a forma anóni a de jordan
Fernando Pestanada Costa
Departamento de Ciên iase Te nologia
Universidade Aberta
Lisboa,Portugal
(f ostauab.pt)
23de abril de 2012
Resumo
Estasnotasforamelaboradasparaapoioàle ionaçãodaforma anóni adeJordan
na unidade urri ular21003-Álgebra LinearII, doprimeiro ano da Li en iatura em
Matemáti aeApli açõesdaUniversidadeAberta.
A sua utilização pressupõe que os estudantes tenham tido onta to prévio om
os on eitos de Álgebra Linear usualmente ensinados num primeiro urso semestral
introdutório,in luindoasnoçõesde valorede vetorpróprioeoproblemada
diago-nalizaçãodeapli açõeslinearesedematrizes. NaUniversidadeAbertaestesassuntos
sãoabordadostendoporbaseostextos[2℄e[3,Capítulo1℄. Comestespressupostos,
aspresentes notas são essen ialmente auto- ontidas, sendo a ex eçãoo Teorema de
Sylvester(Lema20), ujademonstraçãoéremetidaparaareferên ia[7℄.
Diversosexemplosajudamamotivarosresultadoseilustramasuaapli ação.
Conteúdo
1 Dois exemplos de motivação 1
2 Denições e os resultados fundamentais 7
3 Uma apli ação do teorema da de omposição de Jordan 10
4 Demonstração do Teorema 8 14
5 Demonstração do teorema da de omposição de Jordan 18
6 Mais dois exemplos 27
1 Dois exemplos de motivação
Saber quando é que uma dada matriz
A
é, ou não, diagonalizável, é um problema que a ompletamente resolvidopeloseguinteTeorema, ujoestudoéfeitoemqualquer ursointrodutório de Álgebra Linear ( f., e.g., [2 , 3 , 4, 6, 8℄). Este resultado também
es la-re e omo onstruir uma matriz diagonalizante de
A
. A proposição é, para além da sua importân iateóri a, defá il apli ação práti ae,porisso, extremamente útil.Teorema 1. [3, Teorema 1.42℄. Seja
A ∈ M
n×n
(K)
.(a) Se
A
tem exatamenten
valores próprios distintosλ
1
, . . . , λ
n
∈ K
, entãoA
é semelhante à matrizdiag(λ
1
, . . . , λ
n
) ∈ M
n×n
(K)
.(b) Se
A
temk ≥ 1
valores próprios distintosλ
1
, . . . , λ
k
∈ K
,então são equivalentes as armações seguintes:(i)
A
é diagonalizável.(ii)
n = ma(λ
1
) + · · · + ma(λ
k
)
ema(λ
i
) = mg(λ
i
)
para todo1 ≤ i ≤ k
. (iii)n = mg(λ
1
) + · · · + mg(λ
k
)
. (iv)E = E
λ
1
⊕ · · · ⊕ E
λ
k
. (v)A
semelhante
diag(λ
1
,..., λ
1
)
0
· · ·
0
0
diag(λ
2
,..., λ
2
) · · ·
0
. . . . . . . . .0
0
· · ·
diag(λ
k
,..., λ
k
)
. (vi)p
A
(x) = (λ
1
− x)
n
1
(λ
2
− x)
n
2
· · · (λ
k
− x)
n
k
, onden
1
+ n
2
+ · · · + n
k
= n
en
i
= ma(λ
i
) = mg(λ
i
)
para1 ≤ i ≤ k
.Alémdisso,emqualquerdos asos(a)ou(b),amatriz
P
ujas olunassãopre isamente osvetorespróprios dasbasesdeM
λ
i
é umamatrizdiagonalizantedeA
,i.e.P
−
1
AP
é diagonal.
É laro que nem todas as matrizes são diagonalizáveis. Nestas breves notas iremos
estudaralgumasdas oisasquepodemserarmadasquandoestamosperante asosemque
a matriz não é diagonalizável. Esta é a situaçãogenéri a e o resultado a que hegaremos
in luirá o aso diagonalizável omo situaçãoparti ular.
É onveniente omeçarmos por analizar alguns exemplos parti ulares, os quais nos
sugerirão o aminho a explorar no asogeral.
Exemplo2. Come emospor onsiderarumendomorsmo
f : R
3
→ R
3
queérepresentado,
emrelaçãoa uma erta base
B
deR
3
,pelamatrizA = M(f ; B, B) =
2 −1
1
0
3
−1
2
1
3
∈ M
3×3
(R).
Comop
A
(x) =
2 − x
−1
1
0
3 − x
−1
2
1
3 − x
L
1
=
+L
2
2 − x 2 − x
0
0
3 − x
−1
2
1
3 − x
= (2 − x)
1
1
0
0 3 − x
−1
2
1
3 − x
L
3
−
=
2L
1
(2 − x)
1
1
0
0 3 − x
−1
0
−1
3 − x
= (2 − x)(−1)
1+1
3 − x
−1
3 − x
−1
= (2 − x)[(3 − x)
2
− 1]
= (2 − x)
2
(4 − x),
então
2, 4
sãoosvaloresprópriosdef
(edeA
). Além disso,ma(2) = 2
ema(4) = 1,
e omotemosmg(2) = 3 − rank (A − 2I
3
) = 3 − rank
0 −1
1
0
1
−1
2
1
1
= 3 − 2 = 1,
on luímosque, neste exemplo,
mg(2) = 1 < 2 = ma(2)
e,aapli açãodo ritério(b)-(ii),ou(b)-(iii),doTeorema1,amatriz
A
nãoédiagonalizável. Não sendoA
diagonalizável, ou seja, não existindo nenhuma matriz invertívelP
tal queP
−
1
AP
seja uma matriz diagonal, ontinua a ser bastante importante saber se não haveráumamatrizinvertívelP
paraaqualestatransformaçãodesemelhançaresultenuma matriz bastante mais simplesdo queA
e queatue sobre asmatrizes deM
n×1
(R)
de um modomaistransparenteefá ildeentender. Nofundo,éesteoobjetivodadiagonalização:simpli ar, quer on eptualmente, quer em termos de ál ulo, o efeito da ação de uma
apli açãolinearnumdeterminadoespaçovetorial, e,nãosendopossíveldiagonalizar,seria
interessante termosumpro esso sistemáti oquefosse, paraestesns,quase tãoe iente.
Não é laro, à partida, se algo poderá ser feito neste sentido, e, se sim, o quê, mas a
onsideração do Exemplo 3 seguinte irá forne er pistas importantes que apli aremos ao
asoda presente matrizno Exemplo 4.
Consideremos agoraumoutroexemplo.
