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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

WENDIA OLIVEIRA DE ANDRADE

O CONCEITO DE INFORMAÇÃO NA ARQUIVOLOGIA CONTEMPORÂNEA:

da tradução conceitual à delimitação do objeto de estudo na produção científica brasileira

JOÃO PESSOA

2019

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WENDIA OLIVEIRA DE ANDRADE

O CONCEITO DE INFORMAÇÃO NA ARQUIVOLOGIA CONTEMPORÂNEA:

da tradução conceitual à delimitação do objeto de estudo na produção científica brasileira

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba, como requisito obrigatório para obtenção do título de Doutora em Ciência da Informação.

Linha de pesquisa: Memória, organização, acesso e uso da informação.

Orientadora: Profa. Dra. Dulce Amélia de Brito Neves.

Coorientador: Prof. Dr. Edivanio Duarte de Souza.

JOÃO PESSOA

2019

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WENDIA OLIVEIRA DE ANDRADE

O CONCEITO DE INFORMAÇÃO NA ARQUIVOLOGIA CONTEMPORÂNEA:

da tradução conceitual à delimitação do objeto de estudo na produção científica brasileira

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba, como requisito para obtenção de título de Doutora em Ciência da Informação.

Aprovada em 27/03/2019.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

Profa. Dra. Dulce Amélia de Brito Neves – PPGCI/UFPB (Orientadora)

__________________________________________________________

Profa. Dra. Bernardina Maria Juvenal Freire de Oliveira – PPGCI/UFPB Membro Interno

_______________________________________________________

Profa. Dra. Jacqueline Echeverría Barrancos – UEPB Membro Interno

_______________________________________________________

Profa. Dra. Henriette Ferreira Gomes – PPGCI/UFBA Membro Externo

__________________________________________________________

Profa. Dra. Mariângela Spotti Lopes Fujita – PPGCI/UNESP

Membro Externo

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A todas às mulheres, Bibliotecárias, Pesquisadoras e Professoras, que desbravaram a academia, permitindo que nossa caminhada, na contemporaneidade, se tornasse possível.

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Agradecer em poucas linhas é antes de qualquer coisa registrar, para não deixar disperso no pensamento a gratidão a todos que fizeram parte da construção desse trabalho, seja no âmbito acadêmico, ou mesmo fora dele. É o momento no qual o pesquisador retorna de seu distanciamento e se aproxima daqueles que lhe são caros, por suas mais diversas contribuições.

Dessa maneira, sou grata primeiramente a Deus, que é infinitamente justo e bom! A espiritualidade amiga, que me sustentou em todos os momentos de alívio, de alegria, de preocupação, de lágrimas, de tensão e de transição em mais uma etapa da minha jornada. Gratidão meus irmãos.

A minha família de sangue, que compreendeu minha ausência e reclusão, nos quatro anos desse trabalho reflexivo. Sinto muito e espero que me perdoem, sou grata pela paciência, admiração e amor... Maria Aparecida (Mainha), Raimundo Eudes (Pai), Kaliandra, Xênia e Ícaro.

Ao meu melhor amigo e maior incentivador Sérvulo Neto. Agradeço o companheirismo, a torcida, os “cafés” de todas as horas, as massagens para evitar as dores no andamento da pesquisa, as impressões, principalmente, a elaboração dos meus cronogramas de estudos, sem os quais não teria obtido tantos êxitos na etapa final. Muito obrigada por acreditar desde a seleção do doutorado, que tudo daria certo e por caminhar comigo sempre acreditando que o melhor estar por vir. Amo-te!

Agradeço a Yoko e Sabrina, que mesmo não compreendendo os signos linguísticos, os quais utilizo para representar o meu agradecimento, estiveram comigo dando amor e carinho todo o tempo. O amor de vocês tornou minha caminhada pouco solitária e leve. Meus fieis companheiros!

Aos amigos bibliotecários, Carlos Augusto (Júnior) e Michelly Oliveira, por estarem sempre comigo, nos mais diversos momentos, tanto no ambiente universitário quanto fora dele. Júnior, obrigada por me auxiliar a conhecer as ferramentas do portal CAPES, seu treinamento e elucidação de dúvidas foram fundamentais para a concretização da pesquisa. Obrigada por todo apoio e incentivo.

Fazendo uso das palavras de Michelly: “Da universidade para a vida!”. Gratidão por me permitir contar sempre com vocês.

As queridas Maria Lívia, Mayara Machado, Joyce Gomes e Larissa Fernandes! Amigas maravilhosas sou grata por estarem comigo perto ou distante, nas alegrias e tristezas. Por compreender como é essa caminhada e entender os “sumiços” necessários para construir esse trabalho.

A minha orientadora, a Profa. Dulce, pelo carinho que sempre me tratou ao longo desses seis anos dentro da academia. Nossa relação sempre foi baseada no respeito mútuo, compreendendo o limite de cada uma, isso fez com que tivéssemos uma relação saudável e amigável por tanto tempo.

Obrigada por seu carinho e generosidade!

Ao meu coorientador, o Prof. Edivanio Duarte, agradeço por comprar minha ideia e trazer reflexões

importantíssimas para a pesquisa. Nesse período de tempo que partilhamos esse trabalho, me senti

muito grata pela oportunidade de aprender e refletir sobre a perspectiva de um grande Professor,

pesquisador e bibliotecário! Muito obrigada por suas contribuições e por lapidar essa pesquisa! Já o

admirava antes, e a partir da convivência passei a fazê-lo ainda mais, por seu cuidado e gentileza!

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Agradeço a participação dos membros da banca, nominalmente a Profa. Jacqueline Barrancos que tive o privilégio de lecionar ao seu lado na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e agora encerra comigo essa etapa. Gratidão Professora e amiga, por fazer parte desse momento único!

A Profa. Bernardina M. Juvenal Freire de Oliveira, por conseguir dedicar tempo a essa pesquisa.

Desde o mestrado sempre a admirei por sua sabedoria e por suas grandes contribuições. Parece que foi ontem que você me entrevistou na seletiva do doutorado, e agora vamos juntas a finalização desse ciclo. Sou grata por seu comprometimento e colaborações incríveis!

A Profa. Henriette Gomes, por sua sapiência e humildade em suas contribuições, sempre com respeito e carinho. Muito obrigada por aceitar nos auxiliar na construção e reflexão das ideias que compuseram a pesquisa com seu riquíssimo olhar interdisciplinar. Sou sua fã!

A Profa. Mariângela Fujita, por me acompanhar dentro da academia, do mestrado ao doutorado, contribuindo e construindo ao meu lado. Sou tão grata por nossa relação acadêmica, por sua maestria e gentileza, agradeço de todo coração. Seu olhar no que se refere à indexação, análise documentária, representação – entre outras temáticas – tornará esse trabalho final frutífero!

Gratidão!

Ao Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba, com todo seu corpo docente e técnico administrativo, por sua parceria ao longo desses anos juntos.

Muito obrigada a cada um de vocês por possibilitar a concretização desse caminhar acadêmico, em especial Francisca Arruda Ramalho, Isa Maria Freire, Gustavo Henrique de A. Freire, Henry Pôncio C. de Oliveira. E Franklin Kobashi, por sua atenção e carinho ao longo desses seis anos, em meu mestrado e doutorado!

Aos pesquisadores que não conheço pessoalmente, porém seria injusto deixar de agradecer.

