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AÇÃO CULTURAL: PROJETOS CULTURAIS E ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO

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Academic year: 2021

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CULTURAIS E ATUAÇÃO DO

BIBLIOTECÁRIO

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Meu nome é Marco Donizete Paulino da Silva, sou Mestre e

Doutorando em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), e Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Meu Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação foi sobre Representação Temática, especificamente sobre o teatro enquanto fenômeno representado pelo sistema de Classificação Decimal de Dewey (CDD); minha dissertação de Mestrado investigou o conceito de Indexação Social no âmbito do Cinema Documentário e da Ciência da Informação; e minha tese de Doutorado é sobre o tema da Interdisciplinaridade enquanto conceito-chave no processo comunicacional. Espero que, por meio desta disciplina, seja possível compartilhar com vocês um pouco do percurso que tenho realizado até agora.

E-mail: marco_donizete@yahoo.com.br>.

Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 claretiano.edu.br/batatais

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Batatais

AÇÃO CULTURAL: PROJETOS

CULTURAIS E ATUAÇÃO DO

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Educacional Claretiana.

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira

Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado

Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami

Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

021.26 S581a

Silva, Marco Donizete Paulino da

Ação cultural : projetos culturais e atuação do bibliotecário / Marco Donizete Paulino da Silva – Batatais, SP : Claretiano, 2018.

112 p.

ISBN: 978-85-8377-554-6

1.Ação cultural. 2. Diversidade cultural. 3. Espaço social. 4. Política cultural. 5. Agente cultural. I. Ação cultural: projetos culturais e atuação do bibliotecário.

CDD 021.26

INFORMAÇÕES GERAIS

Cursos: Graduação

Título: Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário Versão: fev./2018

Formato: 15x21 cm Páginas: 112 páginas

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO ... 9

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ... 15

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ... 25

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 25

5. E-REFERÊNCIA ... 26

UNIDADE 1 – UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE E DIREITOS CULTURAIS 1. INTRODUÇÃO ... 29

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ... 29

2.1. IDENTIDADES ... 30

2.2. DIVERSIDADE ... 33

2.3. DIREITOS CULTURAIS ... 35

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ... 37

3.1. IDENTIDADE ... 37 3.2. DIVERSIDADE ... 38 3.3. DIREITOS CULTURAIS ... 39 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ... 40 5. CONSIDERAÇÕES ... 41 6. E-REFERÊNCIAS ... 42 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 43

UNIDADE 2 – POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA E SUAS LEIS 1. INTRODUÇÃO ... 47

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ... 48

2.1. POLÍTICA CULTURAL NO MUNDO E NO BRASIL ... 48

2.2. FINANCIAMENTO DA CULTURA ... 54

2.3. LEI ROUANET ... 57

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5. CONSIDERAÇÕES ... 66

6. E-REFERÊNCIAS ... 66

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 67

UNIDADE 3 – O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL: COPYRIGHT E COPYLEFT 1. INTRODUÇÃO ... 71

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ... 72

2.1. O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL ..72

2.2. COPYRIGHT ... 74

2.3. COPYLEFT (SOFTWARE LIVRE) ... 81

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ... 84

3.1. O SISTEMA DE PRODUÇÃO CULTURAL E A PROPRIEDADE INTELECTUAL ..84

3.2. COPYRIGHT ... 84 3.3. COPYLEFT ... 85 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ... 86 5. CONSIDERAÇÕES ... 88 6. E-REFERÊNCIAS ... 88 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 90

UNIDADE 4 – BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: POLÍTICAS DE PROXIMIDADE; CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS 1. INTRODUÇÃO ... 93

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ... 94

2.1. BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL ... 94

2.2. POLÍTICAS CULTURAIS DE PROXIMIDADE ... 100

2.3. CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS ... 102

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ... 105

3.1. BIBLIOTECA E POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL ... 105

3.2. POLÍTICAS CULTURAIS DE PROXIMIDADE ... 106

3.3. CONSUMO E PRÁTICAS CULTURAIS ... 107

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ... 108

5. CONSIDERAÇÕES ... 109

6. E-REFERÊNCIAS ... 110

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Conteúdo

A disciplina “Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário” visa, no contexto do curso de Biblioteconomia (em sua modalidade EaD), ser espaço teórico-prático e reflexivo para contribuir na formação do futuro bibliotecário no que diz respeito à compreensão da complexidade inerente à construção e à atuação desse profissional em projetos culturais e ao estudo da sociedade e da cultura em tempos de globalização. Sua ementa se distingue pela abordagem de temas de grande profundidade, tais como: Identidades Culturais e Diversidade Cultural; Direitos Culturais; Políticas Culturais no Brasil; Política Cultural comparada; Políticas Públicas de incentivos à cultura no Brasil: a Lei Rouanet; Financiamento da Cultura; Sistema de Produção Cultural e outros conceitos a ele relacionados; Propriedade Intelectual, Copyleft e Copyright; Biblioteca em relação às Políticas Culturais no Brasil; Consumo Cultural, Práticas Culturais e Públicos da Cultura; Políticas Culturais de Proximidade; Biblioteca, Centro de Cultura e Ação Cultural; Circuito Cultural, Cultura e Cidade.

Nessa perspectiva, a reflexão sobre cultura e bibliotecas considera os múltiplos contextos a fim de que vocês (enquanto estudantes) compreendam os conceitos apresentados pelas bibliografias abaixo apresentadas, dentro da dinâmica de nossa atuação profissional.

Bibliografia Básica

CEREZUELA, D. R. Planejamento e avaliação de projetos culturais: da ideia à ação. São Paulo: Sesc SP, 2015.

CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.

FURTADO, C. Ensaios sobre cultura e o Ministério da Cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

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Bibliografia Complementar

BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 19. ed. São Paulo: Companhia das Letras. 2016.

COELHO NETTO, J. T. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 1989.

MANGUEL, A. A biblioteca à noite. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

MILANESI, L. A casa da invenção: biblioteca, centro de cultura. 4. ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2003.

É importante saber: –––––––––––––––––––––––––––––––– Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:

Conteúdo Básico de Referência (CBR):é o referencial teórico e prático que

deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber.

Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente

selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do

Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito de avaliação.

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1. INTRODUÇÃO

Prezado aluno, seja bem-vindo!

De maneira geral, estudaremos a sociedade e a cultura em tempos globais; sua diversidade de Identidades Culturais; o tema dos Direitos Culturais e das Políticas Culturais no Brasil em comparação com a Política Cultural de outros países; a questão das Leis de Financiamento (a Lei Rouanet) da Cultura, o Sistema de Produção Cultural e outros conceitos a ele relacionados; questões ligadas à noção de Propriedade Intelectual (Copyleft e Copyright); relações entre a biblioteca e a Política Cultural; o Consumo Cultural, as Práticas Culturais e os Públicos da Cultura (noções de alta e baixa cultura); noções de Circuito Cultural, Cultura e Cidade (Políticas Culturais de Proximidade).

Sugere-se que, a partir de visitas a instituições de caráter cultural (sejam governamentais ou não governamentais), bibliotecas (públicas, de acervo geral ou especializado), centros formais ou informais de informação (tradicionais ou inovadores, de produção de cultura ou de conservação, de exercício de uma ação cultural efetiva), observando-se características particulares nos processos de organização, tratamento, disponibilização e registro de informações, seja estabelecida uma visão mais próxima das realidades culturais e das exigências do desenvolvimento profissional para atender as demandas.

