• Nenhum resultado encontrado

ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA: O WEBSITE PIXTON COMO RECURSO DIDÁTICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA: O WEBSITE PIXTON COMO RECURSO DIDÁTICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

1

ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA: O WEBSITE

PIXTON COMO RECURSO DIDÁTICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

TEACHING STRATEGIES AND LEARNING IN GEOGRAPHY: PIXTON WEBSITE AS A TEACHING RESOURCE IN BASIC EDUCATION

PIEROZAN, Vinício Luís1; MANFIO, Vanessa2 Eixo Temático 1. Ensino e aprendizagem por meio de/para o uso de TDIC.

Subgrupo 1.1 Aprender por meio das diferentes tecnologias – da educação básica à pós-graduação.

Resumo:

O objetivo deste trabalho é estimular o uso das novas tecnologias (Tecnologias da Informação e da Comunicação) na construção do conhecimento geográfico por parte de docentes e discentes na disciplina de Geografia na educação básica por meio da utilização do software Pixton como recurso didático. O website escolhido para planejar a atividade pedagógica é de fácil manuseio e pode ser acessado por qualquer pessoa (aluno). Essa facilidade garante uma maior acessibilidade por parte dos estudantes e uma maior interação com a tecnologia no processo de ensino-aprendizagem. Os procedimentos metodológicos foram realizados a partir de revisão de literatura do tema proposto e de estudo aprofundado dos recursos disponibilizados pela ferramenta Pixton. A estratégia de ensino pode ser utilizada a partir de turmas do 6° ano do ensino fundamental, podendo ser inclusive aproveitada em todos os anos da educação básica (ensino fundamental e ensino médio). Nesse sentido, a maior contribuição deste estudo é aliar a tecnologia ao processo de ensinar e aprender a ciência geográfica presente nas diferentes situações do cotidiano.

Palavras-chave: Ensino de Geografia. Software Pixton. Tecnologias Digitais.

Abstract:

This work aims to encourage the use of new information and communication technologies (ICT) in the production of geographic knowledge by teachers and students of geography subject in Basic Education though the use of Pixton software as a teaching resource. The website chosen to plan the educational activity is easy to handle and can be accessed by any person (student). This easiness ensures greater accessibility for students and greater interaction with technology in the teaching-learning process. The methodological procedures were performed based on a literature review on the theme, as well as an in-depth study of the resources provided by Pixton. The teaching strategy can be used in classes starting in the 6th year of elementary school and can even be used in all years of Basic Education (Elementary and High School). In this sense, the main contribution of this study is the combination of technology with the process of teaching and learning the geographic science common in different everyday situations.

Keywords: Geography Teaching. Pixton Software. Digital Technologies.

1 Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), docente da Rede Municipal de

Ensino de Canoas, RS. E-mail: vpierozan@hotmail.com.

2 Doutora em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), docente da Rede Municipal de

(2)

2

1. Introdução

A escola, após o surgimento da internet e da difusão das “novas tecnologias” ou, mais propriamente, das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), passou a ter uma diversidade de oportunidades voltadas a favorecer o processo de ensino-aprendizagem das diferentes disciplinas escolares e uma possibilidade para, inclusive, o professor repensar o seu fazer pedagógico e sua interação com o aluno. A tecnologia hoje, na sala de aula, está muito além da sala de vídeo, do laboratório de informática e da já “tradicional” e cansativa aula em PowerPoint. “É possível afirmar que, no limite, as TIC estão postas como elemento estruturante de um novo discurso pedagógico, bem como de relações sociais que, por serem inéditas, sustentam neologismos como cibercultura”3 (LÉVY, 1999 citado por BARRETO, 2004, p. 1183, grifo do autor).

As TIC têm promovido na sociedade contemporânea uma série de mudanças que contemplam não apenas a comunicação entre as pessoas, mas têm repercutido diretamente na natureza do letramento, afinal de contas, a sala de aula é e/ou deve ser um espaço coletivo de conhecimento construído a partir das trocas de saberes (informações) estabelecidas através da relação aluno-professor.

