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O uso diferenciado da força em abordagem policial

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE DIREITO

JAKSON DE SOUSA ALENCAR

O USO DIFERENCIADO DA FORÇA EM ABORDAGEM

POLICIAL

Fortaleza-Ceará

(2)

JAKSON DE SOUSA ALENCAR

O USO DIFERENCIADO DA FORÇA EM ABORDAGEM

POLICIAL

Fortaleza-Ceará

2013

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Graduação em Direito, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito.

Área de Concentração: Uso Diferenciado da Força em Abordagem Policial.

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O USO DIFERENCIADO DA FORÇA EM ABORDAGEM

POLICIAL

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Graduação em Direito, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito. Área de Concentração: Uso Diferenciado da Força em Abordagem Policial.

Aprovada em: _____/______/_______.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Prof. Ms. Sérgio Rebouças (Orientador)

Universidade Federal do Ceará

__________________________________________________ Prof. Ms. Samuel Miranda

Universidade Federal do Ceará - UFC

__________________________________________________ Prof. Ms. Régis Frota

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Agradeço primeiramente a DEUS por ser Salvador, Poderoso e Santo; por demonstrar inúmeras vezes o quão bondoso e misericordioso é comigo, apesar de eu ser pecador.

Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram a realizar o presente trabalho, tais como, meu orientador, Professor Sérgio Rebouças.

Agradeço, desde já, à disponibilidade dos examinadores, que avaliarão o presente estudo;

Agradeço à minha querida esposa por estar presente em minha vida, apoiando-me e por ser uma das bases de sustentação da minha família.

Agradeço ao meu amado filho por ser o mais fantástico acontecimento de minha vida a quem eu dedico todas as minhas vitórias.

Agradeço ao meu ídolo e referência em tudo na vida, meu querido pai, por dedicar-se intensamente como pai, abdicando de si mesmo em favor de seus filhos.

Agradeço à minha querida mãe, por ensinar-me desde cedo a ter disciplina, coragem e vontade de vencer.

Agradeço aos meus irmãos por sempre torcerem por mim, por terem me ensinado inúmeras lições durante nosso crescimento, pelas cumplicidades e companheirismo.

Agradeço a todos os meus amigos pelo apoio ofertado e à torcida prestada.

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RESUMO

O estudo trata do uso diferenciado da força em abordagem policial. Aborda-se os aspectos jurídicos da abordagem policial, demonstrando a prevalência do direito coletivo sobre o particular. Cuida-se de esclarecer os níveis de força utilizado pelo agente diante da análise da situação de fato. Como ápice do tema disserta-se quanto a legalidade do uso da força em seus diferentes níveis.

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The study is the differentiated use of force in police approach. It approaches the legal aspects of police approach, demonstrating the prevalence of collective rights over particular. Care is to clarify the levels of force used by the agent on the analysis of the real situation. As a culmination of this theme is dissertations as the legality of the use of force in its different levels.

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RESUMEN

El estudio es el uso diferenciado de la fuerza en el enfoque de la policía. Aborda los aspectos legales del enfoque de la policía, lo que demuestra que la prevalencia de los derechos colectivos sobre concreto. Care es aclarar los niveles de fuerza utilizados por el agente en el análisis de la situación real. Como culminación de este tema es disertaciones como la legalidad de la utilización de la fuerza en sus diferentes niveles.

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INTRODUÇÃO...9

1 ABORDAGEM POLICIAL ...11

1.1.Normas e conceitos constitucionais ...11

1.1.1 Princípios constitucionais ...11

1.1.2 Direitos e Garantias Fundamentais ...13

1.1.3 Relatividade dos Direitos e Garantias Fundamentais ...14

1.2 O poder de polícia ...15

1.2.1 Ato administrativo ...16

1.2.2 O poder de polícia na abordagem policial ...18

1.2.3 Abuso de autoridade ...20

1.2.4 Segurança pública ...22

1.3 Abordagem policial ...23

1.3.1 Busca pessoal ...24

1.3.2 Fundada suspeita ...29

2 USO DIFERENCIADO DA FORÇA ...32

2.1 Relativização do uso diferenciado da força e legislação ...32

2.2 Modelos de uso diferenciado da força ...34

2.3 Princípios sobre o uso da força ...35

2.3.1 O triângulo de uso da força ...38

2.4 Uso diferenciado da força ...39

2.4.1 Níveis de força ...39

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...41

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INTRODUÇÃO

O ano de 2013 ficará marcado, para o Brasil, por manifestações populares, vivenciado por demonstração da democracia. Analisando a história brasileira acerca de manifestações populares, verifica-se a ocorrência de algumas manifestações desde a época do Brasil império, como revoltas populares, passando pelo Brasil república até a atualidade. O início das reivindicações populares se deu em São Paulo, devido às indignações face ao aumento das passagens do transporte público, um aumento irrisório de R$00,20 (vinte centavos). Mas vinculado a esse aumento não houve melhoria das condições do transporte. A população cansada de discursos políticos que “justificavam” os aumentos decidiu deixar de ser alienada e sair de frente dos computadores, saindo às ruas para dizer o que pensava, juntam-se a isso outros fatos como o direcionamento de verbas públicas para a construção de estádios para a copa do mundo.

No primeiro semestre, o Brasil foi palco de inúmeras manifestações que a princípio são pacíficas, sendo garantidas pelo direito constitucional de reunião. Só que infiltrados às manifestações estão grupos que visam à depredação e deteriorização do patrimônio público e particular, grupos extremistas. Para garantir a segurança dos manifestantes, dos não manifestantes, do patrimônio público e particular, o governo se utiliza do poder de polícia através dos seus órgãos de segurança pública. Com o advento e a popularização dos meios de comunicação, principalmente por meio da internet, podemos assistir tais manifestações em tempo real, podendo também analisar as condutas da polícia diante de manifestações populares. Observou-se e observa-se que muitas condutas são regulares efetivas, porém, algumas desproporcionais e até abusivas. Diante desse cenário, muitos estudiosos criticam as ações da polícia apresentando argumentos tentando provar que as atitudes dos policias não foram coerentes ao contexto.

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1 ABORDAGEM POLICIAL

1.1

Normas e conceitos constitucionais

A análise das normas e dos conceitos jurídicos que envolvem o tema do estudo científico torna-se indispensável para o melhor entendimento do assunto. Diante disso, buscar-se-á relativizar os princípios constitucionais e os direitos e garantias fundamentais, analisando as consequências diretas e indiretas em torno do tema.

1.1.1

Princípios constitucionais

O Ordenamento Jurídico brasileiro é considerado como um conjunto escalonado de normas, onde se abica a Constituição, que em seu sentido lato sensu, tem o sentido de constituir, de estabelecer, de firmar. Dessa forma, a Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, ficando as outras normas vinculadas à Constituição, amoldando-se a esta. Com mais clareza, nos ensina o Professor Michel Temer (TEMER, 2003, p. 19):

Diferentemente dos demais sistemas normativos (ético, moral, religioso), em que os preceitos se alinham uns ao lado de outros, formando dezenas, centenas, milhares de normas, no Direito verifica-se uma estrutura escalonada de normas que, afinal, perfazem a unidade. Dezenas, centenas, milhares de preceptivos acabam por se reduzir a uma única norma. Explica-se: no Direito uma norma indica a forma de produção de outra norma, bem como seu conteúdo. Daí o escalonamento normativo em que uma norma constitui o fundamento de validade de outra.

