cardiovascular

A expressão “fator de risco” refere-se a um con-ceito que vem ganhando importância crescente no campo das doenças crônicas não-transmissí-veis15. Entretanto, estudos epidemiológicos têm

mostrado consistentemente uma relação entre determinados fatores e determinadas doenças16.

Além disto, tem-se verificado que a remoção ou reversão da exposição a estes fatores implica na redução da mortalidade e/ou da prevalência e/ou o surgimento mais tardio das patologias em estu-do17. Desta maneira, a intervenção sobre as

doen-ças crônicas não-transmissíveis tem como uma de suas vertentes a remoção ou diminuição da ex-posição a fatores de risco18.

Tem-se verificado que a distribuição das doen-ças e dos fatores de risco na população é a expres-são de uma realidade socialmente determinada19.

Neste sentido, impõe-se como de fundamental importância o conhecimento da sua magnitude, quais os mais prevalentes, como se distribuem na população, como base para o planejamento e ava-liação de programas de intervenção em nível das

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doenças crônicas não-transmissíveis. Particular-mente em relação às doenças cardiovasculares, o sedentarismo, a obesidade, o diabetes mellitos, a dislipidemia, além da hipertensão são considera-dos fatores de risco para a ocorrência de algum evento cardiovascular.

A prática regular de exercícios físicos tem tido pouca aderência da população e o sedentarismo vem despertando como um dos fatores contri-buintes para o aumento na ocorrência de doenças cardíacas em todo o mundo. Um fator decisivo na determinação do nível de atividade física parece ser o sexo20. O incentivo à prática desportiva para

as mulheres teve início na década de 30. Isso ge-rou duas correntes, uma de incentivo, que via o esporte como meio de socialização e prática de atividade física e outra totalmente contra, que te-mia quebrar paradigmas sociais e culturais insti-tuídos para cada sexo. Isto fez com que a participação significativa de meninas e mulheres nas competições ocorresse somente 40 anos de-pois, na década de 70. Estudos têm demonstrado diferenças fisiológicas e funcionais entre homens e mulheres em resposta ao exercício físico, suge-rindo que as diferenças sexuais sejam o principal fator determinante da capacidade de exercício21.

Diferentes estudos realizados em crianças e jovens22 têm evidenciado um maior

envolvimen-to do sexo masculino em atividades físicas relati-vamente ao feminino. De fato, é consensual na literatura que, a partir da adolescência, o sexo masculino revela níveis superiores de participa-ção em atividades físicas (AF). Esta evidência crescente é extremamente preocupante na medi-da em que os hábitos de AF na infância e na ado-lescência parecem não só ser relevantes no crescimento somático e desenvolvimento saudá-vel, como também tende a repercutir no estado adulto dos sujeitos23. Existem algumas sugestões

de que as crianças e os adolescentes que revelam um estilo de vida ativo tornar-se-ão adultos ativos, o que implicará uma diminuição, a longo-prazo, de alguns fatores de risco e do desenvolvimento de algumas doenças degenerativas que se sabe terem as suas raízes na infância.

A inatividade física que também é mais pre-valente entre as mulheres após a menopausa24,

duplica o risco de doença coronariana, efeito esse similar em magnitude ao do tabagismo, da hiper-tensão ou do colesterol alto25. Vale destacar que a

prevalência do sedentarismo nas mulheres nos EUA era superior à observada nos homens e cor-responde a 36,2% para a etnia branca e 55,2% para a etnia negra. No Brasil, dados regionais apontam que 50% das mulheres são sedentárias, prevalência esta elevada em relação ao sexo masculino.

No Estado de São Paulo o sedentarismo é mais prevalente (69%) do que o fumo (38%), a hiper-tensão (22%), a obesidade (18%) e o alcoolismo (8%)26. O estilo de vida sedentário contribui para

os altos custos para a saúde pública de muitos pa-íses, já que os tratamentos dos distúrbios degene-rativos, como a cardiopatia isquêmica, o diabetes e a hipertensão são de custo extremamente eleva-dos27. Na última diretriz do NCEP, reconhece-se

o sedentarismo como importante influência so-bre os fatores de risco principais, além de ser res-saltada a necessidade de intervenção terapêutica neste sentido.

Estudos epidemiológicos têm demonstrado que o sedentarismo é um fator de risco para o de-senvolvimento da hipertensão e do diabetes28

além de ser um significante fator etiológico para a síndrome metabólica29. A chance de

desenvolvi-mento de hipertensão em indivíduos sedentários foi estimada em 60-70% maior do que aquela em indivíduos fisicamente ativos30. Outro estudo

ain-da demonstrou que os fatores de risco modificá-veis representam 94% do risco de infarto agudo do miocárdio, no qual o efeito protetor do exercí-cio físico tem sido mais evidente nas mulheres4.