Almeja-se, por meio desta breve introdução, esclarecer algumas noções básicas relacionadas ao conceito de Ação Cultural na sociedade contemporânea, como questões voltadas ao planejamento e à produção de projetos culturais e às perspectivas de atuação do profissional bibliotecário.

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Como passo inicial, que será aprofundado nas unidades seguintes, o conceito de Ação Cultural será abordado, primeiro, como junção de duas noções: a da ação como ato de realização de algo pela intervenção da vontade humana; e a da condição da Cultura como uma realidade que envolve uma comunidade de seres pensantes. Na proposição de Coelho (2001, p. 12), nesse tipo de ação:

[...] o agente gera um processo, não um objeto. O objeto pode até resultar de todo o processo, mas não se pensou nele quando se deu início ao processo, e nisso está toda a diferença.

A intervenção humana como ação pode ser entendida pela ideia de que o homem, munido de vontade, interfere no mundo, procurando superar dificuldades concretas ou abstratas, agindo sobre os fenômenos que o atingem ou sobre os espaços em que vive, buscando atenuar ou favorecer determinada situação.

A concepção de cultura, por sua vez, é abordada pela consideração de que, ao trocar experiências em comum com outros seres, nós, seres humanos, produzimos uma realidade que nos une em torno de uma mesma visão ou aceitação mútua de visões conflitantes entre si, buscando o compartilhamento ou a diferenciação de grupos ou regiões.

Existem diversas abordagens sobre o conceito de cultura, principalmente dos pontos de vista antropológico, filosófico e sociológico. Na nossa perspectiva – a de profissionais que lidam com a realização, o registro, a divulgação e a transferência de objetos e informações sobre fenômenos culturais –, entendemos que tal variedade de pontos de vista se alimenta, cada vez mais, de uma realidade sociocultural dinâmica e variável que vem sendo amplificada, exigindo de nós, enquanto profissionais,

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uma consciência crítica que irá nos orientar sobre as decisões necessárias em cada situação.

Entre os problemas relacionados a essa situação de complexidade, podemos apontar dois bastantes contemporâneos: o caráter líquido das relações interpessoais, ou seja, a falta de estabilidade dessas relações – pelo conceito de Modernidade Líquida, de Bauman (2001); e as situações de grande diferenciação entre tradições e convenções de uma região em relação a uma realidade interativa e globalizada – como observado em Garcia Canclini (2008).

Como passos seguintes, aprofundaremos a noção de Cultura e Ação Cultural, e apresentaremos um breve relato do desenvolvimento do conceito de Ação Cultural.

O que é Cultura e Ação Cultural?

Do ponto de vista antropológico, Cultura, segundo Cunha (2010, p. 17):

Corresponde a todas as formas coletivas e socialmente arbitrárias ou artificiais com que os homens respondem às suas necessidades naturais [...] a palavra cultura abrange as relações sociais e os modos de vida material e simbólico de uma sociedade, incluindo características e valores econômicos, técnicas, estruturas políticas, comportamentos ético-morais, crenças, formas educativas e criações artísticas.

O autor observa que, apesar de essa definição se referir a um pensamento antropológico datado do século 19, ele a considera como a de maior abrangência. Quando, no entanto, Cunha (2010) apresenta uma segunda forma de abordagem da palavra Cultura, destacando a evolução de seu sentido semântico – nascido do sentido de “cultivo da terra” –, observa-se que ele define o conceito de Cultura como a:

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[...] ação de cuidar e cultivar, não mais a terra, o campo, mas o espírito, o intelecto, os conhecimentos, a sensibilidade estética ou a memória de um fato importante e cujo feito se impôs como épico ou extraordinário. (p. 18).

Essa condição de metáfora pode ser considerada uma mudança bastante relevante para nós, bibliotecários, uma vez que a função de manutenção de uma memória – seja individual ou coletiva – é uma das bases do fazer bibliotecário. Ainda que baseada numa visão tradicional que considera apenas o fato “extraordinário”, digno de registro coletivo – ponto de vista até certo ponto contestado pelos campos do conhecimento da atualidade –, essa valorização de “cultivar” o ato de “conhecer” também propiciou o interesse pelas técnicas de manutenção de um “acervo” humano imaterial: o intelecto.

Uma última ideia de Cultura é apresentada por Cunha (2010, p. 20) quando este diz que:

A acepção clássica de cultura vinculou a vida coletiva à vida privada, ou seja, procurou estabelecer um sentido comum entre a sociedade e o indivíduo. Já no ambiente renascentista, as marcas culturais da contemplação e da ação pública passaram a incluir a vida ativa, isto é, o trabalho e a aplicação científica, fazendo com que a cultura se confundisse com uma busca de caráter politécnico ou enciclopédico.

Ou seja, nessa citação, além de vincular uma noção sociopolítica vinda da Idade Clássica, o autor observa um sentido socioeconômico – uma vez que na fase do Renascimento, com o surgimento da imprensa de Gutemberg, segundo Burke (2003), acentuou-se o valor econômico da escrita e da leitura, e, em consequência, do conhecimento. Esse sentido socioeconômico passou, então, a ser cada vez mais distribuído pela estrutura das sociedades em construção.

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Tal valor, ao invés de diminuir, aumentou cada vez mais, propiciando, inclusive, o aparecimento do que Drucker (1999) e Santos e Carvalho (2009) denominam como Sociedade do Conhecimento, ou Sociedade da Informação.

A interação dessas três definições de cultura, ao nosso ver, se dá pela percepção de que, socialmente, articulamos – principalmente na atualidade – essas três dimensões (entre outras) quase sem perceber. Essa consciência no uso dessas visões, no entanto, é demasiada importante para que a deixemos de lado na preparação do bibliotecário como profissional mediador, não só de objetos culturais, mas também de necessidades sociais ligadas ao conhecimento, ou à falta deste.

A Cultura, na dimensão de componente social que sofre ação, pressupõe uma ideia de intervenção do homem em uma realidade cultural, ou seja, pela vontade de intervenção humana se realizam atos em prol de determinada decisão, privilegiando, ou não, efeitos de conservação, dinamização do registro ou da produção de determinada cultura. Assim, a questão de uma atuação bibliotecária a partir dessa constatação se estabelece pela consideração dessa atuação em nível de memória e de produção/incentivo de instrumentos e mecanismos que possibilitem a existência dos objetos e dos fenômenos culturais. Evolução do conceito “Ação Cultural”

Coelho (2001, p. 10) observa que a Ação Cultural:

[...] além de definir-se como área específica de trabalho, ensino e pesquisa, começou a constituir-se num conjunto de conhecimentos e técnicas com o objetivo de administrar o processo cultural – ou sua ausência, como é mais comum entre nós... –, de modo a promover, digamos, uma distribuição mais equitativa da cultura, de suas apregoadas benesses.

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Pensando nessa descrição de Cunha (2001) sobre o processo de constituição do conceito de Ação Cultural em nível sociopolítico, observamos uma série de eventos históricos, apresentados pelo autor, que propiciam a ideia de uma Ação Cultural exercida em vários momentos da humanidade. No interesse de sintetizar esse esforço de Cunha (2001), apresentamos a seguinte relação de datas e períodos, com suas respectivas características, ou justificativas básicas:

Quadro 1 Relação de datas e períodos que caracterizam, segundo Cunha (2001), a constituição do conceito de Ação Cultural a partir de eventos históricos em nível mundial.