Exemplo 3. Seja
B ∈ M
6×6
(K)
a matrizB =
λ
1
1
0
0
0
0
0
λ
1
1
0
0
0
0
0
λ
1
0
0
0
0
0
0
λ
2
1
0
0
0
0
0
λ
2
0
0
0
0
0
0
λ
3
,
onde os
λ
j
∈ K
são es alaresarbitrários que, neste exemplo, suporemos serem diferentes entre si. SendoB
uma matriz triangular, os seus valores próprios são os elementos da diagonal prin ipal,ouseja,λ
1
,
omma(λ
1
) = 3
,λ
2
, omma(λ
2
) = 2,
eλ
3
,
omma(λ
3
) =
1.
Éfá il on luirqueossubespaçosprópriosdeB
sãoE
λ
1
= he
1
i
,E
λ
2
= he
4
i
eE
λ
3
= he
6
i
, Conrme! ondee
1
, e
2
, . . . , e
6
éabase anóni adeK
6
. Portanto,E
λ
1
⊕E
λ
2
⊕E
λ
3
= he
1
, e
4
, e
6
i 6= K
6
e aTeorema 1(b)-(iv)permite on luir que
B
nãoé diagonalizável.Observe-se que, se bem que a matriz
B
não seja diagonalizável, ela é, ainda assim, bastante próxima de serdiagonal, ouseja:• B
éuma matrizdiagonal por blo os,B = diag(B
1
, B
2
, B
3
)
,onde osblo osao longo da diagonal prin ipal são matrizesquadradasB
1
∈ M
3×3
(K), B
2
∈ M
2×2
(K), B
3
∈
M
1×1
(K)
,•
ada blo oB
j
éumamatriz triangular superior om umaestruturaparti ularmente simples: os elementos na diagonal prin ipal são iguais ao valor próprioλ
j
e, se a dimensãodoblo oforsuperiora1
,todososelementosnadiagonala imadadiagonal prin ipal sãoiguaisa1
,sendotodososrestanteselementos iguaisa zero.Portanto, de erto modo, se bem que
B
não seja diagonalizável, a sua estrutura é quase tãosimples omo ade umamatriz diagonal. Por exemplo,a ação deB
sobre osrestantes vetoresdabase anóni adeK
6
quenãoosvetoresprópriosde
B, e
2
, e
3
, e
5
,énotavelmente simples:Be
2
= λ
1
e
2
+ e
1
ouseja(B − λ
1
I
6
)e
2
= e
1
Be
3
= λ
1
e
3
+ e
2
ouseja(B − λ
1
I
6
)e
3
= e
2
Be
5
= λ
2
e
5
+ e
4
ouseja(B − λ
2
I
6
)e
5
= e
4
,
ao passo queasua açãosobreosvetorespróprios éConrme!
Be
1
= λ
1
e
1
ouseja(B − λ
1
I
6
)e
1
= 0
Be
4
= λ
2
e
4
ouseja(B − λ
2
I
6
)e
4
= 0
Be
6
= λ
3
e
6
ouseja(B − λ
3
I
6
)e
6
= 0.
Asigualdades anteriores permitem on luir quee
2
∈ N (B − λ
1
I
6
)
2
porque(B − λ
1
I
6
)
2
e
2
=
(B − λ
1
I
6
)(B − λ
1
I
6
)e
2
=
(B − λ
1
I
6
)e
1
= 0
e
3
∈ N (B − λ
1
I
6
)
3
porque(B − λ
1
I
6
)
3
e
3
=
(B − λ
1
I
6
)
2
(B − λ
1
I
6
)e
3
=
(B − λ
1
I
6
)
2
e
2
= 0
e
5
∈ N (B − λ
2
I
6
)
2
porque(B − λ
2
I
6
)
2
e
5
=
(B − λ
2
I
6
)(B − λ
2
I
6
)e
5
=
(B − λ
2
I
6
)e
4
= 0.
Observe que estas igualdades permitem on luir que, se bem que o espaço
K
6
não seja
a soma direta dos subespaços próprios da matriz
B
, ou sejaE
λ
1
⊕E
λ
2
⊕E
λ
3
= N (B −
λ
1
I
6
)⊕ N (B − λ
2
I
6
)⊕ N (B − λ
3
I
6
) = he
1
, e
4
, e
6
i 6= K
6
, veri a-se que se pode es reverN (B −λ
1
I
6
)+N (B −λ
1
I
6
)
2
+N (B −λ
1
I
6
)
3
+N (B −λ
2
I
6
)+N (B −λ
2
I
6
)
2
+N (B −λ
3
I
6
) =
he
1
, e
2
, e
3
, e
4
, e
5
, e
6
i = K
6
.
Melhor ainda, omov ∈ N (B − λI)
k
⇒ (B − λI)
k+1
v = (B − λI)(B − λI)
k
v = (B − λI)0 = 0
⇒ v ∈ N (B − λI)
k+1
,
ou seja,
N (B − λI)
k
⊂ N (B − λI)
k+1
,
podemos,apartir dos ál ulos anteriores, on luir
que
K
6
= N (B − λ
1
I
6
)
3
⊕ N (B − λ
2
I
6
)
2
⊕ N (B − λ
3
I
6
).
Ouseja,mesmo nãosendooespaço vetorial
K
6
,
ondeatua a matriz
B,
obtido omo soma direta dos subespaços próprios deB
( aso fosse,B
seria diagonalizável, o que sabemos não ser o aso), ele pode ser obtido omo soma direta de subespaços que são nú leos dematrizesobtidas por poten iaçãodaquelas utilizadasparadenir ossubespaçospróprios 1
.
Estessubespaçossão hamadossubespaçospróprios generalizados,eoselementosnão-nulos
destessubespaçossão hamados vetores próprios generalizados.
Con luindo: esteexemplo exibe umasituaçãoemque a matriznão é diagonalizável e,
portanto, não existe nenhuma base de
K
6
na qual
B
possa ser es rita omo uma matriz diagonal,mas existeumabasedeK
6
, onstituida porvetoresprópriosgeneralizados(que,
neste aso, são vetores da base anóni a de
K
6
), em relação à qual a apli ação linear é
representadapelamatriz
B
omaestrutura simplesapresentada. 1Note que as potên ias em ausa são exatamente as multipli idades algébri as dos orrespondentes
matrizde
M
n×n
(K)
não-diagonalizável, tambémo orreráasituaçãoeviden iadano Exem-plo 3. Ou seja, será que, om base em subespaços al uláveis a partir da matriz dada, épossível es olher uma base adequada de
K
n
, na qual a matriz possa ser expressa numa
forma quasediagonal. Tentemosapli ar à matrizdo Exemplo 2 aestratégia de es olher
umabaseutilizando ossubespaçospróprios generalizados.