Primeiramente, Clarissa Moreira dos Santos Schmidt, sua pesquisa me instigou a falar sobre esse complexo objeto na Arquivologia contemporânea; segundo, Jonathas Luiz Carvalho Silva, por seu incrível trabalho sobre o conceito de informação na CI, uma compilação reflexiva e valiosa; Carlos Alberto Ávila Araújo, seus textos ao longo dessa caminhada foram aqueles que me deram apoio teórico, que me fizeram pensar e muito, além de serem extremamente agradáveis de ler. In Memorian, à Profa. Maria Odila Fonseca, com a qual tive tantos diálogos mentais e, que por diversas vezes, tive a impressão de tê-la como minha amiga-orientadora, ao meu lado, cada vez que lia seus escritos. A vocês nobres e queridos mestres, minha gratidão de coração!

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por financiar a pesquisa, permitindo dispor-me inteiramente a ela. Espero que muitas pesquisas e pesquisadores possam contar com esse apoio, pois ele foi fundamental.

Gratidão.

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“Lembremo-nos, entretanto, de que reexaminar não é rejeitar, revisitar não é demolir. Em suma, é preciso distinguir evolução e revolução.”

(COUTURE, 2015, p. 149).

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RESUMO

O conceito de informação na Arquivologia Contemporânea aparece como parte do seu objeto de estudo, que emerge principalmente em duas correntes distintas: o paradigma pós-custodial, informacional e científico português, e a Arquivística Integrada canadense. Nas duas perspectivas arquivísticas, a relação disciplinar com a Ciência da Informação se faz presente, embora cada ponto de vista apresente conotações diferentes para a utilização do conceito informação. De maneira geral, a pesquisa busca compreender a ocorrência da traduzibilidade do conceito informação, saindo do seu contexto original na Ciência da Informação, assumindo caráter de objeto de estudo na contemporaneidade arquivística. Para chegar a essa compreensão, foi necessário apontar os objetos de estudo da Arquivologia contemporânea em sua relação com o conceito informação; descrever o processo de traduzibilidade conceitual, identificando as propriedades da informação arquivística, com base nas características encontradas na Ciência da Informação; e averiguar a relação disciplinar existente entre a Arquivologia e a Ciência da Informação no que se refere ao objeto informação. Mediante o recorte temporal estabelecido (1997-2018), foram mapeados em doze periódicos brasileiros os artigos que apresentam temática relevante ao objeto da Arquivologia relacionado ao conceito informação. A pesquisa foi realizada a partir de duas buscas, uma através das ferramentas disponíveis no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a outra nos próprios sites de periódicos escolhidos com base na Associação do Arquivistas do Estado do Rio de Janeiro (AAERJ). A pesquisa teve como características metodológicas a abordagem qualitativa, a pesquisa bibliográfica, o nível descritivo e o uso da análise de conteúdo como técnica de avaliação documental. A coleta do material para formação do corpus da pesquisa foi feita considerando as duas primeiras etapas da análise de conteúdo, a pré-análise e a exploração do material, seguida da organização e identificação documental. Para realização da última etapa do processo de análise de conteúdo, a inferência e interpretação, foi utilizada a ficha de análise conceitual como instrumento elaborado com categorias previamente estabelecidas. A partir da análise do corpus, mais especificamente dos 24 artigos que discutiram o conceito de informação junto à Arquivologia, pode-se inferir, através de uma aproximação disciplinar, a traduzibilidade da informação. O objeto informação vem sendo discutido na Arquivologia Contemporânea e encontra-se na literatura indícios do uso do conceito informação para caracterizar o novo cenário com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), sendo este sentido genérico, a informação arquivística. Para discutir a dualidade do objeto de estudo na perspectiva de documento – suporte – e informação – fenômeno –, tem sido defendida as definições de informação orgânica ou informação registrada. E, mesmo na adoção do objeto informação arquivística, orgânica, registrada, e ainda discretamente informação social, percebeu-se a intensa utilização do termo além da proximidade interdisciplinar com a Ciência da Informação.

Palavras-chave: Arquivologia Contemporânea. Ciência da Informação. Informação

arquivística. Traduzibilidade conceitual.

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ABSTRACT

THE CONCEPT OF INFORMATION IN CONTEMPORARY ARCHIVOLOGY: From the conceptual translation to the delimitation of the object of study in Brazilian scientific production

The concept of information in Contemporary Archivology appears as part of its object of study, which emerges mainly in two distinct currents: the post-custodial, informational and scientific paradigm of Portugal, and the Canadian Integrated Archival. In both archival perspectives, the disciplinary relation with Information Science is present, although each point of view presents different connotations for the use of the information concept. Generally, the research seeks to understand the occurrence of the translatability of the information concept, coming out of its original context in the Information Science, assuming the character of na object of study in the Archival Contemporaneity. In order to achieve this understanding, it was necessary to point out the objects of study of the contemporary Archivology in their relation with the information concept; to describe the process of conceptual translatability, identifying the properties of archival information, based on the characterisTIC found in Information Science; and, to ascertain the disciplinary relation existing between the Archivology and the Information Science about the information object. Through the established temporal cut (1997-2018), have been mapped, in twelve Brazilian journals, the articles that present relevant subject matter to the Archivology object related to the information concept. The research was carried out from two searches, one through the tools available in the Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) and the other in the sites of journals chosen based on the Associação do Arquivistas do Estado do Rio de Janeiro (AAERJ). The research had as methodological characterisTIC the qualitative approach, the bibliographic research, the descriptive level and the use of content analysis as a document evaluation technique. The collection of the material to form the research corpus was done considering the two first stages of the content analysis, the pre-analysis and the exploration of the material, followed by the organization and documentary identification. For the last stage of the process of content analysis, inference and interpretation, the conceptual analysis sheet was used as na instrument elaborated with previously established categories. From the analysis of the corpus, more specifically from the 24 articles that discussed the concept of information with the Archivology, it is possible to infer, through a disciplinary approach, the translatability of the information. The information object has been discussed in contemporary Archivology, and, it is presentin the literature indications of the use of the information concept to characterize the new scenario with Informationand Communication Technologies (ICT), being this generic meaning the archival information. In order to discuss the duality of the object of study in the perspective of document – support – and information – phenomenon –, the definitions of organic information or registered information have been defended. And even in the adoption of the object archival information, organic information, registered information, and, still discreetly, social information, we perceived the intense use of the term beyond the interdisciplinary proximity with the Information Science.

Keywords: Contemporary Archives. Information Science. Information archival. Conceptual

translatability.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Busca avançada por assunto: layout de página 86

Figura 2 Ênfase nos filtros secundários: idioma e título do periódico 87 Figura 3 Filtros primários e secundários do Portal de Periódicos CAPES 91 Figura 4 Organização metodológica de busca no Portal de Periódicos CAPES 91 Figura 5 Identificação utilizada para organização documental e número de controle 92

Figura 6 Inferência a partir do número de controle 109

Figura 7 Círculo do domínio epistemológico-científico 123

Figura 8 Distribuição dos artigos a partir da análise de conteúdo 124 Figura 9 Círculos: técnicas arquivísticas, terminologia arquivística e sentido

genérico 125

Figura 10 Relações conceituais para discussão do objeto informação 153 Figura 11 A informação como interseção entre a Arquivologia e a Ciência da

Informação 155

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Fases históricas da Arquivologia 33

Quadro 2 Comparativo entre documento de arquivo e documento de biblioteca 49

Quadro 3 Formação de conceito geral e individual 72

Quadro 4 Objeto de estudo da Ciência da Informação 73 Quadro 5 Conceitos de informação: parâmetros de observação 76 Quadro 6 Perspectiva dialética inversa: geral, particular e individual 82 Quadro 7 Termos utilizados na recuperação da informação 89 Quadro 8 Combinação terminológica para informação arquivística 93 Quadro 9 Combinação terminológica para informação orgânica 94 Quadro 10 Combinação terminológica para informação social 95 Quadro 11 Artigos selecionados: repetição, autoria, ano e revista 96

