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III CONGRESSO PAULISTA DE ENSINO DE CIÊNCIAS Itapetininga, 26 de outubro de 2022 SIMULADORES DIDÁTICOS POR ANÁLISE DE TOQUE PARA PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE E CIÊNCIAS Wladimyr Mattos Albano

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Itapetininga, 26 de outubro de 2022

SIMULADORES DIDÁTICOS POR ANÁLISE DE TOQUE PARA PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE E CIÊNCIAS

Wladimyr Mattos Albano1 Cristina Maria Carvalho Delou2 Palavras-chave: Práticas simuladas; Metodologias ativas; Análise de toque;

Simulação.

Introdução

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma técnica e um modelo para ser utilizado em aulas práticas simuladas que podem ser desenvolvidos em diversos cursos e disciplinas da área de saúde e exatas.

Práticas didáticas simuladas

Práticas didáticas simuladas são aulas onde se utiliza a técnica da simulação para reproduzir a realidade por intermédio de experiências guiadas onde há interação e aprendizado (GABA, 2004). Existem simuladores para diversos tipos de simulação, entretanto, se o simulador contém mecanismos de feedback de avaliação ou correção de erros, cuja função seja o aprendizado e não o entretenimento, eles são denominados de simuladores didáticos e são utilizados em práticas didáticas simuladas (ALESSI; TROLLIP, 2001).

Análise de Toque

Análise de toque (spot test) é definida como uma técnica analítica de realizar testes em escalas semi micro e ultra micro com resultados satisfatórios utilizando equipamentos simples e execução em um tempo mínimo, cujo objetivo é atingir a sensibilidade e seletividade máxima com o mais reduzido número de operações físicas e químicas e com o procedimento mais simples possível (FEIGL; ANGER, 1972; DOMÉNECH-CARBÓ; DOMÉNECH-CARBÓ, 2021).

Essa técnica é aproveitada e utilizada nas mais diferentes áreas da química, farmácia, criminologia, análises clínicas, geoquímica, entre outras, em ensaios de todas as escalas (nano, micro e semi micro) e níveis (preliminares, gerais e específicos), tais como, ensaios em colorimetria, eletroquímica, precipitação, ensaios imunoenzimáticos, fotoluminescentes, piezoeléticos e de sinais magnéticos, entre outros (DOMÉNECH-CARBÓ; DOMÉNECH-CARBÓ, 2021). Alguns exemplos de testes e kits comerciais que utilizam a técnica de análise de toque estão descritos na Tabela 1 (ESPINOLA, 2004).

1 Mestre em Ensino de Ciências. Fundação Oswaldo Cruz. E-mail: mattosalbano@gmail.com 2 Doutora em Educação. Fundação Oswaldo Cruz. E-mail: cristinadelou@id.uff.br

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Tabela 1 – Análises de toque desenvolvidas por Fritz Feigl com aplicações em análises clínicas e forenses e encontradas em kits comerciais

Natureza do Teste Detecção, diagnóstico Kit/Teste para

FORENSE

Resíduos de descargas com armas de fogo

Explosivos domésticos Explosivo militar (C-4)

Pó sem fumaça e dinamites Explosivo Militar

Chumbo (sensível e seletivo)

Bário (teste) Cloratos (teste) RDX (teste específico)

Nitrocelulose (teste) Tetryl (teste) CONTROLE DE

POLUIÇÃO Percloretileno Fenol e compostos

aromáticos com

grupamento fenólico (kit) CLÍNICO Glicosúria: glicose na urina

Sangue/resíduos de sangue (mesmo invisíveis)

Albustix Luminol Fonte: Elaboração própria.

Simulação com análise de toque

Quando se analisa a técnica de toque depara-se com um quadro perfeito para a realização de simulações (Tabela 2).

Tabela 2 – Características da análise de toque e respectivas vantagens por categoria Categorias Características e vantagens

Equipamentos, espaço e condições

Não requer laboratório e nem equipamentos (ESPINOLA, 2004;

DOMÉNECH-CARBÓ; DOMÉNECH-CARBÓ, 2021), simplificando a fidelidade das dimensões físicas (equipamentos e atributos do ambiente).

Complexidade

Não realiza tarefas ou procedimentos complexos, pelo contrário, são reações de gotas dos reagentes em tubos de ensaio contendo as amostras (FEIGL; ANGEL, 1972; DOMÉNECH-CARBÓ;

DOMÉNECH-CARBÓ, 2021) com um mínimo de procedimentos, os mais simples possíveis, que geram produtos coloridos e/ou distinguíveis (DOMÉNECH-CARBÓ; DOMÉNECH-CARBÓ, 2021), portanto simplifica a fidelidade das dimensões psicológicas (tarefa e atributos funcionais), uma vez que são tarefas rápidas, precisas e simples, de resultados imediatos, minimizando emoções, crenças e falta de autoconfiança.