O autor Paulo Bonavides enuncia (BONAVIDES, 2005, p. 80), acerca do conceito material de Constituição, vislumbrando o caráter coerente e completo da norma constitucional:

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O Ordenamento Jurídico deve manter uma identidade, uma formação unitária, necessitando haver um alicerce de ideias e valores, que podemos chamar de princípios que foram construídos no seio da sociedade durante a evolução histórico-cultural da mesma. Princípios são, segundo palavras de Luiz – Diez Picazo, “onde

designa as verdades primeiras”, verdades contidas geralmente no mundo do dever-ser,

basilares de normas e de caráter generalizado. Princípio seria, também, diretriz de caráter geral e fundamental onde se faz a coordenação e a inter-relação das normas. Podemos melhor observar nos ensinamentos do renomado autor Luiz – Diez Picazo, citado em obra de Paulo Bonavides (BONAVIDES, 2005. p. 256), como também na tradução do conceito de princípio da Corte Constitucional italiana:

Declara a seguir, invocando o pensamento do jurista espanhol F. Castro, que os princípios são verdades objetivas, nem sempre pertencentes ao mundo do ser, senão do dever-ser, na qualidade de normas jurídicas, dotadas de vigência, validez e obrigatoriedade.

Outro conceito de princípio é aquele formulado pela Corte Constitucional italiana, numa de suas primeiras sentenças, de 1956, vazada nos seguintes termos: “Faz-se mister assinalar que se devem considerar como princípios do ordenamento jurídico aquelas orientações e aquelas diretivas de caráter geral e fundamental que se possam deduzir da conexão sistemática, da coordenação e da íntima racionalidade das normas, que concorrem para formar assim, num dado momento histórico, o tecido do ordenamento jurídico”.

As normas, diferentemente dos princípios, são de caráter específico, além de pertencerem ao ordenamento jurídico positivo. No entanto, os princípios já possuem caráter geral e abstrato. O importante observar é que enquanto há um conflito de normas, a solução seria na criação de uma cláusula de exceção, que remova o conflito e introduzida em uma regra ou se uma das regras for declarada nula. Ao passo que quando há um conflito de princípios, não se pode utilizar a regra de solução das normas, o que se pode fazer é relativizar os princípios, observando o peso dos princípios devendo prevalecer o de maior peso.

Em suma, os Princípios Constitucionais possuem funções interpretativas, coordenativas e integrativas das normas infraconstitucionais. Garantem-se, dessa forma, os anseios do povo na tentativa de garantir a vida em sociedade.

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13

A Legislação atual é um reflexo da evolução histórica da nação. Conforme previsto no art. 2º da Constituição Federal de 1988, o poder é passado pelo povo ao Estado. Dessa forma, o Estado, através dos representantes do povo, recebe poderes como verdadeiros instrumentos para atingir suas finalidades, porém, tais poderes não são absolutos, encontrando limitações nos direitos e garantias fundamentais. Podemos verificar na explanação de Alexandre de Moraes (MORAES, 2005, p. 25):

Na visão ocidental de democracia, governo pelo povo e limitação de poder estão indissoluvelmente combinados. O povo escolhe seus representantes, que agindo como mandatários, decidem os destinos da nação. O poder delegado pelo povo a seus representantes, porém, não é absoluto, conhecendo várias limitações, inclusive com a previsão de direitos e garantias individuais e coletivas do cidadão relativamente aos demais cidadãos e ao próprio Estado.

Com efeito, a previsão dos direitos fundamentais na Constituição, vincula a atuação do Estado, de seus poderes e de seus órgãos. Evidentemente, com a previsão na própria Constituição em seu art. 60, §4º, elevando os direitos e garantias fundamentais às denominadas “cláusulas pétreas”, o Estado estabeleceu limite a si mesmo protegendo-os.

Portanto, fica evidente que todos os atos da Administração Pública devem estar em consonância com os direitos fundamentais.

Conclui-se que os órgãos públicos que constituem a Administração Pública, dentre esses, a Segurança Pública, estão relacionados intrinsecamente aos direitos e garantias fundamentais. Em especial, volta-se ao tema acerca das atividades discricionárias da administração, onde há uma margem de liberdade segundo a oportunidade e conveniência do agente executor, como ocorre na abordagem policial, pautada essencialmente na fundada suspeita.

1.1.3

Relatividade dos direitos e garantias fundamentais

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um meio social onde cada indivíduo agisse com liberdades ilimitadas. Para a congruência de um Estado de Direito, o indivíduo não se pode utilizar dos direitos e garantias fundamentais como escudo protetivo da prática de atividades ilícitas nem tampouco de diminuição ou até irresponsabilidades civis de atos ilegais, alegando uma super-liberdade.

Os direitos e garantias fundamentais não são absolutos, nem ilimitados, pois encontram seus limites nos próprios direitos e garantias fundamentais. O conflito entre dois ou mais direitos, assevera Alexandre de Moraes (MORAES, 2006, p. 28), deve ser resolvido utilizando-se o princípio da concordância prática ou da harmonização. Vejamos:

Desta forma, quando houver conflito entre dois ou mais direitos ou garantias fundamentais, o intérprete deve utilizar-se do princípio da concordância prática ou da harmonização, de forma a coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito, evitando o sacrifício total de uns em relação aos outros, realizando uma redução proporcional do âmbito de alcance de cada qual (contradição de princípios), sempre em busca do verdadeiro significado da norma e da harmonia do texto constitucional com sua finalidade precípua.

Desta forma os próprios indivíduos tem deveres para com a comunidade, estando todos sujeitos às limitações estabelecidas na lei, com finalidade de assegurar o respeito dos direitos de uso comum. Observa-se essa análise na própria Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em seu art. 29:

Toda pessoa tem deveres com a comunidade, posto que somente nela pode-se desenvolver livre e plenamente sua personalidade. No exercício de seus direitos e no desfrute de suas liberdades todas as pessoas estarão sujeitas às limitações estabelecidas pela lei com a única finalidade de assegurar o respeito dos direitos e liberdades dos demais, e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. Estes direitos e liberdades não podem, em nenhum caso, serem exercidos em oposição com os propósitos e princípios das Nações Unidas. Nada na presente Declaração poderá ser interpretado no sentido de conferir direito algum ao Estado, a um grupo ou uma pessoa, para empreender e desenvolver atividades ou realizar atos tendentes à supressão de qualquer dos direitos e liberdades proclamados nessa Declaração.