Quadro 12 Recuperação documental nos periódicos 99

Quadro 13 Distribuição do corpus da pesquisa 102

Quadro 14 Construção de categorias de análise 104

Quadro 15 Reconhecimento conceitual: categorias, perguntas e objetivos 106 Quadro 16 Ficha de análise conceitual: instrumento de análise de conteúdo 107 Quadro 17 Documentos recuperados - TR informação arquivística 117 Quadro 18 Documentos recuperados - TR informação orgânica 119 Quadro 19 Documentos recuperados - TR informação social 120

Quadro 20 Formação dos agentes 129

Quadro 21 Origem: os autores citados 131

Quadro 22 Pensadores da Ciência da Informação 137

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAERJ Associação de Arquivistas do Estado do Rio de Janeiro ARIST Annual Review of Information Science and Technology SK Anoumalos State of Knowlodge

CAFe Comunidade Acadêmica Federada

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CD Compact Disk

CDD Classificação Decimal de Dewey CDU Classificação Decimal Universal CIA Conselho Internacional de Arquivos

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico DVD Digital Versatile Disc

FCI Faculdade de Ciência da Informação

FHETA Fundamentos Históricos, Epistemológicos e Teóricos da Arquivologia FURG Universidade Federal do Rio Grande

GED Gerenciamento Eletrônico de Documentos GP Grupo de Pesquisa

IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia ISSN Internacional Standard Serial Number

PDF Portable Document Format

PPGCinf Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação SIGAA Sistema Integrado de Gestão e Atividades Acadêmicas

SIGAD Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de documentos TCT Teoria Comunicativa da Terminologia

TIC Tecnologias de informação e comunicação UFPB Universidade Federal da Paraíba

UnB Universidade de Brasília

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 17

2 A ARQUIVOLOGIA CONTEMPORÂNEA E A DELIMITAÇÃO DO SEU OBJETO CIENTÍFICO ... 28

2.1 História dos arquivos e da Arquivologia ... 29

2.2 O objeto científico da Arquivologia ... 34

2.2.1 Tríplice dimensão do objeto: documento, arquivo e informação ... 36

2.2.2 O conceito de informação como parte do objeto de estudo ... 40

3 AS PROPRIEDADES INFORMACIONAIS NO SABER E FAZER ARQUIVÍSTICO: CONTEXTUALIZANDO O USO DA INFORMAÇÃO .. 45

3.1 As propriedades da informação na Arquivologia Contemporânea ... 48

3.1.1 Do documento ao arquivo ... 49

3.1.2 Tecnologias da informação e comunicação nas atividades arquivísticas ... 52

3.1.3 Os usuários de arquivo ... 54

3.2 Os princípios arquivísticos e a informação arquivística ... 58

4 A TRADUZIBILIDADE NA CONSTRUÇÃO DO OBJETO: TRANSPONDO OS DOMÍNIOS DISCIPLINARES NA INFORMAÇÃO ... 61

4.1 As fronteiras interdisciplinares entre Arquivologia e Ciência da Informação 62 4.2 A traduzibilidade da informação na constituição do objeto científico ... 67

4.2.1 Línguas de especialidade: termo, conceito e definição ... 70

4.2.2 A informação na Ciência da Informação como parâmetro para observação disciplinar ... 73

5 O CORPUS EM ANÁLISE: DAS ESTRATÉGIAS DE BUSCA A ORGANIZAÇÃO DOCUMENTAL ... 78

5.1 Caracterização da pesquisa ... 79

5.1.1 Universo e amostra ... 80

5.1.2 Operador lógico: perspectiva dialética ... 81

5.1.3 Abordagem, delineamento e nível descritivo ... 83

5.2 Estratégias de busca no Portal de Periódicos CAPES ... 84

5.2.1 Pré-teste de análise e aspectos de usabilidade ... 85

5.2.2 Termos representativos e termos relacionados ... 89

5.2.3 Recuperação documental: o uso das combinações terminológicas ... 93

5.3 Estratégias de busca nos sites de periódicos: averiguando hipóteses metodológicas ... 97

5.3.1 A busca e recuperação dos artigos ... 98

5.3.2 Organização documental ... 102

5.4 A Ficha de Análise Conceitual: instrumento para análise de conteúdo ... 103

5.4.1 Número de controle, Referência e Termos ... 108

5.4.2 Agentes, Origem e Originalidade ... 110

5.4.3 Modo, Finalidade e Instrumento/Dinamicidade ... 111

(17)

5.4.4 Conceito e Domínio Epistemológico ... 112

6 INVESTIGANDO INDÍCIOS DO OBJETO INFORMAÇÃO: DISCUTINDO RESULTADOS ... 114

6.1 Explorando o corpus: percepções dos primeiros resultados ... 115

6.1.1 Informação Arquivística ... 116

6.1.2 Informação Orgânica ... 118

6.1.3 Informação Social ... 120

6.2 Análises do corpus a partir do conteúdo temático ... 120

6.2.1 Agentes: sobre os autores ... 128

6.2.2 Origem ... 131

6.2.3 Dos conceitos de informação... 139

6.3 Da delimitação conceitual à construção do objeto informação ... 152

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 157

REFERÊNCIAS ... 164

APÊNDICE A – QUALIS PERIÓDICO (2013-2016): REVISTAS UTILIZADAS

... 176

APÊNDICE B – FICHA MATRIZ

... 177

APÊNDICE C – EXEMPLAR DA FICHA DOMÍNIO EPISTEMOLÓGICO- CIENTÍFICO

... 178

APÊNDICE D – EXEMPLAR DA FICHA TÉCNICAS ARQUIVISTAS

... 180

APÊNDICE E – EXEMPLAR DA FICHA TERMINOLOGIA ARQUIVÍSTICA

... 182

APÊNDICE F – EXEMPLAR DA FICHA SENTIDO GENÉRICO

... 183

APÊNDICE G – REFERÊNCIAS DO CORPUS DA PESQUISA

... 185

ANEXO A – FICHA TERMINOLÓGICA DE TRABALHO

... 188

ANEXO B – FICHA TERMINOLÓGICA DE SÍNTESE

... 189

(18)

1 INTRODUÇÃO

A Arquivologia é a área do conhecimento que estuda os arquivos, tanto na perspectiva teórica quanto prática, e objetiva conhecer a unidade informacional como um todo, dando especial atenção às atividades que são desenvolvidas no cotidiano do arquivo. Dedica-se, pois, ao desenvolvimento das funções arquivísticas, como o arranjo, a descrição e sua relação direta com o documento, seus respectivos fundos e o uso de técnicas para organizar, tratar, representar e disponibilizar o acesso, facilitando a busca e, consequentemente, o uso por parte dos seus usuários. Rousseau e Couture (1998, p. 265) apresentam como funções arquivísticas

“[...] a criação, avaliação, aquisição, conservação, classificação, descrição e difusão dos arquivos” que devem ser observadas em todos os documentos. Independentemente da idade documentária, com essas funções devem ser observados os princípios, métodos e operações arquivísticas.

Historicamente o arquivo tinha caráter de local de guarda documental, muito antes da existência de qualquer teoria que direcionasse a realização das atividades arquivísticas.

Apesar dessa ausência teórica, havia uma organização rudimentar da documentação, como se tem notícia das tabuletas do Palácio de Mari pertencente à Zimrilim (1782-59 a. C.) ou mesmo na Síria, em Ebla e nos Arquivos Reais de Ougarit em Rãs Shamra, no qual pode se identificar três tipos de arquivos: diplomáticos, financeiros e administrativos (LE GOFF, 2003; SILVA et al., 1999). O arquivo tinha na antiguidade a incumbência da guarda documental, não apenas no sentido de acumular, mas de proteger os documentos que tinham algum valor para seus produtores. Schellenberg (2006) cita o Metroon, o “templo da mãe dos deuses”, como local utilizado para esse fim pelos atenienses, tamanha a importância dada aos arquivos e aos seus documentos em sua fase mais longínqua.