A realização de atividade física regular com intensidade moderada reduziu significativamente a incidência e o risco de acidente vascular cere-bral em 72 mil freiras americanas31. Resultados

semelhantes foram verificados em mulheres pós-menopausa que caminhavam ou faziam exercício vigoroso apresentando também reduções subs-tanciais na incidência de eventos cardiovascula-res32. Ao contrário, o sedentarismo evidenciou-se

como preditor de risco cardiovascular. Além dis-to, é importante salientar que esses autores obser-varam valores similares de redução de risco com andar e com exercício vigoroso, sugerindo que

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mesmo níveis reduzidos de atividade física po-dem diminuir o risco cardiovascular em mulhe-res. Resultados similares foram também observados entre as mulheres brancas e mulheres negras, entre mulheres em grupos de idade e em categorias diferentes de índice da massa corpórea neste mesmo estudo.

Entretanto, é interessante sabermos quais os fatores de risco mais importantes para o desen-volvimento de doenças cardiovasculares no sexo feminino. Apesar desta importância, o volume de informações de que se dispõe sobre a distribuição e comportamento deste tipo de doenças e seus fa-tores de risco no Brasil ainda são pequenos. Um importante estudo realizado em São Paulo de-monstrou que os principais fatores de risco no sexo feminino era a obesidade e o sedentarismo, sendo 50% mais prevalente em relação ao sexo masculino (Rego et al., 1990)26. Já em Porto Ale-gre, o sedentarismo se constituía como o princi-pal fator de risco para doenças cardiovasculares entre as mulheres correspondendo a 57% e 22% de obesidade da população estudada33.

Em um outro estudo de grande impacto34,

procurou-se avaliar a influência individual do se-dentarismo e da obesidade sobre o desenvolvi-mento de doença coronariana (DAC) em 906 mulheres pós-menopausa. Nesse contexto, verifi-cou-se uma grande associação entre a incidência de fatores de risco para a DAC em mulheres que eram sedentárias e/ou apresentavam sobrepeso ou obesidade. Dessa forma, quanto maiores os valores de índice de massa corpórea (índice mui-to utilizado para verificar a adequação do peso em relação à altura dos indivíduos) e menor a ca-pacidade física maior era a incidência de hiper-tensão, diabetes, dislipidemia, menor concentração de HDL, maiores valores de glicemia e triglicéri-des plasmáticos em jejum levando a uma maior prevalência da síndrome metabólica. Entretanto, somente a capacidade física reduzida apresentou uma relação consistente em mulheres que já apre-sentavam a DAC, sugerindo desta forma que o sedentarismo individualmente se constitui em um importante fator para o desenvolvimento de doenças coronarianas. Apesar do IMC não ser in-dependentemente associado à ocorrência de

eventos cardiovasculares também é considerado um fator de risco para as doenças cardiovascula-res. A obesidade, crescentemente reconhecida como uma epidemia de saúde pública, tem sido apontada como um fator de risco modificável para doenças cardiovasculares35. A taxa de

adul-tos que apresentam sobrepeso chega a 2/3 entre homens e mulheres e mais do que 1/3 já são con-siderados obesos nos Estados Unidos36. Um

im-portante estudo demonstrou um risco relativo de óbito crescente a medida que aumentava os valo-res de IMC. Nesse estudo associou-se um risco de óbito de 1,6 para indivíduos com IMC entre 27 e 29 Kg/m2 e de 2,2 para pessoas com IMC acima

de 32 Kg/m2. Sugere-se que este aumento do risco

cardiovascular esteja relacionado à diminuição dos níveis de HDL colesterol verificado em indi-víduos com valores de IMC elevados37. Outro

fa-tor que aumenta muito o risco cardiovascular é a existência da síndrome metabólica que de fato pa-rece ser mais prevalente em indivíduos obesos38.

Avaliações na população brasileira apresen-tam dados no qual o sobrepeso e a obesidade tem tido crescente incidência em todas as capitais ao longo dos anos a partir da década de 70. A freqü-ência de sobrepeso atinge 40% da população das capitais, sendo mais comum nas cidades do sul e sudeste, demonstrando uma tendência contínua de aumento nos homens. Entretanto, a prevalên-cia da obesidade têm sido maior na população do sexo feminino. Verificou-se que as prevalências de obesidade são semelhantes nos dois sexos até os 40 anos, mas após esta idade as mulheres pas-sam a apresentar prevalências duas vezes mais elevadas do que os homens39. Tal fato pode ser

ex-plicado pelo já conhecido aumento de peso nas mulheres no climatério, principalmente relacio-nado à redução do metabolismo basal e da ativi-dade física regular além da maior ingesta de alimentos calóricos e a depressão. A obesidade, especialmente a abdominal, aumenta o risco car-diovascular na mulher e esse risco se eleva pro-gressivamente com o incremento do peso40.

Outro fator de risco, que também está relacio-nado à obesidade, é a alteração do perfil de coles-terol LDL e HDL sanguíneos associados ou não ao aumento dos triglicerídeos plasmáticos. Esse é

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um fato freqüentemente observado em mulheres após a menopausa, no qual os níveis de colesterol total e da fração de LDL colesterol e também dos triglicerídeos plasmáticos aumentam provavel-mente em razão da redução da atividade do re-ceptor de LDL, localizados nas paredes dos vasos sanguíneos, em resposta ao declínio gradual do estrógeno sanguíneo nos anos que precedem a menopausa41.

