Vai na Bíblia
Capítulo 9
Jesus Cristo deixou de ser Deus?
J
esus Cristo é Deus? Como Ele pode ser Deus e, ao mesmotempo, homem? Jesus deixou de ser Deus enquanto esteve na Terra? Sendo Deus, como poderia sentir dor? Jesus permaneceu com sua natureza humana após a ressurreição?
Quando falamos no homem Jesus Cristo, não esta-mos nos referindo simplesmente a alguém bom, sábio e influente que viveu a muitos séculos atrás. É algo muito mais profundo! De acordo com a Bíblia, trata-se
do próprio Deus, assumindo a natureza humana.1
A divindade de Cristo
A Bíblia claramente se refere à Jesus como sen-do Deus:a “O Verbo era Deus”2, “Deus Unigênito”3,
“Senhor meu e Deus meu”4, “Deus bendito para
sem-pre”5, “Nosso Deus”6, “Grande Deus”7, “Verdadeiro
Deus”8 e “Deus forte”.9,b
A Bíblia também declara que Ele possui todos os atributos exclusivos de um ser divino: onipotência,10
onisciência,11 onipresença,12 eternidade,13,c soberania14,d
e imortalidade.15,e Diz que Jesus é o autor da vida,16
cria-dor de todas as coisas17 e mantenedor do Universo.18
O Deus único,19 que existe eternamente como três
pessoas20 — Pai, Filho e Espírito Santo —, se fez
se-melhante a nós, na pessoa de Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus.21
A humanidade de Cristo
O fato de ter nascido de Maria,f sendo concebido pelo poder do Espírito Santo,22 demonstra a infinita
1 João 1.14 2 João 1.1 3 João 1.18 4 João 20.28 5 Romanos 9.5 6 2 Pedro 1.1 7 Tito 2.13 8 1 João 5.20 9 Isaías 9.6 10 Filipenses 3.21 João 5.19-21 11 João 2.25 João 16.30 Apocalipse 2.23 12 Mateus 28.20 Mateus 18.20 13 Isaías 9.6 2 Timóteo 1.9 14 Mateus 11.27 João 17.1-2 Efésios 1.20-21 Filipenses 2.9-11 15 João 2.19-22 João 10.17-18 16 Atos 3.15 17 João 1.3 Colossenses 1.16-17 18 Hebreus 1.2-3 19 Deuteronônio 6.4 20 João 14.16-17 Isaías 48.16 21 Marcos 14.60-62
aA palavra grega theos, é utilizada em todo o Novo Testamento para se referir
a Deus Pai e, em pelo menos sete passagens, se refere claramente a Jesus Cristo.
bA palavra hebraica utilizada em Isaías 9.6 é El (Deus).
sabedoria de Deus em combinar a influência humana e a influência divina no nascimento de Jesus.23
Se pensarmos por um momento em outros meios possíveis pelos quais Cristo poderia ter vindo ao mun-do,24 nenhum deles uniria com tamanha clareza a
hu-manidade e a divindade em uma única pessoa.25,a
Jesus foi em tudo semelhante ao homem, à exce-ção do pecado.26 Ele nasceu como nascem os bebês,27
passou por um processo de aprendizado assim como acontece com todas as crianças,28 aprendeu a comer,
a falar, a ler, a escrever, e a ser obediente aos pais.29
Tinha sentimentos,30 emoções31 e vontades humanas.32
Ficava cansado,33 tinha fome,34 sede,35 e estava sujeito à
dor,36 fraqueza,37 angústia 38 e morte.39
Mesmo após a ressurreição, Jesus permaneceu com sua plena natureza humana.40 A diferença é que na
res-surreição seu corpo perecível se transformou em um corpo glorificado.41 Assim como acontecerá com todo
aquele que crê na Sua vida, morte e ressurreição.42
Jesus deixou de ser Deus?
Mas como Jesus poderia ser onipotente e ainda assim sentir dor?43 Como poderia ser onisciente e, ao
mesmo tempo, não saber o dia de sua volta?44 Como
poderia ser imortal, e ainda assim, ter morrido em nosso lugar?45
Pela dificuldade que temos em compreender esse paradoxo46 ou pela má interpretação de algumas
pas-sagens bíblicas,b é comum pensarmos que Jesus
dei-xou de ser Deus enquanto esteve na Terra, que reali-zava milagres somente pela ação do Espírito Santo,47,c
23 Mateus 1.20-21 Gálatas 4.4-5 24 1 João 4.2-3 25 Mateus 1.22-23 26 João 8.46 2 Coríntios 5.21 1 Pedro 1.19 27 Lucas 2.7 28 Lucas 2.40 29 Lucas 2.51-52 Hebreus 5.8 30 João 11.35 31 Marcos 14.34 Hebreus 5.7 32 Marcos 14.36 33 João 4.6 34 Mateus 4.2 35 João 19.28 36 João 19.1-3 37 Lucas 23.26 Marcos 14.38 38 Lucas 12.50 39 Lucas 23.46 40 João 20.25-27 Lucas 24.39-43 41 1 Coríntios 15.8,42-43 42 1 João 3.1-2 Filipenses 3.21 43 Isaías 53.3 44 Marcos 13.32 45 Romanos 5.6 46 1 Coríntios 2.4-8 47 Atos 10.38 Capítulo 30
Como será a Eternidade?