Exemplo 4. Consideremos novamente amatriz doExemplo 2
A =
2 −1
1
0
3
−1
2
1
3
e al ulemos ossubespaçospróprios, asso iados aosseusvalorespróprios:
•
Oespaçopróprio asso iadoao valorpróprioλ
1
= 4
éo nú leo deA − 4I
3
,ouseja, é onstituido pelos elementosv = [v
1
v
2
v
3
]
T
∈ M
3×1
(R)
quesatisfazem(A − 4I
3
)v =
0
. Como
−2 −1
1
0
−1 −1
2
1
−1
−→
−
L
2
L
3
+L
1
−2 −1 1
0
1
1
0
0
0
−→
L
1
+L
2
−2 0 2
0
1 1
0
0 0
−→
−
1/2L
1
1 0 −1
0 1
1
0 0
0
,
podemos on luirque
(A − 4I
3
)v = 0 ⇔
v
1
− v
3
= 0
v
2
+ v
3
= 0
⇔
v
3
= v
1
v
2
= −v
3
⇔ v = v
1
[1 − 1 1]
T
,
qualquer que seja
v
1
∈ R.
Con lui-se daqui queN (A − 4I
3
) = h[1 − 1 1]
T
i,
e
dim N (A − 4I
3
) = 1
•
O espaço próprio asso iado ao valor próprioλ
2
= 2
é o nú leo deA − 2I
3
, ou seja, são as matrizesu = [u
1
u
2
u
3
]
T
∈ M
3×1
(R)
que satisfazem(A − 2I
3
)u = 0
. Analogamente ao aso anterior, omo
0 −1
1
0
1
−1
2
1
1
−→
L
3
↔
L
1
2
1
1
0
1
−1
0 −1
1
−→
L
3
+L
2
L
1
−
L
1
2 0
2
0 1 −1
0 0
0
−→
1/2L
1
1 0
1
0 1 −1
0 0
0
,
podemos on luirque
(A − 2I
3
)u = 0 ⇔
u
1
+ u
3
= 0
u
2
+ u
3
= 0
⇔
u
3
= −u
1
u
2
= u
3
⇔ u = u
1
[1 − 1 − 1]
T
,
qualquer que seja
u
1
∈ R.
Con lui-se daqui queN (A − 2I
3
) = h[1 − 1 − 1]
T
i,
e
dim N (A − 2I
3
) = 1
Como vimos anteriormente, tem-se
ma(2) = 2
( f. pág. 2 ). Seguindo o pro esso que explorámos no Exemplo 3, al ulemosN (A − 2I
3
)
2
. Um elementow = [w
1
w
2
w
3
]
T
∈
M
3×1
(R)
está emN (A − 2I
3
)
2
seesóse(A − 2I
3
)
2
w = 0
. Como(A − 2I
3
)
2
=
2
0
2
−2 0 −2
2
0
2
−→
L
2
+L
1
L
3
−
L
1
2 0 2
0 0 0
0 0 0
−→
1/2L
1
1 0 1
0 0 0
0 0 0
,
(A − 2I
3
)
2
w = 0 ⇔ w
1
+ w
3
= 0 ⇔ w = [w
1
w
2
− w
1
]
T
,
para quaisquer
w
1
, w
2
∈ R.
Portanto,N (A − 2I
3
)
2
=
[w
1
w
2
− w
1
]
T
: w
1
, w
2
∈ R
e on luimos que
dim N (A − 2I
3
)
2
= 2.
Observamos sem di uldade (basta tomar a ima
w
1
= 1, w
2
= −1
)queN (A − 2I
3
) = h[1 − 1 − 1]
T
i ⊂ N (A − 2I
3
)
2
.
Assim, tomemos para base de
N (A − 2I
3
)
2
o onjunto onstituido pelo vetor próprio
[1 − 1 − 1]
T
e por um vetor próprio generalizado
w = [w
1
w
2
− w
1
]
T
que satisfaça
(A − 2I
3
)w = [1 − 1 − 1]
T
. Os vetoresquesatisfazem esta ondição sãoosseguintes
0 −1
1
0
1
−1
2
1
1
w
1
w
2
w
3
=
1
−1
−1
⇔
w
2
− w
3
= −1
2w
1
+ w
2
+ w
3
= −1
⇔ w = [w
1
w
1
− 1 − w
1
]
T
,
onde
w
1
é um real arbitrário. Se es olhermosw
1
= 0
temos o vetor próprio generali-zado[0 − 1 0]
T
.
Construamos agorauma matriz
P
ujas olunas são osvetores próprios e o vetor próprio generalizado usando primeiro o orrespondente aλ
1
= 4
e depois os orrespondentes aλ
2
= 2
,ouseja,P =
1
1
0
−1 −1 −1
1
−1
0
.
Con lui-se semdi uldade queainversa desta matrizé
P
−
1
=
1
2
0
1
2
1
2
0
−
1
2
−1 −1
0
.
Portanto,
A
é semelhante àmatrizJ
denidaporJ = P
−
1
AP =
1
2
0
1
2
1
2
0
−
1
2
−1 −1
0
2 −1
1
0
3
−1
2
1
3
1
1
0
−1 −1 −1
1
−1
0
=
4 0 0
0 2 1
0 0 2
,
ou seja, se onsiderarmos a base de
R
3
onstituida pelas olunas de
P
a apli ação linear queerarepresentadapela matrizA
passaa serrepresentada pela matrizJ
.Antes de terminar o nossotrabalho sobre a matriz
A
, onvémobservar que, tal omo no asodasmatrizes diagonalizáveis, emque existem, emgeral, várias matrizes diagonaissemelhantes à matriz dada, diferindo entre si apenas na ordem pela qual são es ritos os
elementosdadiagonalprin ipal,tambémno asodasmatrizesnãodiagonalizáveisaordem
dosblo osao longoda diagonal prin ipal vem alteradasetomarmos osvetorespróprios e
osvetoresprópriosgeneralizados por ordemdistinta. Veriqueestaarmação para o aso
dopresenteexemplorefazendoos ál ulosa ima,agorausando, para onstruiramatriz
P
, primeiro osvetores própriose vetorespróprios generalizadosasso iados aλ
2
= 2
e depois ovetorpróprio asso iadoaλ
1
= 4
.Exer í io 5. Considere a matriz
A =
i
1
1 −i
∈ M
2×2
(C).
Verique queA
não édiago-nalizável. ApliqueoargumentoutilizadonoExemplo4paraprovarque
P
−
1
AP =
0 1
0 0
,
identi ando a matrizP
.dada uma matriz não diagonalizável, poderáser possível, por uma es olha uidadosa dos
vetoresprópriosgeneralizados,obterumabasedoespaçoemrelaçãoàqualatransformação
linear seja representada por uma matriz por blo os parti ularmente simples, do tipo da
matriz
B
do Exemplo 3 . Estas matrizes por blo os designam-se por matrizes de Jordan ou formas anóni as de Jordan2
, e a demonstração de que qualquer matriz quadrada
A
é semelhante a uma erta matriz de JordanJ
, bem omo o es lare imento do modo de onstruir a matrizP
dasemelhança,P
−
1
AP = J
,seráo objetivo da restanteparte deste apítulo.2 Denições e os resultados fundamentais
A partir desta altura trabalharemos ex lusivamente om o orpo de es alares omplexos
K
= C
etodososespaçosvetoriais que onsideraremos serão sobreC.
