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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ.

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) PROCRADOR(A) GERAL DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ.

R

E P R E S E N T A Ç Ã O

SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO DE FORTALEZA – SINDIFORT, pessoa jurídica, com registro no CNPJ sob o nº 23.562.937/0001-56, com sede à Rua 24 de Maio, 1188, Centro, CEP: 60.020-001, Fortaleza-CE, neste ato representado por seu Presidente em exercício, ERISTON LIMA FERREIRA, brasileiro, casado, servidor público municipal, portador da Cédula de Identidade/RG 94002457901, SSP-CE, inscrito no CPF sob o n.º 616.160.443-49, com endereço profissional na Rua 24 de Maio, 1188, Centro, CEP: 60.015-001, em Fortaleza/CE, vem respeitosamente perante a presença de Vossa Excelência, através de seus advogados (doc. procuração em anexo) apresentar R E P R E S E N T A Ç Ã O em face de indícios de condutas ilegais perpetradas pelo BANCO BMG S/A, com sede na Avenida Álvares Cabral, n° 1707, Lourdes, CEP: 30170-001 Belo Horizonte/MG e pelo MUNICÍPIO DE FORTALEZA, pessoa jurídica de direito público, situada à Rua São José, 01, Centro - Fortaleza - Ce / CEP - 60060-170 - Tel: 55 85 (85) 3105-1464, através das razões e dos fatos que se seguem:

1. DOS FATOS

Os Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza que possuem empréstimos consignados com o BMG vêm sofrendo enormes transtornos em suas economias em razão das ilegalidades realizadas pelo Banco BMG e permitidas pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. Ocorre que a Instituição Financeira supracitada iniciou, em meados de 2010, com a autorização da Prefeitura, uma série de refinanciamentos unilaterais nos contracheques dos servidores, modificando o valor e a quantidade das parcelas contratadas sem autorização dos consumidores, adotando taxas de juros e novos prazos conforme unicamente a vontade do BMG.

Essa modificação inesperada nos contracheques resulta claro prejuízo gerando uma clara desorganização do planejamento financeiro dos consumidores diretamente atingidos. Esse dano supera o âmbito particular para atingir toda a economia popular desta classe, tornando o assunto de relevante interesse social, e merecendo a atenção do órgão do Ministério Público. Cabe ressaltar que, em razão deste ilícito apresentado, advém outras consequências nefastas além das já apresentadas, que serão detalhadas posteriormente, de forma que a dimensão do problema possa ser completamente apreendida.

No entanto, para entender-se a responsabilidade da Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF) na administração das margens consignáveis, e o porquê do início dos refinanciamentos, imprescindível apresentarmos um breve histórico das consignações dos servidores e trabalhadores públicos junto à PMF, que se segue:

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1.1

- HISTÓRICO DAS CONSIGNAÇÕES NOS CONTRACHEQUES DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA PREFEITURA DE FORTALEZA

Em 2004, o Município de Fortaleza avençou com a MCF PROMOTORA E ADMINISTRADORA DE CRÉDITOS E COBRANÇAS S/C LTDA (“Facility”), a implantação e administração de uma solução completa para a gestão e promoção de créditos ao servidor com o uso do cartão para empréstimos ou compras e benefícios, multi aplicação, a disponibilização e operacionalização da infraestrutura tecnológica e dos recursos humanos necessários.

No período, a implementação deste cartão de crédito representou a terceirização completa e exclusiva da margem de 30% (trinta por cento) da remuneração dos servidores (ativos e inativos) e pensionistas, margem esta que antes os servidores poderiam dispor livremente, consignando conforme a Lei n°4.375/1974.

Em razão desta ilegalidade ocorrida nas consignações autorizadas pela Prefeitura, o Sindifort, como substituto processual, ajuizou uma ação com o fito de quebrar a exclusividade da “Facility” sobre a margem da remuneração consignável dos substituídos contra a MCF Promotora e Administradora de Créditos e Cobranças S/C LTDA e a Prefeitura Municipal de Fortaleza, no processo de n° 2005.0010.8494-3, na 2ª Vara da Fazenda Pública de Fortaleza-Ce.

Acolhendo os pedidos autorais, o Excelentíssimo Juiz sentenciou declarando a nulidade da cláusula contratual na qual ficava atribuída à empresa ré a determinação dos limites de endividamento dos servidores, item 3.4 e a cláusula que restringia o uso da margem disponível dos mesmos à rede dos estabelecimentos por ela credenciada, “malferindo ostensivamente o princípio da livre concorrência e obstaculizando o acesso a serviços não disponíveis em sua rede, mas ofertados pelo livre mercado.” Cabe apresentarmos o dispositivo da sentença deste processo, julgado em abril de 2008:

Apesar da tutela deferida, a sentença nunca foi cumprida, tendo se mantido o contrato do Município de Fortaleza com a MCF LTDA até seu vencimento em 25/05/2010, conforme se aprova através da PORTARIA PGM/SAM N° 001, de 1° de setembro de 2010, em anexo.

A partir dessa portaria a Procuradoria Geral do Município, considerando que a Secretária Administrativa do Município agora tem o controle das margens de pagamento, bem como da margem consignável e considerando também a necessidade de assegurar a continuidade

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do serviço de contratação de produtos financeiros via consignação em folha dos servidores efetivos, aposentados e pensionistas do município de Fortaleza, dispõem sobre as novas regras sobre consignação em pagamento.

Desse modo, claramente exalta-se a responsabilidade da Prefeitura e dos entes que realizam as consignações em pagamento. Sendo autorizado pela mesma, a consignação e o modo como ela se realiza só acontece sobre o seu amparo, conforme dispõe o Art. 2, § 2º da portaria de Nº 001 de setembro de 2010. Assim, por intermediar diretamente a relação do controle das margens dos servidores com as empresas de empréstimos em consignação, possui culpa in vigilando, uma vez que a Prefeitura não impediu o BMG de realizar refinanciamentos unilaterais nos contracheques dos servidores, muito ao contrário autorizou-os indiscriminadamente.

Cabe ressaltar que, através do analise dos casos que se apresentaram a este Sindicato, o período em que se iniciaram os refinanciamentos unilaterais coincide com o período em que a Prefeitura, através do SAM, assumiu o controle das margens consignáveis, ou seja, iniciaram-se em sua maioria após iniciaram-setembro de 2010, havendo novos casos de refinanciamentos ilegais até os dias de hoje.

A intermediadora de diversos bancos, inclusive do BMG, a Facility, não mais possui a exclusividade das margens de pagamento, sendo agora a Secretária Municipal a responsável pela administração das margens. Assim, deve haver algum contrato, algum credenciamento entre o BMG e a Prefeitura que autorize o mesmo a consignar empréstimos na folha de pagamento do Autor. Em que termos ele se apresenta? Se este contrato permite ao BMG unilateralmente alterar a forma como os empréstimos dos servidores foram firmados, então este contrato possui cláusulas abusivas, que ferem o direito do consumidor, necessitando ser revisto imediatamente. Se este credenciamento não prevê tais alternativas de refinanciamento unilateral, a Prefeitura deveria estar atenta para os abusos que o BMG está efetivando ao realizar estes refinanciamentos. Ademais, o artigo 6º da mesma portaria traz à tona o dever que a Instituição consignatária, ou seja, a instituição beneficiária dos créditos resultantes das consignações compulsórias ou facultativa, neste caso o BMG, tem de comunicar ao Município qualquer alteração cadastral, bem como a inclusão e a exclusão da consignação.