Estudos demonstram que as concentrações de colesterol plasmático estão relacionadas à morbi-dade e mortalimorbi-dade42 representando um fator de

risco para a DAC43. Quando se analisam as

fra-ções de colesterol LDL e HDL isoladamente nota-se que níveis séricos de LDL colesterol elevados demonstrou-se significativamente associado com a ocorrência de infarto agudo do miocárdio44.

Es-tudos prospectivos têm demonstrado que altas concentrações séricas de LDL colesterol repre-sentam um grande risco para o desenvolvimento da DAC, tendo seu risco de evento coronariano reduzido após a aplicação de terapias de redução de colesterol45.

Em contrapartida, os níveis séricos de HDL colesterol são considerados preditores indepen-dentes e inversamente relacionados à incidência da DAC. Os estudos epidemiológicos mostraram de forma consistente a correlação independente e negativa entre os níveis de HDL-colesterol e o ris-co de eventos ris-coronarianos46 sendo a redução nos

níveis de HDL de 1mg/dl associada ao aumento de 2% a 3% no risco de eventos. Um importante estudo populacional demonstrou que nível me-nor de HDL colesterol estava associado a valores

de pressão arterial mais alto tanto em homens quanto em mulheres, representando um fator de risco de morte. Neste estudo também foi verifica-do que, ao final de 14 anos, a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares foi significativa-mente maior nos indivíduos que apresentavam valore baixos de HDL ao início do estudo47.

Comprovando os malefícios cardiovasculares associados aos altos índices de colesterol plasmá-tico, estudos clínicos de grande importância de-monstraram que terapias de redução de colesterol foram eficazes em reduzir o risco cardiovascular. Verificou-se uma redução de 24% em eventos vasculares e operações de revascularização, 27% de infartos não fatais e morte por doenças coro-nárias, em 20536 indivíduos entre 40-80 anos de idade com alto risco cardiovascular após o trata-mento com drogas para reduzir o colesterol48.

Outro importante estudo populacional também demonstrou uma redução em infartos não fatais e mortes por doenças cardiovasculares em 5804 su-jeitos entre 70-82 anos de idade e alto risco cardio-vascular após terapia de redução de colesterol49.

Atualmente se reconhece que a existência de 1 fator de risco aumenta a possibilidade da ocor-rência de outros fatores adicionais. Estudos mos-tram que indivíduos obesos apresentam alterações do metabolismo lipídico, que em longo prazo, po-derão vir a ser considerados dislipidêmicos. De maneira similar, pessoas sedentárias são mais propensas a terem sobrepeso e/ou obesidade po-dendo chegar também a um futuro quadro de dis-lipidemia. Dessa forma, a presença de um fator de risco juntamente com a manutenção dos maus

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hábitos de vida favorece o aparecimento de outros fatores de risco, sendo responsáveis pela crescen-te decrescen-terioração da saúde cardiovascular das pes-soas. Nesse sentido, o diabetes tipo 2, outro fator de risco para as doenças cardiovasculares, apesar de apresentar um componente genético forte também é favorecido pelo excesso de peso e pelo sedentarismo50. É considerada uma doença

crô-nica na qual fatores genéticos e ambientais se so-brepõem, levando a alterações no metabolismo de carboidratos, lípides e proteínas.

O DM do tipo 2 vem tomando proporções epidêmicas em razão do aumento da expectativa de vida, do crescimento da prevalência de obesi-dade e dos hábitos de vida sedentária. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (senso de 1991), a prevalência de diabetes situa-se ao redor de 7,6% da população urbana na faixa etária entre 30 e 69 anos. Na cidade de São Paulo a taxa de prevalência é de 9,7% da população entre 30 e 69 anos. Em termos mundiais, as projeções indicam que por volta do ano 2010 estaremos com pelo menos 220 milhões de diabéticos tipo 2, incluin-do 20 milhões na América Latina.

Trata-se de uma doença etiológica e clinica-mente heterogênea que provoca complicações nos vasos capilares (nefropatia diabética e retino-patia diabética), nos vasos arteriais (arterioscle-rose e gangrena) e nas vias do sistema nervoso (neuropatia diabética)51. Estudos mostram que a

presença de diabete mellito dobrou o risco de DCV ajustado por idade, em homens e triplicou em mulheres sendo o infarto agudo do miocár-dio, a angina e a morte súbita 2 vezes mais fre-qüentes em diabéticos quando comparados a não diabéticos43. Novamente demonstrando a

intera-ção existente entre os fatores de risco, alguns tra-balhos sugerem que o ganho de peso em mulheres após a menopausa está relacionado ao aumento da pressão arterial e aparecimento do diabetes52.

É interessante notarmos que todos os fatores de risco citados anteriormente, ao longo dos anos progridem agravando cada vez mais a saúde car-diovascular dos indivíduos portadores. A via final dos fatores de risco é o desenvolvimento efetivo de alguma doença cardiovascular. A hipertensão arterial sistêmica pode ser desenvolvida em

con-seqüência dos malefícios dos fatores de risco, en-tretanto, em 95% dos indivíduos hipertensos a causa do aparecimento da patologia não é conhe-cida. Dessa forma, a hipertensão isolada pode ser considerada um fator predisponente à ocorrência de eventos cardiovasculares como o infarto agu-do agu-do miocárdio e/ou evoluir para um quadro mais grave de insuficiência cardíaca.