Iremos também identi ar sempre a matrizx = [x
1
x
2
· · · x
n
]
T
∈ M
n×1
(C)
om o vetorx = (x
1
, x
2
, . . . , x
n
) ∈ C
n
.
Para xar ideias quanto ao problema que estamos a tentar resolver, ne essitamos de
introduzir alguns on eitos e notações, parte dos quais já foi informalmente referida nos
exemplosda se ção anterior.
Denição 6. Seja
A ∈ M
n×n
(C)
. Sejaλ ∈ C
umvalor próprio deA
.•
Diremosqueumvetornão-nulov ∈ C
n
éumvetorprópriogeneralizado damatriz
A
,asso iadoao valorpróprioλ
,sev ∈ N (A − λI
n
)
n
,
ouseja
(A − λI
n
)
n
v = 0.
•
Diremos que um vetorv ∈ C
n
é um vetor próprio generalizado de ordem
k
da matrizA
,asso iadoaovalorpróprioλ
,se(A−λI
n
)
k
v = 0
mas
(A−λI
n
)
k−1
v 6= 0.
•
Sendov
um vetor próprio generalizado de ordemk
da matrizA
, asso iado ao valor próprioλ
, o onjunto de vetoresu
j
= (A − λI
n
)
k−j
v,
om
j = 1, . . . , k
diz-seuma adeia de Jordande omprimentok
.Note-se queosvetorespróprios generalizadosde ordem
1
sãoosvetores próprios. Observação. Sejav
um vetor próprio generalizado de ordemk
asso iado a um valor próprioλ
. Consideremos os vetores da adeia de Jordanu
j
= (A − λI
n
)
k−j
v,
om
j =
1, . . . , k.
Éimportante reparar nosseguintesfa tos simples:(a) o vetor
u
k
da adeia de Jordan de omprimentok
é umvetor próprio generalizado de ordemk
,poisu
k
= (A − λI
n
)
0
v = I
n
v = v.
(b) o vetor
u
1
de qualquer adeia de Jordané umvetor próprio: de fa to, omov
é um vetor próprio generalizado de ordemk
, tem-seu
1
= (A − λI
n
)
k−1
v 6= 0
e também
(A − λI
n
)u
1
= (A − λI
n
)
k
v = 0
. 2Marie Ennemond Camille Jordan (18381922), matemáti o fran ês atualmente relembrado
fun-damentalmente pelo teorema da urva de Jordan (em Topologia) e pelas formas anóni as de
Jor-dan (em Álgebra Linear). É urioso observar que o Jordan do método de eliminação de
Gauss-Jordan [2 , pág. 106℄ refere-se a um outro matemáti o, o alemão Wilhelm Jordan (18421899).
Uma breve biograa de Camille Jordan (e de muitos outros matemáti os) pode ser onsultada em
( ) generalizando assituações anteriores: o vetor
u
j
de uma adeira de Jordan de om-primentok
éumvetorprópriogeneralizadodeordemj
: defa to, omov
éumvetor próprio generalizado de ordemk
, tem-se0 6= (A − λI
n
)
k−1
v = (A − λI
n
)
j−1
(A −
λI
n
)
k−j
v = (A−λI
n
)
j−1
u
j
,e(A−λI
n
)
j
u
j
= (A−λI
n
)
j
(A−λI
n
)
k−j
v = (A−λI
n
)
k
v =
0
.(d) osvetoresda adeiade Jordan satisfazemasigualdades seguintes
(A − λI
n
)u
1
= 0
(A − λI
n
)u
2
= u
1
. . .(A − λI
n
)u
k
= u
k−1
,
ou,esquemati amente,u
k
−−−−→
A−λI
n
u
k−1
−−−−→
A−λI
n
· · · −−−−→
A−λI
n
u
2
−−−−→
A−λI
n
u
1
−−−−→
A−λI
n
0.
(e) As igualdades do ponto anterior, rela ionando entre si os diversos vetores de uma
adeia de Jordan, podemser es ritas de um modo equivalentee maisabreviado do
seguintemodo: onstruindoamatrizde
M
n×k
(C)
ujas olunas sãoosvetoresu
j
da adeia deJordan, es ritospor ordem res entedej
,tem-se,parak > 1,
(A − λI
n
)[u
1
| . . . |u
k
] = [u
1
| . . . |u
k
]
k−1
X
j=1
e
j
e
T
j+1
,
(1)onde
e
j
sãoosvetoresdabase anóni adeC
n
.
Maisexpli itamente,podemosobservar
que a matriz
P
k−1
j=1
e
j
e
T
j+1
é do seguinte tipo (o aso exempli ado pressupõe quek > 5
)k−1
X
j=1
e
j
e
T
j+1
=
0 1 0 . . . 0
0 0 1 . . . 0
0 0 0 . . . 0
. . . . . . . . . . . . . . .0 0 0 . . . 1
0 0 0 . . . 0
.
Para simpli ar a es rita usaremos a seguinte notação: para
k > 2
es reveremosJ
k
=
P
k−1
j=1
e
j
e
T
j+1
.
(f) Se
v
for umvetorprópriogeneralizado deordemn
(amesmaordem queadimensão do espaçoC
n
onde
A
atua), e se os vetores da orrespondente adeia de Jordan forem linearmente independentes, então a matrizP = [u
1
| . . . |u
n
]
é invertível e a equação(1 ),(A − λI
n
)P = P J
n
,
podeseres rita omoP
−
1
(A − λI
n
)P = J
n
,
ousejaP
−
1
AP − λP
−
1
I
n
P = J
n
⇔ P
−
1
AP = λI
n
+ J
n
. Observe queλI
n
+ J
n
=
λ 1 0 . . . 0 0
0 λ 1 . . . 0 0
0 0 λ . . . 0 0
. . . . . . . . . . . . . . . . . .0 0 0 . . . λ 1
0 0 0 . . . 0 λ
.
tipo desempenharão umpapelimportanteno quesesegue, peloque onvéma ordar
na nomen latura enotação ausar.
Denição 7.
•
Umblo oelementardeJordan,ouuma élulaelementardeJordan é umamatrizk × k
da formaJ
k
= [0]
,sek = 1
,ou,sek > 2,
J
k
=
k−1
X
j=1
e
j
e
T
j+1
=
0 1 0 . . . 0 0
0 0 1 . . . 0 0
0 0 0 . . . 0 0
. . . . . . . . . . . . . . . . . .0 0 0 . . . 0 1
0 0 0 . . . 0 0
.
•
Um blo o de Jordan , ou uma élula de Jordan é uma matrizk × k
da formaJ
k
(λ) = λI
k
+ J
k
.