Como o Município permite a alteração da forma como o desconto vêm sendo consignado no contracheque do Autor sem que o Banco sequer apresente qualquer forma de aquiescência do Consignado com o refinanciamento? A Prefeitura claramente não cumpre com o seu dever, uma vez que a consignação facultativa dever-se-ia operar somente mediante autorização prévia e formal do servidor efetivo, sendo que as consignações operadas em desacordo com o previsto nesta portaria, e, portanto, ilegais, deveriam ser imediatamente suspensas pelo Município, com as outras penalidades cabíveis. (Art. 2, §2; art 14 – Portaria nº001 de 1º de setembro de 2010).

Apesar de todo o seu dever de defesa do interesse público, o município tem se mostrado inerte à utilização ilegal da folha de pagamento dos servidores municipais efetivos, aposentados e beneficiários de pensão pelo BMG, gerando imensos danos a toda a coletividade dos servidores, uma vez que estes são surpreendidos com condições impositivas de nova forma de pagamento de seus empréstimos, não tendo como se proteger contra tal abuso.

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de 50 que obtiveram assistência jurídica desse sindicato com o fim de legalizar a situação em seus contracheques mediante ações judiciais em trâmite na Justiça Estadual. Esse grupo amostral servirá para ilustrarmos como o problema vêm se operando, e as diversas consequências negativas dele advindas.

1.2- ANÁLISE AMOSTRAL DE CASOS DE ILEGALIDADES COMETIDAS PELO BMG CONTRA OS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE FORTALEZA.

Os servidores se sentem muito inseguros em sua contratação com a instituição financeira BMG uma vez que os valores a serem descontados mensalmente em seu contracheque não estão coincidindo com os valores pactuados nos seus contratos. Basta fazer uma simples verificação comparativa entre os contratos e os descontos nos extratos de pagamento em anexo do grupo amostral dos servidores abaixo.

1-

SERVIDORA MARIA SUELY DA SILVA FURTADO

Processo: 496216-30.2011.8.06.0001

Trâmite: 16ª Vara Cível Fortaleza

Tipo de procedimento: Ação Revisional contra o BMG em razão de refinanciamento unilaterais e cobrança de taxas abusivas.

Contratos com problemas de refinanciamento unilateral: 180.116.962 e 182.021.535

CONTRATO 180.116.962

Data da celebração : 14 de fevereiro de 2008

Valor Financiado: R$ 1.261,10 (Hum Mil, duzentos e sessenta e um reais e dez centavos)

Quantidade de prestações a serem descontadas em folha de pagamento: 84 (oitenta e quatro) Valor de cada prestações mensais: R$ 42,01 (Quarenta e dois reais e um centavo)

Valor liberado: R$ 1.127,68 (Hum mil, cento e vinte e sete reais e sessenta e oito centavos). CONTRATO 182.021.535

Data da celebração : 08 de dezembro de 2008

Valor Financiado : R$ 8.925,88 (oito mil, novecentos e vinte e cinco reais e oitenta e oito centavos) Quantidade de prestações a serem descontadas em folha de pagamento : 72 (setenta e duas) Valor de cada prestações mensais : R$ 300,00 (trezentos reais)

Valor liberado : R$ 6.891,61 (seis mil, oitocentos e noventa e um reais e sessenta e um centavos) Obs.: A diferença entre o valor financiado e o valor liberado foi de R$ 2.034,27 (dois mil, trinta e quatro reais e vinte e sete centavos) correspondente serviços de terceiros e TAC Ilegais e IOF.

Os contratos citados passaram a ter refinanciamentos unilaterais. Vejamos:

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e dois reais e um centavo), já com 32 parcelas pagas (holerites de junho a outubro de 2010 em anexo), foi refinanciado para um valor de 88 parcelas de R$ 42,01 (quarenta e dois reais e um centavo) [holerites de novembro de 2010 a abril de 2011 em anexo).

O contrato 182.021.535 que foi contratado em 72 parcelas de R$ 300,00 (trezentos reais), já entre 21 parcelas pagas (holerites de junho a outubro de 2010 e parcelas 19,20 e 21 pagas via boleto em anexo), foi refinanciado para um valor de 88 parcelas de R$ 173,65 (cento e setenta e três reais e sessenta e cinco centavos) [holerites de novembro de 2010 a abril de 2011 em anexo).

Cumpri ressaltar e, para mostrar o desrespeito do requerido para com a autora, que, no tocante ao contrato 182.021.535, em que houve o pagamento das parcelas 19, 20 e 21 via Boleto (em anexo), o requerido mandou novo boleto para a autora pagar a parcela de n° 20 desse contrato. Um claro desrespeito com o consumidor, ainda positivando o nome da autora no SPC quando, na verdade a parcela estava paga. (doc. em anexo).

2-

SERVIDORA ZULEIDE LIMA TEIXEIRA Processo: 902909-28.2012.8.06.0001 Trâmite: 12ª Vara Cível Fortaleza

Tipo de procedimento: Ação Revisional contra o BMG em razão de refinanciamento unilaterais e cobrança de taxas abusivas.

Contratos com problemas de refinanciamento unilateral: 208.110.244

CONTRATO 208.110.244

Data da celebração: 20 de abril de 2010.

Valor Financiado: R$ 2.246,54 (Dois mil duzentos e quarenta e seis reais e cinquenta e quatro centavos)

Quantidade de prestações a serem descontadas em folha de pagamento: 60 (sessenta) Valor de cada prestações mensais: R$ 69,32 (sessenta e nove reais e trinta e dois centavos) Valor liberado: R$ 1.683,84 ( Mil seiscentos e oitenta e três reais e oitenta e quatro centavos) Obs.: A diferença entre o valor financiado e o valor liberado foi de R$ 562,70 (Quinhentos e sessenta e dois reais e setenta centavos) correspondente a tarifas a correspondente a tarifas como impostos, as ILEGAIS tarifas de cadastros, no valor de R$ 90,00 ( noventa reais), os ABSURDOS serviços de terceiros, no valor de R$ 420,96 ( quatrocentos e cinte reais e noventa e seis centavos ), e um valor de R$ 10,00 (dez reais), não expresso no contrato, todos a serem posteriormente detalhados.

No contrato de nº 208.110.244, o qual deveria seguir com descontos mensais de no valor de 60 parcelas de R$ 69,32 (Sessenta e nove reais e trinta e dois centavos) cada, vem sendo descontado no valor mensal de 72 parcelas de R$ 52,62 (Cinquenta e dois reais e sessenta e dois

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centavos) desde Abril/2011, em razão de um refinanciamento unilateral operado pelo Banco BMG!

3-

GEORGE LUIZ ALMEIDA

Processo: 552635-36.2012.8.06.0001 Trâmite: 19ª Vara Cível Fortaleza

Tipo de procedimento: Ação Revisional contra o BMG em razão de refinanciamento unilaterais e cobrança de taxas abusivas.

