SERViÇOS BIBLIOTECÁRIOS
AS ÁREAS RURAIS NO
ESTADO DE SANTA CATARINA,
BRASIL*
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
MITSI WESTPHAL TA
YWRCoordenadora do
Sistema de Bibliotecas Públicas de Santa Catarina
Fundação Educacional de Santa Catarina
Florianópolis,
se -
BrasilPalavras chaves: bibliotecas em países em dade pode oferecer e que se acham
vincu-desenvolvimento. lados à quantidade e qualidade de
infor-planejamento de bibliote- mação disponível.
cas públicas. / Cremos que em tais contextos o papel
serviços bibliotecários a I da Biblioteca Pública, cujo adjetivo -
Pú-áreas rurais. \ blica - lhe dá a prerrogativa de ser do
po-vo, deva ser examinado a partir da ótica
das desigualdades sociais o que nos leva a
oncluir que cabe a ela cumprir importan-te e estratégica função: reduzir a distância
que separa realidades tão diferentes,
me-diante a efetiva democratização de seu
uso. Nesta Biblioteca Pública é requerido
O desenvolvimento econômico e social CIo offinõtêcário desempenhar o papel de
agudamente reclamado pelos países em ágente da mudança e ele deve estar
capa-desenvolvimento passa fata~ citado a planejar,isto é, diagnosticar a
democratização do acesso e utilização da situação presente e prever sua evolução
informação. :buscando ir ao encontro de propósitos
de-~
Nesses países a grande maioria da po- terminados.
pulação é justamente aquela que não par- • Considerando as condições usualmente
ticipa em condições de igualdade da dis- disponíveis em países em
desenvolvimen-0ribuição dos bens e serviços que a socie- to para a efetivação de serviços
bibliotecá-Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 18(3/4) :27/38, Dez/8S 27
SERViÇOS BIBLIOTECÁRIOS ÀS ÁREAS RURAIS NO ESTADO DE ST. CATARiNA, BRASIL
Mitsi WE:stphal Taylor
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
sos específicos no orçamento do Estado
.Pãi=ãã::sua
-.
manutenção~na 'nâoexistê-nGia~
de um enunciado claro sobre seus reais
objetivos bem como no desconhecimento,
por parte dos cidadãos quanto a seus
di-reitos sobre serviços bibliotecános-'.
A bibl ioteca públ ica no Brasil na sua
grande maioria é municipal e como talos
recursos para a sua manutenção são
garan-tidos mediante convênio firmado entre o
Instituto Nacional do Livro e as
Prefeitu-ras Municipais. "O convênio é aleatório,
depende excessivamente da boa vontade,
do grau de conscientização, do interesse
dos prefeitos e nada garante sua
manuten-cãe em anos seguintes ... Em suma, a
bi-blioteca pública vive da inciativa de
pre-feitos e outras autoridades e,
alternativa-mente, do apoio de outras entidades
co-mo sejam: secretarias de educação,
funda-ções culturais, instituições religiosas,
clu-bes de serviços e entidades tipo SESC
(Serviço Social do Comércio)"3.
de recursos para implantar em cada
Uni-dade Federada um Sistema Estadual de
Bibliotecas Públicas, as quais, articuladas
comporiam um Sistema Nacional.
Conse-qüentemente "as Bibliotecas Públicas Mu· ·
nicipais deixariam de funcionar
isolada-mente" vindo a compor "um sistema
ins-titucional izado de colaboração rnútua't".
Entretanto, se a existência de um plano
nacional de bibliotecas e sistemas de
in-formação coloca como primeiro requisito
a inclusão de "urna decisão pol(tica,feita
pelo governo, sobre o desenvolvimento
global" e este deverá claramente indicar
os objetivos que o governo determina
pa-ra o SIB (Serviço de Informação e
Biblio-teca), as prioridades básicas e as bases
fi-nanceiras'", podemos dizer que
o
Brasilainda não dispõe de um Plano Nacional
de Bibl iotecas Públicas. É que o Sistema
Nacional de Bibliotecas Públicas carece
ainda de uma base jurídica e econômica,
uma vez que a nível de subsisternas
esta-d!Jais, nem todos se encontram
legalmen-te institucionalizados e contando
portan-to com garantias para um
desenvolvimen-to integrado, continuado e
conseqüente-"Com a finalidade de propiciar meios mente. A nível nacional, passados quase
d - . t do 1· , dez anos desde sua implantacão
(1976-para a pro uçao e o apnmoramen o - _. .. .
