PROCESSO Nº 1482/03 - PROJETO DE LEI Nº 152 INTERESSADO: Vereadora Laíde das Graças Simões
ASSUNTO: Disciplina a prática do "Rodeio" e demais eventos similares no Município de São Carlos - SP.
-0- Sr. Presidente,
Srs. (as) Vereadores (as)
PROJETO DE LEI
“Disciplina a prática do “Rodeio” e demais eventos similares, no Município de São Carlos – SP”.
NEWTON LIMA NETO, Prefeito do Município de São Carlos, no uso de suas atribuições legais, faz saber que a Câmara Municipal aprovou e ele sanciona e promulga a seguinte Lei:
Art. 1°A realização do evento de
“rodeio”, “festa do peão” e demais eventos e/ou atividades congêneres, no Município de São Carlos, dependerá de Licença expedida pelo Poder Público Municipal e será disciplinada por esta lei.
Parágrafo único - Considera-se evento de “rodeio”, “festa do peão” e demais eventos e/ou atividades congêneres, toda e qualquer atividade, exposta ao público, que envolva prova cronometrada, montaria ou laço de animais.
Art. 2° Fica proibido, no âmbito deste Município, a realização de rodeios, touradas, vaquejadas, ou eventos similares (Bareback; Saddle Bronc; Cutiano; Bull Riding, etc.) que envolvam maus tratos e/ou crueldade de animais.
Parágrafo único - Excetua-se do disposto no caput, desde que não envolvam maus tratos e/ou crueldade de animais, a exposição de animais, provas hípicas, utilização de animais em procissões religiosas e desfiles cívicos ou militares, respeitada a legislação específica.
Art. 3° A prática do Bulldoging (derrubada do animal pelos chifres com torção violenta de seu pescoço), bem como as práticas que envolvam bezerros, tais com Laço de Bezerro (Calf Roping) e Laço em Dupla (Team Roping), que, por natureza, representam evidente prática de maus tratos e crueldade, ficam, ex vi lege, terminantemente proibidas, consoante a Lei n° 9.605/98.
Art. 4° Para os efeitos desta Lei, consideram-se maus tratos ou crueldade o uso de equipamento, aparelho, método ou produto que possa provocar dor (física ou psíquica), sofrimento, cerceamento ou prejuízo das funções vitais do animal por qualquer lapso de tempo, bem como a falta de água, alimentação ou alojamento adequado ao bem-estar animal.
§ 1° - Incluem-se entre os
equipamentos, aparelhos, métodos ou produtos de que trata o “caput”, todos
os tipos de sedém, peiteiras, esporas pontiagudas cortantes e/ou perfurantes,
sinos (“polacos”), cacos de vidro, aparelhos que provocam choques elétricos,
luvas com aderência, lanças, bandeirilhas de touradas, pó-de-mico, dentre
outros;
§ 2° - A proteção à integridade física e psíquica dos animais compreenderá todas as etapas, desde o transporte dos locais de origem, passando pela chegada, recebimento, acomodação, trato e manejo, antes, durante e após o evento, caso seja licenciado.
Art. 5° O promotor interessado na realização do evento referido no art. 1° deverá requerer licença à Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano (SMHDU).
§ 1° - Considera-se promotor do evento toda e qualquer pessoa jurídica, devidamente constituída para tal finalidade, que requeira a promoção do evento perante o órgão competente da Prefeitura Municipal.
§ 2° - O requerimento de que trata o
“caput” deverá ser protocolado na Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias da data do início do evento, instruído com os seguintes documentos, sob pena de indeferimento imediato:
a) identificação atual e individualizada do promotor ou promotores do evento, contendo endereço, telefone, cópia reprográfica autenticada do Cadastro de Pessoa Física – CPF e do Registro Geral – RG do empresário e do CNPJ da empresa;
b) memorial descritivo sucinto do espetáculo, com descrição dos métodos utilizados; incluindo listagem dos animais envolvidos e especificação de sua origem e propriedade.