Contratos com problemas de refinanciamento unilateral: 189.238.240; 191.056.777; 201.051.568.

CONTRATO 189.238.240

Data da celebração: 29 de setembro de 2008

Valor Financiado: R$ 4.061,66 (Quatro mil e sessenta e hum reais e sessenta e seis centavos)

Quantidade de prestações a serem descontadas em folha de pagamento: 84 (oitenta e quatro)

Valor de cada prestações mensais: R$ 91,33 (Noventa e hum reais e trinta e três centavos) Valor liberado: R$ 2.556,47 (Dois mil quinhentos e cinquenta e seis reais e quarenta e sete centavos)

Obs.: A diferença entre o valor financiado e o valor liberado foi de R$ 1.504,59 (Hum mil quinhentos e quatro reais e cinquenta e nove centavos) correspondente a tarifas como, IOF, as ILEGAIS tarifas de cadastros, no valor de R$ 90,00 ( noventa reais), e os ABSURDOS serviços de terceiros, no valor de R$ 1.317,11 (Hum mil trezentos e dezessete reais), todos a serem posteriormente ainda mais detalhados.

CONTRATO 191.056.777

Data da celebração: 18 de novembro de 2009.

Valor Financiado: R$ 1.514,17 (Hum mil quinhentos e catorze reais e dezessete centavos) Quantidade de prestações a serem descontadas em folha de pagamento: 84 (oitenta e quatro)

Valor de cada prestações mensais: R$ 43,88 (Quarenta e três reais e oitenta e oito centavos) Valor liberado: R$ 1.108,48 (Hum mil cento e oito reais e quarenta e oito centavos)

Obs.: A diferença entre o valor financiado e o valor liberado foi de R$ 405,69 (Quatrocentos e cinco reais e sessenta e nove centavos) correspondente a tarifas como, IOF, as ILEGAIS tarifas de cadastros, no valor de R$ 90,00 (noventa reais), e os ABSURDOS serviços de terceiros, no valor de R$ 277,12 (Duzentos e setenta e sete reais e doze centavos), todos a

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serem posteriormente ainda mais detalhados.

CONTRATO 201 .051.568

Data da celebração: 03 de setembro de 2010

Valor Financiado: R$ 9.588,42 (Nove mil quinhentos e oitenta e oito reais e quarenta e dois centavos)

Quantidade de prestações a serem descontadas em folha de pagamento: 84 (oitenta e quatro)

Valor de cada prestações mensais: R$ 255,92 (Duzentos e cinquenta e cinco reais e noventa e dois centavos).

Valor liberado: R$ 7.532,12 (Sete quinhentos e trinta e dois reais e doze centavos) Obs.: A diferença entre o valor financiado e o valor liberado foi de R$ 2.056,30 (Dois mil cinquenta e seis reais e trinta centavos) correspondente a tarifas como, IOF, as ILEGAIS tarifas de cadastros, no valor de R$ 90,00 (noventa reais), e os ABSURDOS serviços de terceiros, no valor de R$ 1.886,78 (Hum mil oitocentos e oitenta e seis reais e setenta e oito centavos), todos a serem posteriormente ainda mais detalhados.

No contrato I, de nº 189.238.240, o qual deveria seguir com descontos mensais, em 84 parcelas, no valor de R$ 91,33 (Noventa e um reais e Trinta e três centavos) cada. Vem sendo descontado no valor mensal de 60 parcelas de R$ 91,33 (Noventa e um reais e Trinta e três centavos), desde nov/2010.

Já no contrato II, de nº 191.056.777, o qual deveria seguir com descontos mensais de 84 prestações no valor de R$ 43,88 (Quarenta e três reais e oitenta e oito centavos) cada. Vem sendo descontado, entretanto, no valor mensal de 74 parcelas de R$ 43,88 (Quarenta e três reais e oitenta e oito centavos), desde nov/2010.

Já no contrato III, de nº 201.051.568, o qual deveria seguir com descontos mensais de 84 prestações no valor de R$ 255,92 (Duzentos e cinquenta e cinco reais e noventa e dois centavos) cada. Vem sendo descontado, entretanto, no valor mensal de 150 parcelas de R$ 19,36 (Dezenove reais e trinta e seis centavos) , desde nov/2010.

4-

LUCIA DE FÁTIMA RODRIGUES CARVALHO Processo: 552633-66.2012.8.06.0001

Trâmite: 9ª Vara Cível Fortaleza

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unilaterais e cobrança de taxas abusivas.

Contratos com problemas de refinanciamento unilateral: 185.810.640

CONTRATO 185.810.640

Data da celebração: 04 de junho de 2008

Valor Financiado: R$ 25.934,31 (Vinte e cinco mil novecentos e trinta e quatro reais e trinta e hum centavos)

Quantidade de prestações a serem descontadas em folha de pagamento: 84 (oitenta e quatro)

Valor de cada prestações mensais: R$ 600,84 (Seiscentos reais e oitenta e quatro centavos) Valor liberado: R$ 17.325,65 (Dezessete mil trezentos e vinte e cinco reais e sessenta e cinco centavos)

Obs.: A diferença entre o valor financiado e o valor liberado foi de R$ 8.608,66 (Oito mil seiscentos e oito reais e sessenta e seis centavos), correspondente a tarifas como, IOF, as ILEGAIS tarifas de cadastros, no valor de R$ 90,00 ( noventa reais), e os ABSURDOS

serviços de terceiros, no EXORBITANTE valor de R$ 8.316,31 (Oito mil trezentos e dezesseis reais e trinta e hum centavos), todos a serem posteriormente ainda mais detalhados.

O contrato I, de n° 185.810.640, o qual deveria seguir com descontos mensais no valor 84 parcelas de R$ 600,84 (Seiscentos reais e oitenta e quatro centavos) cada, vem sendo descontado no valor mensal de 82 parcelas de R$ 352,61 (Trezentos e cinqüenta e dois reais e sessenta e hum centavos), desde set/2011, em razão de um refinanciamento unilateral operado pelo Banco BMG!

5-

LUIZ RIVENIO COSTA DE OLIVEIRA Processo: 486726-81.2011.8.06.0001 Trâmite: 19ª Vara Cível Fortaleza

Tipo de procedimento: Ação Revisional contra o BMG em razão de refinanciamento unilaterais e cobrança de taxas abusivas.

Contratos com problemas de refinanciamento unilateral: nº 190.758.487

CONTRATO 190.758.487

Data da celebração : 1º de janeiro de 2010

Valor Financiado: R$ 1.653,05 (Hum Mil Seiscentos e Cinquenta e Três Reais e Cinco Centavos) Quantidade de prestações a serem descontadas em folha de pagamento: 84 (oitenta e quatro) Valor de cada prestações mensais: R$ 48,23 (Quarenta e Oito Reais e Vinte e Três Centavos) Valor liberado: R$ 1.220,28 (Hum Mil Duzentos e Vinte Reais e Vinte e Oito Centavos)

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Obs.: A diferença entre o valor financiado e o valor liberado foi de R$ 432,77 (Quatrocentos e Trinta e Dois Reais e Setenta e Sete Centavos) correspondente a tarifas a serem posteriormente

mencionadas.