Nesse caminho, as TIC, em um sentido mais amplo, junto com a habilidade para usá-las e adaptá-usá-las às novas necessidades/demandas, são o fator crítico para gerar e possibilitar o acesso à riqueza, poder e conhecimento na atualidade (CASTELLS, 1999). No âmbito escolar, a tecnologia tem ajudado a aproximar a escola do aluno, conectando-os num primeiro momento por meio do site/blog da instituição e/ou da página virtual da escola no perfil do Facebook. Em um segundo momento, as TIC têm se mostrado uma grande possibilidade em sala de aula, facilitando o acesso aos conteúdos escolares e/ou se tornando uma ferramenta mobilizadora do processo de ensino-aprendizagem e da pesquisa. Na esfera do conhecimento,

[...] A Geografia é uma das ciências que mais rapidamente vem se modernizando, sobretudo com o avanço das investigações sobre a Terra enquanto planeta e por seu exame através de sensoriamento remoto. [...] A tarefa do novo professor de Geografia não é mais propalar informações através de discursos tanto mais inflamados quanto menos ouvidos, mas produzir conhecimentos, ensinar o aluno a ver sua terra e o mundo com olhos interpretativos e críticos, não mais ensinando o aluno, mas ajudando-o a bem aprender, descajudando-obrindajudando-o significações, desenvajudando-olvendajudando-o cajudando-ompetências e usando habilidades (SELBACH et al., 2010, grifo do autor).

Hoje, o aluno no mundo pós-moderno4 não precisa mais ir para a escola buscar o “conhecimento dado/transmitido pelo professor” e/ou retirar um livro na biblioteca para simplesmente ler ou folhear as páginas para ver imagens, figuras ou mapas. Um simples smartphone com acesso à internet fornece tudo isso ao estudante quando e onde ele quiser.

3 [...] é a cultura contemporânea estruturada pelas tecnologias digitais. Não é uma utopia, é o presente; vivemos a cibercultura, seja como autores e atores incluídos no acesso e uso criativo das tecnologias de informação e comunicação (TIC), seja como excluídos digitais. A exclusão digital é um novo segmento da exclusão social mais ampla (SANTOS, 2009).

4 “Período que corresponde às transformações verificadas no mundo após os anos 70 do século passado. Momento onde o advento das TIC impulsionadas pela ciência, demandadas nos grandes centros de investigação e/ou corporações, impõe novas formas de produzir e consumir” (PINTO et al., 2018, p. 65).

(3)

3

A “[...] escola deixou, em parte, de ser apenas um local para o exercício da aprendizagem responsável pela formação do sujeito” (PINTO et al., 2018, p. 65). Assim, “Os jovens gostam de ser surpreendidos pelo mundo que os rodeia. Cabe ao professor dar resposta a essa expectativa e conseguir que os conteúdos e os meios usados na sua apresentação alimentem no estudante uma curiosidade permanente” (GOMES, 2014, p. 20-21).

A tecnologia mediada pelo docente por meio das novas metodologias de ensino e recursos didáticos pode proporcionar essa situação de constante “desequilíbrio” no aluno, motivando-o e estimulando a curiosidade em aprender, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos programáticos das diferentes disciplinas escolares, em especial, a Geografia.

A proposta aqui apresentada foi desenvolvida no transcorrer do segundo semestre de 2019, durante o estágio curricular obrigatório do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), realizado no Planetário Professor José Baptista Pereira, mais conhecido como Planetário da UFRGS, localizado na cidade de Porto Alegre, capital do estado sulino.

O objetivo deste trabalho é elaborar uma proposta pedagógica para os professores de Geografia, no intuito de auxiliar o desenvolvimento dos conteúdos geográficos nos anos finais do ensino fundamental a partir do uso da tecnologia em sala de aula. Para tal, foi utilizado o website Pixton como ferramenta para a confecção de Histórias em Quadrinhos (HQs) digitais que possam ser utilizadas como recurso didático mobilizador do processo de ensino-aprendizagem da Geografia escolar.

Para atingir esse propósito, o artigo está estruturado em três diferentes partes: na primeira dialogamos com elementos teóricos, como HQs e elementos que contemplam as TIC e a escola. Na segunda parte, é apresentado o software Pixton e suas diversas funcionalidades, com potencialidades voltadas para a construção do conhecimento geográfico. Na última parte, tecemos as considerações finais do estudo.

