Breve exposição sobre a busca por
conhecimento: ciência ao longo da história
Surgimento da Tecno- Ciência e Positivismo
Evolucionismo
Disciplinas
Mudança de pensamento: distanciamento do
antropocentrismo, aproximação do holismo
Homo sapiens:
cerca de 200.000 anos,
alcançando a Europa Ocidental há apenas
35.000 anos
Ciências: baseava-se em conhecimentos práticos.
Mentalidade curiosa, desenvolvimento da
filosofia, da matemática (Platão, Aristóteles,
Pitágoras, Arquimedes).
◦ Península recortada: proximidade com o mar, condições naturais favoráveis à navegação: marinheiros comerciantes.
◦ Desenvolvimento do comércio, maior utilização da moeda.
Ciências: bases gregas e hindus, grande progresso
em química, astronomia, matemática.
Ocidente beneficiado com o contato: contribuições
na filosofia aristotélica, numeração, papel, bússola, pólvora, algodão, cana-de-açúcar, etc.
Na Idade Média: estudos experimentais, tradução
Agricultura é o principal setor.
Crescimento demográfico e inovações
técnicas do séc. XI geraram excedente
agrícola: comércio (importavam
mercadorias de luxo, como especiarias,
seda).
Nova hierarquia de valores: mais racional, centrada
nos humanos, menos dogmática e teocêntrica.
Igreja (séc. XII) tenta se adaptar a novos valores:
redescoberta de Aristóteles (escolástica)
Racionalismo: volta do espírito científico.
Absolutismo
Capitalismo
comercial,
Mercantilismo:
reforço do poder
monárquico
Época da Expansão
ultramarina:
Desenvolvimento
comercial,
desenvolvimento
artesanal.
Humanismo: avaliar o homem em sua essência. Ciência: compreender o mundo para tentar
dominá-lo.
Divórcio entre fé e razão.
Ciências: Avanço da Física e da Matemática.
Microscópio, bússola, sistemática (coleções dos naturalistas).
Teologia judaico-cristã: processo de
dominação no Ocidente.
Cientistas pesquisavam a ordem do mundo,
Racionalismo: razão é o único meio válido para o
conhecimento humano.
Estudo da natureza para conhecer leis divinas e
aceitá-las. Enfraquecimento do cristianismo.
Doutrinas que estabeleciam os direitos naturais do
homem, a ordem da sociedade, leis mais vantajosas para se viver.
Descartes
Cresce a importância de se usar o “método
científico”:
◦ Observação
◦ Hipótese: a explicação provisória dos fenômenos observados.
◦ Verificação da hipótese: experimentação. Quando experimentação não é viável, mas a hipótese torna inteligível um grande número de dados e não se consegue refutá-la, é considerada valiosa.
Nasce vinculada à idéia de intervir na
Natureza: conhecer para apropriar-se dela,
para controlá-la e dominá-la.
Ciência não é apenas contemplação da
verdade, mas é sobretudo o exercício do
poderio humano sobre a Natureza.
Numa sociedade em que o capitalismo está
surgindo e que, para acumular o capital,
deve ampliar a capacidade do trabalho
humano para modificar e explorar a
Natureza, a nova ciência será inseparável da
técnica.
Expansão do
comércio
ultra-marino:
aperfeiçoamento na
produção, divisão
de trabalho nas
fábricas (fordismo),
necessidade de
invenções (muitas
pesquisas).
Com o crescimento populacional, com a
concentração em cidades e a industrialização (sec XIX), aumentou o uso da eletricidade e dos
combustíveis fósseis, e houve uma revolução tecnológica.
Ciência a serviço da técnica e da produção. (Não é
Pensamento positivista: Auguste Comte.
Ciência é considerada o único conhecimento
possível e o método das ciências da natureza,
o único válido.
Determinismo, sem lugar para liberdade:
◦ a ordem da sociedade é permanente, à imagem invariável da ordem natural. Cabe à ciência
Influenciou: Spencer (evolucionista), Stuart Mill
(filósofo, economista), Lombroso (jurista que
pretendia identificar criminoso nato pela análise de características física), Morgan, Tyler e Fraser
(evolucionismo cultural).
Spencer: cunhou o termo “Evolução” relacionado à
Seleção Natural, e a expressão “sobrevivência do mais apto”.
