Potencial antimicrobiano de Ruta sp (Arruda)
Antimicrobial potential of Ruta sp (Rue)
Potencia antimicrobiana de Ruta sp (Ruda)
Renan Henrique Gomes Neves
1, Mauro Emílio de Souza
1, Ana Beatriz Alkmim Teixeira Loyola
2,
Mírian Lobo Sáber
2*
RESUMO
Objetivo: Avaliar a atividade antimicrobiana do extrato hidroetanólico e óleo essencial da planta Ruta sp. Metodologia: O óleo essencial de Ruta sp. foi obtido comercialmente através do site www.mundodosoleos.com, as folhas para a extração etanólica foram obtidas no mercado municipal de Pouso Alegre, MG, e levadas para o laboratório multidisciplinar de Biologia da Universidade do Vale do Sapucaí, em seguida, as folhas foram trituradas até a consistência de pó, foram, então utilizados 20g da planta e adicionados 300 mL de álcool 70%. A mistura com foi armazenada em frasco à temperatura ambiente, em agitação durante um período de sete dias. Para o teste in vitro da ação antimicrobiana, foi utilizada a técnica de disco difusão em ágar Muller-Hinton para o óleo essencial e para as duas concentrações do extrato etanólico (1,25 mg/ml e 2,5 mg/ml), frente aos micro-organismos: Candida albicans, Candida parapsilosis, Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas
aeruginosa. Resultados: O estudo sobre o efeito antimicrobiano do extrato de Ruta sp provou atividade
antimicrobiana para três dos cinco micro-organismos testados na concentração de 2,5 mg/ml: Candida
parapsilosis, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, já para a concentração de 1,25 mg/ml houve a
inibição microbiana apenas perante à P. aeruginosa, enquanto que o óleo essencial não obteve nenhum efeito antimicrobiano frente aos micro-organismos testados. Conclusão: A partir deste estudo, é possível concluir que o extrato hidroetanólico de Ruta sp possui atividade antimicrobiana contra os micro-organismos Candida
Parapsilosis Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, sendo mais eficaz com o micro-organismo Pseudomonas aeruginosa, já o óleo essencial foi ineficaz frente a todos os micro-organismos testados, porém
recomenda-se o estudo mais aprofundado dessa espécie.
Palavras chave: Atividade antimicrobiana, Ruta sp, extrato hidroetanólico, óleo essencial.
ABSTRACT
Objective: To evaluate the antimicrobial activity of hydroethanol extract and essential oil of the plant Ruta sp Methodology: The essential oil of Ruta sp. was obtained commercially through the website www.mundodosoleos.com, the leaves for an ethanolic extraction were obtained in the municipal market of Pouso Alegre, MG, and taken to the multidisciplinary laboratory of Biology of the University of Vale do Sapucaí, then, as leaves were crushed to a powder consistency, were then used 20g of the plant and added 300 mL of 70% alcohol. The mixture was stored at room temperature with stirring over a period of seven days. For the in vitro test of the antimicrobial action, a diffusion detection technique in alcohol (1.25 mg/mL and 2.5 mg/mL) was used, in front of Microorganisms: Candida albicans, Candida parapsilosis, Escherichia coli, Staphylococcus aureus and
Pseudomonas aeruginosa. Results: The antimicrobial effect of Ruta sp extract showed antimicrobial activity in
three of the five microorganisms tested at 2.5 mg/mL: Candida parapsilosis, Staphylococcus aureus and
Pseudomonas aeruginosa, already at a concentration of 1.25 mg/mL had a microbial inhibition only against the
tested microorganisms. Conclusion: From this study, it is possible to conclude that the hydroethanolic extract of
Ruta sp. has antimicrobial activity against the microorganisms Candida Parapsilosis, Staphylococcus aureus and Pseudomonas aeruginosa, being more effective with the microorganism Pseudomonas aeruginosa, since the
essential oil was ineffective against all microorganisms tested.
Keywords: Antimicrobial activity, Ruta sp, hydroethanol extract, essential oil.
1
Docente da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), Pouso Alegre, Minas Gerais, Brasil.