•
UmamatrizJ
hama-seumaforma anóni a deJordan seforumamatriz diago-nalpor blo osJ = diag(J
(1)
, J
(2)
, . . . , J
(p)
)
onde asmatrizesquadradas
J
(j)
são
blo os deJordan.
O nossoprimeiro teorema fundamental éo seguinte:
Teorema 8. Seja
A ∈ M
n×n
(C)
e suponha queA
tem exatamentek
valores próprios distintos,λ
1
, . . . , λ
k
∈ C
. Então:C
n
=
k
M
j=1
N (A − λ
j
I
n
)
n
.
Esteresultadotemvárias onsequên iasimportantes,aprimeiradasquaiséquepermite
on luirquequalquermatrizquadrada
A,
omelementosemC,
ésemelhanteaumamatriz diagonal por blo osdiag(A
(1)
, . . . A
(k)
)
,onde ada blo o
A
(j)
orresponde à açãode
A
no espaçoN (A − λ
j
I
n
)
n
(relembre [3,Teorema 1.29℄). Isto,sópor si,não seriaespe ialmente
relevante, uma vez que não nos forne e informações sobre a estrutura de ada um dos
blo os
A
(j)
.
OquetornaoTeorema8importanteéofa tode,à ustadosvetorespróprios,
dosvetoresprópriosgeneralizados,edas adeiasdeJordande
A
,podermoses olherbases dosespaçosN (A − λ
j
I
n
)
n
taisque adablo o
A
(j)
sejaumaforma anóni a deJordan. É
exatamente isto que garanteo resultado seguinte, que, para osnossosobjetivos, onstitui
TeoremadaDe omposiçãodeJordan9. Seja
A ∈ M
n×n
(C)
esuponhaqueA
tem exatamentek
valores próprios distintos,λ
1
, . . . , λ
k
∈ C
, om multipli idadesalgébri asα
j
= ma(λ
j
)
e multipli idades geométri asmg(λ
j
) = γ
j
. Então, existe uma matriz invertívelP ∈ M
n×n
(C)
tal queAP = P J,
onde
J = diag(J
(1)
, . . . , J
(k)
)
éumaforma anóni adeJordane adablo o
J
(j)
satisfaz
(a)
J
(j)
∈ M
α
j
×
α
j
(C)
temum úni o valor próprioλ
j
omma(λ
j
) = α
j
; (b)J
(j)
é uma matrizdiagonal por blo os, om o número deblo os igual a
γ
j
, sendo ada um desses blo os uma élula deJordanJ
q
(λ
j
);
( ) A dimensão da maior élula de Jordan
J
q
(λ
j
)
deJ
(j)
é igual a
q = ν
j
:=
min
ℓ ∈ N : dim N (A − λ
j
I
n
)
ℓ
= dim N (A − λ
j
I
n
)
ℓ+1
6
α
j
.
(d) Seja
n
p
o número de élulas de JordanJ
p
(λ
j
)
om dimensãop
, no blo oJ
(j)
. Então tem-sedim N (A − λ
j
I
n
)
ℓ
− dim N (A − λ
j
I
n
)
ℓ−1
=
X
p>ℓ
n
p
,
ℓ = 2, . . . , α
j
;
(e) Sejam
r
1
, . . . , r
i
os índi es das olunas deJ
orrespondentes a uma das suas élulas deJordanJ
i
(λ
j
)
. Então,a olunap
r
1
deP
é umvetor próprioasso iado aovalorpróprioλ
j
e, sei > 1,
as olunasp
r
om2 6 r 6 r
i
são vetores próprios generalizados que onstituem uma adeia de Jordan ontendop
r
1
,
es ritos pela ordem omquesurgemnessa adeia,quandoestaélidadadireitaparaaesquerda.Os dois teoremas fundamentais que a abámos de enun iar têm grande importân ia
práti a mas as suas demonstrações sãoalgo elaboradas. Por isso, a demonstração destes
teoremas será feita om apre iável detalhe, através da identi ação prévia da linha geral
do argumento eda suade omposição numa sequên ia delemas maissimples. Isto resulta
numa exposição relativamente longa mas, espera-se, mais inteligível do que outras mais
brevesexistentesna literaturamatemáti a. Oque seapresenta nasduasse çõesseguintes
foifundamentalmente inspirado nasdemonstrações em[5, 7℄. Oleitor interessado poderá
onsultar também asdemonstraçõesexistentesemoutros textos defá il a esso, omo por
exemplo [4,6,8℄.
Antes mesmo de prosseguir om a demonstração destes resultados, é importante e
onvenienteverdequemodoopodemosutilizar paraaanálisedesituações on retas,algo
quefaremos deseguida, omumexemplo dedi uldade média.
3 Uma apli ação do teorema da de omposição de Jordan
Nesta se ção exempli aremos a apli ação do Teorema 9 à transformação de uma matriz
Exemplo 10. Seja
A ∈ M
7×7
(C)
amatrizA =
2 0 0 0 0 0 1
0 3 0 0 1 0 0
0 0 3 0 0 0 0
0 0 1 3 0 0 0
0 0 0 0 3 0 0
0 0 0 1 0 3 0
0 0 0 0 0 0 2
.
Pretendemos determinar uma forma anóni a de Jordan
J
e umamatriz invertívelP
tal queP
−
1
AP = J.
Apli andooteoremade Lagrangeao ál ulododeterminante
det(A − λI
7
)
on luimos queopolinómio ara terísti odeA
éP
A
(λ) = (2 − λ)
2
(3 − λ)
5
,oquenospermitearmar
imediatamente oseguintequanto aos valores própriosde
A
:λ
1
= 2 : α
1
= ma(2) = 2,
λ
2
= 3;
α
2
= ma(3) = 5.
Por outro lado, o ál ulo dos vetores próprios asso iados a estes valores próprios resulta
em
N (A − 2I
7
) = he
1
i,
e portantoγ
1
= mg(2) = 1
N (A − 3I
7
) = he
2
, e
6
i,
e portantoγ
2
= mg(3) = 2.
(2)
Daquipodemos estabele erasseguintes on lusões:
(a) A matriz
A
não é diagonalizável (porque tem pelo menos um valor próprio om a multipli idade geométri a diferente da algébri a, de fa to, isto até o orre nos doisvalorespróprios)
(b) OTeorema9 (a)permite on luirque
A
ésemelhanteaumaforma anóni adeJordanJ = diag(J
(1)
, J
(2)
),
onde
J
(1)
é umamatriz
2×2
om umsóvalor próprioλ
1
= 2
eJ
(2)
é umamatriz5×5
omumsóvalorpróprioλ
2
= 3.
( ) OTeorema 9 (b) permite-nos armar queJ
(1)
é onstituida por umaúni a élula de
Jordane,sendo dedimensão
2
, on luimosqueJ
(1)
=
2 1
0 2
.