2. As TICs, a escola e as HQs

A utilização da tecnologia na sala de aula está modificando significativamente a forma como os alunos aprendem e os professores ensinam e/ou melhor constroem o conhecimento junto aos seus alunos. Assim, “Cabe ao professor reunir as competências em todas as tecnologias ao seu dispor para experimentar e escolher, em cada momento, a que lhe pareça mais eficaz para os objetivos que se proponha” (GOMES, 2014, p. 20). As possibilidades existentes hoje são muitas como, por exemplo, a lousa digital, o quadro interativo, o computador, o notebook, o tablet e principalmente os aplicativos de smartphones (WhatsApp, Facebook, Google Earth, Google Maps), que podem ser utilizados para diferentes finalidades pedagógicas e educativas. Muitos desses aplicativos já fazem parte do dia a dia dos estudantes.

Dentro desse cenário de expansão da tecnologia em todos os setores da sociedade e das facilidades ao acesso e excesso de informações disponíveis às pessoas, a escola passa a ganhar uma importância fundamental, pois é lá onde se “ensina e aprende” formalmente para viver e atuar coletivamente em sociedade. Porém, é importante ter em mente que “O papel

(4)

4

da escola passa por ressignificações, ela não é mais a organizadora central da aprendizagem [...]” (NÓVOA, 2009 citado por GARCIA; CAETANO; NAKAMOTO, 2018, n.p.). Desse modo, “A introdução de novas tecnologias na sala de aula tem uma longa história de insucesso, mas todos concordarão que o aluno deve ver na escola um espaço onde lhe é aberto o futuro e nunca uma iniciação dolorosa e de utilidade duvidosa” (GOMES, 2014, p. 19).

A escola e especialmente o professor em seu fazer pedagógico diário em pleno século XXI demandam recursos didáticos e abordagens inovadoras para cativar, estimular e entreter o aluno no processo de ensino-aprendizagem em sala de aula e fora dela também, quando o estudante faz o uso do conhecimento (re)construído dando significados/nomes ao mundo à sua volta. Nesse sentido, “[...] o papel da escola frente aos desafios do mundo globalizado é o de abrir horizontes, estender a cultura, globalizar conteúdos, conhecer experiências alheias, transpor o local e o próximo e proporcionar aos alunos ir além de onde estão” (SACRISTÁN, 2002, p. 95). É importante acrescentar também que:

[...] a escola deve ser compreendida como o lugar de valorização da interpretação e da compreensão das novas linguagens e manifestações, sem perder o rumo da busca sempre ancorado na razão. A educação é mais complexa e, cada vez mais constatamos o papel, quase decisivo, da comunicação (CALLAI, 2011 citada por SOARES; SIVINO, 2020, p. 92).

É necessário ter consciência de que a tecnologia por si só não irá resolver os muitos problemas existentes e persistentes nas escolas brasileiras de educação básica, como os presentes na alfabetização e na aprendizagem dos alunos. Em contrapartida, ela pode ser uma grande aliada na busca pela superação de muitas das limitações/desigualdades vigentes nas escolas que, no cotidiano, desafiam gestores educacionais, professores, estudantes e pais de alunos. Nesse sentido, “[...] é importante que a escola acompanhe a evolução tecnológica, para oferecer uma educação de qualidade e em consonância com os atuais processos de mudanças. Para tal, é imprescindível utilizar as tecnologias” (GARCIA; CAETANO; NAKAMOTO, 2018, n.p.).

A pandemia global da Covid-195, tomando como base o Brasil e a educação básica nacional, está mostrando que existe um grande abismo entre a tecnologia existente e disponível aos docentes/alunos na escola pública quando comparada com a rede privada de ensino. A maior parte dos alunos da escola pública não tem acesso à internet e/ou não possui computador em casa, situação que se agrava ainda mais em algumas regiões do país, como a região Norte, e nas periferias das grandes regiões metropolitanas, que abrigam grandes contingentes populacionais, principalmente de crianças e adolescentes em idade escolar.