O contrato de nº 190.758.487, o qual deveria seguir com descontos mensais no valor de R$ 48,23 (Quarenta e Oito Reais e Vinte e Três Centavos) cada, sendo que desde novembro/2010 vem sendo descontado no valor mensal de R$ 21,40 (Vinte e Hum Reais e Quarenta Centavos).

De uma primeira vista, este refinanciamento FEITO DE FORMA UNILATERAL PELO BANCO REQUERIDO poderia parecer benéfico para o autor, porém o número de parcelas do empréstimo foi absurdamente aumentado, passando de 84 (oitenta e quatro) para 150 (cento e cinquenta).

1.2.1- CONCLUSÃO DA ANÁLISE

Estes refinanciamentos todos foram FEITOS DE FORMA UNILTERAL PELO BANCO BMG aumentando as parcelas a serem pagam, sem se saber quais taxas foram utilizadas ou qualquer outra informação.

Ora, tal atitude do banco referido deve ser considerada absolutamente reprovável, uma vez que não cumpriu com o que fora acordado no contrato de empréstimo.

Ressalte-se que o banco ao contratar com os servidores, submeteu-os a uma forma de cálculo de juros considerado abusivos, utilizando-se do anatocismo e não bastasse isso, ainda refinancia o saldo devedor de seus consumidores sem sequer comunicar ou pedir autorização.

Teve, portanto, o banco uma atitude de desrespeito com relação aos consumidores que confiaram na instituição para contratar o empréstimo tendo o objetivo de ver descontado todos os meses em seus contracheques um valor fixo das parcelas já então pactuadas, e não um refinanciamento do restante da dívida, sem qualquer consentimento ou concordância por parte da autor/consumidor.

Ademais, cabe esclarecer que em todos os casos, quando contatado o Banco BMG, sobre o valor do novo saldo devedor cobrado sobre a forma de refinanciamento unilateral, o Banco deixou claro que se tratava apenas do parcelamento unilateral de parte da dívida! Isso significa que é impossível precisar o novo saldo devedor, pois o valor que está sendo dos servidores a titulo de refinanciamento unilateral é apenas uma parte da dívida do contrato integral. Como não se sabe a taxa de juros empregada no refinanciamento, nem quanto fora refinanciado, é impossível precisar qual percentual este valor corresponderia ao valor cobrado no saldo devedor total, deixando os consumidores completamente à mercê no Banco.

Ressalta-se que o restante do saldo devedor, será cobrado posteriormente, mas os consumidores não terão como aferir se o valor é justo, pois não sabe quanto da dívida foi

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refinanciado, ou a taxa de juros utilizada no refinanciamento, tornando o consumidor alienado e, em claro prejuízo.

Cumpre salientar que além dos refinanciamentos ilegais, o Banco BMG adota práticas contrárias à Boa-fé, uma vez que dificilmente disponibiliza aos seus consumidores uma cópia do contrato firmado, mas tão somente um termo de adesão com o extrato de operação, cerceando o seu direito de defesa aos abusos desta instituição financeira. Ademais, nestes termos de adesão se verificam indícios de cláusulas abusivas, como a cobrança de serviços de terceiros sem nenhuma explicação pormenorizada do que isto seja, além da cobrança de uma tarifa de cadastro no valor de 90,00 reais para cada contrato firmado. Não bastassem os absurdos, o Banco ainda cobra juros sobre o IOF, o que é notoriamente vedado.

Diante disso, não restou aos autores destas ações nenhuma alternativa senão ajuizar as demandas com o fito de ajustar as parcelas mensais dos mencionados empréstimos aos valores que são realmente devidos.

Todas estas irregularidades têm gerado demandas repetitivas, cabendo ao Ministério Público do Estado proteger o consumidor vulnerável e hipossuficiente, freando os danos impostos diariamente à diversos servidores públicos municipais com a promessa de dinheiro fácil, onde, na verdade se escondem perigosas cláusulas abusivas, e nenhuma informação. Assim, espera-se que a análise desta documentação acostada e de todo o exposto seja suficiente para impulsionar o trabalho dos nobres membros do Ministério Público na defesa da ordem jurídica e dos interesses sociais ora apresentados.

2. DO DIREITO

2.1 - DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA A DEFESA DOS DIREITOS COLETIVOS

O órgão do Ministério Público, conforme o art. 129, III, CF, tem legitimidade para "promover o

inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos". Assim, o Estado delega ao parquet o dever-poder para a defesa da

ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais, coletivos e individuais indisponíveis.

Insta esclarecer que prepondera, hodiernamente, uma doutrina direcionada a uma justiça efetiva, social, deixando de lado a antiga visão privatística que medrou longos séculos, vindo a se incorporar em nosso vetusto Código Civil. Com efeito, o Código de Defesa do Consumidor buscou tornar real esses novos preceitos, reconhecendo, logo no seu art. 4º, a vulnerabilidade do consumidor na relação de consumo e, assim, procurou estabelecer o equilíbrio necessário a qualquer harmonia econômica no relacionamento entre ele e o fornecedor, por meio de um maior intervencionismo.

Nesse sentido, o órgão do Ministério Público, como "defensor da sociedade", desempenha esse papel primordial na defesa dos interesses das partes mais fracas. A atuação do Ministério Público, conforme jé expressou em voto, o Ministro Celso de Mello, visa a "adequar nosso ordenamento jurídico à tendência

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contemporânea de todo o Direito Constitucional universal, que é impedir, de todas as formas possíveis, o desrespeito sistemático às normas Constitucionais, que conduz à erosão da própria consciência constitucional". Assim, não é escorreito ao Judiciário obstacular iniciativas do órgão Ministerial quando

venha a buscar a defesa de interesses do consumidor, simplesmente pelo fato de serem entendidos

"nitidamente privados", sem análise de sua relevância social. No caso que trazemos à baila os interesses

são nitidamente coletivos além de envolver questão claramente social. Vejamos:

De acordo com o art. 81 do CDC a defesa coletiva dos direitos do consumidor se consagra da seguinte forma:

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. (grifo nosso)

Assim, segundo o Inciso II do referido artigo podemos extrair as seguintes características:

a) Titularidade do direito: Titulares determináveis ou determinados enquanto grupo, categoria ou classe de pessoas;

b) Divisibilidade do direito: Direitos ou Interesses indivisíveis;

c) Origem do Direito: titulares ligados entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base.

Com relação à titularidade e origem do direito, os direitos coletivos são aqueles que, ao contrário dos direitos difusos, seus titulares são determináveis, justamente porque possuem entre si ou com a parte contrária uma relação jurídica base anterior (origem do direito). Exemplo desse caso é o direito contra o reajuste abusivo das mensalidades escolares, em que somente os alunos (e pais) são afetados. Veja que é perfeitamente possível determinar quais são os titulares, em razão da relação jurídica base anterior.