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Humana. De melhor maneira, nos ensina Alexandre de Moraes (MORAES, 2006, p. 16):

Concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo inerente às personalidades humanas. Esse fundamento afasta a ideia de predomínio das concepções transpessoalistas de Estado e Nação, em detrimento da liberdade individual. A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.

A dignidade da pessoa humana deve ser princípio norteador da abordagem policial, servindo de diretriz a todos os atos.

1.2

O poder de polícia

O Estado Democrático de Direito se encontra expressamente fundamentado na Constituição Federal, mais precisamente em seu art. 1º, caput. Foi organizado e estruturado visando garantir o bem de todos, objetivo previsto também na Constituição Federal em seu art. 3º, IV. Para executar planejadamente esses objetivos, tem-se a Administração Pública, que, segundo Hely Lopes Meirelles (MEIRELLES, 2002, p. 83), tem conceito amplo, indo além da propriedade, passando às execuções, e a própria atividade administrativa. Vejamos:

A locução Administração Pública tanto designa pessoas e órgãos governamentais como a atividade administrativa em si mesma. Assim sendo, pode-se falar de administração pública aludindo-se aos instrumentos de governo como à gestão mesma dos interesses da coletividade.

Para atuar em sua execução, a Administração Pública se utiliza dos poderes administrativos, onde merece destaque o Poder de Polícia que é o poder que a Administração Pública exerce sobre todas as atividades, pessoas e bens que afetam ou possam afetar a coletividade.

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Ao se visar ao bem estar social, o Estado se utiliza de alguns meios para se chegar a esse fim. Esse meio é o ato administrativo. A autora Hely Lopes Meirelles (MEIRELLES, 2002, p. 145) traz um conceito amplo de ato administrativo, diferenciando-o do conceito de ato jurídico por aquele ter uma finalidade diferentemente deste. Senão, vejamos:

Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigação aos administrados ou a si própria.

Os atos administrativos devem trazer em seus bojos, os seguintes elementos, taxativamente, necessários à sua formação: agente público competente, finalidade, forma, motivo, e objeto.

Um ato administrativo somente pode ser eficaz, caso tenha sido realizado por um agente competente o qual recebeu poderes da Administração para o desempenho específico de suas funções. A competência resulta da lei e por ela é delimitada. Qualquer ato praticado por agente fora da sua competência ou além da prevista, torna-se inválido.

Todo ato administrativo deve ter um fim específico que é o interesse público. A finalidade é aquela definida por lei, não pode o agente público direcionar o ato com fim diferente, pois estaria saindo do interesse da coletividade para o interesse privado, ou, também, não pode o agente praticar um ato visando a um fim, que por mais que seja púbico, seria esse fim previsto em outro ato. Melhor nos esclarece os autores Hely Lopes Meirelles (MEIRELLES, 2002, p. 148) e Diogenes Gasparini (GASPARINI, 2011, P. 115), respectivamente:

A finalidade do ato administrativo é aquela que a lei indica explícita ou implicitamente. Não cabe ao administrador escolher outra, ou substituir a indicada na norma administrativa, ainda que ambas colimem fins públicos.

Ademais, não pode o agente público praticar um ato visando o fim inerente a outro, mesmo que ambos sejam de sua competência e abriguem um interesse público.

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17

que os atos sejam escritos, mas há previsão de que sejam também orais, pictórios, eletromecânicos, mímicos e outros.

Em relação ao motivo e objeto dos atos administrativos, temos que os atos administrativos devem trazer o motivo de sua execução, a situação de fato que determina ou autoriza a sua formação que pode ser expresso em lei ou por meio discricionário do agente. Já quanto ao objeto, também chamado de conteúdo por alguns doutrinadores, é aquilo para que o ato se preordena ou a que se destina.

Para que os particulares e a própria Administração se submeta aos atos administrativos, é necessário que os atos possuam alguns atributos inerentes a suas legalidades. Dentre esses atributos, verifica-se a presunção da legitimidade, onde podemos esclarecer que todos os atos nascem com a presunção de que são legais, pois são derivados do princípio da legalidade da Administração Pública. São presumidos porque, o agente pode no exercício de sua função, extrapolar o que a lei determina, agindo, dessa forma, com abuso de autoridade. A presunção de legitimidade autoriza a imediata execução ou operatividade dos atos administrativos, mesmo que arguidos de vícios ou defeitos que os levem, no futuro, à invalidade.

Alguns atos impõem a coercibilidade para seu cumprimento e execução sobre os administrados, independentemente de concordância ou aquiescência dos administrados. Esse atributo, Imperatividade, não é regra em todos os atos, pois em alguns deles, os efeitos jurídicos dos atos dependem exclusivamente do interesse particular, como exemplo, os contratos.

Os atos administrativos podem ser postos em execução imediatamente pela própria Administração, sem necessitar de intervenção por parte do Poder Judiciário para sua execução. A esse atributo, dá-se o nome de Auto-executoriedade. Não poderia a Administração bem desempenhar sua missão de autodefesa do interesse comum do povo se, a todo o momento necessitasse de ação do Poder Judiciário para remover a oposição do particular que insatisfeito com o ato se opusesse.

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No Estado Democrático de Direito são dados ao indivíduo liberdades individuais, porém, essas liberdades possuem limites para que a sociedade não chegue ao caos. Para se garantir o bem estar social com o bem comum de todos, interfere-se na liberdade individual para que o bem-estar social seja garantido. Assim, a Administração através do Poder de Polícia interfere nas liberdades individuais, disciplinando-os e restringindo-os, atendendo aos interesses coletivos. Melhor nos esclarece, Hely Lopes Meirelles (MEIRELLES, 2002, p. 2002):

Em linguagem menos técnica, podemos dizer que o poder de polícia é o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito individual. Por esse mecanismo, que faz parte de toda a Administração, o Estado detém a atividade dos particulares que se revelar contrária, nociva ou inconveniente ao bem-estar social, ao desenvolvimento e à segurança nacional.

É através do poder de polícia que a liberdade e a propriedade dos indivíduos são passíveis de restrição, com o intuito de beneficiar a coletividade. O conceito de Poder de Polícia veio expressamente a ser definido pelo Poder Legislativo, devido à sua relevância, definido no art. 78 do Código Tributário Nacional:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Para melhor contextualizar ao tema, analisaremos o Poder de Polícia através dos atributos já relatados em tópicos anteriores, como os atributos de discricionariedade, coercibilidade e autoexecutoriedade.

Para iniciar o entendimento de ato discricionário, vejamos as diferenças de conceitos entre ato vinculado e ato discricionário, segundo Diogenes Gasparini (GASPARINI, 2011, p. 148, 149):

Vinculados são os atos administrativos praticados conforme o único comportamento que a lei prescreve à Administração Pública. A lei prescreve, em princípio, se, quando e como deve a Administração Pública agir ou decidir.

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19

Conforme se pode observar, ato vinculado é aquele em que a legislação não deixa espaço para qualquer apreciação por parte do poder público, devendo se ater à formalidade expressa em lei para sua validade.

