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PROJETO ACADEMIA MARIA ESTER DE LEITURA E ESCRITA AME

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Academic year: 2021

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Ana Cláudia Gouveia de Sousa Ofinartes – Centro de vivência, estudo e pesquisa educativa Ana Emília Nogueira Colégio Maria Ester

Resumo

O projeto Academia Maria Ester de Leitura e Escrita – AME visa incentivar o prazer pela leitura e escrita, na formação de jovens críticos, capazes de interferir e transformar a realidade em que vivem. Para isso, os 30 alunos componentes da Academia realizam diversas atividades de incentivo à leitura e escrita, dentro e fora do Colégio Maria Ester, sob a supervisão das professoras coordenadoras da AME. A Academia também lançou livros com coletâneas de textos dos alunos, já arrecadou e doou mais de 10.000 livros para bibliotecas de escolas públicas, participou de eventos literários e ganhou edital de incentivo às artes. Com essas e outras estratégias, as principais aprendizagens dos alunos têm sido a perseguição de um currículo transdisciplinar, através de uma experiência que busca educar para a solidariedade, a cooperação e a cidadania.

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PROJETO ACADEMIA MARIA ESTER DE LEITURA E ESCRITA – AME Ana Cláudia Gouveia de Sousa Ofinartes – Centro de vivência, estudo e pesquisa educativa Ana Emília Nogueira Colégio Maria Ester

Contexto

O Projeto AME tem sido desenvolvido no Colégio Maria Ester, escola de Educação Básica, localizada em Fortaleza- Ceará. O público-alvo do projeto são alunos do ensino fundamental e médio, mediante participação direta de 30 alunos que compõem a Academia, além dos demais alunos do colégio que participam indiretamente das ações desenvolvidas pela Academia. O projeto é coordenado pelas professoras de língua portuguesa e literatura.

Cronograma

O projeto iniciou-se em 2004, e é contínuo, sendo que a Academia ganha um novo membro cada vez que um outro sai por algum motivo que o leve a se desligar do projeto ou da escola. Ou, ainda, quando concluído o ensino médio. A diretoria renova-se a cada dois anos, oportunizando uma participação mais ampla e democrática dos alunos.

Sete saberes

O projeto AME se aproxima dos saberes “Ensinar a identidade terrena” e “Ensinar a condição humana”, sobretudo dos itens: educação, cidadania e democracia, sendo uma experiência de educação para a solidariedade e para a cooperação.

Breve histórico da instituição

O Colégio Maria Ester – CME – foi fundado em 1984 por educadores comprometidos com o desejo de ajudar a construir uma sociedade mais consciente, mais digna de se conviver, onde haja respeito mútuo, igualdade sem discriminação e justiça social. Um lugar onde todos possam partilhar de um meio mais solidário e humano.

Consciente da estrutura de exclusão social, econômica, cultural, afetiva e intelectual do mundo contemporâneo, e da comunidade onde está inserido, o CME busca refletir com sua comunidade educativa as questões que levam a essas exclusões, com o intuito de desenvolver nos seres humanos um espírito crítico, participativo, capaz de vencer, pensar, fazer, criar, agir e mudar.

Para isso, adota como filosofia a formação do homem como um todo, dentro dos princípios cristãos, para que veja no próximo um irmão e nunca venha a se tornar um oprimido ou opressor. É uma visão de educação baseada na Teoria Libertadora de Paulo Freire, em que o aluno questiona a realidade e se posiciona como sujeito desta realidade.

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A educação libertadora não é apenas uma educação romanticamente liberal ou tendente à liberdade. É aquela educação que concretamente questiona a realidade das relações dos indivíduos com os outros e com o mundo que os envolve.

Objetivo geral

Despertar o prazer pela leitura e escrita, e utilizá-las como mediadoras para a formação de jovens críticos, capazes de interferir e transformar a realidade em que vivem, na busca por um mundo mais humano e solidário.

Objetivos específicos

Estimular o prazer e as competências de leitura e escrita como ações humanas de apreciação e produção estética e afetiva;

Compreender a condição humana e exercitá-la através do anúncio de valores, de ações solidárias, cooperação e cidadania, permeadas pela sensibilidade.