(d) OTeorema9 (b)permite-nostambémarmarque
J
(2)
é onstituidaporduas élulas
de Jordan. No entanto, omo
J
(2)
é uma matriz quadrada de dimensão
5
, esta informação sobre o número de blo os não é su iente para distinguir entre as duaspossibilidades distintas
3 0 0 0 0
0 3 1 0 0
0 0 3 1 0
0 0 0 3 1
0 0 0 0 3
ou
3 1 0 0 0
0 3 0 0 0
0 0 3 1 0
0 0 0 3 1
0 0 0 0 3
(noteque, por exemplo,o asoemqueo primeiroblo o temdimensão4e osegundo
dimensão1éidenti oaodaprimeiramatriza imaportro adas olunasapropriadas
(e) Para o es lare imento da estrutura de blo os da matriz
J
(2)
re orremos à parte
(d) do Teorema 9, para o que ne essitamos de al ular as dimensões dos diversos
espaçosprópriosgeneralizados de
A
asso iados ao valor próprioλ
2
= 3.
Não ofere e di uldade(emborapossaser umpou o demorado...) obterosseguintes resultados:A − 3I
7
=
−1 0 0 0 0 0
1
0 0 0 0 1 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 1 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 1 0 0
0
0 0 0 0 0 0 −1
,
pelo que
N (A − 3I
7
) = he
2
, e
6
i,
edim N (A − 3I
7
) = 2;
(A − 3I
7
)
2
=
1 0 0 0 0 0 −2
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 1 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
1
,
peloqueN (A − 3I
7
)
2
= he
2
, e
4
, e
5
, e
6
i,
edim N (A − 3I
7
)
2
= 4;
(A − 3I
7
)
3
=
−1 0 0 0 0 0
3
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0 −1
,
peloqueN (A − 3I
7
)
3
= he
2
, e
3
, e
4
, e
5
, e
6
i,
edim N (A − 3I
7
)
3
= 5;
(A − 3I
7
)
4
=
1 0 0 0 0 0 −4
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
0
0 0 0 0 0 0
1
,
peloqueN (A − 3I
7
)
4
= he
2
, e
3
, e
4
, e
5
, e
6
i,
edim N (A − 3I
7
)
4
= 5.
Assim, on luímos que
ν
2
= 3
e, pela alínea ( ) do Teorema 9, a maior élula de Jordan do blo oJ
(2)
tem dimensão
3
. Este mesmo resultado poderia ser obtido re orrendoàalínea (d)doTeorema 9: sedesignarmosporn
p
onúmerode élulas deJ
(2)
om dimensão
p
, omosabemos, pela alínea anterior, quea dimensãodo maior blo o não podeser superior a4,podemos on luir de0 = 5 − 5 = dim N (A − 3I
7
)
4
− dim N (A − 3I
7
)
3
=
X
p>4
n
p
= n
4
queomaiorblo oterádeterdimensão
3
ouinferior. Comosabemosdaalíneaanterior queJ
(2)
(quetemdimensão
5
)tem exatamente doisblo os, não restaalternativa do queser umdedimensão2
e outrode dimensão3.
Teorema 9(d) para on luirmos que o blo o
J
(2)
terá de ser o indi ado no segundo
asona alínea ( )a ima.
(f) Autilizaçãodasalíneas(a),(b)e(d)do Teorema 9permitiu-nos hegarà on lusão
de queumamatriz deJordan
J
semelhante aA
éJ =
2 1
0 2
3 1
0 3
3 1 0
0 3 1
0 0 3
,
onde as posições não expli itamente indi adas na matriz são iguais a zero. Agora
utilizaremosaalínea(e)doTeorema9paradeterminar umamatriz
P
queestabele e a relaçãode semelhançaP
−
1
AP = J
entreA
eJ
. Estepro esso de es olhada base apropriadadosespaçosprópriosgeneralizadospodeseralgoelaboradoeoTeorema 9nãoéexplí itoquantoaomododeofazer. Deumpontodevistapráti o,éimportante
desenvolver um pro esso sistemáti o para a determinação destas bases, o que será
feito na Se ção 5 e apresentado no Algoritmo 1 , mas, no presente aso, em que as
dimensõesdosespaçosprópriosgeneralizadossãobaixas, onseguiremos( omalguma
sorte...) identi arasadequadas adeiasdeJordansemproblemas demaior,apenas
por tentativa-e-erro, omoveremosdeseguida. Para tornarmais laro oargumento,
designaremos por
p
r
,
om1 6 r 6 7
,as olunas da matrizP = [p
1
| . . . |p
7
].
A élula de JordanJ
(1)
envolve apenas as olunas
p
1
ep
2
. Pela alínea (e) do T eo-rema 9 sabemos quep
1
é umvetor próprio deA
asso iado ao valor próprioλ
1
= 2.
Atendendoa(2), podemos tomarp
1
= e
1
. Novamentepelaalínea (e)do Teorema 9, a olunap
2
é um vetor próprio generalizado perten ente a uma adeia de Jordan ontendop
1
, ou seja, atendendo ao que se es reveu na observação (d) na página 8,(A − 2I
7
)p
2
= p
1
, e portanto, es revendop
2
= (u
1
, . . . , u
7
)
, e re ordando que já on luimosquep
1
= e
1
,
0 0 0 0 0 0 1
0 1 0 0 1 0 0
0 0 1 0 0 0 0
0 0 1 1 0 0 0
0 0 0 0 1 0 0
0 0 0 1 0 1 0
0 0 0 0 0 0 0
u
1
u
2
u
3
u
4
u
5
u
6
u
7
=
1
0
0
0
0
0
0
⇒ p
2
=
u
1
0
0
0
0
0
1
, ∀u
1
∈ C.
Tomando
u
1
= 0
obtemos o vetor próprio generalizadop
2
= e
7
.
Relembrando os resultados sobre os diversos espaçospróprios generalizados asso iados ao vetorpró-prio
λ
2
= 3
que obtivemos a ima, na alínea (e), e re ordando as equações que os elementosde uma adeiade Jordantêmne essariamentedesatisfazer( f. página8)é fá il on luir quesetem
e
3
−−−−→
A−3I
7
e
4
−−−−→
A−3I
7
e
6
−−−−→
A−3I
7
0,
e
5
−−−−→
A−3I
7
e
2
−−−−→
A−3I
7
0.
Reparando que a primeira élula de Jordan de
J
orrespondente aλ
2
= 3
tem dimensão2
, teremos de usar os vetores próprios generalizados da segunda adeia de Jordan(que também tem omprimento2
)para obter as orrespondentes olunas deP
: pela alínea (e) do Teorema 9 on luimos quep
3
= e
2
ep
4
= e
5
. O mesmo argumento apli adoà primeira adeiade Jordan es rita a ima permite on luir queas orrespondentes olunasde
P
sãop
5
= e
6
,p
6
= e
4
ep
7
= e
3
. Portanto,amatrizP
que orrespondeàforma anóni adeJordanes ritaa imaéP = [e
1
|e
7
|e
2
|e
5
|e
6
|e
4
|e
3
].