Em relação à divisibilidade do direito, assim como nos direitos difusos, também está presente a indivisibilidade, ou seja, o direito ou interesse é insuscetível de ser dividido em quotas ou parcelas. Do mesmo modo, a lesão ou a satisfação do direito prejudicará ou atenderá, simultaneamente, o interesse de todos os titulares.

No caso em questão vislumbramos um grupo de servidores públicos do município de Fortaleza que estão passando por sérios problemas por conta da má administração da consignação realizada sobre os

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seus vencimentos. As irregularidades são gritantes como já explanado na parte fática desta peça. Acontece que os envolvidos são todos servidores públicos havendo uma relação jurídica base com a parte contrária, na medida em que, primeira são servidores públicos havendo nítida relação jurídica com o Município de Fortaleza e ainda por realizarem contrato de empréstimo, no caso através do Banco BMG, formando também uma relação jurídica base. A partir desse empréstimo passa-se a perpetrar inúmeras irregularidades violadoras dos direitos do consumidor, entre as quais, a mais gritante, os refinanciamentos da dívida de modo unilateral realizado pelo Banco BMG. Assim, como há relação jurídica formalmente fixada, uma futura sentença beneficiaria todas as vítimas lesadas pelo réu, em uma ação promovida em nome dessa determinada coletividade por um seu representante extraordinário.

O STJ já pacificou sua jurisprudência no sentido de que o Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública para proteger interesses coletivos. Vejamos:

Processo: REsp 169876 SP 1998/0023955-3 Relator(a): Ministro JOSÉ DELGADO

Julgamento: 16/06/1998

Órgão Julgador: T1 - PRIMEIRA TURMA Publicação: DJ 21/09/1998 p. 70

Ementa

ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

2.

O Ministério Público está legitimado para propor ação civil pública para proteger interesses coletivos.

Nessa mesma esteira:

Superior Tribunal de Justiça. 4ª Turma Título REsp 192950 / MG

Data 27/04/2004 Ementa:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PRETENSÃO A ANULAR-SE CLÁUSULA QUE PREVÊ REAJUSTE OU CORREÇÃO MONETÁRIA DE PERIODICIDADE INFERIOR A UM ANO. DIREITOS COLETIVOS. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Tratando-se de ação que visa à proteção de interesses coletivos e apenas de modo secundário e conseqüencial à defesa de interesses individuais homogêneos, ressai clara a legitimidade do Ministério Público para intentar a ação civil pública. Precedentes. Recurso especial conhecido e provido.

(grifo nosso).

No caso em questão se até mesmo se trata-se de interesses individuais homogêneos estaria configurada a legitimidade do Ministério Público. Isto porque é gritante o interesse público envolvido, além do interesse social de defesa da economia popular. De acordo com o entendimento do STJ, o Ministério Público só é legitimado a tutelar direitos individuais homogêneos quando tais direitos tiverem repercussão no interesse público.

Processo: REsp 404239 PR 2001/0191186-2 Relator(a): Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR Julgamento: 25/11/2002

Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA Publicação: DJ 19.12.2002 p. 367

(13)

LEXSTJ vol. 163 p. 112 Ementa

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Ministério Público. Legitimidade. Contrato para aquisição de casa própria. O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública em defesa de interesses individuais homogêneos presentes nos contratos de compra e venda de imóveis de conjuntos habitacionais, pelo sistema financeiro da habitação, uma vez evidenciado interesse social relevante de defesa da economia popular. Precedentes. Recurso não conhecido.

No caso dos autos, a ação civil pública e a medida cautelar foram propostas pelo Ministério Público com o objetivo de revisão de cláusulas de contratos celebrados para a aquisição de imóveis pelo sistema financeiro da habitação, com as conseqüências que daí decorrem, relativamente a habitações destinadas a pessoas de baixa renda, atingindo um grande número de interessados, pois o r. acórdão refere mais de dez conjuntos habitacionais, o que evidencia a presença do interesse público na preservação da economia popular contra eventuais abusos ou desvios de finalidade.

Em tais circunstâncias, nos termos da legislação infraconstitucional, irrecusável o reconhecimento da legitimidade do Ministério Público para a propositura das ações.

2.2- DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Afastando quaisquer dúvidas sobre a aplicação do código protetivo do consumidor aos contratos de empréstimos, consolidou o Superior Tribunal de Justiça tal entendimento:

Súmula 297. O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.

Os consumidores, forçados pela necessidade de aquisição de um produto ou serviço, aceitam integrar uma relação contratual com o fornecedor que finda por subjugá-lo, seja em face do poder econômico ou das informações técnicas que dispõe.

Com o objetivo de resguardar a justiça social, a dignidade da pessoa e a equidade nas relações econômicas, especialmente, nas relações de consumo, o Estado se afirma na prática do dirigismo contratual a fim de equilibrar os polos da relação contratual.

Tem-se no artigo 6º do CDC a expressa disposição de que quando forem constatadas cláusulas abusivas, estas poderão ser revisadas, a fim de que o consumidor não saia prejudicado da relação jurídica contratual já imposta pela instituição bancária, como também a proteção contra cláusulas contratuais abusivas e a facilitação da defesa de seus direitos, com a inversão do ônus da prova a seu favor. Senão vejamos:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

(…)

(14)

comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos ou serviços; V – a modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as

tornem excessivamente onerosas;

(…)

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

É imperiosa, destarte, a aplicação das normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor aos contratos em apreço, adequando-se a execução dos mesmos aos ditames do diploma legal, de forma a expurgar as cláusulas abusivas e ilegais, eis que se trata de matéria de ordem pública, garantido pelo art. 170 da própria Constituição Federal, o qual explicita em seu inciso V a garantia da defesa do consumidor.

2.3 - DOS VÍCIOS DE INFORMAÇÃO

O Código de Defesa do Consumidor, orientado pelo princípio da boa-fé contratual, estabelece de forma clara, em seu art.6°, III, ser direito básico do consumidor “a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”.

Decorrente deste direito à informação encontra-se a obrigação legal do contratado de fornecer todo esclarecimento e informações ao consumidor, possibilitando sua compreensão plena e real acerca dos termos acordados.

Ressalta ainda que a obrigatoriedade da transparência nas relações jurídicas não precisa estar explicitada no contrato, porquanto o comportamento probo dos contratantes na execução das obrigações pactuadas constitui premissa maior inserida no padrão genérico exigível de conduta. Neste sentido, vejamos:

“ Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.”

Os consumidores sequer tiveram acesso aos contratos . O Banco BMG, através de seus funcionários, apresenta simplesmente extratos da operação em termo de adesão no qual não constam diversas das cláusulas contratuais. Ademais, o termo apresentado é de difícil compreensão para aqueles que não possuem conhecimento técnico na área, vez que traz consigo siglas do mundo econômico para indicar taxas abusivas, cobrança de juros sobre juros em taxas

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acima do mercado, além de, às vezes, prever a cobrança ilegal de taxa de cadastro e serviços de terceiro sem maiores explicações ou destaques a estas cláusulas.