Século VI a.C. Instituição dos concursos públicos teatrais como projeto de “desenvolvimento” de uma literatura dramática – uma ação equivalente é apontada pela construção do museu-biblioteca de Alexandria, visando salvaguardar os saberes da antiguidade. Ano de 1530 Fundação do Colégio de Leitores do Reino, renomeado

como Colégio de França, espaço em que se ministravam matérias disciplinares sem, no entanto, se confundir com uma Universidade.

De 1770-1775 Organização e exibição, pelo Vaticano, do seu próprio acervo, tornando públicas as visitações aos museus da Santa Fé. 1791 Instituição da “política de monumentos”, pela qual se promovia

a transformação de espaços históricos – no caso o Palácio Real do Louvre – em museu (1793).

Um aspecto importante na consolidação dos projetos de Ação Cultural, tendo como parâmetro a questão do financiamento, pode ser observado pela prática do mecenato (prática de encomenda e/ou contratação de artistas, por parte de uma classe abastada), que, no período da Renascença, foi essencial para a produção e manutenção de obras artísticas,

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ainda hoje consideradas imortais (Shakespeare e Michelangelo como os mais conhecidos).

Se conciliarmos ainda, nessa dinamização, a estabilização do capitalismo como forma de estruturação sociopolítica, ainda que a reconheçamos – conforme descreve Santos (2001) – como um processo evolutivo conturbado do modelo de sociedade capitalista, observamos que os objetos e fenômenos culturais passaram também a ser valorizados por outras qualidades além das estéticas.

O valor econômico da arte ganhou um status relativo, condicionado a outros elementos que não são apenas os de estilo, originalidade ou perícia técnica para a produção-execução da arte, mas também pela consideração de questões menos artísticas: considerando outros elementos que chegam a caracterizar os objetos artísticos enquanto produto de mercado.

Todas essas questões (ainda que entrelaçadas ao conceito de Ação Cultural) serão abordadas de maneira menos explícita no decorrer das unidades apresentadas a seguir, buscando-se esclarecer seus laços de parentesco ou repercussão. Alguns dos conceitos utilizados ao longo dessa nossa narrativa (apresentados com iniciais em maiúsculo no corpo do texto) foram organizados e definidos no instrumento apresentado na próxima seção: Glossário de Conceitos.

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS

O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados. A maior parte das definições

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se deu pelo Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia (CUNHA; CAVALCANTI, 2008).

1) Ação Cultural: “conjunto de procedimentos,

envolvendo recursos humanos e materiais, que visam pôr em prática os objetivos de uma determinada política cultural” (COE, 1997, p. 32 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 2).

2) Agente Cultural: “aquele que, sem ser necessariamente um produtor cultural ele mesmo, envolve-se com a administração das artes e da Cultura, criando as condições para que outros criem ou inventem seus próprios fins culturais. Atua, frequentemente, embora não exclusivamente, na área da difusão, portanto mais junto ao público do que o produtor cultural. Organiza exposições, mostras e palestras, prepara catálogos e folhetos, realiza pesquisas de tendências, estimula indivíduos e grupos para a autoexpressão, faz, enfim, a ponte entre a produção cultural e seus possíveis públicos. Em 1995, com a aceitação legal de sua figura, antes velada, passou-se, também no Brasil, a chamar de agente cultural a quem encontra patrocinadores para um projeto cultural pronto” (COE, 1997, p. 42 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 8).

3) Capital Cultural: “[...] o conjunto dos instrumentos de apropriação dos bens simbólicos. Sob esse aspec-to, considerando-se a questão do ponto de vista do consumo cultural – um dos modos de apropriação dos bens simbólicos –, a alfabetização integra o ca-pital cultural ou o caca-pital simbólico de um indivíduo

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tanto quanto sua educação em geral e seu treina-mento para apreciar a música, a pintura, o cinema ou qualquer outra modalidade cultural.” (COELHO, 1997, p. 84).

4) Ciberespaço: 1. Espaço-tempo eletrônico criado pelas redes de comunicação e computadores multimídia. 2. Termo criado por William Gibson, em Neuromancer (1984), para descrever o mundo e a sociedade que se reúne ao redor do computador. (CUNHA; CAVALCAN-TI, 2008, p. 80).

5) Cidadania Social: “[...] conquista de significativos di-reitos sociais, no domínio das relações de trabalho, da segurança social, da saúde, da educação e da ha-bitação por parte das classes trabalhadoras das socie-dades centrais [...]” (SANTOS, 2001, p. 243).

6) Cidadão: Substantivo considerado a partir do concei-to de Cidadania Social.

7) Copyleft: “a permissão para copiar livremente um programa de computador. Ant: Copyright. <=> direito autoral” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 109).

8) Copyright: Termo em inglês para designar Direito Autoral.

9) Creative Commons: “[...] criado em 2002 por Lawrence Lessig como uma reação contra a extensão do período de direitos autorais personificada no Digital Millenium Copyright Act e em outra legislação apoiada no Centro de Domínio Público, sediada na Stanford Law School. A organização sem fins lucrativos aspira usar direitos privados de criar mercadorias públicas, protegendo trabalho, estimulando uso e construindo

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uma camada de direitos autorais razoáveis, flexíveis e regras restritivas.” (PRYTHERCH, 1995 apud NORTE, 2010, p. 16)

10) Cultura Digital: “novas formas de expressão induzidas pelas tecnologias digitais e pela internet, que mudam os papéis das instituições culturais e o próprio conceito de cultura” (APD, 2005 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 112).

11) Direito Autoral: “1. Valor que se cobra pelo uso de marca comercial ou industrial, patente, assistência técnica ou científica. 2. Percentagem paga ao autor pela venda de suas obras. No Brasil, o autor geralmente recebe da editora, ou da organização detentora dos seus direitos autorais, 10% do preço final, ou preço de capa, cobrado quando da comercialização do produto.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 127).

12) Globalização: “[...] o processo de globalização da economia, ao qual se associa o fenômeno da globalização cultural, está em curso pelo menos desde a época das grandes viagens marítimas no século XVI, de que resultou a colonização das Américas; sua intensificação potencializada deu-se após a Segunda Guerra Mundial e, de modo mais específico, nas duas últimas décadas – em particular graças ao aperfeiçoamento dos meios de comunicação de massa e da informática. Mesmo não estando esse processo ainda plenamente configurado, uma vez que subsistem centros de decisão nacionais e regionais, a globalização da economia caracteriza-se pela predominância das empresas multinacionais, aquelas com atividades.” (COELHO, 1997, p. 182).

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13) Identidade Cultural: “[...] sistema de representação (elementos de simbolização e procedimentos de encenação desses elementos) das relações entre os indivíduos e os grupos e entre estes e seu território de reprodução e produção, seu meio, seu espaço e seu tempo. No núcleo duro da identidade cultural – aquele que menos se desbasta através dos tempos, mesmo nas situações de distanciamento do território original –, aparecem a tradição oral (língua, língua sagrada, língua sagrada secreta, narrativas, canções), a religião (mitos e ritos coletivos, de que são exemplos as peregrinações ou a absorção de drogas sagradas) e comportamentos coletivos formalizados. Como extensões desse núcleo duro, surgem os ritos profanos (carnaval, manifestações folclóricas diversas), comportamentos informalmente ritualizados (ir à praia, frequentar espetáculos esportivos) e as diversas manifestações artísticas.” (COELHO, 1997, p. 200). 14) Instituição Cultural: Estrutura relativamente estável

voltada para a regulação das relações de produção, circulação, troca e uso ou consumo da cultura (ministérios e secretarias da cultura, museus, bibliotecas, centros de cultura, etc.). Essa regulação, nas instituições, se faz por meio de códigos de conduta ou de normas jurídicas. (COELHO, 1997, p. 219). 15) Interdisciplinaridade: Prática que: “[...] requer não

apenas especialistas nas diversas áreas envolvidas (e nunca será demais ressaltar o papel que a competência representa aqui), mas, acima de tudo, um projeto que coordene as atividades, para o qual convirjam as ações, e que tenha sido elaborado para

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ser posto efetivamente em prática. Sem projeto não há interdisciplinaridade. Sem projeto não há ação cultural.” (COELHO, 2001, p. 68).