Diferentemente, o ato discricionário entrega ao poder público certa carga de liberdade, utilizando-se de critérios como oportunidade e conveniência para analisar e decidir sobre a melhor forma de agir, baseados em outros princípios como proporcionalidade e razoabilidade.

Não existe ato de polícia facultativo ao particular, devendo o indivíduo analisar sobre submeter-se ou não ao ato. Por isso, os atos de polícia tem atributo de coercebilidade, sendo de observância obrigatória para o indivíduo, que em caso de resistência ensejará à Administração a possibilidade de se utilizar até da força, desde que amparada pelos princípios da proporcionalidade, necessidade e legalidade, para impor a decisão.

Assim, não se pode ter o ato discricionário como uma verdade única e absoluta, que esteja dispensada da apreciação por parte do poder jurisdicional do Estado. Tratando-se de um poder discricionário, a norma legal que o confere não diminui o modo e as condições da prática dos atos de polícia. Melhor nos elucida Hely Lopes Meirelles (MEIRELLES, 2002, p. 131):

Os limites do poder de polícia administrativa são demarcados pelo interesse social em conciliação com os direitos fundamentais do indivíduo assegurados na Constituição da República.

Os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade devem ser verificados em tais atos discricionários. Deve-se realizar o contraste entre a restrição imposta pela Administração e o benefício social que se tem em vista, assim como também a correspondência entre a infração cometida e a sanção aplicada, tratando-se de medida punitiva.

1.2.3

Abuso de autoridade

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forma, aos fins. Já com relação aos motivos e ao objeto, a Administração possui certa liberdade que deve ser regrada pela finalidade específica que é o interesse público.

A doutrina relaciona duas modalidades de abuso de autoridade que são o excesso de poder e o desvio de finalidade. O excesso de poder acontece quando o agente competente extrapola os limites de sua competência produzindo um ato arbitrário, ultrapassando o que lhe é permitido por lei, tornando o ato passível de anulação e até incidindo, conforme o caso, em crime de abuso de autoridade. Hely Lopes Meireles (MEIRELLES, 2008, p. 114) nos deixa claro o conceito:

O excesso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto, sua competência legal e, com isso, invalida o ato, porque ninguém pode agir em nome da Administração fora do que a lei lhe permite.

A segunda espécie de abuso de autoridade é o desvio de finalidade que ocorre quando o agente embora competente para a realização do ato, pratica o ato com fins diverso daquele previsto em lei. Não traz desta forma, benefício para a coletividade, agindo de maneira pessoal. Novamente Hely Lopes Meirelles (MEIRELLES, 2008, p. 114), melhor nos elucida:

O desvio de finalidade ou de poder verifica-se quando a autoridade, embora autuando nos limites de sua competência, pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público. O desvio de finalidade ou de poder é, assim, a violação ideológica da lei, ou por outras palavras, a violação moral da lei, colimando o administrador público fins não queridos pelo legislador, ou utilizando motivos e meios imorais para a prática de um ato administrativo aparentemente legal.

O agente público deverá pautar suas ações visando ao interesse público e de forma alguma deverá sair do alinhamento com o princípio da impessoalidade, além de manter seus atos com a consonância dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Guilherme de Souza Nucci (NUCCI, 2010, p. 43) nos traz um exemplo elucidador bem alinhado ao tema:

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restaurante, à força, por estar perturbando outros clientes, encaminhando-o a casa ou outro local, até que se acalme, não configura atentado à liberdade de locomoção. É lógico que pode haver autuação em flagrante por algum delito que tenha cometido, inclusive pela contravenção de embriaguez (art.61, Lei 3.688/41), embora, em muitos casos, seja suficiente afastar o indivíduo de determinado lugar para acabar com a perturbação à ordem pública. Tal conduta é salutar, privilegia o direito penal de intervenção mínima e não pode ser considerado abuso de autoridade. Por outro lado, buscando um criminoso, procurado pela Justiça, pode o agente policial, desconfiado de alguém exigir-lhe os documentos pessoais, com o fim de atestar -se, trata da pessoa visada. Para tanto, algum tempo o indivíduo haverá de ficar detido, no lugar onde foi abordado, para a confirmação de sua identidade. Havendo bom senso – e ausência de vontade de abusar do poder – cuida-se de ato de polícia do Estado. No mais, se for obrigado a permanecer por horas a fio em determinado local, apesar de ter-se identificado, a situação de abuso pode emergir. A consideração, pois, deste tipo penal depende do caso concreto.

O nosso ordenamento jurídico trouxe proteções contra abusos de autoridade previstos na Constituição Federal, mais precisamente como exemplo no art. 5º, XXXIV, “a”, além de medidas assecuratórias e punitivas previstas na Lei nº 4.898/65 (Lei de Abuso de Autoridade) sancionada em um período de ditadura, por mais que seja contraditório.

1.2.4

Segurança pública

O surgimento do Estado juridicamente organizado e obediente às próprias leis, garantidor do bem estar social, protetor de lesões aos direitos do indivíduo se dá quando o povo, sentindo-se livre e no gozo de seus direitos, impulsiona ao Estado o dever-poder de auto-tutela de forma a garantir direitos fundamentais. Ensejando uma proteção à coletividade, punindo ou prevenindo, surge assim a Segurança Pública.

As Instituições de segurança pública de nossa nação são organizadas conforme o artigo 144 da nossa Constituição Federal:

CAPÍTULO III DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - Polícia Federal;

II - Polícia Rodoviária Federal; III - Polícia Ferroviária Federal; IV - Polícias Civis;

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Verifica-se através da doutrina que cada órgão possui circunscrições e competências próprias. As Polícias Civis e Federal estão contidas na Polícia Judiciária nas circunscrições dos estados e da União respectivamente. São responsáveis por investigações, apurações de infrações penais de forma a subsidiar o Poder Judiciário, munindo este, através de inquérito de autoria e materialidade de crimes, além de realizar o cumprimento de mandados de prisão, dentre outras funções.

Há, dentre os integrantes da Segurança Pública os que possuem funções de polícia administrativa, atuando de forma ostensiva na prevenção ou repressão de ilícitos penais ou na prevenção de ilegalidades que não tenham a natureza penal, como o patrulhamento das rodovias pela Polícia Rodoviária Federal ou o policiamento aeroportuário, marítimo e de fronteiras pela Polícia Federal.

Sob tal contexto, surge a necessidade de se entender a abordagem policial, que se apresenta através da busca pessoal ou domiciliar, cuja aplicação deverá obter critérios expressamente definidos na legislação. Desta feita, tal discussão será trazida à colocação no próximo capítulo.

1.3

Abordagem policial

Abordagem Policial seria um procedimento adotado pelos órgãos integrantes da Segurança Pública, que consiste em ato administrativo, onde o agente, policial, age em conformidade com o poder de polícia outorgado pelo Estado para interpelar um ou mais indivíduos baseada na fundada suspeita, restringe momentaneamente direitos individuais em prol do interesse coletivo, a fim de evitar o cometimento de ilícitos e, ostensivamente, inibir qualquer ação delituosa, além de inserir na população em geral uma sensação de segurança.