O SJT já se posicionou diversas vezes sobre o tema, decidindo que informação adequada, nos termos do art. 6º, III, CDC, é aquela que se apresenta simultaneamente completa, gratuita, útil, vedada, neste último caso, a diluição da comunicação efetivamente relevante pelo uso de informações soltas, redundantes ou destituídas de qualquer serventia para o consumidor ( STJ, Resp 586.316, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª T., DJ 19/03/2009). Pode-se avaliar facilmente através de uma análise rápida dos Termos de adesão anexos disponibilizados aos consumidores no momento da contratação que estes não trazem informações completas sobre as condições nas quais o mútuo é realizado, misturando-se informações úteis, no meio de informações inúteis, todas com letras minúsculas. Esvaziando o direito subjetivo do consumidor de ser informado com clareza e exatidão.

Nestes termos de adesão há sim menção à expressão autorização do servidor em permitir ser realizado o desconto consignado em seu contracheque, mas somente da forma como fora pactuado. Em nenhum momento se autoriza o refinanciamento unilateral. E, ainda que se autorizasse, de nada esta cláusula valeria, uma vez que apresenta-se abusiva, segundo o CDC, norma de ordem pública e interesse social, ou seja, norma em relação a qual são inválidos eventuais contratos que busquem afastar sua incidência.

O Banco obsta o direito dos consumidores à plena informação, não fornecendo-lhes o contrato firmado, que encontra-se registrado no Cartório de registros e títulos de documentos de Minas Gerais. Desta maneira é imperiosa a anulação das cláusulas que não foram devidamente esclarecidas, sendo cabível sua reformulação de modo que o consumidor garanta seus direitos ao saber o que está acordando.

É relevante apresentarmos o dado de que nenhum dos servidores públicos que se socorreu dos serviços jurídicos deste sindicato possuíam o contrato supramencionado. Foram enviados diversos requerimentos ao BMG, requisitando cópia do contrato para cada um destes servidores, mas nunca se obteve uma resposta, sendo-nos enviados apenas os termos de adesão dos contratos. Assim, em muitos casos somos obrigados a entrar primeiramente com uma ação cautelar, quando o termo de adesão com o extrato de operações é considerado insuficiente para a resolução da lide de revisional!

Os servidores públicos municipais, como tantos brasileiros, não detém (nem deveria deter) conhecimento técnico apto a compreender todas as vicissitudes do contrato. Dever do BMG, pela sua incomparável estrutura técnica e econômica, esclarecer aos consumidores.

Por oportuno, diga-se, que os consumidores teriam o direito de estar esclarecido sobre todas as cláusulas, inclusive, se há ou não previsão expressa de autorização de refinanciamento unilateral (uma vez que o réu claramente utiliza esta prática em suas cobranças).

Vejamos o que diz o Código do Consumidor sobre o assunto:

“ Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente

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pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.

§ 3° Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor

§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.”

Por fim, veja-se da abusividade da prática elencada:

“ Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:

IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;”

Do exposto, conclui-se que o BMG não presta a devida informação aos consumidores, impedindo a compreensão e questionamento das cláusulas pactuadas como também, durante a execução das parcelas a serem descontadas, não informa de maneira clara os valores e o números das parcelas que estão sendo descontadas em seu contracheque.

Como já afirmado, o não esclarecimento enseja vício insanável destas cláusulas que não obedecem às regras legais de dever de informação, podendo ser revistas, sem prejuízos de multa a ser cominada para empresa descumpridora de suas obrigações.

2.4

DA BOA-FÉ OBJETIVA

A boa-fé objetiva é o mais importante princípio do direito contratual contemporâneo. Trata-se do dever, imposto a quem quer que tome parte em relação negocial, de agir com lealdade e cooperação, abstendo-se de condutas que possam esvaziar as legítimas expectativas da outra parte. Daí decorrem diversos deveres anexos, deveres de conduta que impõe as partes, ainda na ausência de previsão legal, o dever de agir lealmente.

Por ser tão relevante princípio, deve sempre ser plenamente efetivo nas relações consumeristas. Para tanto, a proteção da confiança, e o dever de informação devem ser assegurados, visto apresentarem-se como deveres anexos importantes à boa-fé contratual, sob pena de responsabilidade

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daqueles que os descumprem.

Sobre a proteção da confiança nas relações contratuais, diz DUARTE sobre o tema:

Remonta ao Direito romano a proteção da confiança depositada pelos sujeitos no tráfego jurídico. Cuida-se a proteção da confiança de um princípio fundamental de concretização da boa-fé. Subjazendo à boa-fé, vê-se no mais das vezes uma situação em que o direito protege o investimento de confiança feito pelos indivíduos. (DUARTE, Ronnie Preuss. A cláusula

geral da boa-fé no novo código Civil brasileiro: questões controvertidas. São

Paulo: Método, 2004. p. 416.)

O doutrinador acima ainda assevera que, para o Direito proteger a confiança com base no princípio da boa-fé, exigem-se alguns requisitos que, em regra, são elencados cumulativamente, mas, em algumas situações, apenas a presença de algum deles é suficiente para conceder a tutela à confiança. Estes requisitos são: A existência de uma situação justificada de confiança a ser protegida; A essencialidade da situação de confiança, ou seja, a confiança criada deve ter sido determinante na atividade jurídica do sujeito, sem a qual a pessoa não teria agido; A possibilidade de imputação ou responsabilidade pela situação de confiança; e, por último, outro requisito ainda é de que contexto da proteção à confiança deve evitar um prejuízo ou trazer uma vantagem ao sujeito. Estes requisitos, um a um, podem ser avaliados no caso concreto através das respectivas perguntas:

1- Qualquer pessoa normal, submetida às mesmas circunstâncias, criaria a expectativa afirmada pelo sujeito?

2- A situação de confiança foi decisiva para a opção do sujeito pela prática de determinado ato jurídico?

3- O responsável pela situação de confiança é o sujeito que incutiu?

4- A desproteção da situação criada causa prejuízo ao sujeito depositário da confiança?

No caso ora denunciado, está óbvia a necessidade de se proteger a confiança daqueles servidores municipais, baseado no princípio da boa-fé objetiva. Ora, qualquer pessoa normal submetida à um contrato de empréstimo com Instituição financeira criaria a expectativa de que este fosse cumprido nos moldes como contratado. Essa confiança depositada no BMG foi decisiva para a opção de se contratar com este banco, e não com qualquer outro! O responsável pela situação de confiança é o sujeito o qual a incutiu. Não foi terceiro que disse que o BMG cumpriria o contrato conforme o acordado. Não foi terceiro que afirmou que o BMG forneceria todas as informações necessárias, bem como o contrato. Não, foi o próprio BMG que trouxe a responsabilidade para si, afirmando publicamente ser um Banco sério e cumpridor de suas obrigações de fornecedor. Por fim, é claro que a desproteção da situação criada causa prejuízo ao sujeito depositário da confiança, pois os consumidores se vêm obrigados mensalmente através de consignações em seu contracheque a pagarem valores diversos em prestações distintas aos quais contrataram! Ademais, os consumidores acreditavam que aquele Banco explicaria todas as nuances do contrato a este, nunca imaginando que houvessem cláusulas ocultas, como a utilização da amortização dos juros a preços exorbitantes, ou mesmo a cobrança de serviços de terceiros e tarifa de cadastro!