A pressão arterial correlaciona-se intensamen-te com o risco cardiovascular. Essa correlação foi demonstrada em diversos estudos epidemiológi-cos, e a redução do risco de DCV com seu contro-le foi documentada em inúmeros estudos clínicos em prevenção primária53. Foi demonstrado que a

hipertensão é um fator preditor independente para a ocorrência da doença arteriosclerótica54

apontando que a cada incremento de 10 mmHg na mediana da pressão arterial sistólica da popu-lação correspondia à duplicação do risco de óbito coronário55.

Outros estudos também observaram uma rela-ção direta entre elevarela-ção dos níveis das pressões arteriais sistólica e diastólica e incidência subqüente de mortalidade por DAC durante um se-guimento de 11,6 anos em indivíduos inicialmente sem doença arteriosclerótica56. Nesse contexto,

uma metanálise de nove estudos observacionais prospectivos (418.343 indivíduos) apontou que o aumento nos níveis de pressão arterial diastólica de 73 mmHg até 105mmHg corresponde a uma ele-vação em até 5 vezes o risco de morte por doença arteriosclerótica57.

Os efeitos decorrentes do climatério na pres-são arterial pres-são difíceis de serem avaliados, já que sofrem influências de diversos fatores, tais como envelhecimento, índice de massa corpórea, classe social e tabagismo58. Entretanto, sabe-se que a

hi-pertensão contribui para cerca de 35% de todos os eventos cardiovasculares e cerca de 45% dos casos de infarto não diagnosticado, em mulheres, elevando o risco de doença arteriosclerótica em quatro vezes quando comparadas a mulheres nor-motensas59. O aumento da pressão arterial e do

colesterol total foram associados com a elevação do risco de desenvolver doenças cardiovasculares durante a vida em mulheres acima de 50 anos 60.

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dos fatores de risco até os 50 anos de idade está associado com um maior tempo de vida sem DCV e maior sobrevida pós o desenvolvimento de alguma DCV60.

Até o presente momento nos reportamos aos malefícios da existência dos fatores de risco de forma individual. Ou seja, apontamos quais as in-fluências negativas de cada fator de risco isolado sobre o desenvolvimento de doenças cardiovas-culares. Entretanto, será que a coexistência de múltiplos fatores de risco em um mesmo organismo poderia apresentar efeitos adicionais favorecendo sobremaneira o aparecimento dessas doenças crôni-co-degenerativas? Estudos têm apontado que a as-sociação de fatores representa um risco maior de morbi-mortalidade para as pessoas, sendo este con-junto classificado como uma nova doença conheci-da como Síndrome Metabólica.

A etiologia da síndrome metabólica (SM) ain-da é desconheciain-da, entretanto, sabe-se que ela re-presenta a combinação de alguns determinantes para a doença cardiovascular tais como a obesida-de, hipertensão, dislipidemia, diabetes, resistência à insulina, o sedentarismo e a hipertrigliceridemia, sendo considerados um preditor das doenças car-diovasculares61. De acordo com o programa

nacio-nal de educação e colesterol62 realizado nos Estados

Unidos, o indivíduo deverá apresentar ao menos 3 fatores de risco para doenças cardiovasculares para ser caracterizado como portador de SM.

Segundo a OMS, a prevalência da SM varia de 1,6% a 15%, dependendo da população estudada e da faixa etária considerada. Em alguns estudos, a prevalência foi maior em homens63, enquanto

que em outros foi maior em mulheres64, ou não

houve diferenças de gênero. Observou-se um au-mento significante da prevalência relacionada à idade, variando de 6,7% (20-29 anos) até 43% (>60 anos) (Ford et al., 2002)64 tornando-se evi-dente que após a menopausa a sua prevalência aumenta. Esse fato também foi verificado em uma população feminina latino-americana, no qual foi observada uma incidência variando de 28,1% a 42,9% em mulheres com respectivamente 40-44 anos e 60-64 anos65.

Estudos sobre a prevalência da SM na população brasileira não foram encontrados, porém estudos

em diferentes populações, como norte-americana, mexicana e asiática revelam prevalência elevada. Entretanto, os resultados variam conforme o cri-tério utilizado para a população estudada, varian-do as taxas de 12,4% a 28,5% em homens e de 10,7% a 40,5% em mulheres. Esses dados são mui-to preocupantes, vismui-to que esta síndrome represen-ta um risco duas a três vezes maior de morbidade cardiovascular do que em indivíduos não-porta-dores de Síndrome Metabólica66

Vale destacar que as doenças cardiovasculares e metabólicas tem sido associadas a alterações no controle cardiovascular. Esse controle tanto da pressão arterial quanto da freqüência cardíaca é re-alizado principalmente através da atividade do sis-tema nervoso autônomo (SNA). Dessa forma, o aumento ou diminuição da pressão arterial e/ou freqüência cardíaca ocorrem pela maior e/ou me-nor atividade dos componentes simpático (SNS) e parassimpático (SNP) que compõe o SNA67. Existe

ainda outro mecanismo importante na manuten-ção da funmanuten-ção cardíaca que são dependentes dos reflexos originados pela deformação das paredes vasculares que correspondem aos pressorrecepto-res arteriais, pressorrecepto-responsáveis pelo controle rápido da pressão arterial68. Além do controle reflexo da

ati-vidade autonômica, os pressorreceptores também exercem controle tônico sobre a atividade simpáti-ca (inibição) e parassimpátisimpáti-ca (estimulação).