Acaso poderíamos
duvidar (...) de que
os indivíduos
dotados de alguma
vantagem, mínima
que seja, teriam
maior
probabilidade de
sobreviver e
Por outro lado, podemos estar certos de que
qualquer variação que se mostre nociva (...)
acarretaria inflexivelmente a destruição do
indivíduo. É a essa preservação das variações
favoráveis e eliminação das nocivas que dou
o nome Seleção Natural.
Aplicação de conceitos como “competição”,
“seleção do mais forte” e “evolução”:
◦ Spencer: grande síntese da sociologia, economia
política e biologia - a busca de interesse próprio cria progresso para os fortes em detrimento dos mais
fracos (justificativa conveniente para a
desproporcional riqueza nas mãos de poucos).
Na política: base teórica para práticas
conservadoras e para o imperialismo europeu, que tomou a noção de seleção natural como justificativa para a explicação do domínio ocidental.
◦ O pensamento antropocêntrico judaico-cristão tem importante papel neste processo, na medida em que justifica a
Conceito de evolução como progresso social: idéia
de uma humanidade única, onde a civilização e o progresso são modelos universais que se
desenvolvem em uma única linha e direção, através de estágios, que iriam do mais simples ao mais
complexo, pelos quais mais cedo ou mais tarde todos os grupos sociais passariam.
Eugenia é a “ciência que lida com todas as
influências que melhoram as qualidades
natas de uma raça; também aquelas que as
desenvolvem à máxima vantagem” (Galton).
Idéias eugenistas (Cuvier, Galton), chamado
higienismo
explica as intervenções urbanas
no início do século XX, mas também o
intuito de promover a
melhoria da raça
.
Invasão das casas para matar os mosquitos
Conjunto específico de conhecimentos que
têm as suas características próprias no
terreno do ensino, da formação, dos
mecanismos, dos métodos e dos materiais
(
Berger)
.
Uma disciplina trata de uma certa categoria
de fenômenos que visa tornar inteligíveis e
a propósito dos quais procura fazer
previsões possíveis ou, mais geralmente,
estabelecer correspondências (
Palmade)
.
Metodologia positivista (protocolo da
experiência): fragmentação do saber e
especialização.
Tendência ao holismo: distanciamento do antropocentrismo
Problemas ambientais estão no cerne dos problemas sociais
e, onde não é possível distinguir os aspectos sócio-político-econômicos dos aspectos ecológicos e biológicos - difícil
separar as ciências humanas das ciências naturais. Reforça-se a idéia da interdisciplinaridade, no sentido de que a realidade se apresenta e nós a recortamos para melhor entendê-la. Mas não podemos perder o seu aspecto holístico.
A queda de uma cultura é o resultado mais
provável do seu desenvolvimento adaptativo.
O progresso cultural resulta da adaptação e da
seleção. As culturas que tem mais progresso
têm maior capacidade de adaptar-se ao meio.
Uma cultura superior tem um meio ambiente
maior do que uma cultura inferior, daí a
ascensão dos tipos dominantes: dominância
pode dar lugar a progresso e progresso pode
provocar dominância.
Dados dos antropólogos e sociobiológos em
harmonia com a visão de que as diferenças culturais dependem das propensões
comportamentais que foram moldadas através de gerações pela Seleção Natural, mas cujas
expressões específicas em qualquer cultura ou indivíduo dependem de uma dialética complexa entre níveis sucessivos de complexidade social, bem como de fatores ecológicos e históricos. Não temos que achar significância adaptativa em toda variante da estrutura sociocultural em toda
sociedade (há comportamentos adaptativos que se espalham).
multidisciplinaridade propõe uma estrutura em que
a solução de um problema utiliza informações de duas ou mais especialidades sem que as disciplinas levadas a contribuir para aquelas que a utilizam
sejam modificadas ou enriquecidas. Estuda-se um objeto de estudo sob vários ângulos mas sem que tenha havido antes um acordo prévio sobre os
métodos a seguir e os conceitos a serem utilizados. (Maria Luisa da Silva)
Justaposição de disciplinas diversas, às vezes sem relação
aparente entre elas (Berger).
Quando a solução de um problema requer a obtenção de
informações de uma ou mais ciências ou setores do
conhecimento, sem que as disciplinas que são convocadas por aqueles que as utilizam sejam alteradas ou enriquecidas por isso (Piaget).