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depositada uma vez que requer a inscrição de muitos dos seus consumidores em órgãos de restrição ao crédito em razão de suspensão de descontos consignados, sem sequer possibilitar meio alternativo de pagamento! E, após refinanciamento unilateral, mantém o nome das suas vítimas no cadastro de proteção ao crédito em razão de empréstimo que agora está sendo descontado de forma diversa em razão dos ilícitos praticados pelo Banco e permitidos pela Prefeitura Municipal de Fortaleza!

Outro dever anexo à boa-fé que deve ser protegido é o dever de informar bem e lealmente. Sem essas informações, a própria aferição do cumprimento ou não dos padrões desejáveis resta prejudicada. A jurisprudência tem se mostrado atenta a esse ponto. O Superior Tribunal de Justiça reconheceu que o direito à informação, obrigado expressamente pelo art. 5º, XIV, da Constituição Federal, é uma das formas de expressão concreta do princípio da transparência, sendo também corolário do princípio da boa-fé objetiva e do princípio da confiança (Stj, Resp 586.316, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª T, DJ 19/03/2009). Assim, tem-se entendido que o descumprimento deste dever ora abordado, gerando uma informação defeituosa, faz surgir a responsabilidade objetiva do fornecedor dos produtos ou serviços. (STJ, Resp. 264.562, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 12/06/01, p. Dj 13/08/01).

Por todo o exposto, urge a responsabilização do BMG, em razão de este deliberadamente e frequentemente descumprir em suas relações contratuais com o mais vulnerável diversos dos princípios regentes no Direito do Consumidor.

2.5 - DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO BMG

A responsabilidade civil por danos causados a consumidor é objetiva. Isto é, independe do elemento de culpa. Basta que a vítima prove o dano sofrido e o nexo causal. Estatui nesta linha o art. 14 do CDC:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

No caso em apreço o nexo causal e o dano sofrido é evidente, não necessitando de maiores explicações. Ora, em razão de defeitos relativos à prestação dos serviços do Banco, este veio a refinanciar os empréstimos de uma forma unilateral, colocando o consumidor em clara desvantagem pois rompe com a expectativa assumida no momento da contratação. Bem como, em razão das informações insuficientes e inadequadas, o consumidor resta prejudicado por contratar com uma Instituição que cobra tarifas ilegais, abusivas e, por fim, ainda não fornece o contrato firmado, como meio de evitar a revisão do contrato em uma possível ação judicial. Bem, vê-se que dano existe, não só dano patrimonial, como também dano moral, principalmente quando há a inscrição indevida do nome dos consumidores adimplentes no SPC e no Serasa. Todos estes danos são advindos de uma conduta da Instituição financeira denunciada, e, portanto, esta deverá arcar com a reparação integral de todos os abusos cometido, sem precisar haver o questionamento da existência de culpa.

Dentre os direitos básicos do consumidor, consagrados no art. 6º, VI, está: “ a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”. Tal disposição quer significar que os danos devem ser reparados de forma efetiva, isto é, real e integral de forma a ressarcir ou

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recompensar o consumidor.

Sobre o tema a jurisprudencia é uníssona:

APELAÇÃO - Cobrança de dívida paga e inclusão em cadastros de inadimplentes - Dano moral configurado - Indenização devida - Responsabilidade objetiva do banco apelante - Recurso Improvido. (70761520098260405 SP 0007076-15.2009.8.26.0405, Relator: Maury Bottesini, Data de Julgamento: 23/03/2011, 38ª Câmaras de Direito Privado, Data de Publicação: 01/04/2011)

RELAÇÃO DE CONSUMO - ATRIBUIÇÃO INDEVIDA DE DÉBITO À

AUTORA - NÃO CONTRATAÇÃO DO EMPRÉSTIMO

RESPONSABILIDADE OBJETIVA - Inscrição do nome da autora em cadastro de inadimplentes. Inexistência de contratação entre as partes. Hipótese de fraude que não exclui a responsabilidade do réu. Teoria do risco-proveito. Dano moral configurado. Critérios de fixação. Razoabilidade e proporcionalidade. Manutenção da verba indenizatória que se impõe. Recurso manifestamente improcedente. (128445420088190209 RJ 0012844-54.2008.8.19.0209, Relator: DES. EDSON VASCONCELOS, Data de Julgamento: 27/02/2012, DECIMA SETIMA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 29/02/2012)

Apelação cível. Consumidor. Ação indenizatória. Falha na prestação do serviço. Responsabilidade objetiva. Art. 14 CDC. Empréstimo consignado. Requerimento expresso do consumidor à financeira para que os valores emprestados fossem depositados em conta poupança, em banco onde era correntista. Informação que consta no contrato, restando ali discriminado o número da conta poupança do consumidor. Crédito efetuado erroneamente em conta corrente pela financeira. Consumidor que não teve acesso aos valores, pois estes foram utilizados pelo banco do qual era cliente, para cobrir saldo negativo do cheque especial. Erro na realização do depósito que denota falha na prestação do serviço, tendo causado prejuízos ao consumidor. Dano moral caracterizado. Precedentes desta Corte. Indenização devida. Sentença de improcedência que se reforma. Apelo provido. (694925820068190004 RJ 0069492-58.2006.8.19.0004, Relator: DES. CRISTINA TEREZA GAULIA, Data de Julgamento: 17/01/2012, QUINTA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 23/01/2012)

Cabe ressaltar também que o Banco Denunciado já fora alvo de processo administrativo pelo DECON em razão de outras espécies de danos causados a consumidores idosos,

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sendo condenado a uma multa de R$ 709 Mil Reais. Uma instituição assim, necessita ser investigada, posto que já restou demonstrado que esta utiliza-se com frequência de práticas desonestas. Abaixo há a transcrição de alguns trechos da notícia publicada no TJCE :

Em decisão administrativa do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon/CE), o Banco BMG S/A foi multado em 250 mil Unidades Fiscais de Referência do Ceará (UFIRCEs), o equivalente a R$ 709 mil reais.

De acordo com decisão da secretária executiva e promotora de Justiça Ann Celly Sampaio Cavalcante, o Banco BMG S/A tem enviado cartão de crédito às residências dos consumidores, com saldo devedor referente a saque, o qual nunca é reconhecido pelas vítimas.

A empresa tem sido alvo de várias reclamações ofertadas pela contratação de empréstimos, geralmente consignados no INSS com estas práticas.

Também foi observada a não apresentação da cópia do contrato e, em algumas ocasiões, chegando a apresentar o contrato de outro reclamante. Há também reclamações relatando a renovação unilateral de empréstimos.

Essa multa, no entanto, apesar de ser considerada expressiva para a maioria dos cidadãos comuns, em pouquíssimo irá modificar os rendimentos financeiros desta grande Instituição, de modo que essa multa não afetará o comportamento futuro deste Banco, uma vez que o mesmo obtém muito mais através do enriquecimento ilícito imposto por meio de práticas abusivas.

