MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
PROCURADORIA-GERAL
CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO
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FEITO PGT/CCR/ICP/Nº
7242/2014
CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
Origem: PRT 1ª Região
Interessado(s) 1: Sigiloso
Interessado(s) 2: Município do Rio de Janeiro
(Câmara Municipal do Rio de Janeiro)
Assunto(s): Trabalho na Administração Pública 04. - 04.01. –
04.01.01. – 04.08.
Procurador oficiante: João Batista Berthier Leite Soares
“TRABALHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONCURSO PÚBLICO. IRREGULARIDADES. Encerramento do procedimento subsidiado apenas com informações, de origem unilateral, prestadas pelo investigado. Necessidade de outras diligências a fim de elucidar melhor a conduta denunciada. Ausência de elementos suficientes que autorizem o encerramento das investigações. Pela não homologação da promoção de arquivamento”
RELATÓRIO
Trata-se de procedimento originado por denúncia
sigilosa em face do Município do Rio de Janeiro, dando conta de
irregularidades na admissão do pessoal do setor de comunicação da Câmara
Municipal do Rio de Janeiro (
ausência de concurso público
).
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Narra a denúncia (fl. 02):
Denuncia : ( ) não me rec ordo de nenhum concurso público para a Câmara Municipal
do Rio. No setor de Comunicação da instituição, por exemplo, muito usado para a promoção dos próprios políticos, nunca houve provas para o setor. Apesar disso, no site da Câmara do Rio, apenas na Rio TV Câmara, é possível contar 36 profissionais, entre jornalistas, editores, arquivo e produção. Link, telefone e e-mail do expediente da Rio TV Câmara:
http://www.camara.rj.gov.br/riotv_quemsomos.phpTel.: (21) 3814-2121 | faleconosco.riotv@camara.rj.gov.br No entanto a Câmara do Rio não tem só a Rio TV Câmara: tem um setor inteiro de Comunicação com diversos produtos, como a revista eletrônica (newsletter), serviço de clipping, Rádio Câmara (em construção), Informe Câmara, galeria de fotos etc. Link, telefone e e-mail da área de Comunicação: http://www.camara.rj.gov.br/acontece_hoje.php7m1=comuni cacao&m2=aconthj Tel.: (21) 3814-2121 | ascom@camara.rj.gov.br Devem ser mais de 50 profissionais comissionados e indicados políticos no setor, entre fotógrafos, editores, jornalistas, revisores, web designer etc. Essa conduta causa grande prejuízo para os cofres públicos ao dificultar o controle dos gastos pela sociedade e abusar dos cargos comissionados (que viram regra, não exceção) e indicações políticas, para a população ao precarizar o serviço e paia o cidadão que está se preparando e estudando para entrar na administração pública como determina o item II do art. 37 da Constituição: por meio de aprovação em prova ou prova e títulos. Este se sente preterido em relação aos terceirizados irregulares, que são prioridade. E preciso investigar como ingressaram essas pessoas na Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal do Rio de Janeiro para que o mérito e a objetividade não fiquem em segundo lugar, o nobre instituto do concurso não caía em descrédito e interesses pessoais não tomem o lugar dos coletivos, dificultando o caminho para desvios de dinheiro, contratos fraudulentos, corrupção, troca de favores, "supersalários"
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acima até do teto, vantagens indevidas. Diante desse quadro de falta de transparência e controle nocivos aos cidadãos e aos cofres públicos, além da sensação de impunidade, solicito ao Ministério Público do Trabalho Estado do Rio de Janeiro que apure e investigue a quantidade de terceirizados, comissionados, temporários e contratados da Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e caso sejam comprovados os terceirizados irregulares, que sejam substituídos pelos concursados aprovados em certame a ser realizado o mais rápido possível, como determina o item II do art. 37 da Carta Magna.
À fl. 09 consta ata de audiência na qual foi ouvido,
pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o advogado José Luís Galamba
Minc Baumfeld, verbis:
Aos catorze dias do mês de setembro do ano de 2012, às 13:50h, na sede da Procuradoria do Trabalho da Ia Região, com a presença do Procurador do Trabalho João Batista
Berthier Leite Soares, designado para presidir o Procedimento Preparatório de Inquérito Civil n° 3100.2012
em face de CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE
JANEIRO, compareceu o advogado José Luis Galamba
Mine Baumfeld, OAB/RJ 136687. Indagado, respondeu: que em agosto deste ano foi convocada uma comissão para estudar a reestruturação dos cargos da casa, de modo que há previsão de realização de concurso público para o inicio de 2013. Acrescentou que existem apenas dois servidores comissionados na área de comunicação social, sendo que os outros são estatutários. Afirma o Procurador da Câmara que acredita que os estatutários são concursados ou admitidos anteriormente a 05/10/1988. Requisita-se no prazo de 10 dias úteis a relação de trabalhadores que compõem o quadro do setor de comunicação social da Câmara, com indicação dos nomes, regimes de trabalho e data de admissão. Nada mais havendo a acrescentar, é encerrada a presente ata, ...”.
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Manifestação da investigada, acompanhada de
relação de servidores, às fls. 13/14.
Após, o ilustre Órgão ministerial oficiante promoveu
o arquivamento do procedimento, conforme peça de fl. 21, verbis:
“1- O presente inquérito foi instaurado para apurar irregularidades na admissão do pessoal do setor de comunicação da Câmara Municipal do Rio de Janeiro-RJ. 2- Ocorre que a documentação de fls.14, assim como os depoimentos de fls.09 e 20 indicam que o setor de comunicação conta com servidores estatutários e 2 comissionados.
3- Desta forma, não se constatou a irregularidade. 4- Assim, determino:
a) o arquivamento do Inquérito Civil nc 3250/2012;
b) a notificação do autor da notícia e da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e, após,
c) a remessa à CCR.”
Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram os
autos a esta Relatora (fl. 28).
É o relatório.
VOTO-FUNDAMENTAÇÃO
Em que pesem os argumentos esposados pelo i.
colega oficiante, tem-se que a promoção de arquivamento em análise não
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merece prosperar, devendo a atividade persecutória ministerial continuar,
com vistas à verificação minudente dos fatos denunciados.
Compulsando os autos, verifica-se que o i.
Procurador do Trabalho proponente promoveu o arquivamento deste
procedimento de forma precoce, sob o argumento de que não há
irregularidades na conduta da investigada, com supedâneo, tão somente, em
declaração e documentação apresentada unilateralmente pelo próprio
denunciado.
Os depoimentos de fls. 09 e 20 e o documento de fl.
14 (
“Relação dos Servidores por Núcleo”
) não se prestam a atestar a
regularidade da conduta do município investigado frente aos fatos
denunciados e aos princípios que regem a Administração Pública.
Ademais,
não
houve
o
aprofundamento
investigatório necessário para se saber, comprovadamente, as motivações e
a forma das contratações dos trabalhadores envolvidos.
Diante de tudo isto, não há como acolher a proposta
de arquivamento firmada nos presentes autos à fl. 21.
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