Atualmente já é bem estabelecido que uma maior atividade do sistema nervoso simpático está relacionada a um aumento dos valores de pressão arterial e freqüência cardíaca, ao passo que o sistema nervoso parassimpático trabalha de forma oposta atuando diretamente sobre a dimi-nuição da freqüência cardíaca. Neste sentido, existe uma relação perfeita entre a atividade do SNS e SNP para que a pressão arterial seja manti-da em estreita faixa de variação, permitindo a perfusão tecidual adequada, em pessoas que não apresentam nenhuma enfermidade cardiovascu-lar. Entretanto, existe um consenso de que a fun-ção parassimpática preservada é benéfica, com conseqüente proteção do coração e rins, conside-rados órgãos alvo na fisiopatologia das DCVs69 e

o aumento da atividade simpática é prejudicial na manutenção do controle cardiovascular.

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Quando ocorre uma alteração no balanço en-tre a atividade do sistema simpático e parassim-pático (disautonomia) modificações importantes são verificadas nos valores de PA e FC. De fato, estudos vêm demonstrando que a disautonomia está presente em uma série de patologias, tais como, a hipertensão arterial, a insuficiência car-díaca, o diabetes mellitus e outras alterações me-tabólicas70. O sobrepeso e a obesidade também

aparecem como fatores de risco que está associa-da a uma maior ativiassocia-dade do sistema nervoso simpático em mulheres obesas71. Além disso,

dis-função dos pressorreceptores tem sido documen-tada na hipertensão arterial e em outras doenças cardiovasculares72. Vale destacar neste aspecto

que estudos clínicos e experimentais parecem concordar que o sexo feminino, antes da privação dos hormônios ovarianos, tem maior predomínio parassimpático e maior sensibilidade dos presso-receptores e, portanto, maior proteção cardiovas-cular em relação ao sexo masculino73.

Entretanto, no período do climatério são obser-vadas alterações no controle autonômico favoráveis ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, sugerindo assim que intervenções no sentido de prevenir e/ou atenuar tais disfunções sejam em-pregadas como estratégias no manejo das doen-ças cardiovasculares.

meopausa e risco cardiovascular

A menopausa é considerada um evento caracteri-zado pela última menstruação da mulher. Após a ocorrência deste evento a mulher entra no clima-tério, fase da vida onde ocorre uma transição do período fértil para o não reprodutivo, devido a diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos ovários. A diminuição dos níveis hormo-nais é um fato que ocorre com todas as mulheres e inicia-se por volta dos 40 anos. Algumas mulhe-res podem apmulhe-resentar um quadro mais acentuado de sinais e sintomas, porém todas chegarão à me-nopausa. A idade média nas mulheres na meno-pausa é de 51 anos, podendo variar de 48 até 55 anos. A diminuição ou falta dos hormônios sexu-ais femininos podem afetar vários locsexu-ais do orga-nismo e determina sinais e sintomas conhecidos

pelo nome de síndrome climatérica ou menopau-sal. Entre as diversas modificações verificadas no organismo feminino podemos observar uma re-dução na capacidade de exercício, na força mus-cular e na massa óssea, bem como aumento do peso corporal e da prevalência de diabetes melli-tus (DM), de osteoporose e de doenças cardiovas-culares24.

Nas mulheres há um aumento exponencial de eventos cardiovasculares em idades mais avança-das em comparação a homens74. Considerando

que 55% das mulheres americanas com idade aci-ma de 45 anos são hipertensas e que 40% com idade acima de 55 anos apresentam níveis elevados de colesterol plasmático, esse aumento na incidên-cia de doenças se apresenta como uma resposta natural à prevalência dos fatores de risco.

É interessante notarmos que a pressão arterial é mais elevada em homens até a faixa etária de 60 anos do que em mulheres75. Após esta fase, a PA

(particularmente a sistólica) aumenta nas mulhe-res e a hipertensão torna-se mais prevalente76 ou

pelo menos igualmente prevalente em homens e mulheres. Os estudos da literatura vêm demons-trando que os hormônios ovarianos podem ser responsáveis pela PA mais baixa em mulheres pré-menopausa e também pelo aumento da PA em mulheres menopausadas77. As observações de

baixo risco de doenças cardiovasculares em mu-lheres antes da menopausa conduziram à hipóte-se de que o estrógeno possui um caráter protetor, pois teria ação moduladora de fatores envolvidos na patogenesia de doenças cardiovasculares.