Nesse período em que a guarda documental tinha um sentindo histórico ou místico, se se considerar a atribuição dada pelos chineses que julgavam os documentos como “talismãs”

dedicados aos deuses (LE GOFF, 2003). A preocupação que se percebe como mais latente era o legado que seria deixado para a posteridade, dando ao arquivo um caráter de local de guarda, proteção, custódia e memória.

À medida que as mudanças históricas, sociais, políticas, econômicas e culturais ocorriam pelo mundo, os arquivos e consequentemente os seus documentos modificavam-se estruturalmente, apresentando uma grande variedade tanto na forma quanto em seu conteúdo;

era possível encontrar tratados, contratos, atos notariais, testamentos, promissórias, recibos e

sentenças de tribunais (SILVA et al., 1999). Na Idade Média, com esses documentos sendo

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manualmente produzidos e consequentemente guardados – na maioria dos casos para fins comprobatórios – a diplomática, antes associada à paleografia, aparece com intuito de buscar regularidades extrínsecas e intrínsecas nos documentos que atestassem sua veracidade e até auxiliassem no processo de identificar sua tipologia através da recorrência tanto do suporte físico quanto dos elementos textuais (DURANTI, 2015).

O documento passou a ser mais investigado já com um horizonte arquivístico, tanto por seu suporte físico (elementos extrínsecos da forma documental) quanto pelo conteúdo (elementos intrínsecos da forma documental), como diferencia Duranti (2015) em uma perspectiva dos estudos diplomáticos. Ainda de acordo com a autora, a diplomática tinha por objetivo identificar padrões no suporte físico e em seus elementos caracterizadores da forma, desde o tamanho ao tipo de material utilizado em sua fabricação como madeira, papel, papiro, pergaminho, etc. Quanto à parte textual, o olhar era direcionado ao exame de diferentes tipos de grafias, marcações, abreviaturas e anotações presentes em um mesmo documento, o que implica observar que o conteúdo informacional em si não era o alvo da análise, ou seja, a análise documental se detinha a busca por características muito específicas tanto na forma física como na construção textual. Por mais que a diplomática subsidiasse uma análise documental com um exame dos elementos extrínsecos e intrínsecos da forma, a informatividade dos documentos era deixada em um plano secundário, na medida em que o sentido de prova era maior nesse período da história da Arquivologia (DURANTI, 2015).

Na análise documental, examinavam-se itens específicos que auxiliavam o reconhecimento da autenticidade e veracidade do documento. Existia um propósito bem definido em identificar tanto o suporte material quanto a parte textual por parte dos diplomatas, que era reconhecer a função administrativa ou mesmo jurídica dos documentos de acordo com o percurso feito dentro de uma ou mais instituições que produziam e/ou utilizavam o documento (DURANTI, 2015). A informação entendida como resultante da somatória desses elementos externos e internos, naquele momento, não era objeto de estudo, pois a emergência da época era de cunho comprobatório.

Até o final do século XIX, mais precisamente a época anterior à publicação do

“Manual dos Holandeses” em 1898, havia um esforço por parte da Biblioteconomia e da

Documentação na resolução dos problemas referente à organização tanto nas bibliotecas

quanto nos arquivos. Bibliotecários e documentalistas compartilhavam “[...] processos e

instrumentos comuns (como as fichas de 7,5 por 12,5 cm e a Classificação Decimal de Dewey

- CDD)[...]”, não obstante, a aplicação desses recursos era diferente, exigindo no que se

referia aos arquivos “uma análise de conteúdo mais profunda” (ORTEGA, 2004, p. 4) o que,

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juntamente com outros acontecimentos

1

, favoreceu um distanciamento entre as áreas, resultando na especificidade das atividades de análise, arranjo e descrição documental nos arquivos e nas bibliotecas, que nessa época dedicavam-se à problemática das bibliotecas públicas.

Assim, as publicações técnicas ocorreram na busca de sistematizar as atividades no âmbito documental. Duranti (1993) cita o trabalho de 1681 de autoria de Dom Jean Mabbilon como um dos primeiros a apresentar elementos da doutrina arquivística, entendida como parte da diplomática. Uma parcela dos estudiosos da área como Schellenberg (2006), Thomassen (1999) e Silva et al. (1999) atribuem ao “Manual de Arranjo e Descrição de Arquivos” de autoria de Samuel Muller, Johan Feith e Robert Fruin um “marco inaugural do que se poderia chamar de uma disciplina arquivística, como um campo autônomo do conhecimento”

(FONSECA, 2005, p. 32). Quando se considera a perspectiva histórica da Arquivologia até a publicação do “Manual dos Holandeses”, como é mais conhecido, é possível perceber um grande esforço por parte dos profissionais envolvidos, documentalistas, bibliotecários e historiadores, em resolver as questões documentais como o arranjo e a descrição, mas também administrativas

2

, já que os documentos eram “produzidos e recebidos nas diferentes instâncias burocráticas do Estado moderno” (SILVA, 2006, p. 19).

Com a publicação do “Manual dos Holandeses”, as diretrizes das atividades no arquivo e em seus documentos foram em parte sistematizadas e a terminologia da área passa a ser construída, algo que favorece a visualização dos domínios teórico-metodológicos da Arquivologia. A teorização da Arquivologia ganhou, contudo, mais robustez com a publicação de periódicos, a formação de associações profissionais, a formulação de legislação específica e a formação do Conselho Internacional de Arquivos (CIA), em 1948, no período que segue a Segunda Guerra Mundial (SCHMIDT, 2012). Esses eventos aos poucos foram reunindo uma terminologia arquivística, e, através das publicações técnicas, reuniões profissionais, congressos e associações, a Arquivologia passou a construir uma base disciplinar. Assim, se fortalecia a necessidade de estudar em profundidade os arquivos como conjuntos documentais, por seu potencial caráter histórico e comprobatório, como também por sua participação na rotina administrativa das instituições, em especial as governamentais

1“A divergência entre bibliotecários e documentalistas refletiu-se na segmentação das associações. Em 1908, um grupo de bibliotecários especializados nos Estados Unidos separou-se da American Library Association para formar sua própria associação, a Special Libraries Association. E, assim como estes, vários casos se sucederam de dissidências de associações inicialmente de bibliotecários, que passaram a representar a Documentação (American Documentation Institute, criada em 1937, e atualmente denominada American Society for Information Science and Technology - ASIS&T), a Microfilmagem (National Microfilm Association), e áreas temáticas como Biologia e Química” (ORTEGA, 2004, p. 4).

2 Nesse período, Hilary Jenkinson publica A Manual of Archive administration (1922).

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no pós-Guerra, algo que certamente impulsionou a busca por resolver problemas relacionados à organização e à recuperação da informação arquivística.

A Arquivologia passou a ter maiores atribuições junto às instituições públicas e privadas através da formalidade do campo e de mudanças de suporte, conteúdo e aparecimento de teorias que se relacionavam diretamente à produção documental das entidades mantenedoras – como a Teoria das Três Idades e consequentemente sua aplicabilidade – o documento ainda podia ser visto como objeto da Arquivologia, pois todas as atividades eram direcionadas a ele.