Conjunto de disciplinas justapostas sem nenhuma
cooperação entre elas (Jantsch).
A multidisciplinaridade orienta-se para a interdisciplinaridade
quando as relações de interdependência entre as disciplinas emergem. Passa-se então do simples «intercâmbio de ideias» a uma cooperação e a uma certa compenetração das
Nesse sistema tem-se uma relação de
reciprocidade, de mutualidade, em regime de
co-propriedade que possibilita um diálogo
mais fecundo entre os vários campos do
saber, que leva a uma modificação e
enriquecimento das disciplinas envolvidas, na
medida em que cada uma se conscientiza dos
seus limites e acolhe as contribuições de
Tentativa de unidade do Saber
Buscar caminhos para interdisciplinaridade: acerto
de contas com Positivismo e reavaliação de sua herança
Unidade do saber: substituição de uma ciência
fragmentada por uma ciência unificada (repercutirá nas concepções de ensino e pesquisa)
Praticar uma dialética entre o todo e as partes: ◦ Diluição das fronteiras entre as várias disciplinas
◦ Na pesquisa: percepção de que cada ciência, com sua
própria metodologia, dá suas contribuições para o todo de acordo com seu enfoque e perspectiva (toda conclusão
obtida numa área fica como que incompleta, com
“encaixes” preparados para receber complementação de outra.
Termo cunhado por Piaget:
Integração global das várias ciências. À etapa das relações interdisciplinares sucede-se uma etapa superior, que seria a transdisciplinaridade que, não só atingiria as interacções ou reciprocidades entre investigações especializadas, mas também situaria estas relações no interior de um sistema total, sem
fronteiras estáveis entre as disciplinas. Tratar-se-ia de uma teoria geral de sistemas ou estruturas que incluiria estruturas operativas, estruturas
regulatórias e sistemas probabilísticos e que uniria estas diversas
possibilidades por meio de transformações reguladas e definidas (Piaget). A transdisciplinaridade corresponde a «um grau último de coordenação
susceptível de existir num sistema de educação e inovação». É uma etapa avançada relativamente à interdisciplinaridade (Jantsch).
A transdisciplinaridade evoca uma perspectiva de transcendência que se aventura para além dos limites do saber propriamente dito em direcção a uma unidade de natureza escatalógica. Se cada disciplina propõe um
caminho de aproximação ao saber, se cada aproximação revela um aspecto da verdade global, a transdisciplinaridade aponta para um objecto comum, situado além do horizonte da investigação epistemológico, nesse ponto imaginário em que todos as paralelas acabam por se encontrar (Gusdorf).
Nesta etapa superior, a transdisciplinaridade eliminaria as
fronteiras rígidas entre as disciplinas. Isso não significa eliminar as disciplinas, mas abrir-se para aquilo que vai através e além delas, possibilitando uma nova visão da realidade.
Numa estrutura transdisciplinar não há o domínio de uma
disciplina sobre as outras, mas uma abertura para o diálogo, não só das disciplinas entre si, como entre as áreas da ciência e, mais ainda, da ciência com outros campos como a arte, a literatura, a religião.
O advento de uma nova cultura capaz de contribuir para a
eliminação das tensões que ameaçam a vida de nosso planeta será impossível sem um novo tipo de educação que leve em consideração TODAS as dimensões do ser humano.
Refere-se à dinâmica engendrada pela ação de diferentes
níveis de realidade simultânea. As descobertas destas dinâmicas passa pela sabedoria discplinar.
Multi e Interdisciplinaridade: transcendem as
barreiras das disciplinas, mas seu objetivo se mantém na estrutura da pesquisa disciplinar.
Transdisciplinaridade: objetivo radicalmente
diferente: conhecimento do mundo atual, que na estrutura disciplinar não pode ser alcançado.
Buscando um trabalho interdisciplinar.
Sofrendo conseqüências do ensino
disciplinar e modo de vida compatível.
Jeanete Liasch Martins de Sá, 1989:
◦ Questionar a ciência não significa negá-la: é repensá-la em seu caráter sociocultural, é estabelecer vínculos entre o processo científico e as necessidades sociais. Em termos de organização curricular, implica na adoção de modelo alternativo de currículo, assentado em modelo integrativo.
◦ Sujeito interage com objeto (de transformação): percebe e age.
Ciência pode ser crítica e transformadora. (rompendo com a