vro e a melhoria dos serviços bibliotecá- 1985) o Projeto Sistema Nacional de
B,-rios" em 1937 foi criado no Brasil o Insti- bliotecas Públicas ainda não foi aprovado
tuto Nacional do Livro (INU o qual pas- pelo Ministério da Educação e Cultura, sou incorporar a partir de 1968, o Serviço atualmente Ministério da Cultura.
Nacional de Bibliotecas vindo conseqüen- Apesar dessas caracterrsticas negativas
temente coordenar o Sistema.Nacional de presentes no todo, os subsistemas
esta-Bibliotecas e tendo corno meta prioritária duais vem se esforçando no sentido de
ex-a Bibl iotecex-a Públ ica. A partir de 1976 ini- piorar de melhor maneira possrvel as
con-ciou a implantação do Sistema Nacional dições disponlveis em sua Unidade
Fede-de Bibliotecas Públicas. O projeto dispôs rada. E, dada as diferenças regionais
pre-Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 18(3/4): 27/38, Dez/85
que mesmo na ausência das citadas
condi-ções, alguma coisa pode ser feita. Este tr
a-balho apresentará a experiência do
Siste-ma de Bibliotecas Públicas do Estado de
Santa Catarina (Brasil) (SBPSC) onde
ser-viços bibl iotecários na área rural foram
postos em execução com um mínimo de
sustentação do qovemo. Na verdade
deve-se esdeve-sencialmente a uma consciência de
necessidade aliada ao esp frito
empreende-dor do povo desse estado os resultados
que estão se obtendo.
Antes de tratarmos da experiência do SBPSC - olaneiamento e execução de
ser-viços na área rural - algumas informações
se fazem necessárias para melhor entender
o contexto onde a experiência vem sendo
realizada. I niciaremos iluminando o
con-ceito de biblioteca pública no Brasil. Em
seguida localizaremos o SBPSC no
Siste-ma Nacional de Bibliotecas Públicas.
Pos-teriormente apresentaremos a experiência
em si, nos seguintes termos: perfil
sócio-econômico cultural do estado de Santa
Catarina, bases teóricas que serviram de
sustentação para o modelo de serviço
bi-bliotecário adotado, prioridades eleitas,
diagnóstico do estado atual dos serviços
bibliotecários na área rural e perspectivas
para o futuro. rios, acredita-se que no planejamento de
serviços em bibliotecas públicas dois
pon-tos são considerados essenciais:
a) O planejamento deve ser enraizado,
isto é, fundamentado nas necessidades
sentidas ou latentes na maioria da popula-cão. Tendo em vista que diferentes grupos de vida humana associada possuem
valo-res, aspirações e necessidades
característi-cas, o planejamento de serviços da Biblio-teca Pública precisa ser legitimado pelo
usuário, antes de o ser pelo Estado.
Aus-cultar em primeira instância o indivíduo,
depois sua comunidade, o município a
re-gião onde vive o cidadão é uma
necessida-de básica. E são tais realidades particula-l
res que devem servir de base para a
pro-gramação das ações.
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
I
b) O planejamento deve ser pragmát~
co. Nele deve prevalecer o bom senso e a
criatividade deve ser intensamente
utiliza-da para tirar o melhor partido dos
recur-sos disporuveis. Enquanto aguardamos
que os grandes planos do Governo,
quan-do existem, sejam postos em prática, não
podemos nos satisfazer apenas com as
constatações, que são tão evidentes. Não
é necessário nenhum esforço para
verifi-car quão distante estão os acervos e
servi-ços tradicionalmente oferecidos pela
bi-blioteca pública do dia a dia da maioria
de nossas populações, Eles precisam ser
seguidos de ações para que mudanças
ocorram no menor prazo possível.