Em cada nova época, marcada pela emergência de nova organização econômica, política, social e cultural, uma nova equação a ser solucionada no contexto teórico e prático dos arquivos é formulada. O arquivo, o documento e a organização documental figuram como os elementos de essencial inserção ao cálculo na perspectiva arquivística. Como variáveis acrescidas, citam-se os avanços tecnológicos – como a criação do papel e anos depois a invenção da impressa – que afetam diretamente o acesso, o uso e a satisfação dos usuários, que passa a ser o resultado almejado. Na contemporaneidade

3

da Arquivologia, fase em que os recursos tecnológicos são incontáveis, em especial a inserção dos computadores e o uso da Internet, o cálculo metaforicamente descrito apresenta mais variáveis que precisam ser consideradas. O documento de arquivo deve ser disponibilizado para o usuário assim como as ferramentas para a realização da busca, o acesso e o uso para que ele possa obter a informação que necessita, independentemente do arquivo (unidade informacional) e documento serem físicos ou digitais, contexto que deve ser embasado pela teoria e prática arquivísticas.

Com efeito, os princípios que regem a Arquivologia, as teorias que a caracterizam e a delimitam como área do conhecimento devem ser sempre considerados como norteadores. O princípio de proveniência ou de respeito aos fundos tem um olhar voltado para quem produz o documento e para os fins, ou seja, o contexto de criação, da organização da unidade informacional e também da instituição que o mantém. O documento de arquivo deve estar associado à entidade que o produziu tão pouco ignorado o percurso feito dentro ou fora da instituição orgânica, rege o princípio da organicidade. O suporte, a forma, o tipo e o gênero documental o tornam único de acordo com princípio da unicidade e deve-se evitar o desmembramento e qualquer tipo de dano ao documento. Conservar seu suporte e conteúdo, conforme o princípio da indivisibilidade ou integridade arquivística, precisa ser igualmente

3A Arquivologia Contemporânea, para esta pesquisa, será considerada a partir do final dos anos 90, com as publicações escolhidas para recorte temporal, em especial cita-se Os fundamentos da disciplina arquivística de Rousseau e Couture em 1998. E ainda, com a presença de termos como informação na seara arquivística.

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respeitado. Todos eles reunidos auxiliam nos processos de organização, descrição e arranjo documental facilitando assim a recuperação no arquivo intermediário ou permanente (BELLOTTO, 2002).

É importante entender esses princípios como fundamentos da Arquivologia, na medida em que, conforme Bellotto (2002), a diferencia de outras ciências documentais. Portanto, essas teorias e, por conseguinte, sua prática irão embasar a investigação do uso do conceito informação no contexto arquivístico. Através das demais teorias e técnicas que caracterizam a área, como a gestão documental, a diplomática arquivística, a preservação, a conservação, a descrição e o arranjo, entre outras, a Arquivologia constrói seu arcabouço teórico- metodológico, que favorece tanto a identificação conceitual quanto o reconhecimento dos limites disciplinares do seu campo e, consequentemente, de seu objeto de estudo.

Percebe-se que a Arquivologia antes contemplada na Documentação, ao relacionar-se com outras áreas como Administração, Biblioteconomia, Diplomática, Direito e História, tinha como objetivo sanar as problemáticas que se apresentavam, fosse de ordem documental ou organizacional desde que relacionada ao arquivo. Na Arquivologia moderna e contemporânea, há uma maior proximidade com a Ciência da Informação, que vem dar suporte teórico à relação informacional e tecnológica que invadiu os arquivos chegando ao seu documento. Essa perspectiva arquivística começou a ser modelada entre os anos setenta e oitenta, quando os problemas nos arquivos passam a ser defendidos como de ordem informacional, sinalizando para a informação como novo objeto da Arquivologia contemporânea. Imersos em um paradigma pós-custodial e ainda, mais especialmente, como parte integrante da Ciência da Informação, direciona a discussão a um viés interdisciplinar e até mesmo transdisciplinar (ROUSSEAU; COUTURE, 1998; SILVA, 2006; SILVA et al., 1999; THOMASSEN, 1999).

O fato é que, embora um marco inicial de uma relação interdisciplinar entre a

Arquivologia e a Ciência da Informação seja difícil precisar na literatura científica,

reconhece-se a urgência em lidar com as tecnologias de informação e com a recuperação da

informação em sistemas automatizados nos arquivos como um forte indício dessa

proximidade entre campos. A preocupação com a migração e obsolescência dos suportes

correspondem a alguns fatores que demandam essa correlação. Nesse sentido, Fonseca (2005)

considera que a Arquivologia passou por momentos de grandes mudanças quando houve a

explosão da informação no período pós Segunda Guerra. Existia a necessidade de organizar

informação que estava acumulada e dispor meios (mecanismos tecnológicos) a fim de

recuperá-la em momento posterior, tarefa que foi dada à Ciência da Informação. Não

(23)

obstante, é na produção do conhecimento científico que as relações entre a Arquivologia e a Ciência da Informação se estreitam de forma mais evidente nos programas de pós-graduação no Brasil

4

, nos quais as pesquisas de cunho arquivístico são mais facilmente encontradas do que em outros programas.

Heredia Herrera (1991) assevera que o objeto da Arquivologia tem uma “tríplice”

dimensão, os arquivos, seus documentos e a informação. Bellotto (2002) aproxima-se ao considerar a informação como objeto intelectual arquivístico e que sua condição de existência está baseada em três elementos, o arquivo como unidade informacional, o conjunto documental e o documento em si mesmo.

Dessa forma, percebe-se que a Arquivologia contemporânea mantém os dois objetos de estudo (arquivo e documento) que foram essenciais ao desenvolvimento do Saber e Fazer

5

arquivístico. Ao longo dos anos, informação passou a ser empregada como fator necessário à resolução de problemas apresentados na Sociedade da Informação, como o uso das Tecnologias de informação e comunicação (TIC) em muitas das atividades arquivísticas no contexto digital, desde o documento eletrônico até os mecanismos de disseminação, acesso e uso sem que ocorra necessariamente o contato físico com o documento ou mesmo com o arquivo como unidade informacional.

A partir do ente informação, a Arquivologia e a Ciência da Informação passam a comunicar-se de forma disciplinar buscando compartilhar insumos teóricos e práticos para resolver as problemáticas do primeiro campo citado. O estudo dessa relação disciplinar é necessário, para que se possa compreender as implicações em utilizar o conceito informação, já que este apresenta semelhanças e diferenças de aplicação em cada contexto. Fonseca (2005) reforça que esse tipo de discussão entre a Arquivologia e a Ciência da Informação tem ocorrido de maneira eficiente no ambiente teórico-discursivo da pós-graduação, pois nesse cenário as referidas áreas comunicam-se de maneira interdisciplinar e até mesmo transdisciplinar como defende Silva (2006).

4 “[...] cabe notar que na primeira década cabe notar que na primeira década do século XXI, nos programas de pós-graduação de todo o país e nas várias áreas de conhecimento (arquivologia, história, administração, ciência política, economia, sociologia), proliferam teses e dissertações sobre a história administrativa entrecruzadas com discussões interessantes sobre a teoria das organizações, cultura organizacional, reformas do Estado, sistemas de poder e políticas públicas e organizacionais, em âmbito nacional, regional ou local.” (RONCAGLIO, 2012, p.

96).

5 Saber (com letra inicial maiúscula) quando mencionado deve ser entendido como partícipe das teorias do conhecimento e saberes no âmbito da “[...] ciência e da disciplina em seus processos teóricos da construção do conhecimento[...]”, e Fazer (também grafada com letra maiúscula) como “[...] o exercício prático de uma atividade que quando pensada e organizada pode desenvolver instrumentos técnicos de maneira a facilitar, melhorar e aperfeiçoar sua realização [...].” (SCHMIDT, 2012, p. 50-51).