16) Mercado Simbólico: “Designa tanto o conjunto de operações de compra e venda de obras de cultura e de arte, especificamente (realizadas em galerias, livrarias, bilheterias de cinema, bancas de jornais, lojas de discos), como o universo global por onde circulam, são produzidas e consumidas as obras de cultura e arte – nesse caso, também instituições como os museus integram esse mercado.” (COELHO, 1997, p. 250).

17) Mercado: “grupo de compradores reais ou potenciais de um produto ou serviço.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 245).

18) Metáfora: “emprego de uma palavra concreta

para exprimir uma noção abstrata, na ausência de todo elemento que introduz formalmente uma comparação.” (DUB, 1995, p. 411 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 247)

19) Momento Ontológico: Espaço temporal relativo

ao emprego da Ontologia como instrumento de orientação de definição conceitual.

20) Multiculturalismo: “De uso corrente a partir da década de 80, em particular nos EUA e na Europa, indica preferencialmente um novo modo de interação entre grupos étnicos e, em sentido amplo, entre culturas distintas pela orientação religiosa, pelo sexo, pelas preferências sexuais etc. Sob o aspecto étnico, o multiculturalismo apresenta-se como lutas

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de minorias raciais por uma política de igualdade de oportunidades e é um herdeiro dos movimentos dos anos 60 nos EUA.” (COELHO, 1997, p. 262).

21) Ontologia: “especificação de uma conceitualização, podendo incluir a descrição de objetos, conceitos e outras entidades num contexto ou parte dele, bem como as relações entre eles. Fornece significado para descrever explicitamente uma conceituação atrás de um conhecimento representado em uma base de conhecimento.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 268) 22) Open Access: “[...] diz-se do acesso à literatura

técnico-científica que estará disponibilizada na internet, sendo permitido a qualquer usuário ler, copiar, distribuir, imprimir, fazer buscas e fazer hipervínculo aos textos completos desses artigos. O usuário levará em conta que o autor do texto é o detentor dos direitos autorais e que deverá receber a devida citação.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 4). 23) Pluralismo Cultural: “Verifica-se uma tendência para

definir pluralismo cultural como a convivência, no mesmo nível de igualdade e na mesma dimensão espaçotemporal, de diferentes modos culturais: modos eruditos ao lado de populares, modos de minorias étnicas ao lado das tendências dominantes etc.” (COELHO, 1997, p. 291).

24) Política Cultural: “[...] programa de intervenções realizadas pelo Estado, instituições civis, entidades privadas ou grupos comunitários com o objetivo de satisfazer as necessidades culturais da população e promover o desenvolvimento de suas representações simbólicas. Sob esse entendimento imediato, a

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política cultural apresenta-se assim como o conjunto de iniciativas, tomadas por esses agentes, visando promover a produção, a distribuição e o uso da cultura, a preservação e divulgação do patrimônio histórico e o ordenamento do aparelho burocrático por elas responsável.” (COELHO, 1997, p. 292).

25) Prática Cultural: “Em sentido amplo, dá-se o nome de prática cultural a toda atividade de produção e recepção cultural: escrever, compor, pintar e dançar; são, sob esse ângulo, práticas culturais tanto quanto frequentar teatro, cinema, concertos etc. Numa acepção mais radical, são consideradas práticas culturais as atividades relacionadas com a produção cultural propriamente dita.” (COELHO, 1997, p. 312). 26) Produto Cultural: “Tratados regionais de integração

econômica e cultural definem os produtos culturais como aqueles que expressam ideias, valores, atitudes e criatividade artística e que oferecem entretenimento, informação ou análise sobre o presente, o passado (historiografia) ou o futuro (prospectiva, cálculo de probabilidade, intuição), quer tenham origem popular (artesanato), quer se tratem de produtos massivos (discos de música popular, jornais, histórias em quadrinhos), quer circulem por público mais limitado (livros de poesia, discos e CDs de música erudita, pinturas). Embora dessa definição participem conceitos vagos, como ‘Ideias’ e ‘criatividade artística’, ela exprime um consenso sobre a natureza dos produtos culturais.” (COELHO, 1997, p. 317).

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27) Produto de Mercado: “qualquer coisa oferecida a um mercado para aquisição, atenção, uso ou consumo, a qual possa satisfazer uma necessidade ou desejo.” (TAR, 2001, p. 320 apud CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 294).

28) Propriedade Cultural: “[...] expressão genérica que cobre duas situações jurídicas distintas: a) a propriedade, por uma pessoa física ou jurídica, de um produto ou bem cultural de autoria de uma segunda pessoa; b) a propriedade, pelo autor, de sua própria obra – também conhecida como propriedade intelectual ou direito autoral.” (COELHO, 1997, p. 318).

29) Sentido Semântico: “3. Significação que toma a palavra num texto: fundamental (ex.: aquele anjo é barroco), ou acessória (ex.: és um anjo); concreta (ex.: margem do rio), ou abstrata (ex.: à margem da vida); própria (ex.: laranja madura), ou figurada (ex.: homem maduro).” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 331).

30) Sistema de Produção Cultural: “[...] a análise da dinâmica cultural a partir de quatro estágios ou fases: 1. a fase da produção propriamente dita do objeto cultural (preparação do roteiro, filmagem, montagem de um filme; impressão de um livro; montagem de uma peça teatral; realização de um desfile de carnaval); 2. a distribuição desse produto a seus consumidores finais ou aos intermediários que, num segundo momento, permitirão o acesso ao produto por parte dos consumidores interessados (distribuição do filme pronto às salas de exibição; distribuição do

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livro às livrarias e aos pontos de venda); 3. a troca ou permuta do direito de acesso ao produto cultural por um valor em moeda; 4. o uso: momento da exposição direta do produto cultural àqueles a quem se destina e de sua apropriação por parte do público.” (COELHO, 1997, p. 344).

31) Sociedade da Informação: “2. Conglomerado humano cujas ações de sobrevivência e desenvolvimento se baseiam em criação, uso, armazenamento e disseminação intensa dos recursos de informação e do conhecimento, mediados pelas tecnologias da informação e comunicação.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 347).

32) Sociedade do Conhecimento: “1. Termo cunhado

por Peter Drucker para se referir à sociedade cujo desenvolvimento é realizado pelo valor dos conhecimentos e dos saberes dos membros que a compõem.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 348). 33) Teoria dos Sistemas: “[...] disciplina

lógico-matemática, cujo conteúdo é a formulação e derivação dos princípios válidos para os sistemas em geral.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 359)

34) Terminologia: “3. Conjunto de termos que representa o sistema de conceitos de uma área específica do conhecimento.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 360).