(24)

23

Por se mostrar um procedimento que envolve diversos aspectos do âmbito jurídico, mais precisamente dos ramos administrativo, constitucional e penal, torna-se necessário a realização de um estudo dos conceitos jurídicos envolvidos no tema apresentado.

1.3.1

Busca pessoal

Conforme vislumbrado por doutrinadores e até expresso em nossa própria Constituição Federal, o Estado tem o dever de garantir a ordem e segurança públicas, bem como a proteção das pessoas e de seus patrimônios. Através do trabalho preventivo, ou conforme o caso, repressivo, da Polícia administrativa, a mais próxima do cidadão por ser uma polícia ostensiva, que em primeiro momento é acionada em situação de emergência, é realizada, em regra, a busca pessoal.

O agente policial, na atribuição de garantir a ordem e segurança da população, visando ao interesse público, realiza procedimentos que ensejam em restrições de direitos de particulares, como direito de locomoção, intimidade, vida privada, interferindo na rotina habitual dos indivíduos, objetivando a inibição de ilícitos, como entorpecentes e drogas afins, armam de fogo, contrabando, etc. ou na identificação de criminosos. Dessa forma, exigi-se do policial, cautela na execução dos atos para não ir além do que a lei determina, uma vez que direitos individuais também são protegidos pela Constituição.

Por mais que o particular argumente sobre a seguridade de seus direitos individuais na Constituição Federal, como exemplo os elencados no artigo 5º, a respeito da inviolabilidade da intimidade, honra e imagem das pessoas, a busca pessoal possui embasamento no nosso ordenamento jurídico, expressamente contidos no Código de Processo Penal, em seu capítulo XI:

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:

a) prender criminosos;

b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

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d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;

e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;

g) apreender pessoas vítimas de crimes; h) colher qualquer elemento de convicção.

§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.

[...]

Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.

[...]

Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência.

Conforme podemos observar na expressividade destes artigos, a busca pessoal será realizada quando houver fundada suspeita de que o indivíduo porte consigo arma de uso proibido ou outros objetos relacionados a crimes, tendo como característica marcante a ausência de mandado, por ter o atributo de autoexecutoriedade. De forma brilhante, Guilherme de Souza Nucci (NUCCI, 2009, p. 536) explana esse atributo, além da responsabilidade gerada por esse fato na busca pessoal:

Não teria mesmo cabimento exigir, para a realização de uma busca pessoal, ordem judicial, visto que a urgência que a situação requer não comporta esse tipo de providência. Se uma pessoa suspeita de trazer consigo a arma utilizada para a prática de um crime está passando diante de um policial, seria impossível que ele conseguisse, a tempo, um mandado para efetivar a diligência e a revista. Logo, dispensa-se o mandado, embora deva o agente da autoridade ter a máxima cautela para não realizar atos invasivos e impróprios, escolhendo aleatoriamente pessoas para a busca, que é sempre ato humilhante e constrangedor.

Alguns autores, como Antônio Alberto Machado (MACHADO, 2012, p. 702) opinam que a realização de blitzes, fiscalizações em pontos variáveis realizada por forças policiais ostensivas com a finalidade de fiscalizar o trânsito, além de combater crimes, em especial, o tráfico de drogas e os relacionados à arma de fogo, é uma evidente demonstração de arbitrariedade. Dessa forma, o renomado autor acaba por prevalecer o direito individual em detrimento do bem comum. Senão vejamos:

(26)

25

indiscriminada e imotivadamente, sob o mal arrevesado argumento de que a ordem pública precisa ser mantida a todo custo

No entanto, a doutrina majoritária, tem uma visão justificadora de tais atos, por defender a superioridade dos direitos coletivos sobre os direitos individuais. Senão vejamos o que enuncia Paulo Rangel (RANGEL, 2010, p. 161) acerca da blitz:

A blitz faz parte da faculdade discricionária da administração de limitar, dentro da lei, as liberdades individuais em prol do interesse público. Ou seja, é o exercício do poder de polícia da administração pública. Entretanto, esta faculdade repressiva não é ilimitada, estando sujeita a delimitações jurídicas impostas pela ordem constitucional: direitos do cidadão, prerrogativas individuais e liberdades públicas asseguradas na Constituição e na legislação infraconstitucional. Assim, não podemos confundir discricionariedade com arbitrariedade na realização da referida blitz. Os agentes que se excederem no exercício de suas funções policiais responderão pelo excesso que praticarem. Porém, o ato em si realizado (busca pessoal em carro particular) é estritamente legal. Necessário se faz que haja fundada suspeita, como já dissemos acima, para que a busca seja legítima e dentro dos limites estritamente legais.

Há a previsão legal para a prática de tais atos, dessa forma, agindo o agente em conformidade com a lei e dentro dos limites, não pode o particular alegar a restrição de seus direitos individuais, mesmo que momentaneamente, pois não há arbitrariedade. O Superior Tribunal de Justiça já se pronunciou nesse entendimento, como se pode verificar no Recurso de Habeas Corpus de nº 1833/AL:

RHC - PENAL - "HABEAS CORPUS" PREVENTIVO - ABORDAGEM POLICIAL- CONSTRANGIMENTO ILEGAL - O poder de polícia (não se confunde com o poder da polícia) consiste, obedecido ao princípio da legalidade, impor restrições ao exercício de direitos, visando ao bem estar da coletividade. A solicitação de documentos de propriedade de veículos, comprovante de habilitação para dirigi-los, em princípio, não denotam nenhuma ilegalidade. Inexistência de coação ilegal, ausente abuso ou desvio de poder. Relator: Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro. DJ 06/04/1992 p. 4510.

O autor Júlio Fabbrini Mirabete (MIRABBETE, 2006, p. 323) também define busca pessoal:

(27)

Resumindo, a busca pessoal pode ser realizada nas vestes do indivíduo, nos objetos que tragam consigo, além mesmo do veículo. A busca pessoal pode ser realizada de diversas maneiras, como a ocular, a táctil, ou por meio de aparelhos mecânicos, como no caso de raios-X.

A revista pessoal em uma mulher deverá ser realizada por um agente do sexo feminino, se não importar em retardamento ou prejuízo da diligência. A legislação não menciona se a revista pessoal em homem pode ser realizada por um agente do sexo feminino, mas por questão de bom senso e, havendo um agente de sexo masculino, dar-se-á preferência a este, justamente para evitar que a agente inicie a revista em um nível de atenção superior ao necessário, por normalmente ter características físicas inferior ao homem comum. Havendo um agente de sexo feminino na equipe, a busca em indivíduo feminino se dará por essa, mas na ausência dessa, um agente masculino fará a revista, havendo a fundada suspeita, devendo evitar ao máximo, contatos físicos para que não haja constrangimento por parte da particular. Hidejalma Muccio (MUCCIO, 2011, p. 1016) resume essa situação:

Era mesmo necessário preservar a intimidade da mulher e evitar-lhe constrangimentos desnecessários, contudo, sem que a proteção fosse empecilho à persecução penal, quer retardando-a, quer impedindo-a. Portanto, a busca pessoal em mulher, como regra, será feita por outra mulher. Entretanto, se a espera pela mulher resultar em retardamento ou em prejuízo da diligência, com reflexos na persecução penal, poderá ser feita por homem.