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Le Coadic (2004) aponta que a Ciência da Informação tem por objeto de estudo as propriedades gerais da informação e os processos de sua construção, acesso e uso, já a Arquivologia na contemporaneidade apresenta, de acordo com as correntes da arquivística integrada canadense e o paradigma pós-custodial português, a informação relacionada ao seu objeto em um contexto orgânico, registrado e social. O conceito informação na Ciência da informação abarca especialmente os processos e fluxos informacionais, a representação, a recuperação, o acesso e o uso.

Na busca pela solução de problemas de cunho informacional, a Arquivologia contemporânea procura recursos teórico-metodológicos na Ciência da Informação, diante do novo cenário arquivístico, ressignificado como dinâmico, pós-custodial, informacional e científico, que vieram com a Sociedade da Informação (SILVA et al., 1999) e, consequentemente, no uso das TIC. Os princípios arquivísticos são afetados por esse novo panorama informacional e tecnológico, tornando-se mais complexa a execução de atividades como assegurar a fidedignidade do documento e garantir o acesso, independentemente do suporte. Dessa maneira, a Arquivologia e a Ciência da Informação estreitam relações disciplinares, em movimentos colaborativos mediante a emergência do campo dos arquivos.

A partir dessa conjuntura informacional, na qual as disciplinas buscam compartilhar insumos teóricos e práticos, o conceito informação discutido amplamente pela Ciência da Informação passa a ser caracterizado e contextualizado, para ser utilizado na contemporaneidade da Arquivologia. Para tanto, se faz necessário refletir a partir das duas áreas do conhecimento, a Arquivologia e a Ciência da Informação, como se dá essa relação interdisciplinar ou mesmo transdisciplinar (SILVA, 2007), mediando o uso do conceito informação descrito como objeto de estudo arquivístico.

Essa nova visão assemelha-se ao que Brandão (2005) apresenta como tradução

6

, que é uma espécie de redefinição conceitual, ou seja, a tradução de um conceito original para um novo contexto linguístico, espacial, temporal ou disciplinar, trazendo uma nova utilização, representado por sua língua de especialidades que é importante para subsidiar o processo da traduzibilidade. A tradução ocorre no sentido de transpor um conceito para um contexto diferente do que foi originalmente criado, o que implica dizer que seu significado primeiro deva ser considerado como uma base teórica, e a partir dele passa a existir uma visão metafórica entre o original e o traduzido, permitindo observar constantemente suas

6“A tradução, como a metáfora, serve para compreender textos e não para descrevê-los, explicá-los ou justificá- los. Da mesma forma, a tradução visiva dos conceitos serve como instrumento para que eles sejam compreendidos e não descritos; ‘provados e mostrados’, mais que ‘demonstrados e comprovados’.”

(BRANDÃO, 2005, p. 83).

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semelhanças e diferenças. Assim, a tradução pode trazer um novo significado a um conceito original, sem perder de vista seus limites e características, mas permitindo que outro contexto possa dar um novo sentido dentro de suas especificidades que incluem o uso de uma língua que o melhor represente. Essa tradução é mais bem compreendida em uma relação disciplinar, de acordo com Brandão (2005), na tensão existente entre campos bem definidos e estruturados (como disciplinas e suas línguas de especialidades, em um determinado tempo e espaço), em uma metáfora de “ir e vir” dentro dos campos do conhecimento subsidiando a traduzibilidade de um conceito original.

A traduzibildidade, ou seja, o processo de traduzir um conceito é mais que uma adequação de uso. Deve ser entendida como uma ressignificação que precisa apontar quais os motivos que levaram à relação entre determinados conceitos, provenientes de distintos campos do conhecimento. Dessa maneira, esse processo consiste em fazer uso de um conceito

“adequado”, ou seja, traduzido para um determinado campo sem um fim em si mesmo. Trata- se de uma construção onde disciplinas com objeto e/ou objetivos comuns possam compartilhar insumos teóricos ou técnicos para a resolução de uma determinada questão. E.

comumente, quando existe, há necessidade de resolver determinada problemática que o olhar se amplia e passa a ocorrer a busca de resolução, mesmo que o auxílio venha de um campo diferente daquele que originou o problema. Nesse sentido, como aduz Brandão (2005, p. 85),

“O problema da traduzibilidade não aponta propriamente para uma insuficiência dos conceitos [...]”, mas a possibilidade de diálogo recíproco e uma (re)conexão de conceitos. Com efeito, nesse diálogo, é preciso observar as características de cada campo do conhecimento, reconhecendo seu atributos e propriedades, para que se possa fundamentar, contextualizar e justificar a tradução, em face às problemáticas ou necessidades emergentes.

Na relação entre os campos da Arquivologia e da Ciência da Informação, delimita-se aqui como objeto de possível tradução, o conceito informação. Ocorre que, na emergência de um cenário informacional e tecnológico bastante presente nas últimas décadas, a Arquivologia atualmente delimita seu objeto de estudo relacionado com o conceito informação, ora informação arquivística ora informação registrada, ou ainda como informação social. E, a partir desse processo de delimitação do objeto informacional arquivístico, emerge o seguinte o problema de pesquisa: A informação, delimitada como parte do objeto de estudo da Arquivologia contemporânea, passa pelo processo de traduzibilidade? E essa tradução possibilita um diálogo interdisciplinar?

Desta feita, é preciso entender se existe uma tradução do conceito informação

resultante da relação entre a teoria e prática na Arquivologia contemporânea representado pela

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língua de especialidade como uma ressignificação do sentido original discutido na Ciência da Informação. Diante do exposto, enuncia-se a hipótese: o objeto científico da Arquivologia contemporânea apresenta o conceito de informação traduzido da Ciência da Informação, reinterpretado e redefinido a partir de uma integração interdisciplinar, devido às problemáticas tecnológicas, sociais e informacionais do arquivo

.

Assim, o objetivo geral busca: estudar o processo de tradução pelo qual vem passando o conceito de informação na delimitação do objeto científico da Arquivologia contemporânea.

Para alcançá-lo organizam-se os objetivos específicos, a saber: caracterizar as propriedades da informação arquivística

7

como objeto de estudo; identificar os pontos congruentes na Arquivologia e Ciência da Informação, que indiquem a aproximação teórica entre os campos;

buscar indícios da traduzibilidade no uso do conceito informação, considerando a Ciência da Informação como campo originário do conceito de informação

8

; e por fim, averiguar a abordagem interdisciplinar na delimitação da informação como objeto da Arquivologia contemporânea.

Considerando o caráter polissêmico do conceito informação, sua investigação pelo viés da traduzibilidade se realizou observando as contribuições apresentadas pela Ciência da Informação. Sendo essa, a grande inquietação que motivou a realização desta pesquisa. As várias facetas de um mesmo conceito, que pode ser empregado em diversas áreas do conhecimento para atender determinado fim. Assim, enquanto bibliotecária com experiência de campo em bibliotecas e arquivos, percebeu-se que teorias e práticas poderiam ser compartilhadas quando diante de um mesmo objeto: informação. Considerando, obviamente, as especificidades apresentadas em cada contexto e em cada uso do conceito informação.

A tese ficou organizada em sete seções, além de apêndices e anexos.

Na primeira seção, Introdução, contextualizou-se a temática, abordou-se a problemática da pesquisa, definiu-se hipótese da pesquisa e estabeleceram-se o objetivo geral e os objetivos específicos. Foram apresentados os fundamentos teóricos que subsidiaram a discussão do objeto de pesquisa, a partir de quais autores e suas respectivas correntes, em

7 É importante esclarecer que a pesquisa adota a expressão “informação arquivística” na identificação do objeto de estudo da Arquivologia como estratégia metodológica, em que pesem às críticas à noção de “documento de arquivo”, na medida em que condiciona o acesso à produção científica nacional objeto de análise e, complementarmente, indicia as inter-relações presentes no uso polissêmico do conceito informação, em uma perspectiva interdisciplinar entre Arquivologia e Ciência da Informação.