Os hormônios sexuais femininos, principal-mente o estrógeno, possuem efeitos hemodinâ-micos, metabólicos e vasculares que tem sido diretamente correlacionado à proteção cardiovas-cular na menopausa. É comumente verificado que com o advento da menopausa a mulher de-senvolve um perfil lipídico mais aterogênico, apresentando uma elevação dos níveis plasmáti-cos de LDL colesterol e redução de HDL coleste-rol78. Estudos têm demonstrado que o estrógeno

exerce papel modulatório em fatores que contri-buem para a origem da placa de ateroma, onde o mecanismo mais aceito seria a modificação do perfil lipídico que eleva a síntese de HDL e

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catabolismo de LDL79 atuando também como um

forte agente antioxidante diminuindo a oxidação aterogênica da LDL. De fato, parece que o evento da menopausa pode ser considerado um impor-tante divisor para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. As alterações verificadas no ín-dice de massa corpórea, pressão arterial, triglice-rídeos e colesterol são mais marcantes no primeiro ano após a menopausa quando compa-rado ao quinto ano, tendo como base os valores pré-menopausa80.

Conforme comentado anteriormente, um dos mecanismos de controle cardiovascular se carac-teriza pela regulação neural cardíaca determinada pela integração das alças simpática e parassimpá-tica do sistema nervoso autônomo. Neste sentido, alguns autores têm proposto que o estrógeno pode modular o tônus vascular por meio da regu-lação da atividade simpática. Dantas81 verificou

que a redução dos níveis de hormônios sexuais femininos pela ooforectomia de animais promo-veu hiper-reatividade à noradrenalina em dife-rentes leitos vasculares, efeito restaurado pelo tratamento de reposição hormonal. Outros auto-res atribuem esse efeito benéfico de redução sobre a PA pela diminuição da resposta adrenérgica di-retamente através da diminuição da expressão de receptores α-adrenérgicos82 ou que o estrógeno

pode agir diretamente na célula da musculatura lisa vascular e promover relaxamento ao antago-nizar os efeitos do cálcio 83. Experimentos

recen-tes de nosso grupo demonstraram aumento da pressão arterial e atenuação da sensibilidade dos pressorreceptores em um modelo experimental de menopausa, reforçando o papel do estrogênio na manutenção da homeostase cardiovascular.

Dessa forma, podemos perceber que as altera-ções verificadas no sexo feminino após a meno-pausa, como aumento do peso corporal, alteração do perfil lipídico e o aumento dos níveis pressóri-cos são fatores de risco responsáveis para o au-mento na incidência e/ou desenvolviau-mento de patologias cardiovasculares. Associadas às modi-ficações dos mecanismos de controle cardiovas-cular comprovadamente relacionados aos fatores já citados anteriormente, o ciclo de vida das mu-lheres pós-menopausa é visto como um período

de importante maturidade psicológica, mas que requer cuidados sob o aspecto fisiológico e prin-cipalmente cardiovascular.

É interessante notarmos que, ao contrário de edições anteriores, o último consenso sobre do-enças cardiovasculares e síndrome metabólica do programa nacional americano de educação e co-lesterol84 advoga em favor da mudança do estilo

de vida das pessoas como fator decisivo para a di-minuição do risco cardiovascular. Neste sentido, a Associação Americana do Coração5 classificou

o risco cardiovascular no sexo feminino, de acor-do com os fatores de risco pré-existentes, em alto, intermediário e baixo, e sugeriu medidas de inter-venção específicas para cada situação. Corrobo-rando com o NCEP, as únicas medidas que estão presentes em todas as 3 faixas de risco cardiovas-cular é a mudança no estilo de vida das pessoas. Nesse ponto de vista, a inclusão de um programa de atividade física no cotidiano das pessoas, além de uma reeducação alimentar e a diminuição do tabagismo tornam-se pontos principais para o tratamento e/ou prevenção de doenças cardiovas-culares em mulheres que apresentem alto, baixo ou risco intermediário de desenvolver alguma doença cardiovascular5.

beefcios do treiameto fsico

Estudos observacionais prospectivos têm aponta-do para a existência de uma relação inversa entre a prática regular de atividades físicas e o apareci-mento de doenças cardiovasculares, e a prevalên-cia de fatores de risco como o diabetes mellitus 2 e a obesidade. Os benefícios cardiovasculares, metabólicos e autonômicos após o exercício físico agudo e crônico têm levado muitos investigadores a sugerir o treinamento físico como uma conduta não-farmacológica importante no tratamento de diferentes patologias como o diabetes mellitus, a hipertensão arterial e a insuficiência cardíaca85.

Demonstrando os benefícios cardiovasculares do treinamento físico, uma meta-análise de 51 estu-dos realizada em 1989 apresentou daestu-dos bem contundentes com uma redução de 31% de mor-tes por doenças cardiovasculares em pacienmor-tes que realizavam exercícios físicos regulares86.

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Apesar do consenso dos benefícios do exercí-cio físico regular na redução do risco cardiovas-cular global, os efeitos do treinamento físico no sistema cardiovascular têm sido estudados predo-minantemente em amostras do sexo masculino. Dessa forma, os resultados favoráveis observados no sexo masculino sugerem que tais benefícios também poderiam ser obtidos no sexo feminino. Entretanto, devido às diferenças fisiológicas, me-tabólicas e antropométricas observadas entre os sexos fica evidente que as adaptações ao treina-mento físico poderão ocorrer de forma diferente levando a uma diminuição dos fatores de risco através de mecanismos diferentes, sugerindo as-sim, uma necessidade de estudos específicos so-bre a saúde cardiovascular da mulher e os possíveis benefícios do treinamento físico.