2
Docente da UNIVÁS, Pouso Alegre, Minas Gerais, Brasil. * Email: mirianlsaber@gmail.com Recebido em: 4/2017 Aceito em: 5/2017 Publicado em: 6/2017
RESUMEN
Objetivo: Evaluar la actividad antimicrobiana del extracto hidroetanólico y aceite esencial de la planta Ruta sp. Metodología: El aceite esencial de Ruta sp. Se obtuvo comercialmente a través del sitio www.mundodosoleos.com, las hojas para la extracción etanólica fueron obtenidas en el mercado municipal de Pouso Alegre, MG, y llevadas al laboratorio multidisciplinario de Biología de la Universidad del Valle del Sapucaí, a continuación, las hojas fueron trituradas hasta la consistencia de polvo, fueron entonces utilizados 20g de la planta y se añadieron 300 mL de alcohol 70%. La mezcla con fue almacenada en frasco a temperatura ambiente, en agitación durante un período de siete días. Para la prueba in vitro de la acción antimicrobiana, se utilizó la técnica de disco de difusión en agar Muller-Hinton para el aceite esencial y para las dos concentraciones del extracto etanólico (1,25 mg/ml y 2,5 mg/ml), frente A los microorganismos: Candida albicans, Candida
parapsilosis, Escherichia coli, Staphylococcus aureus y Pseudomonas aeruginosa. Resultados: El estudio sobre
el efecto antimicrobiano del extracto de Ruta sp. probó actividad antimicrobiana para tres de los cinco microorganismos probados en la concentración de 2,5 mg/ml: Candida parapsilosis, Staphylococcus aureus y
Pseudomonas aeruginosa, ya para la concentración de 1,25 mg/ml hubo inhibición microbiana sólo frente a la P. aeruginosa, mientras que el aceite esencial no obtuvo ningún efecto antimicrobiano frente a los microorganismos
probados. En el presente estudio se puede concluir que el extracto hidroetanólico de Ruta sp posee actividad antimicrobiana contra los microorganismos Candida Parapsilosis, Staphylococcus aureus y Pseudomonas
aeruginosa, siendo más eficaz con el microorganismo Pseudomonas aeruginosa, ya el aceite esencial fue ineficaz
Frente a todos los microorganismos probados, pero se recomienda el estudio más profundo de esta especie. Palabras clave: actividad antimicrobiana, Ruta sp, extracto hydroethanol, aceite esencial.
NTRODUÇÃO
As plantas com fundamentos terapêuticos estão presentes na sociedade humana desde os primeiros resquícios de vida no planeta terra. Antes mesmo da arte de escrever já se são notáveis a presença e o uso dessas plantas para o uso medicinal (CARNEIRO et al., 2014).
Os óleos essenciais são produtos produzidos naturalmente pelas plantas, as partes onde mais se encontram os óleos são semente, cascas da árvore, flores, cascas de frutos, folhas, entre outros. (WOLFFENBUTTEL, 2010). São complexos de substâncias aromáticas, voláteis, na sua maioria líquidas, e podem também ser chamados de óleos etéreos ou essências (GIORDANI et al., 2008). Dentre as técnicas mais utilizadas, destacam-se a destilação por arraste a vapor e extração com solventes voláteis, por destacam-serem muito simples, de fácil manipulação e execução e também por ter um bom rendimento e ser de baixo custo (BAKKALI et al., 2008).
Estima-se que existam em todo o Brasil 332 espécies de plantas terapêuticas, sendo um total de 20.000 espécies divididas por 72 países (RIBEIRO et al 2013). As plantas medicinais representam o principal material médico utilizado pelas chamadas medicinas tradicionais, sendo esta a que utiliza o maior número de espécies diferentes (HAMILTON, 2003), e correspondem às mais antigas formas utilizadas pela humanidade no tratamento de doenças (MORAES; SANTANA, 2001).
Para ser chamada de planta medicinal, a espécie tem que ser registrada em pelo menos cinco países como terapêutica, ou que esteja na farmacopeia nacional, sendo este registro obtido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). É de grande importância a pesquisa experimental de plantas medicinais e de seus princípios ativos, para que se tenha garantia da eficácia e segurança no tratamento terapêutico (SANTOS et al. 2008).
No Brasil, tem se aberto grande espaço para o uso de fitoterápicos em estudos sendo desenvolvidos remédios naturais, onde em vários estados há apoio do governo e de empresas parceiras, aumentando a visibilidade e o foco nas plantas para que haja o conhecimento da população (OLIVEIRA et al., 2006).
A arruda pertence à família das Rutáceas, sendo uma planta conhecida pelo seu cheiro forte e desagradável. É uma planta que possui folhagens esverdeadas em tom mais claro. A composição da arruda pode variar de acordo com fatores ambientais ou genéticos, podendo ser encontrados compostos como gomas, resinas, saponinas e alantoína, entre outros (MENDES et al., 2008).