No intuito de esclarecer ao público o trabalho preventivo realizado pelas instituições de segurança pública e de sua importância para a sociedade o Ministério Público Federal publicou uma cartilha, buscando esclarecer os direitos e deveres do cidadão diante do trabalho policial, de onde podemos destacar o seguinte trecho:

São deveres dos cidadãos no relacionamento com policiais: [...]

Submeter-se, sem resistência, à revista pessoal determinada pelo policial, mesmo que a considere desnecessária. A revista pessoal é um importante instrumento de atuação preventiva da polícia para evitar a prática de crimes ou descobrir crimes praticados. Portanto, ser abordado significa que a polícia está trabalhando para a segurança pública. A abordagem não pode ser abusiva. O cidadão pode, posteriormente, questionar a legitimidade da revista ao Ministério Público ou à Corregedoria da Polícia respectiva

Quanto à legitimidade ativa da busca pessoal, Guilherme de Souza Nucci (NUCCI, 2009, p. 537) esclarece que:

(28)

27

incolumidade das pessoas e do patrimônio, bem como investigar ou impedir a prática de crimes: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares (Art. 144, CF). Não possuem tal função os agentes das guardas municipais, logo, não estão autorizados a fazer busca pessoal. Naturalmente, se um flagrante ocorrer, podem prender e apreender pessoa e coisa objeto do crime, como seria permitido a qualquer do povo que o fizesse, apresentando o infrator à autoridade policial competente.

Diante de tantos trechos de doutrina, observa-se o quão importante para o esclarecimento é o tema em tela devido à restrição de direitos individuais por parte do particular em prol do bem estar social. É necessário que o cidadão que venha a ser abordado, colabore e compreenda que esse procedimento policial visa ao bem estar de todos, inclusive ao bem do próprio particular e, que o agente possa analisar o seu ato, dentro dos limites legais, agindo na discricionariedade, visando ao menor constrangimento possível para o particular, tratando o cidadão de maneira educada, porém firme, lembrando que a função do agente é servir à coletividade.

1.3.2

Fundada Suspeita

O agente policial deverá exercer suas atribuições, em especial a busca pessoal, de forma que os princípios que regem a Administração Pública sejam fielmente observados, como a legalidade, impessoalidade, moralidade, proporcionalidade, etc.

Percebe-se que a fundada suspeita se mostra como exigência legal para a realização da revista pessoal. Pode-se entender como suspeita uma leve desconfiança ou suspeição de algo, no entanto, a legislação determina que a suspeita seja fundada, não bastando apenas a opinião do agente público, pois daria uma margem de liberdade muito ampla ao agente, mas devendo haver um nexo causal entre a suspeita e a realidade dos fatos.

Acerca do termo “fundada” da suspeição, o autor Tourinho Filho (Filho,

2009, p. 400) elucida:

(29)

O autor Norberto Avena complementa o raciocínio:

Por fundadas razões compreende-se o conjunto de elementos objetivos que permitem ao juiz formar sua convicção quanto a possuir, efetivamente, o indivíduo, em seu domicílio, o material objeto da diligência. Já por fundadas suspeitas entende-se a desconfiança ou suposição, algo intuitivo e frágil, diferindo, pois, do conceito de fundadas razões, que requer uma maior concretude quanto à presença dos motivos que ensejam a busca domiciliar. A motivação, na busca pessoal, encontra-se no subjetivismo da autoridade que a determinar ou executar.

Devido a toda complexidade dada ao caso, o Supremo Tribunal Federal se pronunciou quanto à necessidade de requesito objetivo na fundada suspeita, conforme o julgado de habeas corpus de nº 81305:

EMENTA: HABEAS CORPUS. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA LAVRADO CONTRA O PACIENTE. RECUSA A SER SUBMETIDO A BUSCA PESSOAL. JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL RECONHECIDA POR TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL. Competência do STF para o feito já reconhecida por esta Turma no HC n.º 78.317. Termo que, sob pena de excesso de formalismo, não se pode ter por nulo por não registrar as declarações do paciente, nem conter sua assinatura, requisitos não exigidos em lei. A "fundada suspeita", prevista no art. 244 do CPP, não pode fundar-se em parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no caso, de elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de que trajava, o paciente, um "blusão" suscetível de esconder uma arma, sob risco de referendo a condutas arbitrárias ofensivas a direitos e garantias individuais e caracterizadoras de abuso de poder. Habeas corpus deferido para determinar-se o arquivamento do Termo. Relator: Min. Ilmar Galvão. DJ 22/02/2002 p. 35.

A gama de possibilidades de fundada suspeita é diversa, podendo ir desde informação ou denúncia de populares sobre características que identifiquem o suspeito, ou seu veículo até uma reação ou fato inusitado do cidadão abordado que levante suspeitas. É imprescindível a existência do caráter objetivo e sensível da fundada suspeita, pode variar de cada caso concreto, para que se possa integrar a motivação do ato administrativo executado pelo agente.

Quanto à fundada suspeita, Guilherme de Souza Nucci (NUCCI, 2009, p. 537) leciona:

(30)

29

tratar de um revólver. Enfim, torna-se impossível e impróprio enumerar todas as possibilidades autorizadoras de uma busca, mas continua sendo curial destacar que a autoridade encarregada da investigação ou seus agentes podem – e devem – revistar pessoas em busca de armas, instrumentos do crime, objetos necessários à prova do fato delituoso, elementos de convicção, entre outros, agindo escrupulosa e fundamentadamente.

(31)

2. USO DIFERENCIADO DA FORÇA¹

O Estado, conforme o art. 144 da Constituição Federal, possui o dever de garantir a Segurança Pública que é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Dessa forma, outorga poderes e prerrogativas aos seus executores, para que investidos em suas funções, em nome do Estado e, com o fim do interesse social, ter por missão garantir a paz e a segurança de uma comunidade, bem como a segurança de cada cidadão, impondo-lhe a força, caso seja necessário, para o respeito e para o cumprimento das leis.

Antigamente havia uma grande dificuldade no tratamento da temática do Uso da Força, devido à falta de unificação de conceitos acerca da matéria. No entanto, a partir da publicação da Portaria Interministerial nº 4.226 de 31 de dezembro de 2010, que estabelece Diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública, muitos dos conceitos acerca da matéria foram consolidados e padronizados com a finalidade de unificar o entendimento por todos os profissionais envolvidos.