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3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE

Figura 1 Esquema de Conceitos-chave de Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BURKE, P. Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

COELHO, T. O que é ação cultural. São Paulo: Brasiliense, 2001.

_______. Dicionário crítico de política cultural: cultura e imaginário. São Paulo: Iluminuras, 1997.

CUNHA, M. B. da.; CAVALCANTI, C. R. de O. Dicionário de biblioteconomia e arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.

CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.

DRUCKER,P. F. Sociedade pós-capitalista. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. NORTE, M. B. Glossário de termos técnicos em ciência da informação: Inglês/português. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2010.

(26)

SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 2001.

SANTOS, P. L. V. A. C.; CARVALHO, A. M. G. Sociedade da informação: avanços e retrocessos no acesso e no uso da informação. Informação & Sociedade, João Pessoa, v. 19, n. 1, p. 45-55, jan./abr. 2009.

5. E-REFERÊNCIA

GARCIA CANCLINI, N. Leitores, espectadores e internautas. Tradução Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras, 2008. Disponível em: <http://d3nv1jy4u7zmsc.cloudfront.net/ wp-content/uploads/itau_pdf/000726.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2017.

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UNIDADE 1 – IDENTIDADE, DIVERSIDADE

E DIREITOS CULTURAIS

Objetivos

• Apresentar o conceito de Identidade Cultural.

• Fazer perceber os diversos níveis de Identidade Cultural. • Problematizar as definições de Identidades Culturais.

• Fazer perceber as exigências de atuação do bibliotecário no campo cultural. • Relacionar Direitos Culturais com ações de promoção das Identidades

Culturais. Conteúdos

• Noções do conceito de Identidade.

• Influências definidoras das Identidades em nível social.

• Noções de Direitos Culturais e exigências da atuação do bibliotecário. Orientações para o estudo da unidade

Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

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2) Busque identificar os principais conceitos apresentados e siga a linha gradativa dos assuntos.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

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1. INTRODUÇÃO

Então? Que tal darmos início aos estudos de nossa primeira unidade? Prontos?

Nesta unidade, trataremos de temáticas relacionadas com a questão das Identidades, considerando o impacto desse conceito nas relações sociais, sendo, portanto, bastante impactante também em nossa atribuição profissional de organizar tanto as ações de registro quanto as de promoção de fenômenos e objetos de interesse a tais identidades. Nosso enfoque, nas unidades seguintes, será dado sobre os elementos exigidos na preparação de Projetos de Intervenção Cultural.

Para tanto, observaremos os elementos que fazem parte da construção dessas identidades, os elementos políticos ou sociais que repercutem em sua constituição, as modalidades de tipologias (terminologias determinadas pelos princípios de campos específicos do conhecimento) e os espaços em que tais denominações circulam (o caráter interdisciplinar desse movimento de disseminação promovido pela internet ou pelas Tecnologias de Comunicação e Informação – TICs).

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, consideramos necessário o aprofundamento desses conteúdos pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador.

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2.1. IDENTIDADES

Quando consideramos a execução de uma Ação Cultural de maneira reflexiva, percebemos que tudo que fizermos para sermos eficientes no processo de produção dessa ação deverá repercutir os interesses do grupo em que se origina ou para o qual se destina essa ação, ou seja, o objetivo da Ação Cultural deve estar contextualizado.

Se nos orientarmos pelo pensamento de Bourdieu (2001), teremos como princípio a ideia de que uma coletividade socialmente estabelecida, com suas noções de espaços de atuação e de agentes de promoção desses espaços, conforme o próprio desenvolvimento de sua consciência de articulação, retém o “poder” de decisão (ou ambiciona retê-lo) em torno dos interesses próprios.

Essa questão, a nosso ver, está bastante enraizada na noção de Identidade desses grupos de indivíduos e, portanto (considerando que a sociedade possui uma variedade de perfis ou qualidades), também em uma variada gama de características que determinam uma decisão em torno de um assunto em vez de outra. A naturalização desse fenômeno de determinação de valores positivos ou negativos em razão de uma maioria com poder decisório é, pois, uma das questões abordadas por Bourdieu (1989) em sua teoria sobre o Capital Simbólico, capital este constituído de:

Todas as manifestações do reconhecimento social [...] todas as formas do ser percebido que tornam conhecido o ser social, visível (dotado de visibility), célebre (ou celebrado), admirado, citado, convidado, amado etc. [...] (BOURDIEU, 1989, p. 295).

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A Cultura, no entender do teórico francês, é essa rede de interesses que se move conforme a ordenação de valores simbólicos no campo da comunicação social. Nesse campo, o espaço social de articulação dos grupos tem como agentes indivíduos socialmente relacionados com seus valores de classe ou ideologia.

A partir disso, os conceitos de Espaço Social e Agente Social tornam-se essenciais às premissas que estabelecem valores de pertinência, ou não, do que faz parte de uma boa cultura ou de uma má cultura, ou, em termos mais recorrentes, uma Cultura Popular ou uma Cultura Erudita, ou, ainda, uma Alta Cultura e uma Baixa Cultura. Todas essas denominações são baseadas nos critérios socialmente regulados pelo poder simbólico de uma “dominação”.

Isso é importante para que se observe que a questão dos Direitos Culturais esbarra (quando negligenciados) nessas condições de “negociação” social. Ou seja, grupos sociais culturalmente – e, às vezes, também economicamente – identificados por características minoritárias ou sem representação social forte acabam por serem excluídos ou pouco considerados nas decisões de manutenção ou projeção de suas manifestações, tradições ou convenções culturais.

O principal aspecto desafiador para a superação das deficiências de implantação de uma Ação Cultural eficientemente democrática, em relação ao seu acesso e à sua absorção, a nosso ver, reside na problemática apontada por Bauman (2001, 2003) na questão de falta de estabilidade das relações sociais em uma sociedade denominada pelo autor como de caráter líquido – pelo conceito de Modernidade Líquida.

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Nesse sentido, a partir do conceito de Modernidade Líquida, é possível compreender um grau acentuado de “fluidez” do que se poderia chamar de Identidades Sociais – o mesmo processo (de um ponto de vista histórico) é apresentado por Santos (2001) ao tratar das variadas formas com que as “classes sociais” se comportaram a partir da segunda metade do século 20. Sem dúvida, tanto Bauman quanto Santos, nos respectivos trabalhos citados, problematizam essa questão da Identidade oferecendo perspectivas questionadoras desses conceitos em uma sociedade dinâmica como a nossa (em ajuste contínuo de prioridades).

Tipologias e campos

Se analisarmos, histórica e sociologicamente, a noção de Identidade sempre existiu nas sociedades. No entanto, sua definição evoluiu ao longo dos séculos, absorvendo traços ou predicados (qualidades) de campos de conhecimento que influíram determinantemente para suas distinções.

Consideramos a noção de Ser Humano a partir de sua qualidade substantiva, que, na Idade Clássica (período da Grécia antiga), pela abordagem filosófica, tendo Aristóteles (1984) como base, a percepção do mundo constituía o “ente” como experiência da consciência de si em relação ao que se percebia como existência.

O homem será, no entanto, considerado (séculos depois) de um ponto de vista psicológico, sendo definido por características relacionadas ao seu caráter subjetivo, como sujeito de ações conscientes e inconscientes determinadas pela relação conflituosa entre os elementos internos e externos a uma personalidade. A base da teoria de Representações Sociais

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de Goffman (1985) é, pois, essa situação entre uma noção de sujeito e de meio externo.