8 Brandão (2005) menciona a dualidade entre o original e o traduzido para se referir à dinâmica do movimento conceitual, ou seja, de qual campo do conhecimento vem o conceito e para qual ele será traduzido. Assim, o conceito de informação na Ciência da Informação foi considerado como original com seus atributos e propriedade, ou seja, mesmo que em outras áreas do conhecimento se faça uso recorrente deste conceito, para a pesquisa, a Ciência da Informação foi tratada como seu campo de origem.

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especial Rousseau e Couture (1998) e Silva et al. (1999), com suas discussões sobre o objeto arquivístico relacionado à informação.

Na segunda seção, A Arquivologia contemporânea e a delimitação do seu objeto científico, discutiu-se sobre a Arquivologia e as transformações ocorridas ao longo do tempo em torno do seu objeto. Tratou-se da importância das publicações técnicas como manuais, da formação associações profissionais e da forma como os eventos auxiliaram no fortalecimento do campo a partir do compartilhamento teórico e prático.

Na terceira seção, As propriedades informacionais no saber e fazer arquivístico:

contextualizando o uso da informação, tratou-se dos elementos que caracterizam a informação arquivística, ou seja, suas propriedades mais perceptíveis na contemporaneidade da área. Discutiu-se, com base nas propriedades da informação científica de Mikhailov, Chernyi e Gilyarevskyi (1980), a busca de parâmetros para entender a utilização da informação – ainda em sentido genérico – na seara arquivística. A partir da compreensão das propriedades que compõem e caracterizam a informação, dissertou-se sobre os elementos que retratam o campo arquivístico, nas diferentes relações dinâmicas com a informação, a saber, o arquivo e o documento, as TIC no ambiente arquivístico e os usuários de arquivos. Ao final da seção, apresentam-se os princípios arquivísticos buscando apontar como eses têm sido discutidos, quando imersos na contemporaneidade e, consequentemente, em sua relação com a informação.

Na quarta seção, A traduzibilidade na construção do objeto: transpondo os domínios disciplinares na informação, apresentou-se a traduzibilidade (BRANDÃO, 2005), como sendo uma possível explicação para o uso do conceito informação, como objeto da Arquivologia na contemporaneidade, a partir de aproximação com a Ciência da Informação.

Ainda, nesse capítulo, fez-se a diferenciação entre termo, conceito e definição, importante para as discussões dos resultados.

Na quinta seção, Procedimentos metodológicos: descrevendo as estratégias de busca documental, descreveu-se o “passo a passo” da pesquisa, em sentido metodológico. Como foram utilizadas as diretrizes da Análise de Conteúdo, além da execução de cada tarefa na busca por organizar, identificar e particularizar o corpus da pesquisa. Cada etapa foi minuciosamente descrita com intuito de facilitar a compreensão de como foi feito o caminhar da pesquisa, além de auxiliar a pesquisas futuras que optem por fazer uso de recursos similares.

Na sexta seção, Análise de conteúdo: investigando indícios do objeto informação, teve

como intento apresentar o instrumento metodológico e os resultados que ele possibilitou

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recuperar. Criada para subsidiar a Análise de Conteúdo, em especial, a última etapa com a inferência e interpretação, a ficha de análise conceitual com suas doze categorias foi apresentada. Na medida em que se discutia as categorias e consequentemente seu preenchimento, os resultados da pesquisa foram sendo apresentados. Dessa maneira, a inferência e interpretação foram organizadas ao longo desse capítulo, tendo como recurso a ficha de análise conceitual, em especial os artigos do círculo temático denominado Domínio Epistemológico/Científico.

Por fim, na sétima seção, Considerações finais, onde foi feita uma síntese da pesquisa.

A partir do que fora discutido ao longo do estudo e dos resultados emergentes na seção anterior, esse último momento foi de reflexão acerca do objeto informação imerso na Arquivologia Contemporânea.

Os Apêndices e Anexos do trabalho foram disponibilizados para complementar as informações expostas ao longo da pesquisa, tanto as fichas de análise conceitual quanto a representação dos círculos temáticos foram adicionados. Os anexos apresentam as fichas de análise de Barros (2004), as quais foram utilizadas como suporte teórico para a criação do instrumento dessa pesquisa: a ficha de análise conceitual.

Desta feita, organizou-se a pesquisa com suas seções, as quais buscaram relacionar e

discutir a informação enquanto partícipe do objeto da Arquivologia na contemporaneidade.

(29)

2 A ARQUIVOLOGIA CONTEMPORÂNEA E A DELIMITAÇÃO DO SEU OBJETO CIENTÍFICO

À pouca unidade em torno do conceito de arquivo corresponde o mesmo quantum de divergência em torno da arquivologia e seu(s) objeto(s) e em torno dos arquivistas e seu papel social (FONSECA, 2005, p. 53).

A história da Arquivologia é marcada por mudanças em suas teorias (Saber) e práticas (Fazer) resultantes das transformações no cenário econômico, político, social e também cultural que contribuíram para a formação da área e, por conseguinte, a delimitação do seu objeto de estudo que permanece na dupla concepção de arquivo e documento.

Na literatura arquivística, os intervalos de tempo são marcados em sua historicidade com o intuito de facilitar a identificação das transformações no contexto arquivístico e documental. A compreensão de cada fase – corrente ou paradigma – com seus principais representantes possibilitam a análise e discussão segundo recorte escolhido. Existem várias formas de organização da Arquivologia, seja pelo viés histórico como apresenta Bautier (1968), seja na perspectiva do documento como indica Lodolini (1993). Essas concepções devem ser entendidas como complementares, pois apresentam as fases da Arquivologia em facetas diferentes de um mesmo domínio arquivístico. Assim como a História dos Arquivos, Arquivologia Clássica, Moderna e Contemporânea, que foi adotada a partir da tese de doutorado de Schmidt (2012), favorecendo a ênfase desta pesquisa realizada em uma perspectiva da contemporaneidade e sua relação com informação como parte do seu objeto de estudo.

A História dos Arquivos, a Arquivologia Clássica, a Arquivologia Moderna e a Arquivologia Contemporânea (SCHMIDT, 2012) apresentam paradigmas com ênfase de trabalho diferente que foram se complementando ao longo do tempo e não negando o anterior.

Como afirma Capurro (2003)

9

, um paradigma não surge necessariamente para ocupar o lugar de seu antecessor, mas como uma complementaridade necessária mediante as mudanças no contexto histórico, econômico, social e político. Para apresentar tais conjecturas, Capurro (2003) fundamentou-se nas construções conceituais de Kuhn (1998) sobre paradigmas. E com isso, complementa-se que, para uma mudança paradigmática,

9 Compreende-se paradigma no sentido de modelo análogo a outro, no qual se podem identificar elementos aproximativos e especificadores, também como suas diferenças. (CAPURRO, 2003).

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[...] a nova teoria repercute inevitavelmente sobre muitos trabalhos científicos já concluídos com sucesso. É por isso que uma nova teoria, por mais particular que seja seu âmbito de aplicação, nunca ou quase nunca é um mero incremento ao que já é conhecido. Sua assimilação requer a reconstrução da teoria precedente e a reavaliação dos fatos anteriores.

(KUHN, 1998, p. 26).

O surgimento da escrita, a invenção da imprensa, a produção documental pós Segunda Guerra Mundial e o uso de computadores são apenas alguns dos fatores que culminaram nas transformações ocorridas no mundo, refletindo também nas instituições informacionais – arquivos, bibliotecas e museus –, especialmente, na maneira como elas funcionam e organizam suas atividades administrativas. E, assim, passou a existir essa necessidade de reavaliar para reconstruir, tal como defendeu Kuhn (1998).