Desde a publicação da primeira recomenda-ção sobre a prevenrecomenda-ção de doenças cardiovascular em mulheres87, um significante avanço tem sido

registrado no conhecimento sobre medidas de in-tervenção. O desenvolvimento de estudos bem conduzidos que possibilitam o entendimento de mecanismos inerentes às alterações cardiovascu-lares na mulher apresenta na sua grande maioria um alto custo financeiro e dificuldades metodoló-gicas, que inviabilizam o desenvolvimento cientí-fico em ambientes não hospitalares. Dessa forma, a pesquisa com a utilização de modelos experi-mentais têm se tornado um grande aliado no amadurecimento científico em relação ao conhe-cimento sobre os benefícios do treinamento físico e a saúde cardiovascular da mulher antes e após a menopausa.

Neste aspecto, vale destacar que o treinamento físico de 4 semanas foi eficaz em reduzir o coles-terol total plasmático associado com uma melho-ra na sensibilidade dos pressorreceptores em um modelo experimental de menopausa88.

Adicio-nalmente, outros trabalhos também evidencia-ram que o treinamento físico por 8 semanas em um modelo experimental de menopausa melho-rou a sensibilidade dos pressorreceptores arteriais em conjunto com uma maior atividade das enzi-mas anti-oxidantes89. É necessário ressaltarmos

que em ambos estudos citados anteriormente, a melhora da sensibilidade dos pressorreceptores

veio acompanhada de uma importante resposta fisiológica de diminuição da pressão arterial em repouso, sugerindo que o balanço autonômico es-tava sendo restabelecido.

Além disto, estudos em mulheres no climaté-rio vêm demonstrando que o treinamento físico induz melhora no perfil lipídico principalmente em presença de sobrepeso ou dislipidemia14,

re-duzindo, portanto, fatores de risco para disfunção endotelial e para eventos cardiovasculares. Cor-roborando os dados encontrados em modelos experimentais, o treinamento físico atenuou a exacerbada atividade nervosa simpática muscular aumentando a condutância vascular do antebraço em repouso e em exercício em mulheres obesas90.

Recentemente foi demonstrado que os exercícios aeróbios diários associados a uma dieta rica em fibras e com baixo conteúdo de lipídios melhora-ram os perfis metabólicos e lipídicos, reduzimelhora-ram a inflamação e as moléculas de adesão em mulheres após a menopausa91.

O treinamento físico de 8 semanas também melhorou a resposta da insulina em um modelo experimental de menopausa estimulada pelo tes-te de tolerância a glicose, sem altes-terar os níveis re-duzidos de estradiol observados pós ooforectomia (retirada bilateral dos ovários)92. Se o

treinamen-to físico, não altera os níveis plasmáticos de estra-diol os benefícios do condicionamento físico podem ser mediados por outros fatores induzidos por esta condição, tais como, melhora no perfil lipídico93, redução da resistência à insulina94,

re-dução do estresse oxidativo (Irigoyen et al., 2005)89 e melhora do balanço autonômico

cardio-vascular95. O sedentarismo é um fator que

contri-bui para o desenvolvimento ou o aumento da resistência à insulina. Foi demonstrado que a sen-sibilidade à insulina pode aumentar com a ativi-dade física, independentemente da redução do peso e de mudanças na composição corporal, e que o principal efeito do exercício pode ser o au-mento da expressão de eleau-mentos intracelulares da via de sinalização da insulina, em particular dos transportadores de glicose na musculatura esquelética96.

Aliado às respostas de melhor controle glicêmi-co e melhora do metabolismo lipídiglicêmi-co, resultados

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de trabalhos indicam que o treinamento físico promove redução dos níveis pressóricos em mu-lheres pré ou pós-menopausa97. Em um estudo

com mulheres hipertensas com sobrepeso obser-vou-se que a dieta associada ao treinamento físico dinâmico combinado com o resistido induziu re-dução do peso corporal e da pressão arterial. Um dos fatores que pode contribuir para reduzir a pressão arterial é a atenuação da disfunção dos pressorreceptores após treinamento físico dinâ-mico em indivíduos hipertensos98. Entretanto,

vale lembrar que a redução dos níveis pressóricos de indivíduos hipertensos pelo treinamento físico não é um achado universal99, sugerindo que

exis-tem populações mais ou menos responsivas ao exercício físico.