Idealmente a implantação e implemen- A biblioteca pública no Brasil, a
exem-tação de um processo de planejamento re- pio de outros países é considerada
"mis-quer uma série de condições favoráveis são indelegável do Estado". Entretanto a
em termos institucionais, administrativos falta de uma legislação a respeito do
as-e técnicos 1_ A prática nos autoriza a dizer sunto implica na não existência de
recur-,
---28 Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 18(3/4): 27/38, Dez/aS
3_ O SISTEMA NACIONAL DE BIBLIO-TECAS PÚBLICAS
2. A BIBLIOTECA PÚBLICA NO
BRASIL
SERViÇOS BIBLlOTECARIOS ÀS AREAS RURAIS NO ESTADO DE ST. CATARINA, BRASIL
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sentes num país com a extensão do Brasil
onde população se acha dividida em
clas-ses sociais de diferentes níveis de vida e
diferentes níveis de cultura, os
subsiste-mas estaduais vem adquirindo feições e
ritmo de desenvolvimento próprios.
Quadro I
Mitsi Westphal Taylor
4. O SISTEMA DE BIBLIOTECAS
PÚ-BLICAS DE SANTA CATARINA
Santa Catarina é um estado local izado
na região sul do Brasil, Possui área 95.483
km2 compreendendo duas realidades
dis-tintas: oIitoral e o planalto.
iniciou a implantação do Sistema de Bi- papel do livro na sociedade. E, a
interrela-bliotecas Públicas, Santa Catarina contava ção entre o livro e os meios de
comunica-com 187-Bibliotecas Públicas Municipais ção de massa passou a ser um dos tópicos (B.P.M.) de acordo com os registros do previlegiados da pesquisa estimulada pela
I N L, espacialmente d istribu ídas em toda Unesco, sendo o assunto abordado sob
di-a extensão do estado. O levantamento ferentes pontos de vista7. A nível
interna-efetuado pelo SBPSC encontrou algumas cional, a literatura a respeito da biblioteca
unidades desativadas. As demais apresen- públ ica, a partir de então, convida os
bi-tavam uma grande diversidade de estágios bliotecários a ampliar seu conceito de
ma-quanto a recursos físicos, materiais, hu- terial informativo e a aceitar novas
defini-manos e a nível de organização. Apenas ções de "leitura" em função dos tipos de
duas executavam serviços de exrensão comunidades que a biblioteca pública
ve-sendo estes executados na periferia urba- nha a servir. Ao mesmo tempo as bibl
io-na. tecas públicas são propostas com locais de
Estas duas bibliotecas localizam-se nos atividade cultural em geral como uma
es-municípios de maior índ ice de população tratégia para manter e/ou conquistar e/ou
urbana e alcançaram os maiores índices ampliar sua clientela.
em termos de qual ificação de recursos hu- No Brasil acontecimentos pai íticos,
manos e conseqüentemente qualidade a econômicos e sociais ocorridos na década nível de organização do acervo. Quando de 80 encontram respaldo no 111 Plano foi iniciada a implantação do SBPSC deci- Nacional de Desenvolvimento (111 PN D -diu-se considerar o rico mosaico que o es· 1980-1985) o qual tem como o,lljetiv? tado apresentava, acreditando que a diver- síntese à~ol1s!rução de uma sociedade
de-sificação oferecia pontos de apoio especí- senvolvida, e livre em benefício de todos
ficas para vantagens local izadas, a descon- QS brasilejros,_~ menor prazo possível8. centração, uma oportunidade para abran- No setor da educação, cultura e
despor-ger desde o primeiro momento, toda a ex- tos, as populações menos favorecidas são
tensão do estado. A malha viária disponí- alvo de atenção especial, condição
essen-vel aliada a um eficiente sistema de trans- cial para a democratização das
oportuni-porte e comunicação oferecia o suporte dad~Na literatura brasileira em
Bibliote-indispensável para a articulação das unida- (nnomia, posícionamentos técnicos
ques-des. E, a conseqüência natural da intera- \'tionavam a interface bibl ioteca públ ica
-cão de diferentes bibliotecas públicas mu- comunidade, chamando a atenção para as
~icipais, a partir do momento em que ini-
<
contradições existentes entre as intençõesciassem a troca de experiências, seria o .oficiais comprometidas com a cultura
eru-enriquecimento do todo.