Abordando a questão do ser de um ponto de vista sociológico, podemos utilizar as observações de Bourdieu (2001), considerando o homem na perspectiva de Indivíduo (ser em uma ordem social), ou ainda, nas considerações de Santos (2001), podemos dividir o conceito de Indivíduo em outra dimensão, a de Cidadão (em uma ordem mais política).

Com as leituras propostas no Tópico 3.1, você poderá acompanhar as influências dos laços sociais na construção de identidades. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado. 2.2. DIVERSIDADE

Se correlacionarmos essas questões de campos de conhecimentos e suas definições “territoriais” de conceitos – definições baseadas numa Teoria Geral de Terminologia, teoria desenvolvida por Eugen Wüster (1898-1977), pela qual os termos são demarcações de campos especializados do conhecimento –, verificamos que, se não são totalmente contrárias à ideia de Interdisciplinaridade, são, pelo menos, grandes dificultadores do entendimento mútuo quando são exigidas interações entre campos disciplinares.

Isso porque, antes da revolução tecnológica promovida pela inserção das TICs como recursos facilitadores dos processos de comunicação e pela dinamização desses processos por meio da aceleração de transferência de informações, a questão de domínios fechados de conhecimento (territórios) se tornou discutível pela situação de compartilhamento em rede, por meio

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da web, ambiente em que não há uma divisão rígida de espaços disciplinares e conteúdos. Essa delimitação do conhecimento pela linguagem especializada “restrita” se torna incoerente, senão impraticável, pois, cada vez mais, o leigo acessa, por meio da internet, conhecimentos variados.

Pensemos que a complexa rede de termos estabelecida pela troca dinâmica de informações na web não se limita pela questão espacial (a troca de mensagens acontece entre as mais diversas partes do globo), nem por categorias-padrão de usuários, pois o acesso, em sua maior parte, não está determinado pelo nível de conhecimento especializado do usuário. Nessa perspectiva, como dito anteriormente, o leigo avança no território web.

Em nível espacial, podem ocorrer, portanto, troca de mensagens tanto na ordem Global (planeta), quanto na ordem Nacional (interna às nações), Regional (em localidades específicas), ou, ainda, nas mais variadas combinações entre tais ordens. Ou seja, se antes a questão da complexidade se apresentava em uma situação “territorial disciplinar” e localizada, agora ela se expande além das categorias culturais de campos e de regiões geográficas.

Nosso grande desafio enquanto Agente Cultural é, nesse cenário cada vez mais expandido, conseguir compatibilizar essa aparente desintegração de identidades em uma condição de comunicação efetiva em relações indivíduo, indivíduo-grupo, grupo-indivíduo-grupo, e assim por diante, com interações que permitam tanto o entendimento mútuo quanto a produção de um consenso em torno das diferenciações do outro e de si mesmo de maneira, se não harmoniosa, ao menos não conflituosa. Ou seja, sugere-se compatibilizar os interesses de grupos em relação às variadas noções de Cultura.

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compreender primeiro o que “é” a Cultura do grupo atendido e seu contexto, para depois lançarmos mão dos recursos e dos planejamentos exigidos para a realização das Ações Culturais objetivadas no Projeto a ser desenvolvido, com o consequente registro/armazenamento dos eventos produzidos com o fim de fortalecer a memória coletiva daquela comunidade.

As leituras indicadas no Tópico 3.2 tratam do fenômeno da Identidade no contexto contemporâneo e de sua dinâmica local-global. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2.3. DIREITOS CULTURAIS

Cunha (2010, p. 100) afirma que um dos impactos da Globalização foi o de acentuar o aspecto de mundialização do capitalismo, em que:

[...] os vínculos com as relações internas de um país tornaram-se ainda mais frouxos, o que também se revela no descompromisso com seus trabalhadores, pensados e tratados não mais como classe [...] sujeitos políticos [...], mas como consumidores [...]. Paralelamente, tais indivíduos (desvalorizados politicamente), no movimento de descoberta de direitos não tão “universais” por outros grupos, são colocados à margem, tendo como competidores “[...] comunidades especiais, as quais, por sua vez, reivindicam direitos agora culturais, que constituem, igualmente, o conteúdo do multiculturalismo.” (CUNHA, 2010, p. 100, grifo do autor).Uma das primeiras manifestações de defesa desses direitos, apontado pelo autor, foi o movimento dos Direitos Civis, nos Estados Unidos, nos anos de 1960, em que se combatia a segregação racial, então permitida no país.

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A questão dessa dinâmica de acentuação da diferença do outro como traço a ser defendido, e como direito a ser respeitado, ao mesmo tempo que tenta sanar ou diminuir injustiças sociais também impele para o confronto ou, pelo menos, para o enfrentamento com as opiniões contrárias, uma vez que repercute na noção de igualdade ou da universalidade dos direitos numa Sociedade Democrática.

Se, voltando a Bourdieu (2001), encararmos a Naturalização dos processos e dos valores sociais, tendo como base as considerações de Cunha (2010) em torno da sua abordagem de Grupos Sociais (coletividades diferenciadas entre si), vemos que, como conclusão: “[...] os grupos devem ter um significado político e uma representação corporativa [...] capazes de “desmascarar ilusões universalistas.” (BOURDIEU, 2001, p. 104).

Nessa perspectiva, o conceito de Dialogismo aparece como capacidade ou exercício de diálogo entre partes que disputam ou argumentam acerca de temas de interesse mútuo, resultando dessa premissa que o Direito Cultural tem como apoio de sua efetivação o processo dialógico, de que derivam tanto o reconhecimento quanto a aceitação mútua das partes envolvidas.

Enfatizando essa questão de democratização no embate com a realidade dos Direitos Culturais, tendo o conceito de Ação Cultural o sentido de instrumento de consolidação e proteção dos conhecimentos e tradições específicas, a Ação Cultural passou a significar “educação popular”, segundo a qual: “[...] o povo deveria ser estimulado a romper com o torpor intelectual e apropriar-se das ferramentas do pensamento crítico.” (CUNHA, 2010, p. 38).

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Garcia Canclini (1990; 2008), teórico argentino contemporâneo, traz algumas reflexões interessantes a respeito da dinâmica cultural das sociedades contemporâneas, sobretudo quando essa dinâmica está relacionada com a questão da internet, considerada um dos territórios-fenômenos promotores de acesso democrático à informação.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.3 para compreender como as relações do trabalho bibliotecário se dão na questão das Identidades Culturais e suas relações com os Direitos Culturais.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.

• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Ação Cultural – Vídeos Complementares – Complementar 1.

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3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. IDENTIDADE

O processo de construção da noção de Identidade, no contexto da modernidade, é uma das principais considerações na

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atuação do bibliotecário enquanto agente de uma Ação Cultural eficiente. Buscando-se promover um aprofundamento sobre essa perspectiva, a seguir são apresentados textos que devem ser lidos complementarmente.

• BAUMAN, Z. Relato de um encontro com Zygmunt Bauman. Entrevista a Mário Mazzilli. Café Filosófico. 2017. Disponível em: <http://www.institutocpfl.org. br/2017/01/16/relato-de-um-encontro-com-zygmunt-bauman-por-mario-mazzilli/>. Acesso em: 13 ago. 2017.

• FREIRE, I. M. Acesso à informação e identidade cultural: entre o global e o local. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 2, p. 58-67, maio/ago., 2006. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v35n2/a07v35n2.

pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.