Mas mesmo equipadas tecnologicamente, as escolas precisam tornar “digital” a heterogeneidade da comunidade escolar. Não basta o professor e o aluno terem acesso à internet e/ou computador. Nesse sentido,

5 Em dezembro de 2019, um surto local de pneumonia de causa inicialmente desconhecida foi detectado na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China. Covid, sigla em inglês para Coronavirus disease (doença por coronavírus), enquanto “19” se refere ao ano de 2019, quando foram divulgados os primeiros casos publicamente pelo governo chinês no final de dezembro. Logo, Covid-19. Desde então, o coronavírus se espalhou por todas as províncias da China continental e para os demais continentes, com milhões de casos confirmados e milhares de vítimas fatais (FIOCRUZ, 2020, on-line).

(5)

5 [...] difundir a Internet ou colocar mais computadores nas escolas, por si só,

não constituem necessariamente grandes mudanças sociais. Isso depende de onde, por quem e para quê são usadas as tecnologias de comunicação e informação. O que nós sabemos é que esse paradigma tecnológico tem capacidades de performance superiores em relação aos anteriores sistemas tecnológicos. Mas para saber utilizá-lo no melhor do seu potencial, e de acordo com os projetos e as decisões de cada sociedade, precisamos de conhecer a dinâmica, os constrangimentos e as possibilidades desta nova estrutura social que lhe está associada: a sociedade em rede (CASTELLS, 2005, p. 19, grifo do autor).

A partir da adoção do isolamento social e da necessidade de as escolas serem progressivamente fechadas para evitar o contágio e a disseminação da Covid-19, a tecnologia passou a ganhar um espaço de destaque cada vez maior, pois permitiu, por meio do ensino remoto emergencial, a manutenção de professor e alunos conectados, “ensinando e aprendendo”. Essa situação é atípica e passageira, mas está permitindo principalmente ao docente a oportunidade de rever as suas práticas pedagógicas, pois muitas delas, utilizadas hoje para manter o contato entre professor e estudante em virtude do isolamento social, certamente servirão para reflexões futuras em um contexto mais amplo no que tange aos objetivos da educação e ao processo de ensino-aprendizagem das diferentes disciplinas escolares.

Aliando as TIC ao ensino de Geografia, buscamos com este trabalho tornar “digital” um recurso didático já utilizado em sala de aula no processo de ensino-aprendizagem, que são as HQs. Em sala de aula, essa ferramenta tem se mostrado um material didático de grande valia para auxiliar o professor no ensino dos diferentes conteúdos programáticos da disciplina e na construção do conhecimento.

As histórias em quadrinhos podem ser utilizadas para introduzir um tema, para aprofundar um conceito já apresentado, para gerar discussão a respeito de um assunto, para ilustrar uma ideia. Não existem regras para sua utilização, porém, uma organização deverá existir para que haja um bom aproveitamento de seu uso no ensino podendo desta forma, atingir o objetivo da aprendizagem (SEVERO; SEVERO, 2015, p. 7).

A linguagem dos quadrinhos no ambiente escolar “Alcançou maior legitimidade ao ser recomendada como uma opção de linguagem educativa nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), desde o ano de 1997” (SOARES; SILVINO, 2020, p. 90).

O ensino de Geografia com a utilização das histórias em quadrinhos [...] é pensado para trabalhar com algo que, entre outras características, seja instigante, criativo, crítico, questionador, podendo com humor e aprofundamento científico servir a propósitos didático-pedagógicos nas aulas de Geografia (SOARES; SILVINO, 2020, p. 90).

As tirinhas das HQs, além de possuírem as potencialidades citadas acima, costumam cativar o leitor (aluno) e, com a utilização do software Pixton, o estudante tem a possibilidade de ele próprio elaborar a sua HQ digital. Essa situação permite ao discente explorar a sua capacidade de criação e autoria, favorecendo o processo de ensino-aprendizagem dos diferentes conteúdos geográficos a partir da tecnologia cada vez mais presente no cotidiano dos alunos. As tirinhas em quadrinhos e as HQs

(6)

6 [...] mantêm uma estreita relação com o processo educativo, elas são muito

utilizadas para ajudar no processo de alfabetização das crianças. Estão presentes em todas as etapas da educação básica nos livros didáticos, paradidático, em questões de vestibular e demais atividades desenvolvidas pelos professores (SEVERO; SEVERO, 2015, p. 6).

O recurso digital utilizado para a elaboração das HQs foi o site Pixton. Optamos por esse website, pois a ferramenta pode ser facilmente manuseada por usuários inexperientes ou ainda pouco familiarizados com as novas tecnologias.