Se pretendermos veri ar que a matrizP
a que hegámos atua, de fa to, do modo indi ado,resta-nos al ular3
P
−
1
e
P
−
1
AP
paraveri armosqueestaúltimamatriz é igualà forma deJordanJ
quees revemos no iní iodesta alínea.4 Demonstração do Teorema 8
Oobjetivodestase çãoéapresentarademonstraçãodoTeorema8,oqual, omojáse
refe-riu, onstituiua ferramenta teóri afundamental paraprovar o Teorema daDe omposição
de Jordanqueestudaremos nase ção seguinte.
O Teorema 8 forne euma de omposição de
C
n
numa somadireta de espaçosnulos de
matrizes,peloqueé importante omeçarmos omumresultadoauxiliarsobreeste tipo de
subespaçosvetoriais de
C
n
.
Lema 11. Seja
B ∈ M
n×n
(C)
e suponha queB
j
u = 0,
para algum
j ∈ N
+
e algum vetoru ∈ C
n
. Então
B
n
u = 0
.
Demonstração. A armação é óbvia para
u = 0
, pelo que onsideraremos apenas o aso emqueovetoru
énão-nulo. ÉtambémóbvioqueseB
j
1
u = 0
entãoB
j
2
u = 0
,paratodos osj
2
> j
1
,poisB
j
2
u = B
j
2
−
j
1
B
j
1
u = B
j
2
−
j
1
0 = 0.
Em parti ular, isto provaa armação
do Lemaquando
j 6 n.
Seja
k
omenor inteiro positivo tal queB
k
u = 0
. Considere-se o onjunto onstituido
pelosvetores
u, Bu, B
2
u, . . . , B
k−1
u.
(3) Este onjunto é linearmenteindependente. Defa to, sec
0
u + c
1
Bu + c
2
B
2
u + . . . c
k−1
B
k−1
u = 0,
(4) apli andoB
k−1
aambososmembrosdesta igualdade e relembrando que
B
k
u = B
k+1
u =
B
k+2
u = . . . = 0
( f. a ima), on lui-se que
c
0
B
k−1
u = 0
. Como
k
é, por hipótese, o menor dos expoentes positivosj
para os quaisB
j
u = 0
, tem-se
B
k−1
u 6= 0
e, portanto,
c
0
= 0
. Substituindoesteresultadoem(4),multipli andoambososmembrosdaigualdade porB
k−2
eapli andoomesmoargumento, on lui-seque
c
1
= 0
. Éevidentequerepetindo este pro essok − 1
vezesobtém-sec
m
= 0,
para todososm = 0, 1, . . . , k − 1.
Mas, então, osk
vetoresem(3 )sãolinearmenteindependentes e,portanto,temde seterk 6 n
,oque, peloqueseprovou no iní io,impli a queB
n
u = 0
.
Come emos, então, o estudo da de omposição de
C
n
em somasdiretas de subespaços
peloseguinte resultadogeral:
3
Paraabreviarotrabalhoenvolvido,eporqueo ál ulodematrizesinversasnãoéoque,nestaaltura,
nospreo upa, poderemosre orreraumdosvárioslo ais dainternetquepermitemefetuaresses ál ulos
Lema 12. Seja
B ∈ M
n×n
(C)
. EntãoC
n
= N (B
n
)⊕ Im(B
n
).
(5)Demonstração. Come emos por provar quea somaé umasomadireta, istoé,queo úni o
vetor omum a ambos os subespaços é o vetor nulo. Como
u ∈ N (B
n
) ⇒ B
n
u = 0
e omou ∈ Im(B
n
) ⇒ u = B
n
v,
para algumv ∈ C
n
,
seu ∈ N (B
n
) ∩ Im(B
n
)
ter-se-á ne essariamente0 = B
n
u = B
n
(B
n
v) = B
2n
v
, para algum vetor
v
. Mas o Lema 11 apli ado à igualdadeB
2n
v = 0
permite on luir que
B
n
v = 0
, ou seja, que
u = 0
e, portanto, a soma no enun iado é uma soma direta. Que a soma é todo oC
n
é uma
onsequên ia lara do Teorema da Dimensão apli ado à matriz
B
n
( f., por exemplo, [2,
Proposição 4.73℄).
Interessa-nos onsiderar
B = A − λ
1
I
n
no Lema 12e irsubstituindo o espaçoIm(A −
λ
1
I
n
)
n
por (somasdiretasde)espaçosnulosN (A − λ
k
I
n
)
n
,amde obteroresultado
ex-pressonoenun iadodoTeorema8. Paraesteobjetivoénaturalmenteimportanterela ionar
osespaços
Im(A − λ
1
I
n
)
n
e
N (A − λ
2
I
n
)
n
,o quefaremosno Lema14. Aí ne essitaremos
do seguinte resultadoauxiliar
Lema 13 (BinómiodeNewton). Seduas matrizes
A, B ∈ M
n×n
(C)
omutam, então, para qualquerm ∈ N,
(A + B)
m
=
m
X
j=0
m
j
A
j
B
m−j
.
Demonstração. A demonstração utiliza a indução. Para
m = 1
nada há a provar. Sem = 2
tem-se(A + B)(A + B) = A
2
+ AB + BA + B
2
= A
2
+ 2AB + B
2
=
2
X
j=0
2
j
AB
2−j
,
onde a segunda igualdade vem da hipótese da omutatividade:
BA = AB
. A veri a-ção da propriedade da hereditariedade envolve apenas um ál ulo algébri o simples omsomatórios, para o qual é apenas pre iso re ordar a lei de Pas al
m−1
j−1
+
m−1
j
=
m
j
[1, pág. 41℄ (ou re ordara expressão
n
k
=
k!(n−k)!
n!
para os oe ientes binomiais, aqual permitededuzir fa ilmente estalei). Deixamosesta parte omoexer í io.Lema 14. Seja
A ∈ M
n×n
(C)
, sejamλ
1
, λ
2
∈ C
e onsidereλ
1
6= λ
2
. EntãoN (A − λ
2
I
n
)
n
⊆ Im(A − λ
1
I
n
)
n
.
Demonstração. Provaremos que qualquer
u ∈ N (A − λ
2
I
n
)
n
também está em
Im(A −
λ
1
I
n
)
n
. Tome-se umu ∈ N (A − λ
2
I
n
)
n
arbitrário. Então,0 = (A − λ
2
I
n
)
n
u
= (A − λ
1
I
n
+ (λ
1
− λ
2
)I
n
)
n
u
=
n
X
j=0
n
j
(A − λ
1
I
n
)
j
(λ
1
− λ
2
)
n−j
u
= (λ
1
− λ
2
)
n
u + (A − λ
1
I
n
)
n
X
j=1
n
j
(A − λ
1
I
n
)
j−1
(λ
1
− λ
2
)
n−j
u.