Foi a através dessa portaria que se alterou o título da matéria que antes tratava do tema como Uso Progressivo da Força, para Uso Diferenciado da Força. Com a antiga nomenclatura, apesar de ter o mesmo significado que hoje possui, passava a ideia de uma gradação para utilização dos meios de força, de forma a aumentar o nível da força para o cumprimento da ordem. Já com a alteração da nomenclatura, o uso da força passou ter o significado correto, pois o agente na situação de fato deve selecionar o nível apropriado do Uso da Força podendo tanto progredir quanto regredir, conforme o caso concreto.

2.1

Relativização do uso diferenciado da força e legislação

1 Material utilizado na pesquisa: Apostila de Uso Diferenciado da Força em

(32)

31

Para se ter um controle efetivo diante de situações adversas que implicam a atuação dos Agentes de Segurança Pública, o conhecimento teórico não é o suficiente, necessitando um conhecimento e domínio da prática, além de saber agir. Deve-se estar bem treinado.

Além disso, é necessário deslumbrar que as Nações Unidas consideram que qualquer ameaça à vida e à segurança dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei deve ser encarada como uma ameaça à estabilidade da sociedade em geral.

O renomado autor Faria (FARIA, Edimur Ferreira de, 1999), descreve um belo conceito apresentando a seleção de uso de força para a garantia da segurança por parte do agente de polícia. Senão vejamos:

A tarefa do agente de Segurança Pública é delicada na medida em que se reconhece como inteiramente legítimo o uso de força para resolução de conflitos, desde que esgotadas todas as possibilidades de negociação, persuasão e mediação.

A Força Pública de Segurança, por intermédio de seus Agentes, atua para assegurar que os direitos fundamentais dos cidadãos, individual e coletivamente sejam protegidos. O direito à vida e à segurança pessoal devem ter a mais alta prioridade.

O Uso Diferenciado da Força é regulamentado por algumas normas nacionais e internacionais. Dentre essas normas temos o Código de Conduta para Encarregados da Aplicação da Lei (CCEAL). Este código foi adotado por intermédio da Resolução 34/169 da Assembleia Geral das Nações Unidas. Esse código composto por oito artigos não possui valor legal, mas apenas principiológico, para que se direcione os agentes à aplicação da lei conforme disposições básicas de direito e das liberdades humanas.

(33)

objetivos legítimos da aplicação da lei, tratando o uso de arma de fogo como medida extrema.

2.2

Modelos de uso diferenciado da força

Modelos de Uso Diferenciado da Força são apresentados de forma a organizar e direcionar uma doutrina de atuação por parte do policial. Procura educar, prevendo situações padrões e suas respectivas respostas.

Tentaremos resumir os modelos apresentando suas principais características. Na maioria dos modelos tenta-se relacionar as atitudes do indivíduo com as respostas do agente, senão vejamos:

O Modelo FLETC apresenta três painéis, um representando as atitudes do suspeito, outro o nível de risco, representado por algarismos romanos e o terceiro as percepções do agente quanto às atitudes do suspeito. O que é importante observar deste modelo são as setas bidirecionais representando a seletividade das respostas por parte do agente, podendo progredir ou regredir, conforme o caso.

O Modelo GILIESPE é um modelo bastante complexo por sua riqueza de detalhes e correlações. É composto por um gráfico de cinco colunas graduados por cor e seis linhas básicas. Esse modelo pode ser utilizado por qualquer órgão público de segurança. Os níveis de resposta variam de verbalização até a força letal.

O Modelo REMSBERG é concebido de alguns degraus em elevação. Os degraus mais baixos correspondem aos níveis de força mais baixos e os mais altos aos níveis de força mais altos. Porém o modelo não faz a relação entre a atitude suspeita do indivíduo e a resposta do agente. É muito simples e de fácil assimilação, porém não é completo, pois apenas faz a diferenciação do Uso da Força.

(34)

33

mesma forma que a ação de resposta do agente, devendo a todo momento reavaliar a situação, passando novamente pelo ciclo.

O Modelo NASHVILLE por sua vez, apresenta um gráfico de coordenadas, apresentando uma coordenada resposta à coordenada de atitude suspeita do indivíduo. Um modelo super simples e prático.

O Modelo PHOENIX é o mais simples dos modelos estudados. Este modelo apresenta duas colunas, sendo que a primeira coluna corresponde à Ação do Agente de Segurança Pública e à segunda coluna à atitude da pessoa em atividades suspeitas.

Os Modelos apresentam-se de forma semelhante entre si, porém alguns se sobressaem sobre os demais. Os Modelos FLETC, GILISPIE e CANADENSE são os modelos mais completos por apresentarem riquezas de detalhes. No entanto o mais indicado para agentes de segurança pública seria o CANADENSE por além de apresentar riqueza de detalhes, apresenta também uma dinâmica de aprendizagem mais simples.

O Modelo que melhor se adequa ao Sistema Brasileiro de Segurança Pública seria um que apresentasse uma riqueza de detalhes, sem perder sua simplicidade de assimilação, com setas indicadoras de vetores para que o agente possa constantemente avaliar sua atitude em relação à atitude de fundada suspeita do indivíduo.

2.3

Princípios sobre o uso da força e armas de fogo

Os Princípios sobre o Uso da Força e Arma de fogo tem como objetivo proporcionar normas orientadoras e parâmetros técnicos aos Estados-Membros da ONU sobre o desempenho dos profissionais de Segurança Pública no tema: Uso da Força.

(35)

“RECOMENDA os Princípios básicos para a adoção e execução nacional, regional e inter-regional, levando em consideração as circunstâncias e as tradições políticas, econômicas, sócias e culturais de cada país.”

Atendendo a essa recomendação, com duas décadas de intervalo, o Brasil editou em dezembro de 2010, a PORTARIA INTERMINISTERIAL nº 4.226 que estabelece diretrizes sobre o Uso da Força pelos Agentes de Segurança Pública.

Dentre as diretrizes inovadas pela portaria, destacam-se algumas por trazer em seu corpo o caráter humano, vislumbrando edificar a dignidade da pessoa humana, tanto por parte do agente policial quanto do indivíduo particular / infrator.

Foi reconhecida a importância e a complexidade dos trabalhos dos Agentes de Segurança Pública, onde se destaca seu papel nobre de protetor da vida, liberdade e segurança das pessoas. Foi dada uma ênfase no treinamento e capacitação dos agentes, devendo as Organizações de Segurança Pública equipar seus agentes com vários tipos de armas e munições para que se possa realizar o Uso Diferenciado da Força, procurando ainda providenciar armas de menor potencial ofensivo e equipamentos de autodefesa, tudo conforme Diretriz nº 8 da Resolução nº 4.226/2010, onde menciona que todo agente deverá estar equipado com no mínimo 2 (dois) instrumentos de menor potencial ofensivo, senão vejamos:

Todo agente de segurança pública que, em razão de sua função, possa vir a se envolver em situações de uso de força, deverá portar no mínimo 2 (dois) instrumentos de menor potencial ofensivo e equipamentos de proteção necessários à atuação específica, independentemente de portar ou não arma de fogo.