3. O software Pixton como ferramenta didática mobilizadora do processo de

ensino-aprendizagem da Geografia escolar

O website Pixton disponibiliza duas versões para acesso. A primeira é gratuita por um período de uso de 15 dias, porém os recursos disponibilizados aos usuários são bastante limitados, e a outra é a versão paga. A segunda opção pode ser adquirida em três diferentes modalidades: Pixton por Diversão, Pixton por Escolas e Pixton por Empresas. A Figura 1 apresenta a interface de usuário da página virtual do website Pixton.

Figura 1. Interface de usuário do software Pixton

Fonte: <https://www.pixton.com/br/>. Acesso em: 12 de maio de 2020. Autor indisponível.

A versão utilizada para a realização das HQs foi a Pixton por Diversão, a um custo mensal de U$ 8,936 para o assinante individual. Na versão paga, todos os recursos para a elaboração das HQs digitais são disponibilizados ao assinante, que pode realizar a assinatura

6 Equivalente em moeda nacional a R$ 46,88, tendo a cotação do dólar americano a U$ 5,25 para a mensalidade

(7)

7

de duas diferentes maneiras, mensal ou anual, que são renovadas automaticamente após o término do período.

Após efetuar o registro no ambiente virtual, os usuários passam a ter acesso à navegação por todo o site, que disponibiliza ao usuário várias outras possibilidades, além da criação de HQs e tirinhas em quadrinhos como, por exemplo, “[...] a oportunidade de publicá-las, compartilhá-las via e-mail, baixá-las em seu computador, imprimi-publicá-las, participar de campeonatos com elas, colaborar na produção de uma HQ de outros autores dentre outras formas de interagir na rede Internet” (SILVA; OLIVEIRA, 2018, p. 91).

A Figura 2 apresenta as ferramentas de elaboração dos quadrinhos no site Pixton. Os recursos disponibilizados ao assinante permitem a elaboração de tirinhas em quadrinhos e HQs a partir de um grande conjunto de mecanismos (ferramentas) que possibilitam explorar a criatividade/ideias do autor em criar personagens de diferentes perfis, idades, gêneros. Existem alguns portfólios de cenários prontos que facilitam o trabalho do usuário. Também é possível personalizar diferentes cenários, inserindo imagens, narrativas, objetos, fotos “[...] e outros elementos externos a eles, caracterizando, assim, o aspecto multimodal que envolve diversos instrumentos existentes no Pixton” (SILVA; OLIVEIRA, 2018, p. 92).

Figura 2. Ícones de construção dos quadrinhos das HQs

(8)

8

Acreditamos que todo esse processo de construção disponibilizado pelo website Pixton aos seus assinantes pode ser aproveitado no contexto escolar, favorecendo o processo de ensino-aprendizagem dos diferentes conteúdos da Geografia a partir da elaboração de tirinhas em quadrinhos e HQs. “Nesse sentido, a produção das HQs Pixton estaria inclusa dentro da lógica de cooptação dos aparatos da tecnologia para o contexto escolar [...]” (SILVA; OLIVEIRA, 2018, p. 93, grifo dos autores). Porém, é importante enfatizarmos que:

Mesmo sabendo que o uso de espaços como a web Pixton são ferramentas ricas [...] conhecemos as dificuldades de tais subsídios hipermidiáticos entrarem para o planejamento pedagógico, desde que entendemos que a resistência à inclusão dos gêneros digitais no âmbito escolar está fundamentada, no geral, no fato dos docentes terem desconhecimento de programação e de informática, bem como por lacunas deixadas pela formação acadêmica quanto ao trato de questões como a transposição didática, gerando um enorme problema na aplicação da hipermídia no processo de ensino-aprendizagem (SILVA; OLIVEIRA, 2018, p. 93, grifos dos autores).

Neste trabalho abordaremos uma atividade que pode ser utilizada como modelo para que o docente elabore as suas próprias práticas pedagógicas a partir da ferramenta Pixton, dentro da realidade em que a escola que ele atua está inserida. A prática aqui desenvolvida é apenas um caminho, que pode e deve ser ampliado pelo professor junto aos seus alunos a partir das aulas.