2.1 História dos arquivos e da Arquivologia

A História dos arquivos é marcada como o primeiro e mais antigo período da Arquivologia (SCHMIDT, 2012), que vem desde os arquivos dos reis chegando até o início Idade Média. Nessa época, os aspectos históricos e patrimoniais dos arquivos eram mais latentes, ou seja, quando o arquivo tinha a concepção de local de guarda e o documento caráter histórico e de prova, algo que foi mantido ainda na Arquivologia Clássica. Com a publicação dos manuais técnicos, outras características passaram a ser estudadas, mas indicando ainda o potencial comprobatório, patrimonial e administrativo do documento.

A transição percebida entre a História dos Arquivos e a Arquivologia Clássica reside na necessidade de sistematizar o “Fazer arquivístico” que se encontrava disperso entre a Biblioteconomia e a Documentação. Com a publicação do “Manual de Arranjo e Descrição de Arquivos” (1898), mais conhecido como o “Manual dos Holandeses”, e do Manual of Archive Administration de Hilary Jenkinson (1922), o “Saber arquivístico” começa a aparecer de maneira organizada e traz para a área subsídios para que ela caminhe na busca do status de disciplina autônoma e não mais como disciplina auxiliar da História, como na época da Revolução Francesa

10

em 1789. Os manuais citados, em especial, o primeiro pode ser considerado como um marco que subsidia uma virada paradigmática, emergindo o paradigma que Rockembach (2015) denomina de custodial e técnico. Até então, não existia de maneira

10 “No fervor inicial da Revolução, em 1789, a Assembléia Nacional criou um arquivo no qual deveriam ser guardados e exibidos os seus atos. Um ano depois, por decreto de 12 de setembro de 1790, esse arquivo tornou- se os Archives Nationales de Paris. Foi o primeiro arquivo nacional criado no mundo.” (SCHELLENBERG, 2006, p. 26, grifo nosso).

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organizada e sistematizada qualquer tipo de documento que subsidiasse as atividades arquivísticas. Além disso, aquele manual trouxe uma perspectiva orgânico-administrativa para o documento de arquivo, compreendendo a importância de atribuir seu valor desde sua criação – ora administrativo, ora comprobatório, e, ainda, possivelmente histórico.

Proveio disto, inclusive, a separação dos profissionais entre “records managers”, os administradores de documentos, e “archivists”, os arquivistas históricos [...], posições que posteriormente convergiram a partir da arquivística integrada (ROUSSEAU; COUTURE, 1998). Surge a preocupação em racionalizar os documentos em razão dos espaços físicos de guarda, mantendo aqueles que terão maior importância informativa ou histórica. (ROCKEMBACH, 2015, p. 89).

Objetivando a aplicação das teorias – Princípio de proveniência

11

e a ordem original –, agora organizadas nos manuais e disseminadas entre os estudiosos da área através das traduções, emerge na Arquivologia Moderna a perspectiva do arquivo corrente e a necessidade de profissionais aptos a acompanhar a fase “mais ativa” do documento. Algo sem precedentes na área, a inserção de “[...] profissionais integrados na carreira administrativa e auxiliares preciosos e indispensáveis do regular funcionamento das instituições.” (SILVA, 2006, p. 19).

Além de publicações técnicas, associações profissionais e eventos próprios, a Arquivologia sinaliza para a abertura dos arquivos à população como “laboratórios de história”, depois que suas funções administrativas fossem cumpridas (ESPOSEL, 1994). O arquivo deveria dispor sua documentação no cumprimento de um papel social, dando suporte para que a população conheça mais sobre sua memória/história através da informação contida nos documentos.

A documentação produzida na esfera administrativa pública e privada passa a ser acompanhada pelo olhar arquivístico. A grande produção documental, no momento posterior a Segunda Guerra, trouxe a necessidade de organização, descrição, seleção e arranjo, e, com isso, o arquivista aparece de maneira muito mais profícua e sua atenção se volta também para o percurso do documento dentro da entidade que o produziu. O valor de prova do documento na Arquivologia Moderna se dava na relação de sua existência para a entidade que o produziu,

11“O princípio de proveniência é a base teórica, a lei que rege todas as intervenções arquivísticas. O respeito deste princípio, na organização e no tratamento dos arquivos qualquer que seja a sua origem, idade, natureza ou suporte, garante a constituição e a plena existência da unidade de base em arquivística, a saber, o fundo de arquivo. O princípio da proveniência e o seu resultado, o fundo de arquivo, impõe-se à arquivística, uma vez que esta tem por objectivo gerir o conjunto das informações geradas por um organismo ou por uma pessoa no âmbito das actividades ligadas à missão, ao mandato e ao funcionamento do dito organismo ou ao funcionamento e à vida da referida pessoa.” (ROUSSEAU; COUTURE, 1998, p. 79).

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chegando até à custódia do arquivo indicando sua importância e apresentando, segundo Schellenberg (2006, p. 41), “[...] fins outros que não aqueles pelos quais foram produzidos ou acumulados.”

Como assevera Fonseca (2005), é nesse cenário de pós-Guerra que passa a existir um crescimento exponencial da documentação administrativa federal, em especial, a norte- americana. E, igualmente, nesse período em que ocorre a “explosão documental” e a

“evolução das tecnologias de informação” (FONSECA, 2005, p. 44), emerge a necessidade de organizar e sistematizar mecanismos de organização e recuperação da informação, ou seja, a necessidade da gestão dos documentos.

Nesse período moderno, percebe-se que a Arquivologia passa a se preocupar com o que é produzido e com o que merece ser guardado. Dessa forma, compartilha-se mais que nunca práticas arquivísticas de seleção, descrição e arranjo para facilitar uma recuperação futura. Embora o documento de arquivo apresentasse elementos que o caracterizassem como objeto de estudo, essa designação não se encontra de forma explícita na literatura arquivística.

Os indícios de sua objetivação nessa fase podem ser apontados por intermédio da análise documental que buscava identificar a finalidade de sua produção e o seu caminhar dentro da administração, da atribuição de valor primário e secundário (SCHELLENBERG, 2006), chegando até à custódia do arquivo observando sua integridade e indivisibilidade. A Arquivologia estava na busca pela “[...] análise subjetiva do conhecimento registrado: os problemas lingüísticos de análise documentária e recuperação da informação” (FONSECA, 2005, p. 18, grifo nosso)

Na modernidade arquivística, mais especificamente entre a década sessenta e setenta, dois pontos devem ser mencionados na Arquivologia internacional e nacional que refletiram na relação com a noção de informação, respectivamente, o aparecimento da definição de Ciência da Informação, nas conferências do Georgia Tech em 1961 e 1962 (GARCIA, 2002), e a implantação dos primeiros cursos de graduação de Arquivologia no Brasil

12

em 1977 (SCHIMDT, 2012).

Quando a Ciência da Informação passa a ser discutida internacionalmente e as primeiras publicações com a busca por sua definição aparecem, em especial o artigo de Harold Borko (1968) intitulado Information Science: whatis it?, atribui-se a ela a responsabilidade por estudar a informação e, portanto, também interessada na recuperação,

12 “Certamente a história dos arquivos e da disciplina arquivística no Brasil poderia ser analisada desde muito antes da década de 1970, e esta é uma lacuna historiográfica da área em nosso país. [...] Assim é que, em 1971, foi criada a Associação dos Arquivistas Brasileiros, que exerceu indiscutível liderança nas conquistas posteriores[...]”. (FONSECA, 2005, p. 67).

Referências

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