• MIRANDA, A. Sociedade da informação: globalização, identidade cultural e conteúdos. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 78-88, maio/ago., 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a10v29n2>. Acesso em: 12 ago. 2017.

3.2. DIVERSIDADE

O conceito de Sociedade de Informação é um tema transversal à nossa realidade, por isso, sua abordagem por outros autores foi considerada relevante para a percepção dos elementos contemporâneos em que o Indivíduo, socialmente localizado, está inserido, principalmente quando se relaciona com questões de Direito Cultural.

Dessa maneira, a seguir são listados alguns autores que se debruçaram sobre tais assuntos.

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• CARVALHO, I. C. L.; KANISKI, A. L. A sociedade do conhecimento e o acesso à informação: para que e para quem? Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 33-39, set./dez., 2000. Disponível em: <http://www.scielo. br/pdf/ci/v29n3/a04v29n3>. Acesso em: 12 ago. 2017. • SCHÜLER, F. O que consideramos uma sociedade

justa? Café Filosófico. 2017. Disponível em:<http:// www.institutocpfl.org.br/2017/07/25/na-tv-fernando-schuler-fala-sobre-o-conceito-de-justica/>. Acesso em: 12 ago. 2017.

• WERTHEIN, J. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 71-77, maio/ago., 2000. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/%0D/ci/v29n2/a09v29n2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.

3.3. DIREITOS CULTURAIS

Os princípios de Ação Cultural foram abordados ao longo desta unidade. Neste subtópico, é sugerida a leitura de alguns autores que elaboram o tema de maneira a torná-lo mais amplificado tanto teórica quanto historicamente.

• CAVALCANTI, I. B.; ARAÚJO, C. S.; DUARTE, E. N. O bibliotecário e as ações culturais: um campo de atuação.

Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 1, p. 21-34, 2015.

Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/ biblio/article/view/16626/14651>. Acesso em: 12 ago. 2017.

• FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de ação cultural. Revista da Escola de Biblioteconomia da

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UFMG, v. 12, n. 2, p. 145-169, 1983. Disponível em:

<http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/index.php/article/ download/15776>. Acesso em: 12 ago. 2017.

• SANCHES, G. A. R.; RIO, S. F. do. Mediação da informação no fazer do bibliotecário e seu processo em bibliotecas universitárias no âmbito das ações culturais. In CID:

Revista de Ciência da Informação e Documentação,

Ribeirão Preto, v. 1, n. 2, p. 103-121, jul./dez., 2010. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/incid/ article/view/42323/45994>. Acesso em: 12 ago. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.

1) Considerando o pensamento de Bourdieu (2001), os conceitos de Espaço Social e Agente Social são essenciais a premissas que estabelecem valores de pertinência, ou não, sobre o que faz parte de:

a) a) uma boa cultura ou de uma má cultura. b) b) uma Cultura Popular ou de uma Baixa Cultura. c) c) uma Cultura Erudita ou de uma Alta Cultura.

d) d) uma Cultura Excêntrica ou de uma Cultura Ordinária.

2) O conceito de Identidade pode ser compreendido por meio de campos do conhecimento que:

a) a) ignoram os indivíduos e suas noções de valor econômico.

b) b) estabelecem seus sentidos pela consideração de nexos psicológicos. c) c) determinam seus sentidos por meio de uma terminologia

especializada.

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3) Quais são os direitos, segundo Cunha (2010), considerados como conteú-dos do Multiculturalismo? a) Os direitos constitucionais. b) Os direitos democráticos. c) Os direitos à informação. d) Os direitos culturais.

4) Tente explicar a citação a seguir: “[...] o povo deveria ser estimulado a romper com o torpor intelectual e apropriar-se das ferramentas do pensa-mento crítico.” (CUNHA, 2010, p. 38).

Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:

1) a. 2) c. 3) d.

4) Espera-se que você consiga relacionar a questão educacional envolvida na afirmação.

5. CONSIDERAÇÕES

Ao chegarmos ao final desta unidade, esperamos que você tenha adquirido noções mais claras sobre o que são Identidades Culturais e quais são os mecanismos sociais que influenciam em sua definição e articulação.

Também se supõe que você adquira a consciência de que, enquanto profissional bibliotecário envolvido na elaboração de ações que auxiliam na proteção e promoção dos valores culturais existentes nos seus espaços de atuação – valores que garantam o

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exercício dos direitos culturais com justiça social –, você recorra a estratégias de conciliação entre a diversidade de visões sobre os mais variados temas.

A complexidade existente nessa condição de atributo comum (e tão particular a cada indivíduo) garante às Identidades e aos Direitos Culturais um interesse valioso no movimento de democratização do conhecimento e, também, na combinação de noções e opiniões nem sempre harmoniosas entre si.

Provocar e estabelecer um diálogo produtivo entre os setores financiadores da Cultura (sejam públicos ou privados) são tarefas consideradas essenciais para o desenvolvimento da cultura, tendo como objetivo a promoção de uma sociedade melhor e, eficientemente, mais justa.

Não deixe de tomar contato com os materiais indicados nos Conteúdos Digitais Integradores. Na próxima seção, Unidade 2, abordaremos o tema das Políticas Culturais e das Leis de Incentivo e Financiamento à Cultura (em especial a Lei Rouanet). Até lá!

6. E-REFERÊNCIAS

BAUMAN, Z. Relato de um encontro com Zygmunt Bauman. Entrevista a Mário Mazzilli. Café Filosófico. 2017. Disponível em: <http://www.institutocpfl.org.br/2017/01/16/ relato-de-um-encontro-com-zygmunt-bauman-por-mario-mazzilli/>. Acesso em: 13 ago. 2017.

CARVALHO, I. C. L.; KANISKI, A.L. A sociedade do conhecimento e o acesso à informação: para que e para quem? Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 33-39, set./dez., 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n3/a04v29n3>. Acesso em: 12 ago. 2017.

CAVALCANTI, I. B.; ARAÚJO, C. S; DUARTE, E. N. O bibliotecário e as ações culturais: um campo de atuação. Biblionline, João Pessoa, v. 11, n. 1, p. 21-34, 2015. Disponível em:

(43)

http://periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/view/16626/14651 . Acesso em: 12 ago. 2017

FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de ação cultural. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, v. 12, n. 2, p. 145-169, 1983. Disponível em: <http:// basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/index.php/article/download/15776>. Acesso em: 12 ago. 2017.

FREIRE, I. M. Acesso à informação e identidade cultural: entre o global e o local. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 2, p. 58-67, maio/ago., 2006. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v35n2/a07v35n2.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2017.

MIRANDA, A. Sociedade da informação: globalização, identidade cultural e conteúdos. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 78-88, maio/ago., 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a10v29n2>. Acesso em: 12 ago. 2017.

GARCIA CANCLINI, Néstor. Leitores, espectadores e internautas. Tradução de Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras, 2008. Disponível em: http://d3nv1jy4u7zmsc. cloudfront.net/wp-content/uploads/itau_pdf/000726.pdf. Acesso em: 12 ago. 2017. SANCHES, Gisele A. Ribeiro; RIO, Sinomar Ferreira do. Mediação da informação no fazer do bibliotecário e seu processo em bibliotecas universitárias no âmbito das ações culturais. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, Ribeirão Preto, v. 1, n. 2, p. 103-121, jul./dez., 2010. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/incid/ article/view/42323/45994 . Acesso em: 12 ago. 2017.