ou que recebeu poder divino somente após o batismo.48,a
Porém, de acordo com a Bíblia, em momento al-gum Jesus deixou de ser Deus, nem mesmo durante a infância.49 Jesus foi chamado de “Senhor”b, mesmo quando ainda estava no ventre de Maria50,c e também
quando ainda era bebê.51
Jesus demonstrou ser Deus
O próprio Jesus, enquanto homem, afirmou ser Deus,52 demonstrou sua onipotência,53 sua
onisciên-cia54,d e declarou sua eternidade.55,e,f
Por inúmeras vezes Jesus aceitou ser adorado pelos homens.56,g Diferente de Paulo,57 Pedro58 e até mesmo
de um anjo,59 que rejeitaram receber adoração, e
deixa-ram claro que o único digno de ser adorado é Deus.60
E além disso, outra forte demonstração de que Je-sus permaneceu sendo Deus enquanto homem, foi o
48 João 1.32 49 Isaías 9.6 50 Lucas 1.43 51 Lucas 2.11 52 João 10.30 João 14.9 53 Mateus 8.13,26-27 João 2.7-9 54 Marcos 2.8 Mateus 17.27 João 6.64 55 João 8.58e Apocalipse 22.13 Apocalipse 1.8f 56 Mateus 14.33 Lucas 17.15-19 Mateus 8.2-3 Mateus 9.18-19 João 9.38-39 57 Atos 14.11-15 58 Atos 10.25-26 59 Apocalipse 22.8-9 60 Mateus 4.10 Capítulo 18 Batismo e Salvação
fato de perdoar pecados.61 Somente aquele que recebe
a ofensa é que pode perdoar.62 Se Jesus não fosse Deus,
não haveria nenhuma ofensa contra ele e, consequen-temente, ele não teria autoridade alguma para perdoar pecados.63,a
Como observou C. S. Lewis, se Cristo não é Deus, então não poderia ter sido um grande mestre de moral, pois ele afirmava ser Deus. Se não era quem dizia ser,
era mentiroso ou lunático, e não um mestre de moral. Aliás, seria o próprio diabo em pessoa.b
As duas naturezas em Jesus Cristo
cA verdade é que em momento algum Jesus aban-donou, deixou de lado ou se esvaziou de sua divinda-de, ou mesmo de seus atributos divinos.
O termo “esvaziou-se”, encontrado em Filipen-ses,64 significa apenas que Jesus “se fez sem nenhum
valor” quando assumiu a forma humana.d
Sendo Deus, ele tinha plena ciência de quando de-veria ou não recorrer ao seu poder divino65 e de
quan-do deveria ou não se sujeitar às fraquezas e limitações
61 Marcos 2.5-7 Lucas 7.48-49 62 Mateus 6.14-15 Lucas 15.21 63 Daniel 9.8-9 64 Filipenses 2.7 65 Lucas 4.3-4 Mateus 14.19-21 66 João 7.30 João 18.4-12
a“Jesus disse às pessoas que os seus pecados estavam perdoados sem nunca
sequer consultar as pessoas às quais esses pecados lesaram. Ele se comportou, sem hesitar, com se fosse a parte mais afetada, a pessoa mais ofendida em todas as ofensas. Isso só faria sentido se Ele realmente fosse o Deus cujas leis estão sendo infringidas e cujo amor é ferido a cada pecado cometido. Na boca de qualquer outra pessoa que não seja Deus, as palavras implicariam o que eu só posso considerar uma tremenda imbecilidade e presunção sem precedentes na história.” C. S. Lewis (LEWIS, C.S. Cristianismo puro e simples. Rio de
Janei-ro: Thomas Nelson Brasil, 2017, p. 85-86)
bIbid.