A alantoína é responsável pela parte de cicatrização de feridas, e os compostos fenólicos e tanino sendo utilizados pelo alto nível antibiótico, podendo ser usadas no combate a bactérias patogênicas encontradas em lesões de diversos seres vivos (MENDES et al., 2008; STEFFEN 2010), além disto, a arruda é uma planta muito
utilizada em diversos países da Europa e da América, estando incorporada a maioria das farmacopeias e seu óleo essencial está reconhecido pela Food and Drug Administration (USA) na categoria GRAS (geralmente considerado seguro) para ser usado como saborizante em confeitos e produtos alimentícios, com um limite máximo permitido de 10ppm (ALONSO,1998).
Quanto a sua toxicidade, a arruda quando ingerida em grande quantidade em forma de decocção, pode ocasionar cólicas gastrointestinais, diarreia, movimento fibrilante da língua, congestão pelviana; e graves como: confusão mental choque, convulsões e morte (ALONSO,1998). Porém com uso tópico é benéfico, sendo muito utilizado como tratamento contra oxiúros, combate de piolhos, cicatrizante (YAMASHITA et al., 2009).
As plantas medicinais vêm sendo utilizada para novos testes, pois são de fácil acesso e baixo custo, trazendo benefícios se comprovada sua eficácia. (ARNOUS, 2005). Assim, tendo em vista o grande interesse pelos compostos fitoterápicos para os mais diversos fins, objetivou-se neste trabalho, testes in vitro para comprovar a eficácia da planta arruda (Ruta sp.) contra leveduras e bactérias encontrados no dia a dia, causadores de várias doenças como: Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Candida albicans, Candida parapsilosis e Pseudomonas
aeruginosa.
METODOLOGIA
Materiais:
As folhas desidratadas da planta Ruta sp. foram compradas no mercado municipal da cidade de Pouso Alegre MG e o óleo essencial da arruda obtido comercialmente (www.mundodosoleos.com).
Preparo do extrato de Arruda:
A partir do material vegetal já triturado, para a obtenção do extrato etanólico das estruturas de Ruta sp., foi utilizado o método de Silva et al. (2014), com algumas alterações; sendo assim, foram utilizados 20g da planta e adicionados 300 mL de álcool 70%. A mistura com foi feita em frasco à temperatura ambiente, em agitação durante um período de sete dias e, para evitar o contato com a luz, todos os frascos foram tampados e vedados com papel alumínio.
Após sete dias de agitação, os extratos etanólicos de Ruta sp. foram filtrados em bomba a vácuo, o líquido etanólico foi acondicionado em frasco de vidro e foi utilizado o Rota vaporizador para a evaporação total do etanol.
Após a completa secagem do composto das folhas de Ruta sp., foram pesadas duas diferentes massas e como solvente foi utilizado 10 ml de álcool absoluto (Silva et al., 2014). Duas concentrações dos compostos etanólicos das folhas foram obtidos, 2,5 mg/ml e 1,25 mg/ml, que foram acondicionadas em vidro âmbar, a temperatura ambiente.
Preparação do inóculo bacteriano:
As cepas padrões (American Type Colection Culture ATCC) utilizadas foram: Candida albicans (ATCC 90028),
Candida parapsilosis (ATCC 22019), Escherichia coli (ATCC 25922), Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853).
Os inóculos dos microrganismos foram preparados anteriormente em caldo Muller-Hinton no qual foram armazenadas em estufa, a 35ºC, durante um período de 24h para o crescimento.
Avaliação da atividade antimicrobiana:
Para a avaliação do efeito antimicrobiano dos extratos etanólicos e do óleo essencial de Ruta sp. foi utilizada
a técnica de disco de difusão em Ágar Muller-Hinton. A suspensão do microrganismo previamente crescidos foi semeada 100 µl com auxílio da alça de Drigalsky em toda a superfície do meio de cultura. Na técnica de disco de difusão em Ágar, quatro discos de papel-filtro, de 6 mm de diâmetro cada, foram adicionados à placa de Petri e impregnados com 15µl de cada concentração do composto (2,5 mg/ml e 1,25 mg/ml) e do óleo essencial.
Para o controle negativo foram semeados 100µl do inóculo de cada microrganismo testado com auxílio de uma alça de Drigalsky por toda a superfície do Ágar. Após a inoculação foram inseridos quatro discos de
papel-filtro de 6 mm de diâmetro com 15µl de álcool absoluto. As placas foram incubadas em estufa à temperatura de 35ºC durante um período de 24h.
Análise microbiana:
Após a incubação das placas foram feitas as leituras dos resultados, medindo-se os halos formados pelos microrganismos ao redor dos discos impregnados com 15µl do extrato e do óleo. Os testes foram realizados em triplicatas e as médias dos halos foram calculadas.
