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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANGIOLOGIA E DE CIRURGIA VASCULAR DO RIO DE JANEIRO (SBACV-RJ), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o

n° 09.204.746/0001-91, com sede na Praça Floriano, 55, sala 1201, Centro, Rio de Janeiro, RJ – CEP 20.031-050, neste ato representada por seu presidente em exercício, vem se manifestar sobre o fechamento do Setor de Cirurgia Vascular do Hospital de Ipanema por decisão do Ministério da Saúde, e requerer a adoção das providências cabíveis.

I – DA SBACV-RJ

1. A SBACV-RJ é uma associação científica sem fins lucrativos destinada ao aprimoramento científico e profissional na especialidade de angiologia e de cirurgia vascular e na promoção da saúde por meio de campanhas e outras atividades.

2. O quadro associativo é composto por médicos que exercem suas funções nas iniciativas pública e privada, de modo que o intercâmbio de informações permite avaliar de forma ampla as dificuldades do setor de saúde e incentivar o aperfeiçoamento da qualidade da prestação dos serviços médicos.

3. Em que pese as finalidades de aprimoramento técnico e científico, a missão da SBACV-RJ é, sobretudo, a de contribuir para a melhora das condições de atendimento à população do Estado do Rio de Janeiro.

4. Neste contexto, impõe-se representar a este ilustre Conselho para que, em conjunto com o Ministério Público ou isoladamente, adote as providências cabíveis diante do fechamento de diversos serviços médicos de referência por decisão do Ministério da Saúde, dentre eles o Setor de Cirurgia Vascular do Hospital Federal de Ipanema.

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II – DOS FATOS

5. É de conhecimento geral as dificuldades que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem enfrentado, o que impacta principalmente a parcela mais pobre da população, que permanece desassistida.

6. As unidades públicas de atendimento enfrentam diariamente problemas como a superlotação e a carência de medicamentos, mão de obra e equipamentos, fruto direto da falta de investimentos em novas unidades e no setor de saúde como um todo.

7. O cenário, lamentavelmente, tende a se agravar com a decisão do Ministério de Saúde, que determinou o corte de verbas destinadas ao custeio dos hospitais federais no Rio de Janeiro.

8. Conforme amplamente noticiado pela mídia, foram fechados setores dos hospitais federais de Ipanema, Andaraí, Bonsucesso, Cardoso Fontes, Laranjeiras e do Hospital Universário Clementino Fraga Filho.

9. No tocante ao fechamento do Setor de Cirurgia Vascular do Hospital Federal de Ipanema, objeto principal desta representação, cumpre observar que se trata da única unidade pública que trata os casos de Síndrome do Desfiladeiro Cérvico Torácico, que pode levar à incapacidade funcional caso o paciente não tenha o tratamento.

10. No Hospital Federal de Ipanema está sendo fechado o Setor de Cirurgia Vascular, que promove cerca de 25 (vinte e cinco) cirurgias e 200 (duzentas) consultas por mês. Leia-se a notícia publicada no jornal O Globo de 24/06/2017:

Pacientes e médicos estão preocupados com o futuro do Hospital Federal de Ipanema, na Zona Sul do Rio. O chefe do setor de cirurgias vasculares recebeu um comunicado do Ministério da Saúde, esta semana, dizendo que o serviço vai acabar.

Atualmente, por mês, o setor atende a 200 pacientes e faz cerca de 25 cirurgias vasculares, a maioria delas, de alta complexidade. Os médicos da unidade estão preocupados, já que ninguém sabe onde esses pacientes vão conseguir atendimento se o setor do hospital fechar.

“Nós recebemos um comunicado da direção do hospital, nesta quinta-feira (22), que o serviço de cirurgia vascular do hospital ia ser fechado. Não nos deram previsão de quando isso ia efetivamente acontecer, mas o comunicado é que de forma definitiva o serviço ia ser fechado”, disse o chefe do setor de cirurgia vascular do hospital, Felipe Murad.

Para quem conseguiu uma vaga e aguarda a cirurgia, a situação é de medo e desespero. “Estou na fila pra cirurgia e agora estou sabendo que estão querendo fechar. Isso não pode acontecer, pelo amor de Deus”, disse o paciente Pedro Paulo de Souza.

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“É tão difícil você conseguir e, quando você consegue, o governo vem e tira isso de você. Se eu me trato ali, eu não tenho condições de pagar, como muitos pacientes não tem”, disse a paciente Joelma.