3.1. Proposta pedagógica

● Tema: Histórias em Quadrinhos (HQs); ● Ano escolar: 6° ano do ensino fundamental; ● Conteúdos: movimentos da Terra, sistema solar;

● Objetivo: permitir aos discentes o entendimento sobre noções dos movimentos da Terra e conhecer o sistema solar;

● Material necessário: computadores/notebooks com acesso à internet.

3.2. Procedimentos metodológicos

Passo 1: acessar o website Pixton e efetuar o registro (assinatura);

Passo 2: elaborar os quadrinhos na ferramenta Pixton, com temas de acordo com o seu interesse;

Passo 3: após a elaboração das HQs, imprimir em folhas de ofício tamanho A4; Passo 4: desenvolver a atividade com os alunos, buscando estimulá-los para a construção de novas HQs e tirinhas em quadrinhos, com diferentes temáticas oriundas das aulas de Geografia.

(9)

9

3.3. Desenvolvimento da prática pedagógica

Para realizar a atividade, é necessário que o professor tenha acesso a computadores/notebooks conectados à internet para que cada aluno faça as suas tirinhas em quadrinhos e/ou HQs. Posteriormente, o docente deve orientar os discentes a manusear o site para que possam efetivamente construir as HQs de acordo com as temáticas/conteúdos definidos anteriormente. Após a finalização das HQs (Figura 3), parte-se para a impressão dos desenhos.

Com os desenhos impressos, os estudantes poderão compartilhar (trocar) as HQs entre eles e aprofundar os conteúdos utilizados na confecção dos desenhos produzidos. Essa atividade pedagógica pode ser utilizada inclusive como uma forma de avaliação dos conteúdos estudados ao longo do trimestre letivo.

Figura 3. HQ envolvendo o estudo do sistema solar

Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2019).

A utilização das várias possibilidades que o website Pixton fornece para a elaboração das HQs pode ser uma grande aliada para a construção do conhecimento nas aulas de Geografia e nas demais disciplinas da educação básica. As possibilidades da ferramenta Pixton, além de tornarem a aula mais interessante por ser uma atividade lúdica, permitem também trabalhar de forma interdisciplinar por meio de redes de colaboração entre os alunos, proporcionando maior interatividade e participação. Isso possibilita a utilização da tecnologia

(10)

10

nas aulas de uma maneira mais ativa para o aluno, pois ele pode explorar ao máximo sua criatividade e suas habilidades, bem como aprimorá-las durante a execução.

Ao docente compete planejar, organizar e estabelecer os objetivos a serem atingidos com a aula. O professor pode também desenvolver projetos contemplando diferentes temáticas da Geografia, tendo a ferramenta Pixton como recurso didático auxiliar. Dessa forma, os alunos passam a estimular ainda mais o seu poder de criação e autoria, e passam a desenvolver a autonomia para criar e recriar diferentes situações. O docente atua como mediador (orientador) do processo.

4. Considerações (não tão) finais

O fator lúdico da ferramenta Pixton é uma das principais características que torna esse recurso didático bastante interessante, pois a tecnologia presente nos ambientes virtuais por si só já é bastante atrativa aos olhos dos estudantes.

É importante destacar que é necessário ao professor ter bom senso para julgar qual recurso digital vai utilizar em suas aulas, pois existem muitas possibilidades disponíveis e muitas podem ser acessadas de forma totalmente gratuita, como é o caso do software Pixton, que possui uma versão totalmente de graça, bastando ao professor e ao aluno terem à disposição um computador com acesso à internet.

Esperamos com este trabalho contribuir para suscitar novas pesquisas e/ou práticas pedagógicas, pois sabemos que ainda há muito a explorar com a utilização de recursos digitais como o website Pixton no processo de ensino-aprendizagem das diferentes disciplinas escolares, principalmente a Geografia.

5. Referências

BARRETO, R. G. Tecnologia e educação: trabalho e formação docente. Educação & Sociedade

(Impresso), v. 25, n. 89, p. 1181-1201, 2004.

BRASIL. Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Por que a doença causada pelo novo vírus

recebeu o nome de Covid-19? Manguinhos: FIOCRUZ, 2020. Disponível em:

<https://portal.fiocruz.br/pergunta/por-que-doenca-causada-pelo-novo-virus-recebeu-o-nome-de-covid-19>. Acesso em: 18 de maio de 2020.