c) declaração, com firma reconhecida e número de registro no Conselho Regional de Medicina Veterinária - CRMV, do médico veterinário responsável pelos cuidados e manejos dos animais utilizados, de que o evento não acarretará maus tratos ou crueldade aos animais envolvidos, acompanhada do respectivo Atestado de Responsabilidade Técnica – ART;
d) declaração do requerente, sob as penas da lei, de atendimento às disposições da Lei Municipal n° 7.379, de 21 de outubro de 1974, com suas respectivas alterações, bem como da Lei Federal n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e do Decreto n° 3.179/99;
e) atestados de vacinação contra a febre aftosa dos bovinos e bubalinos;
f) certificados de inspeção sanitária e controle de anemia infecciosa dos animais eqüídeos;
g) cópia reprográfica devidamente autenticada da apólice do seguro pessoal de vida e de acidentes em favor dos “peões”, “madrinheiros”, “salva-vidas”, domadores, porteiros, juízes e locutores que participarão do evento, compreendendo indenizações por morte ou invalidez permanente, no valor mínimo de cem mil reais, devendo este valor ser atualizado a cada período de doze meses contados a partir de 12/04/2001, com base na Taxa Referencial de Juros – TR, conforme dispõe a Lei Federal n° 10.220/01;
§ 3° - Os animais que apresentem qualquer tipo de doença, deficiência física ou psíquica, ou ferimento não poderão participar do evento.
§ 4° - Recebido o requerimento, a Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano terá o prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar da data do protocolo, para, em decisão motivada, conceder ou não a licença pretendida.
§ 5° - O evento somente poderá ter
início depois de obtida a licença exigida no “caput”, observando-se o disposto na Lei Municipal n° 7.379, de 21 de outubro de 1974, bem como na Lei Federal n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto n° 3.179/99.
Art. 6° Obtida a licença , o evento deverá obedecer as condições e especificações descritas no memorial, sob pena de cassação imediata da licença concedida e interrupção imediata do evento.
Parágrafo único – Constatada inveracidade na declaração do médico veterinário responsável, a Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano representará ao Conselho Regional de Medicina Veterinária e ao Ministério Público Estadual para as providências cabíveis.
Art. 7° Constatada a existência de maus tratos ou crueldades aos animais envolvidos no evento , a Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano (SMHDU) deverá comunicar, imediatamente, a Polícia Ambiental Estadual, um relatório pormenorizado descrevendo o local e horário em que os maus tratos ou crueldade foram constatados, além de cópia reprográfica da documentação referida nos itens do § 2°, do art. 5° desta Lei.
Art. 8° O funcionário público municipal que fizer afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos nos procedimentos de licenciamento do evento de que trata esta lei estará sujeito à pena do art. 66 da Lei 9.605/98
Art. 9° O funcionário público municipal que conceder a licença referida no art. 1° desta lei, em desacordo com as normas ambientais, estará sujeito à pena do art. 67 da Lei 9.605/98
Art. 10° Se constatada a ocorrência de maus tratos ou crueldade aos animais envolvidos no evento ou se a realização deste ocorrer sem a licença referida no art. 1° desta lei, expedida pela Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano, o Poder Público Municipal aplicará ao promotor ou promotores do evento, alternativamente ou concomitantemente:
I) multa no valor de 9.000 (nove mil) a 20.000 (vinte mil) UFESP – Unidade Fiscal do Estado de São Paulo, convertido em Reais na data da lavratura do respectivo auto, considerada a estrutura do evento;
II) suspensão total do evento;
III)interdição definitiva do evento;
IV) apreensão dos animais envolvidos e dos instrumentos, petrechos, equipamentos e veículos utilizados na infração;
V) proibição, por dez anos, de contratar com o Poder Público Municipal;
VI) proibição, por dez anos, de obter subsídios, subvenções ou doações do Poder Público Municipal;
§ 1° - Em caso de maus tratos ou crueldade, os incisos I a VI serão aplicados concomitantemente, além do disposto no art. 7°.
§ 2° - Em cada reincidência, a multa será aplicada em dobro.
Art. 11° Esta Lei entra em vigor na
data de sua publicação.
Sala da Sessões, 14 de Agosto de 2003.