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
r :
e as reais expectativas provindas da O Ano Internacional do Livro (1984) cultura popular. Estudos exploratórios so pode ser tornado como um marco inaugu- \ sobre o desempenho da biblioteca públicaral para uma série de estudos em torno do ao lado de e'Xperiências enovadoras,
pro-Região % Área Número de Densidade % População % Participação
cidades Populacional na economia
Litoral 36 90 57 pessoas 45 55
km2
Planalto 64 109 27 pessoas 27 45
km2
Fonte: Mattos, F.M. de Santa Catarina, 1978.
O quadro I fornece dados numficos a respeito de seu perfil sócio-econômico- cul-tural.
Como é comum em todo o Brasil os
199 municípios do Estado de Santa Cata-rina possuem entre si uma variedade
mui-to grande com relação a seu tamanho,
va-riando a extensão entre 5.271 km2 (o maior) a 43 km2 (o menor), sendo que todos eles comportam uma parte urbana
onde se localiza a sede do município o
que pode inclusive significar a existência
de uma cidade e uma parte rural que em
alguns casos pode abrigar um ou mais
nú-cleos populacionais claramente definidos,
chamados distritos. Dos municípios de
Santa Catarina, 54% possuem área supe-rior a 300 km2 o que explica o elevado índice de população rural tendo em vista
que a sede do município (parte urbana)
geralmente é de pequeno porte. Desse
modo (entre os 199 municípios
catarinen-30
ses, 127 possuem população rural nume-ricamente superior à sua população
urba-na).
Em Santa Catarina 43% da .poputação
possui idade inferior a 15anos. A popula-ção de Santa Catarina é composta de:
por-tugueses, alemães, italianos, poloneses e
mais recentemente japoneses.
O estado de Santa Catarina encontra-se
dividido em 20 micro-regiões polarizadas com finalidade de regionalização da ação
do governo e de seu ptaneiarnento''. Os
aglomerados étnicos, a distribuição
espa-cial das cidades e a vocação
agro-indus-trial dão ao perfil
sócio-econômica-cultu-ral de Santa Catarina duas características
específicas: desconcentração e
diversifica-ção.
Em agosto de 1979, época em que se
SERViÇOS BIBLlOTECARIOS AsAREAS RURAIS NO ESTADO DE ST. CATARINA, BRASI L
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curando transformar a bibl ioteca públ ica
em centro cultural da comunidade
teste-munhavam um movimento no sentido de
recriar a imagem da biblioteca pública,
buscando sua credibilidade junto às
co-munidades. E, destaca-se com insistência
que o novo perfil a ser conferido a bibl
io-teca públ ica será conseqüência dos papéis
a serem assumidos pelo usuário: suje~
e.2!"ticipante, em função do qual serão de-cididos acervos e serviços a serem
oferta-. éiõSe;pelõ bibliotecário: agente de
trans-formação ?oc~I, p~eoS!Jpa.do e.l1l--au.scult.
e interpretar constantemente os anseios
informacionais da comunidade.
4"õdiàgnósticó da realidade do estado
de Santa Catarina associado a base teórica citada e, as limitações impostas pelos
re-cursos fornecidos pelo convênio IN
LI
FEsc(a) nos forneceram os elementos
ne-cessários para a formulação das pol íticas e
planejamento dos serviços do SBPSC.
O SBPSC a partir de sua implantação, passou a ser parte da FESC e a dela
de-pender financeiramente. A FESC mantém
o núcleo e os serviços que ele executa.
,4 Para orientar as decisões sobre
objeti-vos, metas e diretrizes gerais do
planeja-mento, adotamos os seguintes
pressupos-tos:
~
';;))0 sucesso de um sistema de biblio-tecas públ icas não depende apenas do res-paldo oficial, o que significa sua
institu-cionalização, mas exige especialmente o
respaldo popular, o que depende de a
bi-} bl ioteca públ ica encontrar um sentido
diante dos valores particulares de cada co-munidade.
b) Diferentes grupos de vida humana
32
associada são portadores de
característi-cas particulares e como tal com
necessida-des e interesses informacionais especiais,
bem como com habil idades específicas
quanto à utilização de diferentes veículos
de informação.
c) Populações rurais possuem um
per-fil sócio-econômico cultural que limita a prática da leitura da palavra escrita.
d) A democratização do uso da
biblio-teca pública em países em
desenvolvimen-to passa fatalmente pela adoção de
dife-entes veículos de comunicação na
utiliza-ção de seus acervos e serviços.
e) Investir na criança hoje é garantir o ,-usuário de amanhã.