Como, por hipótese,
λ
1
6= λ
2
,
podemos dividir esta expressão por(λ
1
− λ
2
)
n
e es rever a igualdade omou = (A − λ
1
I
n
) q(A)u
| {z }
=v
,
(6)onde
q
é afunção polinomialde graun − 1
denidaporq(A) = −
n
X
j=1
n
j
(A − λ
1
I
n
)
j−1
(λ
1
− λ
2
)
−
j
.
Agora repare-se que o que (6) arma é que
u ∈ Im(A − λ
1
I
n
)
, pois existe umv
tal queu = (A − λ
1
I
n
)v
. Masentão,substituindoestaexpressãoparau
nomembro direitode (6), e tendoematenção queq(A)(A − λ
1
I
n
) = (A − λ
1
I
n
)q(A),
obtém-sePorquê?
u = (A − λ
1
I
n
)
2
q(A)v.
Substituindo de novo esta expressão para
u
no membro direito de (6) e repetindo este pro edimentoumnúmerosu ientementegrandedevezes(n − 1
vezes,nototal),obtém-seu = (A − λ
1
I
n
)
n
q(A)
n−1
v
|
{z
}
=w
,
oquemostraque
u
éaimagem,por(A−λ
1
I
n
)
n
,
deumvetor
w
,ousejau ∈ Im(A−λ
1
I
n
)
n
,
o que on luia demonstração.
Portanto, tendo estabele ido que
N (A − λ
2
I
n
)
n
é um subespaço de
Im(A − λ
1
I
n
)
n
,
podemos es rever
Im(A − λ
1
I
n
)
n
= N (A − λ
2
I
n
)
n
⊕F,
paraalgumsubespaçoF ⊂ Im(A −
λ
1
I
n
)
n
apropriado. Este éo temado próximolema.Lema 15. Nas ondições doLema 14,tem-se
Im(A − λ
1
I
n
)
n
= N (A − λ
2
I
n
)
n
⊕ Im(A − λ
1
I
n
)
n
∩ Im(A − λ
2
I
n
)
n
.
Demonstração. Come emos por observar queo Lema12 permite es rever
C
n
= N (A − λ
2
I
n
)
n
⊕ Im(A − λ
2
I
n
)
n
.
Portanto, omo
Im(A − λ
1
I
n
)
n
= C
n
∩ Im(A − λ
1
I
n
)
n
,
temosIm(A − λ
1
I
n
)
n
= N (A − λ
2
I
n
)
n
⊕ Im(A − λ
2
I
n
)
n
∩ Im(A − λ
1
I
n
)
n
,
e,devidoàin lusãoprovadanoLema14, on lui-se 4
queaigualdadea imapodeseres rita
omo
Im(A − λ
1
I
n
)
n
= N (A − λ
2
I
n
)
n
⊕ Im(A − λ
2
I
n
)
n
∩ Im(A − λ
1
I
n
)
n
,
omopretendiamos provar.
4
Prove quese
U, V, W
são subespaços deum espaçovetorialX
tais queX
= U ⊕V
eU ⊆ W
,entãoW
= W ∩ X = W ∩ (U ⊕V ) = (W ∩ U )⊕(W ∩ V ).
Exibaum ontra-exemploquemostraquea ondiçãode
W
onterumdossubespaçosnãopodesereliminada( onsidere asosemX
= R
2
C
n
= N (A − λ
1
I
n
)
n
⊕ N (A − λ
2
I
n
)
n
⊕ Im(A − λ
2
I
n
)
n
∩ Im(A − λ
1
I
n
)
n
.
Isto sugere imediatamente que, ontinuando a apli ar su essivamente o Lema 15
obtere-mossomasdiretasdosespaçosprópriosgeneralizados orrespondentesaosdiversosvalores
própriosedeumespaçoqueéainterseção dosespaçosdasimagens orrespondentes.
Por-tanto, se provarmos que
k
\
j=1
Im(A − λ
j
I
n
)
n
= {0},
ondeλ
1
, . . . , λ
k
são todos os valores própriosdistintosdeA
,entãoaapli ação su essiva doLema 15resultará no Teorema 8.Lema 16. Seja
A ∈ M
n×n
(C)
, sejamλ
1
, . . . , λ
k
∈ C
todos os seus valores próprios distintos. Entãok
\
j=1
Im(A − λ
j
I
n
)
n
= {0}.
Demonstração. SejaM =
k
\
j=1
Im(A − λ
j
I
n
)
n
.
É laro que0 ∈ M
pois0
é sempre umelementodequalquersubespaçovetorialetodosos
Im(A − λ
j
I
n
)
n
sãosubespaçosvetoriais
de
C
n
. Queremos provar que
M
não ontém maisnenhumvetorparaalém de0
. Paratal provaremosprimeiro queM
é invarianteparaA
,ou seja,seu ∈ M
,então tambémAu ∈
M :
onsidereu ∈ M
,portanto,paratodososj = 1, . . . , k,
tem-seu ∈ Im(A − λ
j
I
n
)
n
,ou
seja,existem
v
j
taisqueu = (A−λ
j
I
n
)
n
v
j
;masentão,para adaj
,Au = A(A−λ
j
I
n
)
n
v
j
=
(A − λ
j
I
n
)
n
Av
j
,
ousejaAu ∈ Im(A − λ
j
I
n
)
n
,
paratodosos
j
e,portanto,Au ∈ M
. TendoPorquê?
provadoque
M
éinvarianteparaA
,entãoé laroqueu ∈ M ⇒ Au ∈ M ⇒ A
2
u ∈ M ⇒
. . .
Assuma-seagoraqueexisteumvetor
u ∈ M \ {0}
e onsidere-seo onjunto onstituido pelosn + 1
vetoresdeC
n
u, Au, A
2
u, . . . , A
n
u.
(7) Como temosn + 1
vetoresde umespaço vetorial de dimensãon
,sabemos que o onjunto onstituido pelos vetores em (7)é linearmentedependente. Portanto, existem onstantesc
j
∈ C
,não todasnulas,tais quec
0
u + c
1
Au + c
2
A
2
u + · · · + c
n
A
n
u = 0.
(8) Sejap
o maiorinteiro parao qualc
p
6= 0
. Então, (8)pode seres rito omoc
0
u + c
1
Au + c
2
A
2
u + · · · + c
p
A
p
u = 0.
Portanto, esta igualdade é da forma
P (A)u = 0
, ondeP (x) = a
0
+ c
1
x + · · · + c
p
x
p
.
Usando o Teorema Fundamental da Álgebra sabe-se que existe uma fatorização