Utilizar a leitura e a escrita crítica da realidade como instrumentos de denúncia e de transformação das injustiças sociais, pelo reconhecimento da essência da identidade terrena;

Conteúdos curriculares

Os principais conteúdos trabalhados no projeto são relativos à literatura (poesia, prosa, texto teatral etc); à língua portuguesa (leitura, escrita, gêneros textuais, oralidade etc.); às ciências humanas (solidariedade, leitura crítica da realidade e do contexto em que os alunos estão inseridos, cidadania, ética); artes (cinema, teatro, dança, poesia, romance).

São também trabalhados, como conteúdos deste projeto, os Patronos dos Acadêmicos, que são os escritores e poetas cearenses e brasileiros, que têm suas vidas e obras lidas, estudadas e discutidas frequentemente nas atividades da Academia.

Estratégias utilizadas

Realização de oficinas, mini-cursos, debates, exibições de filmes, visitas às salas de aula, exposições literárias, recitais, homenagens, palestras, peças teatrais, festivais artísticos e culturais, comemorações na Semana do Livro, concursos, elaboração de jornais do colégio. Arrecadação e doação de mais de 10.000 livros a bibliotecas de escolas públicas, criação da biblioteca da Casa Menino Jesus (instituição de apoio a crianças com câncer).

Lançamento de livros com coletâneas dos textos dos alunos: Momentos poéticos (2005); Inquietudes (poesias - 2007); o sonho e a realidade (2010), nas Bienais Internacionais do Livro. Apresentação de peças e musicais, inclusive para a educação infantil, a partir de adaptações de livros diversos; apoio à criação de outras academias de leitura e escrita em escolas públicas e privadas; participação em debates e atividades literárias promovidas por várias instituições; participação em editais de incentivo às

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artes. Neste ano de 2010 alguns acadêmicos iniciam sua participação como palestrantes de temas como “família”, “drogas” e “importância da leitura”.

Avaliação

O projeto tem sido avaliado participativamente, ao longo de sua execução, antes, durante e depois de cada atividade, ouvindo os alunos, professores e toda a comunidade envolvida. E, ainda, através dos próprios textos dos alunos.

Percebemos alguns indicadores das aprendizagens buscadas pelos objetivos traçados para esse projeto, dentre elas:

O desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita dos alunos, além da sensibilidade estética nas produções e na capacidade de apreciação artística e literária dos alunos, como podemos evidenciar por poemas e depoimentos:

E o movimento foi dando certo / Nascendo cultura naquele pedaço de chão / Livro, revolução arretada! / E o povo mais alto gritava: Literatura é revolução!

A cada leitura, a sensação de estarmos entrando num quarto onde estavam guardados segredos antes escondidos, sussurrados no silêncio da noite ao dormir, ou compartilhados com a lua, as estrelas, o vento, as borboletas, as rosas e até mesmo com o (a) amado (a) que se imaginava estar ali à frente. Por vezes sentimos exatamente o que disse Fernando Pessoa: ‘O poeta é um fingidor / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente’.

Nos livros da AME, já publicados, muitos temas são desenvolvidos por esses escritores. Muitos descrevem o próprio fazer poético em metapoemas. Outros se aventuram em intertextualidades. Todos demonstram expressividade, maturidade, sensibilidade e acima de tudo a certeza de que, como diz o poeta: “Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.”

Os alunos despertam para as possibilidades de engajamento e responsabilidade da AME em relação ao incentivo e à divulgação de valores humanos e da condição humana e solidária das pessoas enquanto pertencentes a uma mesma espécie. Podemos perceber essas evidências por ações como um recital de poesias sugerido e realizado pela AME em um Seminário de Pais e Educadores ocorrido no colégio, quando questionamentos e reflexões sobre educação foram levantados através das poesias desses jovens, que dentre outras coisas argumentam pela necessidade de uma educação para os valores e a solidariedade. Alguns depoimentos de alunos apontam também para esses resultados:

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O projeto ainda é uma criança, mas seus feitos continuam rompendo barreiras e desafiando o senso comum. Como o incentivo à leitura é essencial para a formação de seres conscientes, solidários e humanos, a arrecadação e doação de livros continua. Mais de 10.000 livros já foram doados, entre 2006 e 2010, para escolas públicas municipais e estaduais. Outra ação sugerida e realizada pelos alunos foi um sarau de fim de tarde em

plena Praça do Ferreira, no centro de Fortaleza, onde os jovens recitaram suas poesias e as de poetas consagrados, na busca por socializar o conhecimento, a beleza e as leituras. O público aplaudia e pedia mais. Uma das Acadêmicas assim expressou o seu pensar:

Sei que isto é poesia / Começo a me emocionar / É a força da imaginação que me faz falar...

Os Acadêmicos são convidados para eventos, programas de televisão, debates e atividades diversas ligadas à literatura. Além disso, o projeto passou, então, a ser um referencial para a criação de Academias em escolas públicas e privadas de Fortaleza, inclusive para a Secretaria de Cultura e para a Academia Fortalezense de Letras, que resolveram unir esforços na criação de outras academias no estado do Ceará.

Elaboração e execução de projetos pelos Acadêmicos para os demais alunos do colégio. O olhar sobre a cultura popular, por exemplo, fez concretizar, durante a Semana do Livro, a encenação do “Auto da compadecida”, de Ariano Suassuna. Através dessa atividade, os Acadêmicos vivenciaram todo o processo de leitura e montagem de uma peça teatral, e buscaram, despertar no público a criticidade através das denúncias que o texto da peça fazia.

O segundo livro da AME – Inquietudes – trouxe poesias mais amadurecidas, idéias questionadoras sobre o mundo em que vivem, a não aceitação de uma realidade, a inquietação diante da passividade dos seres humanos, a denúncia do que não serve, os sonhos da juventude, os sentimentos, as angústias, a esperança. Alguns poemas que referendam os aprendizados e competências construídas:

Mudanças Alberto Sávio

Será que podemos mudar o mundo? / Acabar com a destruição? / Será que temos tempo para pensar na salvação? / Será que iremos sobreviver? / Será que todos pensam assim? / Talvez já estejamos em mudança, / mas será boa ou ruim? / Por que cortamos árvores / se elas nos trazem ar? / Se começarmos a mudar isso, / o mundo sobreviverá / E quanto à poluição? / O que a gente faz? / Basta não sujarmos, / que a natureza ficará normal / E os animais? / Como iremos ajudá-los? / Basta não matarmos, / assim eles

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Projeto

Os pontos fortes do projeto Academia Maria Ester de leitura e escrita – AME têm sido a adesão dos alunos da escola, de forma direta (como acadêmicos) ou de forma indireta, participando e sendo afetados pelas atividades desenvolvidas pela AME. Dessa forma, eles não têm apenas sido trabalhados em sua intelectualidade, mas em suas emoções, visão de mundo, atitudes e formação humana, porque nesse projeto “A palavra não sai só pela boca / Mas do corpo, das mãos, de um olhar / A palavra tem tamanha força / Que nasceu de um desejo, de um sonhar”.

Considerações sobre Os Sete Saberes

O mundo contemporâneo aponta problemas centrais ou fundamentais que permanecem totalmente ignorados ou esquecidos, e que é necessário serem enfrentados para se ensinar no século presente. Nessa perspectiva, segundo Morin (2003), há sete saberes fundamentais que a educação do futuro deveria tratar em toda sociedade e em toda cultura, sem exclusividade nem rejeição, segundo modelos e regras próprias a cada sociedade e a cada cultura.

Dentre esses saberes, a necessidade de ensinar a identidade terrena às nossas crianças e jovens, destaca-se, neste projeto, como mais explorada. Na busca por formar jovens críticos na leitura e escrita da realidade do mundo presente, fazendo isso sem perder de vista a beleza da condição humana, da relação solidária com os pares e, principalmente, da arte, da poesia, da apreciação do belo.