Mitsi Westphal Taylor
de projeto piloto com 19 bibl iotecas
pú-blicas municipais, preferencialmente
loca-Iizadas nas cidaqes polos das microregiões em que se acha dividido o estado (na
épo-ca 19 microregiões).
b) Posteriormente envolver
progressi-vamente o maior número possível de
bi-bliotecas públicas municipais.
vel de projeto piloto, o Sistema de Biblio-tecas Públicas de Santa Catarina foi
con-siderado implantado. Passamos a seguir a
trabalhar com um número crescente de
bibliotecas públicas municipais, paralelo a
efetivação de três programas especiais:
serviços a infância, serviços à área rural e programa de aquisição centralizada (PAC).
5. SERViÇOS
A
ÁREA RURALTeoricamente entende-se como
servi-ços à área rural os programas levados às
populações residentes fora do perímetro
urbano das cidades,
Uma análise do perfil sócio-econômico
cultural do Estado de Santa Catarina
apontou como uma das prioridades a
cria-ção de serviços à área rural.
A programação dos serviços à área
ru-ral segue uma orientação geral do núcleo
do sistema, entretanto toda a prática se
sustenta inteiramente nos recursos
infor-macionais e materiais disponíveis pelas
B.P.M. Cabe ao núcleo sugerir, orientar e
incentivar programações, avaliá-Ias e,
di-vulgar os resultados obtidos.
Cabe à B.P.M., dentro de suas
limita-ções específicas utilizar e/ou criaras
con-dições necessárias para a execueão do pro-grama.
Desse modo a programação de ações
voltadas à área rural fazem parte do
pla-nejamento das B.P.M. as quais são
inten-samente incentivadas nesse sentido. Se fez
necessário, entretanto que o núcleo do
sistema criasse as condições indispensáveis
para a implantação de serviços na área
ru-ral, bem como se preocupasse em manter
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação 18(3/4): 27/38, Dez/85 33
4.1. OBJETIVOS
a) Motivar os poderes públ icos
esta-dual e municipal e as comunidades no
sentido de criar e manter bibliotecas
pú-bl icas operantes.
b) Promover a melhoria e
funciona-mento das bibliotecas públicas existentes
através de um ativo serviço de divulgação de seus acervos e serviços, seleção
orienta-da e centralização do processo técnico;
c) Promover um melhor aproveitamen-to do acervo das bibl iotecas públ icas no
nosso estado, através de programas de
cooperação bibliotecária e serviços de
ex-tensão;
d) Manter o controle efetivo dos
acer-vos das bibliotecas públicas existentes no
estado, através do catálogo coletivo.
4.2_ METAS
a) Trabalhar no primeiro ano a nível
4.3. DIRETRIZES GERAIS
Priorizar a atividade fim da biblioteca pública.
Qualificar seus acervos, serviços e
re-cursos humanos.
Desenvolver serviços especiais para as
seguintes categorias de usuários: crian-ças e população rural.
Acelerar o processamento técnico dos
acervos das várias bibl iotecas com o
menor custo possível.
Os pré requisitos necessários para o
funcionamento do SBPSC são:
a) Criação de um núcleo central do siso
tema, definindo-lhe a composição e
com-petências.
b) Integração efetiva das bibliotecas
municipais no sistema mediante convênio
entre a FESC e Prefeituras Municipais.
c) Disponibilidade de recursos físicos,
materiais, humanos e financeiros para a
operacionalização do núcleo.
d) Aprovação da estrutura do sistema
pela instituição F ESC e seu
reconheci-mento como uma unidade da instituição. Após o primeiro ano de suas atividades
(agosto de 1979 a agosto de 1980) perí
0-do em que estruturamos o Núcleo e
traba-lhamos com 20 bibliotecas públicas, a
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nômico-cultural do município executado
pelo responsável pela B.P.M. com acesso-ria do núcleo. Para a maioacesso-ria dos municí-pios o serviço a área rural é uma priorida-de tendo em vista a realidapriorida-de local, isto é:
a população rural superior a população
urbana.