Compreensão

Facilita a compreensão do fenômeno e suas implicações, uma vez que o conceito envolvido no teste representa com fidelidade o resultado real que se quer simular, que na maioria dos casos é um produto de mesmo aspecto e cor (DOMÉNECH-CARBÓ;

DOMÉNECH-CARBÓ, 2021), facilitando a correlação conceitual entre simulação e realidade, simplificando a fidelidade da dimensão conceitual.

Fonte: Elaboração própria.

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Itapetininga, 26 de outubro de 2022

Simuladores Didáticos por análise de toque para práticas simuladas

Existem vários modelos de simulação, ou simuladores, que utilizam as mais variadas técnicas (COOPER; TAQUETI, 2004), mas como os propósitos deles são variados (computação, simuladores de números e estatísticas, comportamentos humanos etc.) e o nosso propósito é estritamente educacional, é preferível adotar a terminologia simuladores didáticos (SD) para diferenciar dos demais.

Simuladores em geral podem ser de alta ou de baixa tecnologia e podem replicar tarefas simples ou complexas (ZIV, 2006).

O SD sugerido é o que se utiliza das propriedades dos vegetais que contém antocianinas, tais como uva, jambolão, hibisco, repolho roxo, pata de vaca etc., pois eles se comportam como indicadores universais de pH, mudando de cor de acordo com a adição de diferentes substâncias de diferentes valores de pH, dentro da escala padrão de pH que vai de 1 até 14 (ARRUDA et. al., 2019).

Nesse caso pode-se obter cores que variam do vermelho até o azul (ANTUNES et al., 2009), o que é ideal para simular reações onde as cores dos produtos mudam, como por exemplo, de verde para amarelo ou de vermelho para o azul ou transitar entre incolor, vermelho e azul (GUIMARÃES; ALVES;

ANTONIOSI FILHO, 2012), conforme a adição de outros compostos (Figura 2), ácidos, básicos e neutros, tais como vinagre (pH = 2,8), bicarbonato de sódio (pH = 8), amoníaco (pH = 11), soda (pH = 14) e água (pH = 6,5-7), e funcionam tão bem que podem ser utilizados em substituição à fenolftaleína (SILVA;

BRITO; GONÇALVES, 2018) e outros indicadores comerciais.

O modo de preparação é simples, basta pesar 5 g do vegetal seco e picado e juntar com 50 mL de água destilada em um recipiente e aquecer até ebulição (infusão) e depois tapar e deixar esfriar, guardar em um frasco vedado com tampa e longe da claridade. Para estabilizar o extrato podem ser adicionados Nipagin ou ácido cítrico.

Vegetais contendo antocianinas, tais como, repolho roxo, jambolão, hibisco, pata de vaca, uva, amora etc. podem ser encontrados em supermercados, feiras, bancas de jornais em saquinhos, barracas de ambulantes etc., e podem ser encontrados e comprados na Internet pelo e- commerce. As cores de acordo com o pH estão ilustradas na Figura 1.

Figura 1 – Cor dos extratos de Hibisco e Uva em função do pH da substância adicionada Indicador Cor do extrato bruto e cor do extrato em função do pH

Extrato 1 3 6 10 14

HIBISCO PATA DE VACA

UVA

Fonte: Elaboração própria.

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Mostrada a adequação da análise de toque na realização de práticas de simulação, agora iremos descrever três exemplos de práticas experimentais que podem ser simuladas com a utilização desses dois MS apresentados com simplicidade, agilidade e fidelidade (Tabela 3) num universo de dezenas de outras.

Tabela 3 – Quadro de exemplos de simuladores didáticos (SD) que podem ser utilizados e desenvolvidos em práticas de análise de toque em disciplinas na graduação

Disciplina/curso (Prática) Realidade Simulação

Bioquímica/Farmácia (Caracterização de

aminoácidos)

Quando se aquece uma

amostra contendo

aminoácidos com um excesso de Ninidrina ocorre a produção de um composto cor de púrpura. Os aminoácidos prolina e hidroxiprolina, por serem

iminoácidos reagem

formando um composto amarelo.

Prepara-se uma amostra com amoníaco (pH = 11) e outra com soda (pH = 14) e ao pingar extrato de hibisco ou de uva teremos uma amostra com um produto de cor púrpura e outro de cor amarela semelhantes aos padrões. Pode-se aquecer para dar mais realismo.