CASTELLS, M. A Sociedade em Rede: a era da informação, economia, sociedade e cultura. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1999.

CASTELLS, M. A Sociedade em Rede: do Conhecimento à Política. In: CASTELLS, M.; CARDOSO, G (Orgs.). A Sociedade em Rede Do Conhecimento à Acção Política. Lisboa: Centro Cultural de Belém, 2005. p. 17-30.

GARCIA, F. J. J. P.; CAETANO, M. P.; NAKAMOTO, P. T. Ferramentas para construção de histórias em quadrinhos: uma revisão sistemática. In: V SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO, 5., 2018, Uberaba, MG. Anais do Simpósio de Pós-Graduação... Uberaba: IFTM, 2018. Disponível

(11)

11

em: <https://iftm.edu.br/simpos/2018/anais/679-%20Pronto%20ANAIS.pdf>. Acesso em: 29 de maio de 2020.

GOMES, J. F. A tecnologia na sala de aula: novas tecnologias e educação... Porto: Biblioteca Digital da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2014. p. 17-44. Disponível em: <https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/13290.pdf>. Acesso em: 16 de maio de 2020. PINTO, K. S. et al. As representações sociais atribuídas ao (sub)espaço geográfico escola no século XXI. Revista Ensino de Geografia (Recife), v. 1, n. 3, p. 64-75, 2018.

PIXTON. A melhor maneira para criar quadrinhos. Disponível em:

<https://www.pixton.com/br/>. Acesso em: 15 de maio de 2020.

SACRISTÁN. J. G. Educar e conviver na cultura global: as exigências da cidadania. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002.

SANTOS, E. Educação online para além da EaD: um fenômeno da cibercultura. In: X CONGRESSO INTERNACIONAL GALEGO-PORTUGUÊS DE PSICOPEDAGOGIA, 10., 2009, Braga, Portugal. Anais... Braga, Portugal: Universidade do Minho, 2009. p. 5658-5671. Disponível em: <http://www.educacion.udc.es/grupos/gipdae/documentos/congreso/xcongreso/pdfs/t12/t 12c427.pdf>. Acesso em: 17 de maio de 2020.

SELBACH, S. et al. Geografia e Didática. Petrópolis: Editora Vozes, 2010.

SEVERO, M. F. da S.; SEVERO, D. F. As HQs como ferramenta pedagógica em sala de aula.

Revista Incelências, v. 4, n. 1, p. 1-13, 2015.

SILVA, E. M. da; OLIVEIRA, R. S. de. O uso de HQs Pixton como recurso didático para o ensino da coesão e da coerência. EntreLetras, v. 9, n. 3, p. 88-112, 2018.

SOARES, M. O.; SILVINO, M. O conhecimento geográfico e as histórias em quadrinhos: uma experiência de ensino com Mafalda. Revista Ensino de Geografia (Recife), v. 3, n. 1, p. 89-107, 2020.

Referências

Documentos relacionados

Nas últimas décadas o olhar voltado para as Histórias em Quadrinhos (HQs) tem crescido motivado por inúmeras pesquisas que vêm verificando o potencial educativo e a utilidade

MESTRADOS INTEGRADOS E LICENCIATURAS No ano lectivo de 2009/2010 a FEUP ofereceu 9 mestrados integrados nas áreas de Engenharia Ci- vil, Engenharia do Ambiente, Engenharia

Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados pelos alunos que temem a matemática e sentem-se incapacitados

Desta forma, foi proposto a aplicação e o desenvolvimento de atividades no laboratório de informática, com a utilização da planilha eletrônica para os alunos do 4º ano do

Assim, em minha vida profissional docente me utilizei no Ensino de História das Histórias em Quadrinhos (HQs) como recurso didático em sala de aula. Da trajetória

Na primeira, foi ministrado o conteúdo escolar sobre fusos horários, utilizando o livro didático deles, mapas, vídeos e situações cotidianas da escola e dos alunos.. Na

O objetivo deste artigo é apresentar um estudo crítico acerca da infografia dentro do contexto da educação a distância e como objeto complementar de

Além das observações na escola e na sala de aula em que o estágio I foi realizado, a motivação para a elaboração deste estudo, foi também por ser participante