c) Diagnóstico da B.P.M. em termos
de acervo e serviços, quando é comum se
detectar os vícios que tradicionalmente
ocorrem em bibliotecas públicas de países
a) Treinamento de recursos humanos: em desenvolvimento: ênfase na aquisição
São de 2 categorias:
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
T r e in a m e n t o F o r m a l ~e títulos em literatur~(cópia de- na qualidade de um curso prático até m"õderõs de países desenvolvidos) e em
25 alunos e com duração de 60 horas/eu- títulos na área do ensino :suprindo a falta
. Ia. Tem como objetivo preparar pessoal delJil5liotecas escolares), tendo em vista o
para trabalhar em consonância com os conc~itÍSta a que está sujeita a
bi-objetivos e diretrizes gerais do Sistema de bI10teca pública. Estratégia utilizada para
Bibliotecas Públicas de Santa Catarina. c~rrigir tal distorção: PAC (Programa de
Nele, é dado ênfase especial às atividades Aquisição Centralizada) mediante o qual
fins de biblioteca, com destaque especial o núcleo assessora a seléção dos novos
tr-para-; üTIriZãÇãol:le-ín-srro-rnentospara co- tulos a serem adquiridos, excuta a compra
nheCer a comuiíidade, estratégias para di- e remete as obras às bibliotecas públicas
~mizar o desempenho' da biblioteca e di- já tecnicamente processadas .e
acornpa-vulgar seus acervos e serviços, princípios nhadas dos jogos de fichas.
de seleção e serviço aos usuários. T r e in a - d) Recursos para a execução de
servi-m e n t o I n f o r m a l - com duração em torno ços à área rural, mediante programas de
de 12 horas, individual. Objetiva a intro- extensão são inteiramente dependentes
dução do responsável pela biblioteca na das condições naturais locais e da
criativi-sistemática de trabalho do SBPSC e pro- dade do responsável pela biblioteca.
cura corrigir falhas de conhecimentos ou e) Acompanhamento, controle e
ava-~Iidades queêssa pessoa possa ter en- liação, são executados através de:
relató-contrado durante õtreinamento formal. rio bimestral encaminhados ao núcleo do
Em ambãst a criatividade da pessoa éesti- sistema o qual relata todas as atividades
mulada no sentido de buscar soluções que a biblioteca vem desenvolvendo, bem
próprias com base nos recursos locais para como o movimento do bimestre e relato
responder seus problemas ou suportar oral nas reuniões de responsáveis por
programas na área rural. B.P.M. que ocorrem 3 (três) vezes no ano.
b) Diagnóstico da situação sócio-eco- O desempenho das B.P.M. é divulgado
34 Revista Brasileira de Bibliotecono{TIia e Docul11enta9ão 18(3/4) :27/38, Dez/85
e aprimorar tais condições. Isso porque
como já foi antecipadamente citado,
tra-balhamos com bibliotecas públicas
bas-tante heterogêneas em termos de recursos
informacionais, ffsicos, materiais e
huma-nos e especialmente, com comunidades
diferenciadas.
5.1. CONDiÇÕES NECESSÁRIAS PARA O PLANEJAMENTO
MitsiWestphal Taylor
Dos 70 (setenta) munidpios que entre
agosto de 1979a junho de 1985se
vincu-laram ao SBPSC, 45 deles tem uma base
econômica essencialmente agropecuária.
A zona urbana de tais munidpios é
pe-quena e bastante primitiva e apresenta
traços indeléveis de uma vivência rural.