Análise Orgânica/Química (Identificação de açúcar

redutor)

O reagente de Benedict (solução de citrato de sódio, carbonato de sódio e sulfato de cobre) na presença de açúcares redutores muda da cor azul para a vermelha.

Prepara-se a amostra com extrato ou pó de hibisco em pH=10 (cor azul) e adiciona- se algumas gotas de limão (pH=2) até a cor virar para vermelho.

Análises Clínicas/Enfermagem

(Análises Clínicas)

Pela amostra de urina coletada é possível estabelecer um diagnóstico preliminar em um teste imunoenzimático para insuficiência renal pela visualização da cor verde

Prepara-se o poço de uma microplaca reciclada onde será realizado o teste com extrato ou pó de pata de vaca, depois é só adicionar

algumas gotas de

bicarbonato de amônio (pH=10).

Fonte: Elaboração própria.

Basta selecionar um teste ou exame colorimétrico, ou seja, cujo resultado positivo ou negativo seja um produto colorido ou que mude de cor (o produto gerado muda ou produz uma cor) e adaptar a análise de toque para uma simulação com um dos modelos aqui descritos disponíveis.

Podem ser utilizados nos mais variados cursos da área de saúde, tais como, Enfermagem, Nutrição, Farmácia e Medicina, e na área das Ciências da Natureza, como Biologia e Química, nas mais variadas disciplinas como Análises clínicas, Análise Orgânica, Bioquímica, Química Analítica, entre outras.

Considerações finais

O simulador didático desenvolvido permite recriar práticas experimentais com a mesma fidedignidade que o experimento real, possibilitando aulas

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Itapetininga, 26 de outubro de 2022

dinâmicas e diversificadas, onde o aluno participa ativamente da construção de seu conhecimento e pode aprimorar suas habilidades, aprender com os seus erros e tomar decisões que não prejudicam e serão vantajosas para quando tiver que enfrentar situações reais em sua vida profissional, com destaque para as áreas de atendimento da saúde em que um erro pode custar uma vida.

Referências

ALESSI, S. M.; TROLLIP, S. R. Multimedia for Learning: Methods and Development. 3th ed. Massachusetts: Allyn & Bacon, 2011.

ANTUNES, M.; ADAMATTI, D. S.; PACHECO, M. A. R.; GIOVANELA, M. pH do solo: determinação com indicadores ácido-base no Ensino Médio. Quim.

Nova na Escola, v. 31, n. 4, p. 283-287, 2009.

ARRUDA, M. R. E.; BARBOSA, E. K. S.; SILVA, C. F.; SILVA, G. M. Avaliação de extratos de antocianinas como indicadores de pH obtidos por diferentes métodos. Brazilian Journal of Food Research, v. 10, n. 3, p. 87-100, 2019.

COOPER, J. B.; TAQUETI, V. R. A brief history of the development of mannequin simulators for clinical education and training. Qual Saf Health Care, v. 13, n. 1, p. 11–18, 2004.

DOMÉNECH-CARBÓ, M. T.; DOMÉNECH-CARBÓ, M. T. Spot tests: past and presente. Chem Texts, v. 8, n. 4, p. 1-66, 2021.

ESPINOLA, A. Fritz Feigl: sua obra e novos campos tecno-científicos por ela originados. Quim. Nova, v. 27, n. 1, p. 169-176, 2004.

FEIGL, F.; ANGER, V. Spot Tests in Inorganic Analysis. Amsterdam:

Elsevier, 1972.

GABA, D. M. The future vision of simulation in health care. Qual Saf Health Care, v. 3, n. 1, p. 2–10, 2004.

GUIMARÃES, W., ALVES, M. I. R.; ANTONIOSI FILHO, N. R. Antocianinas em extratos vegetais: aplicação em titulação ácido-base e identificação via cromatografia líquida/espectrometria de massas. Quim. Nova, v. 35, n. 8, p.

1673-1679, 2012

SILVA, A. F. S.; BRITO, L. M.; GONÇALVES, J. L. S. Extratos vegetais: uma alternativa à Fenolftaleína no Ensino de Química Analítica. Revista Processos Químicos, v. 12, n. 23, p. 37-41, 2018. https://doi.org/10.19142/rpq.v12i23.423.

SILVA, W. A.; MOURA, F. J. A.; SILVA, P. J. A.; SOUSA; J. L. S.; CORREIA, J.

M. Braz. J. of Develop., v. 6, n.4, p. 16859 – 16871, 2020.

ZIV, A.; WOLPE, P. R.; SMALL, S. D.; SHIMON, G. Simulation-Based Medical Education: An Ethical Imperative. Simulation in Healthcare, v. 1, n. 4, p. 252- 256, 2006.

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