RESULTADOS
O estudo sobre o efeito antimicrobiano de Ruta sp. mostrou atividade antimicrobiana para os extratos etanólicos perante três dos cinco micro-organismos testados: Candida parapsilosis, Staphylococcus aureus e
Pseudomonas aeruginosa, porém foi ineficaz para o óleo essencial, como pode ser observado na Tabela 1.
Tabela 1 - Ação antimicrobiana dos extratos etanólicos e óleo essencial frente a diferentes microrganismos. Micro-organismo Extrato (2,5 mg/ml) Extrato (1.25 mg/ml) Óleo essencial C.parapsilosis 0,26 cm 0 cm 0 cm P.aeruginosa 0,26 cm 0,16 cm 0 cm S.aureus 0,30 cm 0 cm 0 cm E. coli 0 cm 0 cm 0 cm C. Albicans 0 cm 0 cm 0 cm
De acordo com os resultados é possível observar que em determinados micro-organismos houve ação antimicrobiana do extrato de 2,5 mg/ml. Também foi possível observar que houve inibição de com ambos os extratos frente à Pseudomona aeruginosa, entretanto não houve inibição aos micro-organismos testados frente ao óleo essencial.
Analisando o resultado de S. aureus, e C. parapsilosis, pode-se verificar na tabela que os resultados obtidos foram apenas perceptíveis no extrato de concentração em 2,5 mg/ml, sendo que no extrato de 1,25 mg/ml não obteve inibição.
Os micro-organismos Escherichia coli e Candida Albicans não obtiveram inibição do crescimento em nenhuma das concentrações testadas.
DISCUSSÃO
Para o presente estudo, é possível observar que a concentração de 2,5 mg/ml do extrato etanólico utilizado, foi capaz de apresentar uma melhor atividade antimicrobiana.
Estudos têm sido realizados onde demonstram efeito antimicrobiano de extrato etanólico de Ruta sp. em microrganismos patogênicos humanos, como Pseudomonas aeruginosa (OJALA, et al., 2000); Staphylococcus
aureus (ALZOREKY and NAKAHARA, 2003); e Bacillus subtillis (AL-BAKRI, 2007).
Segundo Orlanda (2011), o óleo essencial de Ruta graveolens nos testes de sensibilidade antimicrobiano demonstrou que o óleo essencial na concentração de 0,5% foi muito eficiente no controle de Candida albicans e
Candida tropicalis. Ainda no mesmo estudo, os óleos essenciais apresentaram atividade antibacteriana no
crescimento de Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella sp e Escherichia coli, mas não foram eficientes para inibir o crescimento de Saccharomyces cerevisiae, Aspergillus flavus, Aspergillus fumigatus e Aspergillus niger.
A ação extratos vegetais e de seus constituintes promovem a deterioração da parede celular, modifica a membrana plasmática e as proteínas de membrana de microrganismos (LUO et al., 2004), podem também interromper sistemas enzimáticos, comprometendo assim, o material genético da célula (LV et al., 2011).
Para tanto, Viana et al. (2008) ressaltam que ação antifúngica de extratos vegetais pode ter influência pelo ambiente ao qual a planta foi exposta, a fatores genéticos, utilização de diferentes métodos de extração e ao uso de diferentes concentrações.
Vários trabalhos demonstram que o uso de diferentes concentrações de extratos vegetais pode interferir nos resultados obtidos onde foram utilizadas as mesmas espécies vegetais (RANGANATHAN e BALAJEE, 2000; SOMCHIT et al., 2003).
Os grandes avanços que têm se obtido na compreensão e também na identificação de possíveis mecanismos com ação antimicrobiana demonstram que inúmeros fatores podem ser responsáveis pelo resultado final da substância, ocasionando assim diferentes efeitos na atividade antimicrobiana (CATÃO, 2007).
Este estudo se torna importante, pois na literatura são pouco encontrados trabalhos com ação antimicrobiana referente a extratos etanólicos e óleo da planta em questão, porém outras espécies da mesma planta já foram utilizadas com metodologias diferentes frente a outros micro-organismos, podendo coincidir com alguns desses micro-organismos utilizados nesse estudo.
CONCLUSÃO
A partir deste estudo, é possível concluir que o extrato etanólico de Ruta sp. na concentração de 2,5 mg/mL possui atividade antimicrobiana contra os micro-organismos Candida Parapsilosis, Staphylococcus aureus e
Pseudomonas aeruginosa, já o óleo essencial, não foi capaz de inibir nenhum dos micro-organismos testados.
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