Em tais munidpios a biblioteca pública se
destina essencialmente à população rural
e sua clientela tanto na "sede" da
biblio-teca quanto nas suas "extensões" são
pra-ticamente idênticas. Em 21 (vinte e um)
munidpios a população urbana é duas
ve-zes maior que a população rural. Nestes, a
zona urbana está claramente definida,
"sede", atende especialmente a uma
po-pulação com características urbanas e, de·
senvolve programas de extensão na área
rural, trabalhando portanto com 2
cate-gorias de clientela. Quatro munidpios
possuem a população igualmente dividida
entre a zona rural e urbana.
a) C a t e g o r ia s d e s e r v iç o s - Os serviços
à área rural se desdobram em duas
catego-rias, com objetivos próprios tendo em
vis-ta a clientela alvc. C a t e g o r ia A - S e r v iç o s
-
"'---Revista Brasileira de Bibi!oteconomia e Documentação 18\3/4): 27/38, Dez/85
através do Boletim Informativo do SBPSC
(semestral), reuniões quadrimestrais,
par-ticipação do SBPSC em Encontros,
Con-gressos e Simpósios. Os meios de
comu-nicação de massa são também
intensa-mente utilizados seja a nível de
municí-pio, seja a nível estadual.
à in f â n c ia - Objetivo - desenvolvimento
~ manut~nção da alfabetização funcional,
através da prática da leitura da palavra
es-crita e desenvolvimento do gosto pela
lei-~ra. Preocupa-se em investir no adulto de
amanhã enquanto usuário da informação
escrita e como tal capaz de usufruir df
uma educação c o n t in u a d a . . . C a t e g o r ia B
-~ r v iç o s a a d u lt o s - Objetivos:
Man.uten-ção do estado de alfabetizaMan.uten-ção funcional;
fornecimento de informações de natureza
utilitária; resgate e preservação dos traços
culturais característicos da comunidade.
Preocupa-se em fornecer meios para
auto-educação e lazer àqueles indivíduos cuja
educação formal parou num estágio
pre-coce, responder aos anseios
informacio-nais de natureza prática mediante a
utili-zação de diferentes veículos de
informa-ção, respeitar os valores particulares dos
diferentes grupos de vida humana
associa-da.
b) A c e r v o s - Livros para adultos
-procura-se na medida do possível atender
às solicitações dos usuários. Livros para
crianças - são adquiridos mediante
com-pra e doações do INL. Hoje o Brasil tem
uma produção literária infantil
relativa-mente grande e de boa qual idade.
Informações de natureza utilitária
-São levadas de acordo com as necessida-des expressas ou latentes na comunidade.
c) V e f c u lo s d e c o m u n ic a ç ã o u t iliz a d o s
- Dada a falta de textos escritos de uma maneira simples que possam oferecer
res-postas às solicitações de informação de
natureza utilitária e, de outro, a freqüente
utilização de canais orais para a
transfe-rência da informação nessas comunidades,
6. CARACTERISTICAS DO SERViÇO À ÁREA RURAL DO SISTEMA DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS DE SAN-TACATARINA
'"
SERViÇOS BIBLIOTECÁRIOS ÀS ÁRE4S RURAIS NO ESTADO DE ST. CATAfHI'Ut. BRASIL.
3. MI RAN DA, Arltonio. Considerações sobre o desenvolvimento de redes e sistemas de
bibliotecas públicas no Brasil.
ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
R . B i b l i o t e-c o n o m i a d e B r a s m a . Brasília
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
7 (2): 230-235. jul./dez., 1979. p. 231.4. INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO. Projeto para implantação do Sistema' Na-cional de Bibliotecas públicas.R . B i b l i o t e -c o n o m i a d e B r a s / l i a . Brasüia, 7 (2): 236-249. jul./dez., 1979. p,241!
5. PENNA, C.V.; FOSKETT, D.J. & SE-WELL, P.H.s e r v i ç o s d e i n f o r m a ç ã o e b i -b l i o t e c a : um manual para planejadores. São Paulo, pioneira, Brasflia, INL, 1979. p.35.
6. MATTOS, F. Marcondes de.S a n t a C a t a r i -n a ; tempos de angústia e esperança. F loria-nópolis, Ed. do Autor, 1978. p. 95. 7. STE LMAKH, Valerija D. B o o k s a n d the
m a s s m e d i a ; medes of interaction in the URSS. Paris, UNESCO, 1982. p. 4. 8. CETEC in MARTINS, M. Gusmão de.P l a
-n e j a m e -n t o b i b l i o t e c á r i o . São Paulo, Pio-neira; Brasília, INL, 1980. p. 47.
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