“Eu fui chamado, há oito anos atrás, para abrir o serviço, a gente montou o serviço e, hoje, quando o serviço consegue funcionar, a gente tem médico pra isso, e por uma canetada estamos acabando aí um trabalho de oito anos. É frustrante”, lamentou o médico Felipe Murad1.

11. O jornal EXTRA, a seu turno, publicou o seguinte:

Mais um triste capítulo na crise que afeta a rede do Ministério da

Saúdeno Rio. De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Rio

(Cremerj), o serviço de cirurgia vascular do Hospital Federal de Ipanema será fechado. O encerramento das atividades foi comunicado ao chefe do serviço, Felipe Murad, pelos diretores do hospital.

(...)

— Poderíamos ter números bem maiores se tivéssemos melhor estrutura, porque enfrentamos condições adversas, com poucos recursos humanos, falta de materiais, de medicamentos e de estrutura há meses — afirmou um médico do setor.

O Ipanema atende um grande número de pacientes com varizes utilizando o sistema de espuma de polidocanol, medicamento que tem sido, há três meses, comprado pelos médicos para não deixar os doentes sem assistência.

— O ministro justifica a relação custo-benefício sem pensar que se trata da vida das pessoas — disse o presidente do Cremerj, Nelson Nahon.

O Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no Rio informou que “as unidades federais passam por processo de otimização com o objetivo de qualificar os serviços, dentro de uma rede unificada, para tornar mais eficiente o atendimento” 2.

12. Ora, considerando a narrativa da notícia jornalística de que os próprios médicos estariam arcando com os custos dos medicamentos, assumindo para si um dever que constitucionalmente é do Estado, conjectura-se se o real objetivo da medida não seria a economia por desassistência.

13. Aliás, a mudança de setores, com o fechamento de unidades e o remanejamento para outras, sem capacidade de atendimento, certamente terá custos

1

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/situacao-do-hospital-federal-de-ipanema-preocupa-medicos-e-pacientes.ghtml

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https://extra.globo.com/noticias/rio/hospital-federal-de-ipanema-tera-servico-de-cirurgia-vascular-e, conforme noticiado diariamente no país, esses valores dificilmente revertem em benefício da população, sendo muitas vezes desviados no processo.

14. Neste contexto, não resta dúvidas de que a alternativa mais acertada seria a de gerenciar melhor os custos e conceder melhores condições de atendimento nas estruturas já existentes, ao invés de fechar serviços que estão em pleno funcionamento e atendendo a população que dele necessita.

15. Fato inconteste é que o processo de desmonte dos hospitais federais agrava ainda mais a situação de carência de atendimento à população do Rio de Janeiro. A rede pública estadual e/ou municipal não possui capacidade para absorver a demanda, de modo que não haverá outro resultado que não a completa desassistência.

16. Para corroborar o cenário de incertezas e apreensão dos pacientes, confira-se a seguinte matéria e depoimentos: http://g1.globo.com/globo-news/videos/t/todos-os- videos/v/ministerio-da-saude-manda-fechar-servico-de-cirurgia-vascular-no-hospital-fed-de-ipanema/5965352/.

17. A Constituição da República Federativa do Brasil elenca a saúde como um direito fundamental, inserido no capítulo dos direitos sociais, que deve ser assegurado a todas as pessoas.

Constituição Federal

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

18. As ações do Ministério da Saúde violam frontalmente o dispositivo constitucional aventado ao desconsiderar os impactos do corte de verbas sobre a garantia de atendimento à população.

19. A decisão, ao que parece, foi tomada sem quaisquer estudos e com motivação eminentemente política, o que justifica a intervenção do CREMERJ e do Ministério Público Federal de modo a vetar a adoção de tão drástica medida contrária aos interesses difusos da população dependente de atendimento médico pelo SUS.

III – DO PEDIDO

20. Ante o exposto, considerando a necessidade de assegurar o acesso à saúde pela população, a SBACV-RJ requer ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro a apuração dos fatos, ou a remessa da presente notícia ao Ministério Público para a adoção das medidas das medidas cabíveis visando a proteção e efetivação do direito fundamental à saúde da população do Estado do Rio de Janeiro.

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Ministério Público Federal.

Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2017.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANGIOLOGIA E DE CIRURGIA VASCULAR DO RIO DE JANEIRO Presidente

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