A função endotelial, outro mecanismo que apresenta relevante importância na fisiopatologia da hipertensão, também parece responder de for-ma benéfica frente aos estímulos do exercício físico. Alguns trabalhos científicos têm evidenciado me-lhora na função endotelial em resposta ao treina-mento físico. Em pacientes com disfunção endotelial comprovada, divididos em grupo sedentário e treinado, demonstraram melhora na função en-dotelial do grupo treinado após quatro semanas de treinamento, reduzindo significativamente a vasoconstrição coronária e aumentando o fluxo coronariano. Similarmente, uma melhora da fun-ção endotelial após 4 meses de treinamento foi verificada em pacientes diabéticos, fato este que não se manteve após oito meses de interrupção das atividades. Sugerindo novamente que o trei-namento físico apresenta benefícios cardiovascu-lares independente das condições de cada indivíduo, verificou-se melhora da complacência arterial em mulheres pós-menopausa em função da melhora da atividade endotelial em resposta a um treinamento de baixa a moderada intensida-de. Sabe-se que a redução na complacência arte-rial resulta no aumento progressivo da pressão arterial sistólica relacionado ao envelhecimento, aumentando também a função ventricular es-querda, diminuindo a pressão diastólica, com isso alterando a perfusão coronariana.

Demonstrando a efetividade do treinamento físico como um agente cardioprotetor,

observou-se que mulheres menopausadas fisicamente ativas têm melhor sensibilidade dos pressorreceptores arteriais e variabilidade da freqüência cardíaca quando comparadas a mulheres menopausadas menos ativas. Apesar disso, é relevante citar que mesmo mulheres sedentárias no climatério tam-bém apresentam melhora do controle cardiovas-cular observada pelo aumento da variabilidade da freqüência cardíaca quando submetidas a um pe-ríodo de treinamento físico.

O último consenso sobre a prática de exercí-cios físicos em indivíduos adultos saudáveis com idade entre 18-65 anos recomenda que para pro-mover ou manter a saúde, é necessário no míni-mo 30 minutos de atividade física aeróbia, 5 dias por semana, ou atividade vigorosa durante 20 mi-nutos 3 dias por semana. Entretanto, uma combi-nação entre essas atividades pode ser feita para ser atingido o benefício. Entretanto, em indivídu-os com algum fator de risco já desenvolvido ou alguma doença cardiovascular efetiva, essa práti-ca de exercícios físicos requer uma rotina de ava-liações individuais visando estabelecer limites fisiológicos importantes para a adequação da in-tensidade da atividade. Neste sentido, teste ergo-métrico e avaliações clínicas nos pacientes são indispensáveis para que o profissional que irá di-rigir a atividade conheça de que forma algumas variáveis do controle cardiovascular, responsiva ao exercício, como a pressão arterial e a freqüên-cia cardíaca respondem durante ao estresse fisio-lógico imposto pela atividade física. Dessa forma, toda intervenção com exercício físico, em indiví-duos que apresentam risco cardiovascular deve obedecer alguns critérios para que a prática ocor-ra de forma seguocor-ra, propiciando apenas benefí-cios do treinamento físico e evitando desta forma eventuais efeitos adversos.

cocluso

As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte em países desenvolvidos e subdesenvolvidos gerando enormes gastos financeiros aos cofres pú-blicos e privados. Com a entrada no mercado de trabalho e juntamente com o avanço tecnológi-co as mulheres se tornaram mais suscetíveis à

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exposição aos maus hábitos alimentares, ao fumo e ao estresse da vida moderna aumentando de forma exponencial o risco e a incidência de even-tos cardiovasculares. Vale lembrar que a meno-pausa também tem sido analisada como um marco no qual a mulher perde uma possível pro-teção cardiovascular em razão da diminuição da concentração dos hormônios ovarianos, se tor-nando fator importante que ajuda a explicar essa elevação nas estatísticas de DCVs. A existência de um conjunto de fatores de risco, como o sedenta-rismo, o diabetes, a dislipidemia, a obesidade e a hipertensão apresentam grande prevalência em mulheres pós-menopausa quando comparadas a homens e/ou mulheres na pré-menopausa. O se-dentarismo, em particular, tem sido apontado como um dos principais fatores de risco em mu-lheres antes e pós-menopausa, período no qual é verificado um decréscimo acentuado da sua capa-cidade física concomitantemente com o aumento da pressão arterial, peso corporal e alteração do seu metabolismo lipídico.

Várias medidas terapêuticas têm sido criadas e adotadas para diminuir o impacto dessas patolo-gias sobre a população em geral. Entre essas, o exercício físico se apresenta como um meio profi-lático mais barato e com resultados importantes na melhora da capacidade funcional e cardiovas-cular das pessoas. O treinamento físico induz al-guns benefícios que vão além do simples controle da doença, fato esse inerente à terapia farmacoló-gica. Juntamente com o controle dos sintomas fi-siológicos das doenças cardiovasculares, o exercício físico regular é capaz de melhorar a ca-pacidade funcional e aspectos psicosociais das pessoas sendo um componente necessário para a manutenção da qualidade de vida. Melhora no controle do peso e da composição corporal, na força e/ou resistência muscular juntamente com as alterações metabólicas, autonômicas e cardio-vasculares são aspectos relacionados à adoção de uma rotina de treinamento físico no cotidiano de indivíduos do sexo feminino, as quais podem prevenir, retardar ou tratar diferentes doenças. Dessa forma, a adoção de um estilo de vida ativo parece ser parte integrante de um conjunto de medidas que devem ser adotadas por mulheres

pré e pós-menopausa que buscam uma redução de riscos cardiovasculares bem como uma melhor capacidade funcional elevando a expectativa e a qualidade de vida.

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