Nesse sentido a experiência da Academia Maria Ester de Leitura e Escrita tem se constituído em uma ação na busca por uma educação que vai além da aquisição de conhecimentos, uma educação para a solidariedade, a cooperação e a cidadania.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. ____________. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

____________. Educação como prática de liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1971. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários á educação do futuro. 8. Ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2003.

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PROJETO ACADEMIA MARIA ESTER DE LEITURA E ESCRITA – AME Ana Cláudia Gouveia de Sousa Ofinartes – Centro de vivência, estudo e pesquisa educativa Ana Emília Nogueira Colégio Maria Ester

Contexto

O Projeto AME tem sido desenvolvido no Colégio Maria Ester, escola de Educação Básica, localizada em Fortaleza- Ceará. O público-alvo do projeto são alunos do ensino fundamental e médio, mediante participação direta de 30 alunos que compõem a Academia, além dos demais alunos do colégio que participam indiretamente das ações desenvolvidas pela Academia. O projeto é coordenado pelas professoras de língua portuguesa e literatura.

Objetivo geral

Despertar o prazer pela leitura e escrita, e utilizá-las como mediadoras para a formação de jovens críticos, capazes de interferir e transformar a realidade em que vivem, na busca por um mundo mais humano e solidário.

Objetivos específicos

Estimular o prazer e as competências de leitura e escrita como ações humanas de apreciação e produção estética e afetiva;

Compreender a condição humana e exercitá-la através do anúncio de valores, de ações solidárias, cooperação e cidadania, permeadas pela sensibilidade.

Utilizar a leitura e a escrita crítica da realidade como instrumentos de denúncia e de transformação das injustiças sociais, pelo reconhecimento da essência da identidade terrena;

Conteúdos curriculares

Os principais conteúdos trabalhados no projeto são relativos à literatura; à língua portuguesa; às ciências humanas; artes. São também trabalhados, como conteúdos deste projeto, os Patronos dos Acadêmicos, que são os escritores e poetas cearenses e brasileiros, que têm suas vidas e obras lidas, estudadas e discutidas frequentemente nas atividades da Academia.

Sete saberes

O projeto AME se aproxima dos saberes “Ensinar a identidade terrena” e “Ensinar a condição humana”, sobretudo dos itens: educação, cidadania e democracia, sendo uma experiência de educação para a solidariedade e para a cooperação.

Cronograma

O projeto iniciou-se em 2004, e é contínuo, sendo que a Academia ganha um novo membro cada vez que um outro sai por algum motivo que o leve a se desligar do projeto ou da escola. Ou, ainda, quando concluído o ensino médio. A diretoria renova-se a cada dois anos, oportunizando uma participação mais ampla e democrática dos alunos.

(8)

Oficinas, mini-cursos, debates, exibições de filmes, visitas às salas de aula, exposições literárias, recitais, homenagens, palestras, peças teatrais, festivais artísticos e culturais, comemorações na Semana do Livro, concursos, elaboração de jornais do colégio. Arrecadação e doação de livros a bibliotecas de escolas públicas.

Avaliação

Indicadores das aprendizagens:

O desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita dos alunos, além da sensibilidade estética nas produções e na capacidade de apreciação artística e literária dos alunos, como podemos evidenciar por poemas e depoimentos:

E o movimento foi dando certo / Nascendo cultura naquele pedaço de chão / Livro, revolução arretada! / E o povo mais alto gritava: Literatura é revolução!

Nos livros da AME, já publicados, muitos temas são desenvolvidos por esses escritores. Muitos descrevem o próprio fazer poético em metapoemas. Outros se aventuram em intertextualidades. Todos demonstram expressividade, maturidade, sensibilidade e acima de tudo a certeza de que, como diz o poeta: “Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.”

Os alunos despertam para as possibilidades de engajamento e responsabilidade da AME em relação ao incentivo e à divulgação de valores humanos e da condição humana e solidária das pessoas enquanto pertencentes a uma mesma espécie. Realizaram um recital de poesias em um Seminário de Pais e Educadores ocorrido no colégio, quando questionamentos e reflexões sobre educação foram levantados através das poesias desses jovens, que dentre outras coisas argumentam pela necessidade de uma educação para os valores e a solidariedade.

Referências

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