(36)

35

Conforme previsto na Diretriz nº 3 da Portaria nº 4.226/2010, o Agente de Segurança Pública não deve usar arma de fogo, exceto em caso de legítima defesa própria ou de terceiros, contra perigo iminente de morte ou lesão grave.

Na atividade operacional o termo usar e empregar arma de fogo tem sentido isonômico o que os diferencias do sentido disparar ou atirar, também sinônimos, que representam, em Uso de Força, um nível mais elevado.

Ao usar / empregar a arma de fogo na abordagem, o policial pode se utilizar do uso disuassivo da arma de fogo, divididas em quatro posições da arma, de forma escalonada, apresentando gradação, a depender do nível da abordagem, demonstrando assim mais força em resposta à fundada suspeita do infrator:

a) Posição 1 - arma localizada:

Com a arma ainda no coldre, leva a mão até o punho, como se estivesse pronto para sacá-la.

b) Posição 2 - arma em guarda baixa:

Com a arma, já empunhada, fora do coldre, posicionada na altura do abdômen e com o cano dirigido para baixo.

c) Posição 3 - arma em guarda alta:

Com a arma, já empunhada, fora do coldre, posicionada na altura do peito, com o cano dirigido para baixo, numa angulação de aproximadamente 45º, pronto para apontá-la para o alvo.

d) Posição 4 - arma em pronta resposta:

Com a arma apontada diretamente para o abordado.

Conforme já explanado, nada impede que em uma abordagem que de um determinado nível possa diminuir ou aumentar, uma vez que esse é o verdadeiro sentido da expressão Uso Diferenciado, pois para analisar e utilizar o meio adequado. Usado erroneamente como Uso Progressivo da Força o vocábulo trazia uma ideia de sempre aumento do nível.

(37)

4.226/2010, a utilização da arma de fogo deve ser em último caso, depois de tentar se utilizar todos os meios disponíveis, a depender do caso concreto.

2.3.1

O triângulo de uso da força

O Triângulo de Uso de Força é um modelo de tomada de decisão destinado a desenvolver sua habilidade para responder com qualidade e profissionalismo às situações operacionais de confronto com o uso da força. Os três lados do triângulo equilátero representam três fatores: habilidade, oportunidade e risco.

Quanto à habilidade, temos que consiste na capacidade física do agressor de causar danos no agente de segurança pública ou em outras pessoas. Pode consistir também na perícia em determinada atividade ou material.

Quanto à oportunidade, vê-se o potencial do agressor em usar sua habilidade para agredir letalmente ou não o próprio agente de segurança pública ou terceiros. Pode ser compreendido também na apresentação de fatos favoráveis à consecução do fim almejado.

(38)

37

2.4

Uso diferenciado da força

O Agente de Segurança Pública trabalha com seres humanos e a serviço destes. Desta forma, deve o agente estar preparado a diversos tipos de tratamento para com o indivíduo, desde ser cortês em seu atendimento do serviço público até realizar um disparo em que resulte morte do infrator, atitude amparada em excludentes de ilicitude.

Cada conflito entre o Agente de Segurança pública e o infrator deve ser baseado em uma constante legal de causa e efeito, baseada na constante avaliação do risco, oportunidade e habilidade por parte do suspeito; e a resposta a ser empregada de maneira a garantir o interesse público, segurança, de uma maneira menos danosa para todos em geral.

Todo Agente de Segurança Pública deve utilizar equipamentos de segurança individual (EPI), além de alternativa e armamentos de menor potencial ofensivo, para propiciar ao Agente opções de resposta à agressão apresentada. Não portar tais equipamentos, poderá levar ao Agente a diminuir o leque de opções de respostas, utilizando-se de meios imoderados e desproporcionais à ação.

O Uso Diferenciado da Força consiste na análise de duas situações que seriam: a percepção do agente de segurança pública em relação ao indivíduo suspeito e as alternativas de Uso da Força, aplicadas em um eixo cartesiano em que o ponto coordenado desses dois eixos seria a Resposta do Agente para a situação.

2.4.1

Níveis de força

(39)

opções de armamentos letais e não letais, mas se não estiver capacitado, poderá utilizar o dispositivo erroneamente produzindo fins diversos do previsto.

A pessoa abordada se comporta de maneiras diversas, pode atender ou não às ordens do Agente, pode colaborar ou resistir à abordagem. O comportamento do abordado é classificado em níveis de baixo relevo a alto relevo, facilitando, dessa forma a classificação, a percepção do Agente para que ele possa analisar elevando o seu nível ou diminuindo, conforme o caso.

Quanto às atitudes do abordado, pode se dar de diferentes maneiras em relação à resistência da ordem do Agente. Pode ser cooperativo, quando o abordado acata todas as ordens do agente sem apresentar resistência. Pode apresentar resistência passiva, quando o abordado não atende de imediato às ordens ou não coopera, mas sem agressão. Pode apresentar resistência ativa que pode ser com agressão não letal ao agente, através das vias de fato, ou com agressão letal ao agente, utilizando-se de meios que coloquem em perigo a vida do agente.

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39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ser humano em geral é um indivíduo sociável, além de ter em seu ínterim o sentimento do direito do livre arbítrio. Porém para que se possa viver em sociedade, é necessário garantir direitos e definir obrigações, pois do contrário retornaríamos à barbárie. O estado como garantidor da paz social deve atuar de acordo com a necessidade da situação de forma legal e proporcional, analisando o conflito de interesses pessoais com interesses públicos, garantindo a prevalência destes em relação àqueles.

O cidadão não pode, alegando a defesa de seus direitos fundamentais, considerar abusiva abordagem policial realizada dentro dos padrões e de forma legal, pois o agente ao agir dessa maneira pretende garantir o direito coletivo.

O Estado ao garantir o direito coletivo, deve-se pautar conforme o princípio da legalidade, dentro de normas e padrões aceitos em sociedade. Para isso há limites e ponderações da situação real do caso concreto, pois dentre os meios de força possíveis de serem utilizados e sua forma inadequada de utilização pode obter um uso desproporcional, garantindo assim não o direito coletivo, mas a satisfação ilegal do abuso de poder do agente de segurança.

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REFERÊNCIAS

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BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 25. Ed. São Paulo: Malheiros, 2010.

BRASIL. Ministério Público Federal. 2ª Câmara de Coordenação e Revisão. Diretrizes para uma Polícia Cidadã: Conheça seus direitos e deveres: Região Sul. 2 ed. Brasília: 2ª CCR, 2011, p. 19.

FARIA, Edimur Ferreira de. Curso de Direito Administrativo Positivo. 3. Ed. Belo Horizonte: Revista Atual, 1999.

FILHO, Tourinho; COSTA, Fernando da. Processo Penal. 3º vol. 31. Ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 16. Ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

MACHADO, Antônio Alberto. Curso de Processo Penal. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2012.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27. Ed. São Paulo: Malheiros, 2002.

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MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 17. Ed.São Paulo: Atlas. 2005.

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41

NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 5. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

THEMER, Michel. Elementos do Direito Constitucional. 19. Ed. São Paulo: Malheiros, 2003.

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Referências

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