SCHÜLER, Fernando. O que consideramos uma sociedade justa? Café Filosófico. 2017. Disponível em: http://www.institutocpfl.org.br/2017/07/25/na-tv-fernando-schuler-fala-sobre-o-conceito-de-justica/ . Acesso em: 12 ago. 2017. [50 min.].

WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 71-77, maio/ago., 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/ pdf/%0D/ci/v29n2/a09v29n2.pdf . Acesso em: 12 ago. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARISTÓTELES. A metafísica. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

______. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

(44)

______. O poder simbólico. Lisboa: DIFEL, 1989.

CUNHA, N. Cultura e ação cultural. São Paulo: Sesc SP, 2010.

GARCIA CANCLINI, N. Culturas híbridas: estrategias para entrar y salir de la modernidad. Miguel Hidalgo: Grijalbo, 1990.

GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Tradução de Maria Célia Santos Raposo. Petrópolis: Vozes, 1985.

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POLÍTICAS CULTURAIS NO MUNDO E NO

BRASIL: O FINANCIAMENTO DA CULTURA

E SUAS LEIS

Objetivos

• Apresentar o conceito de Política Cultural.

• Fazer conhecer os principais movimentos de estabelecimento de Políticas Culturais no mundo e no Brasil.

• Apresentar as características e exigências dos instrumentos de financiamento das Ações Culturais no Brasil

• Promover a aquisição de noções sobre a Lei Rouanet: funcionamento e características.

Conteúdos

• Noções do conceito Política Cultural.

• Histórico de desenvolvimento do conceito de Política Cultural em nível internacional e nacional.

• Noções básicas sobre as Leis de Financiamento da Cultura (Lei Rouanet entre elas).

Orientações para o estudo da unidade

Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste material didático; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas

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apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados e siga a linha gradativa dos assuntos.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

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1. INTRODUÇÃO

De uma maneira geral, ao falarmos de Políticas Públicas, já se estabelece uma relação direta entre movimentos de manutenção e proteção da Cultura por meio de instrumentos institucionais ligados ao Estado (vínculo direto com a ideia de setor ou órgão público). Cunha (2010, p. 81) define Política Cultural como:

[...] o conjunto de intervenções e decisões dos poderes públicos por meio de programas e atividades artístico-intelectuais ou genericamente simbólicas de uma sociedade, conduzido em nome do interesse geral ou do bem comum de uma coletividade, embora desse âmbito se encontre habitualmente excluída (mas nem sempre) a política de educação ou de ensinos formais. Dessa maneira, na introdução da unidade anterior, percebe-se que os eventos dos festivais na Grécia antiga ou mesmo os estatutos ou leis lançados durante o regime monárquico, tais como os de licença de exploração de obras intelectuais na Inglaterra do século 17 (BURKE, 2003), são interferências do poder governamental no processo de dinamização da Cultura, do que advém que a ideia central de Política Cultural é uma realidade existente há muito tempo nas sociedades ocidentais.

Entre os objetivos desta unidade, está o de estabelecer de maneira mais clara essa relação no desenvolvimento histórico do conceito, sem, no entanto, nos prendermos às datas (ainda que elas sejam um dado interessante de exploração), tentando estabelecer algum nexo causal entre os eventos historicamente localizados e as exigências de um interesse de comprometimento do Estado – ou do poder governamental – em manter uma série de ações em favor de determinada expressão cultural.

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2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, consideramos necessário o aprofundamento desses conteúdos pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador.

2.1. POLÍTICA CULTURAL NO MUNDO E NO BRASIL

Em um sentido lato, Política Cultural, segundo Cunha (2010), abrange questões jurídicas relacionadas à proteção de bens ou atividades, ou define: como se deve exercer a ação (princípios, regras e métodos) ou seu gerenciamento; quem dela se deve encarregar; o que, por meio dela, estaria relacionado à manutenção ou difusão.

Para entrarmos na questão dos organismos internacionais – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e Organização das Nações Unidas (ONU) entre eles – como promotores de uma Política Cultural eficiente, cabe averiguar, primeiramente, os contextos de sua origem. Segundo Cunha (2010, p. 96), tais contextos se deram em meio à:

[...] prosperidade econômica do pós-guerra, incluindo-se a revalorização de expressões nacionalista em países recém-saídos da colonização ou integrantes do então chamado ‘terceiro mundo’ [...].

Esses organismos são citados pelo autor ao se referir a duas produções deles – primeiro, pela Declaração dos Direitos

do Homem e, depois, pelo documento Problemas e Perspectivas.

Os trechos selecionados por Cunha (2010) ressaltam direitos estabelecidos ao homem quanto ao desenvolvimento de seu sentimento de comunidade, ao acesso à arte e aos benefícios

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científicos, assim como ao desenvolvimento de seu potencial cognitivo, cultural, coletivo e ambiental. Segundo o autor:

[...] a existência de uma política cultural – desde que coerente, ampla e eficaz – constitui uma forma de expansão de conhecimentos e de práticas simbólicas, de integração social e de exercício de cidadania. (p. 96).

No que diz respeito aos modelos de aplicação de Políticas Culturais pelo Estado, Cunha (2010) reconhece uma variedade de orientações, apresentadas, de forma contraposta, nas seguintes condições: de forte intervenção ou de fraco comprometimento (respectivamente, dirigistas ou liberais); nacionalistas ou cosmopolitas; gradualistas ou revolucionárias; elitistas ou populistas; tradicionalistas ou modernistas.

Por fim, parafraseando Hillman-Chartrand (1989), Cunha (2010) apresenta quatro tipos de Políticas Públicas: a do Estado-facilitador (que financia por meio de “recursos indiretos”), típico dos Estados Unidos; a do Estado-mecenas (que financia por meio de recursos próprios), com exemplos como os da Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia; a do Estado-arquiteto (que orienta o uso de recursos por meio de estruturas próprias), típico da maior parte dos países europeus e latino-americanos; e a do Estado-engenheiro (Estado-autoritário, aquele que domina a vida cultural do país), característico das ditaduras e comunidades fundamentalistas e teocráticas.

Construção histórica do conceito de Política Cultural: Rússia, França e Brasil

Convém assinalarmos que o recorte sobre esses três países foi realizado por Cunha (2010) e, nesse sentido, observamos uma tentativa de descrição de características específicas a cada

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um deles, que, na intenção de síntese e interesse didático, serão apresentadas no Quadro 1 (comparando as propostas da Rússia e da França) e, depois, rediscutidas em relação às propostas do Brasil.

Quadro 1 Acontecimentos relacionados ao conceito de Política Cultural na Rússia e na França.

País Ano Acontecimento Interesse/função/setor

Rússia 1917 1921 Institui-se o Comissariado da Instrução Popular (Narkompros). Encontro do Partido Bolchevique que apresentou críticas ao Narkompros

Alfabetização e Educação em níveis: científico, tecnológico e artístico (dramaturgia, música, literatura, espaços históricos, bibliotecas, academias de arte plásticas e gráficas, fotografia, cinema).

Programa de Organização do Proletariado (Proletkult).

Programa de apresentações artísticas ambulantes (Agitprop).

Em nível educacional: Escola Única de Trabalho (ensino inicialmente politécnico e gradualmente especializado).

Reformulação do órgão em setores de: - Educação Profissionalizante;

- Socioescolar; - Política educacional; e - Colegiado acadêmico.

Referências

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