cA coexistência de duas naturezas na pessoa de Jesus Cristo é conhecida
como “União hipostática”, e tem origem na palavra grega hypostasys (subsis-tência). ( GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999,
p. 461)
dEntender que Jesus se esvaziou de sua divindade ou de seus atributos
di-vinos (teoria da kenosis), é assumir que Deus mudou, se Deus não pode mudar (Ml 3.6, Tg 1.17), então Jesus não poderia ser Deus. Como escreveu Berkhof: “Quando nos é dito que o Verbo se fez carne (Jo 1.14), não significa que o Verbo deixou de ser o que era antes. Quanto ao seu Ser essencial, o Logos era exatamente o mesmo, antes e depois da encarnação. Ele continuou sendo o infinito e imutável Filho de Deus (Hb 13.8).” (BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 307)
Capítulo 1
de sua natureza humana.66,a
Como Jesus fazia isso? Nós não temos condições intelectuais para entender totalmente.67,b Este é, e
per-manecerá, como um dos mistérios mais profundos da fé cristã.68
Contudo, a fundamentação bíblica, tanto da per-feita divindade como da perper-feita humanidade de Cris-to, é incontestável. E assim como acontece no caso da Trindade divina, não cremos porque entendemos, cre-mos porque é bíblico.69
Todas as tentativas realizadas ao longo da histó-ria, a fim de simplificar essa doutrina para torná-la mais compreensível, sempre se revelaram falhas e an-tibíblicas.70 Três delas aconteceram já nos primeiros
séculos da Igreja:
Algumas conclusões antibíblicas
c 1. O apolinarismo (Apolinário, 310-390 d.C)A primeira defendia a ideia de que Deus assumiu um corpo humano, sem alma ou espírito, sendo estes provenientes apenas da natureza divina. Porém, se Je-sus tivesse assumido apenas um corpo, sem alma ou
espírito humano, não seria um homem completo.71
2. O nestorianismo (Nestório, 386-451 d.C)
A segunda entendia que havia duas pessoas dis-tintas em Jesus Cristo, uma pessoa humana e outra divina. Mas ainda que possamos distinguir ações de natureza humana72 e ações de natureza divina73 em
67 1 Coríntios 1.27 Romanos 11.33-36 68 1 Timóteo 3.16 69 João 17.17 70 2 João 9 2 Coríntios 11.3-4 71 1 Tessalonicenses 5.23 72 João 11.33-38 73 João 11.39-44 Capítulo 17 Seitas e Heresias
Cristo, a Bíblia claramente aponta Jesus como uma única pessoa.
3. O monofisismo (Eutiques 378-454 d.C)
E a terceira entendia que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela natureza divina, de modo que as duas naturezas se modificaram, dando lugar a um terceiro tipo de natureza. Mas, se assim fosse, Cristo não seria nem verdadeiramente Deus nem ver-dadeiramente homem.
A necessidade das duas naturezas de Cristo
E por que sempre foi, e continua sendo, tão impor-tante defender a coexistência de duas naturezas (divi-na e huma(divi-na) (divi-na pessoa única de Jesus Cristo?
Primeiro, porque este é o ensinamento bíblico,a e
se-gundo, porque no próprio plano divino de salvação,
era absolutamente essencial que o Mediador fosse ver-dadeiramente Deus74 e verdadeiramente homem.75
Somente um ser humano sujeito a sofrer no corpo e na alma,76 que vivesse as profundas misérias da
hu-manidade,b poderia identificar-se com todas as nossas
74 Salmos 49.7-9 Salmos 130.3-7 75 1 Timóteo 2.5-6 Romanos 5.18-19 76 João 12.27 João 13.21 Mateus 26.38 Capítulo 7 Plano de Salvação
experiências, provações e tentações.77 Tão somente
assim, ele poderia ser verdadeiramente tentado,78 se
manter sem pecado,79 e oferecer-se como sacrifício em
nosso lugar.80 Além, é claro, de ser um perfeito
exem-plo humano para que pudéssemos segui-lo.81,a
Por outro lado, se não fosse Deus, mas apenas um homem, por mais perfeito que fosse, não poderia apre-sentar um sacrifício infinito,82,b dando a possibilidade
de redenção à todos os seres humanos,83 inclusive
aque-les que ainda não haviam nascido, como eu e você.84 Se
Jesus não fosse plenamente Deus, jamais poderia con-ceder salvação eterna aos que o aceitassem pela fé.85
Conclusão
O Filho de Deus, infinito, onipresente e eterno, tornar-se homem e unir-se para sempre a uma nature-za humana.86 Trata-se de algo insondávelc e, de longe, do maior milagre de toda a Bíblia, muito maior do que a ressurreição ou a criação do Universo.d
“‘Permanecendo o que era, tornou-se o que não era’. Em outras palavras, enquanto Jesus ‘permane-cia’ o que era (ou seja, plenamente divino), ele tam-bém tornou-se o que não fora antes (ou seja, tamtam-bém plenamente humano). Jesus não deixou nada de sua divindade quando se tornou homem, mas assumiu a humanidade que antes não lhe pertencia.”e
77 Hebreus 2.14 78 Hebreus 2.18 79 Hebreus 4.15 1 Pedro 2.22 1 João 3.5 80 Hebreus 2.17 81 1 João 2.6 Romanos 8.29 1 Pedro 2.21 82 Hebreus 9.12 1 Pedro 3.18 83 2 Coríntios 5.14-19 84 1 Pedro 1.8-9 Romanos 15.21 85 João 10.27-28 2 Coríntios 6.2 86 Filipenses 2.5-11 aIbid., p. 293
b“Ainda que a natureza divina de Jesus não tenha morrido de fato, Jesus
pas-sou pela experiência de morte como pessoa inteira, e ambas as naturezas,
hu- Capítulo 2
Sendo gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, nasceu e viveu sem pecado, morreu pela huma-nidade, ressuscitou dos mortos, e voltará em breve,87
pois continua vivo e viverá para sempre.88 Sendo 100%
Deus e 100% homem.89 87 Atos 1.11 88 Hebreus 13.8 Hebreus 9.28 Apocalipse 22.12-13 Colossenses 1.15-20 89 João 17.3-5 Capítulo 29 A Volta de Jesus