Assim, com a finalidade de proteger os cidadãos contra as irregularidades constantemente cometidas, a sanção deve ser suficientemente alta para se cumprir a sua finalidade. Portanto, através da aplicação do princípio da proporcionalidade, deve ser requerido danos adequados e necessários para a obtenção de finalidade última desta sanção: ressarcir integralmente os consumidores/vítimas e, também, prevenir a prática destes atos nocivos a toda a economia popular.

2.6 - DO REFINANCIAMENTO UNILATERAL

O refinanciamento unilateral de empréstimos configura prática comercial abusiva, à medida que não permite ao consumidor saber quais foram das parcelas regularmente contratadas as deduzidas do valor total refinanciado, impedindo os consumidores de terem ciência do montante de sua dívida e dos encargos acrescidos.

Uma vez que o Código de Defesa do Consumidor, no art. 51, incisos X, e XIII considera nula a cláusula que permite ao fornecedor a variação do preço de maneira unilateral, direta ou indiretamente, e o art. 6º, inciso IV, do referido Código prevê como direito do consumidor a proteção contra cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento do serviço, deve ser afastada, caso exista, qualquer cláusula que permita o refinanciamento unilateral de dívida decorrente de empréstimo efetivamente contratado pelos consumidores, cabendo à instituição financeira utilizar os meios disponíveis para obter a

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satisfação das obrigações contraídas pelos servidores.

Ademais, o que tem ocorrido tem sido a cessação dos descontos no contracheque dos servidores, em razão da redução de sua margem consignável, seguido de inscrição dos devedores nos órgãos de restrição ao crédito, culminando no refinanciamento unilateral do empréstimo pelo Banco BMG, sem que seja retirado a negativação do nome dos servidores, gerando intensos danos. Isso tudo acontece sem sequer o Banco BMG informar ao consumidor que o desconto consignado cessou em virtude da falta de margens e sem o BMG procurar outras formas de se valer do pagamento dos valores acordados! A jurisprudência já se posicionou sobre caso semelhante, vejamos:

CONSUMIDOR. AÇÃO DE DESCONSTITUIÇÃO DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. INSUFICIÊNCIA DE MARGEM CONSIGNÁVEL. PAGAMENTO NÃO REALIZADO. INADIMPLEMENTO. INSCRIÇÃO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.

1. No caso, demonstrou a demandada a redução da margem de consigna-ção da conta corrente da autora, o que impediu o desconto relativo ao em-préstimo consignado contratado entre as partes.

2. Embora a manutenção de margem consignável apta a propiciar o paga-mento coubesse à devedora, é ilícita a sua imediata inscrição nos ór-gãos de proteção ao crédito, antes que fosse oferecido outro meio de pagamento ou comunicada a impossibilidade de desconto.

3. Dever de indenizar configurado, uma vez que a demandada sequer co-municou a requerente da impossibilidade de realização de desconto, proce-dendo imediatamente a sua inscrição nos órgãos de proteção ao crédito. 4. Quantum indenizatório, fixado na origem em R$ 2.500,00, deve ser mantido, pois valor que atenta às peculiaridades do caso e ao patamar habi-tualmente utilizado pela Turma em situações análogas.

5.

(71003336237 RS , Relator: Leandro Raul Klippel, Data de Julgamento: 13/10/2011, Primeira Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 14/10/2011)

APELAÇÃO CÍVEL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZATÓRIA. EMPRÉSTIMO BANCÁRIO. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO DAS CLÁUSULAS LIMITATIVAS DO DIREITO DA AUTORA. DESVANTAGEM DO CONSUMIDOR. CONFIGURAÇÃO. REFINANCIAMENTO UNILATERAL DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO. (124405220078190204 RJ 0012440-52.2007.8.19.0204, Relator: DES. ELTON LEME, Data de Julgamento: 05/10/2011, DECIMA SETIMA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 10/10/2011)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. PRELIMINAR DE FALTA DE INTERESSE DE AGIR REJEITADA. ALTERAÇÃO UNILATERAL DO ACORDO FIRMADO ENTRE AS P ARTES. COMPROVAÇÃO DA INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME DO AUTOR NOS CADASTROS DOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO JUDICIAL QUE ORDENOU A EXCLUSÃO. LIMITAÇÃO DA MULTA DIÁRIA. POSSIBILIDADE. OBEDIÊNCIA AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. - CONSTATADA A RESISTÊNCIA DA EMPRESA RÉ EM RECEBER O VALOR ACORDADO ENTRE AS P ARTES QUANDO DO REFINANCIAMENTO DA DÍVIDA, RESTA DEMONSTRADA A NECESSIDADE DO A JUIZAMENTO DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO VISANDO A QUITAÇÃO DA DÍVIDA. - NÃO HÁ QUE SE FALAR EM INADIMPLÊNCIA DO AUTOR QUANDO HÁ NOS AUTOS FARTA COMPROVAÇÃO DA ALTERAÇÃO UNILATERAL E INJUSTIFICADA DOS TERMOS DO ACORDO ENTABULADO PELAS P

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ARTES. - A MULTA DIÁRIA IMPOSTA PARA O CUMPRIMENTO DA ORDEM JUDICIAL NÃO PODE SERVIR PARA REPARAR EVENTUAIS DANOS MORAIS NEM ENSEJAR O ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DE UMA DAS P ARTES, EM OBEDIÊNCIA AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. - RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS. (198827720088070007 DF 0019882-77.2008.807.0007, Relator: MARIA DE FÁTIMA RAFAEL DE AGUIAR RAMOS, Data de Julgamento: 15/10/2009, 1ª Turma Cível, Data de Publicação: 03/11/2009, DJ-e Pág. 69)

2.7 - DO DANO MORAL INDIVIDUAL E COLETIVO

Os danos morais devem ser valorados em valor apto a inibir as práticas abusivas do Banco BMG, bem como a reparar todo o abalo psicológico sofrido pela coletividade, em especial, os servidores públicos do município de Fortaleza.

Danos Morais pelo refinanciamento unilateral efetuado pelo banco requerido

O refinanciamento unilateral feito pelo Banco BMG veio a prejudicar, em muito os servidores, para tanto, resta configurado o dano moral, pois os mesmo não são informados pelo BMG sobre esses refinanciamentos, tendo seus salários tomados por descontos aos quais não contrataram e assim, sofrendo graves prejuízos tanto em seu sustento, quanto de suas famílias, o que gera, sem dúvidas, o abalo psicológico intrínseco ao dano moral.

Vejamos a jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA DE RESTABELECIMENTO DE PLANO DE TELEFONIA E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ALTERAÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO. DEVER DA DEMANDADA EM MANTER A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO NOS MOLDES CONTRATADOS, OBSERVADOS OS AJUSTES/ATUALIZAÇÕES INERENTES A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, ALÉM DA COBRANÇA DE VALORES QUE ULTRAPASSAM A FRANQUIA DE MINUTOS CONTRATADA. COBRANÇA INDEVIDA QUE OCASIONOU A INSCRIÇÃO DO NOME DA AUTORA EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL CONFIGURADO. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70040673634, Décima Sétima... (70040673634 RS , Relator: Elaine Harzheim Macedo, Data de Julgamento: 28/04/2011, Décima Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 05/05/2011).

Em termos gerais, nestes casos, houve violação clara da boa-fé objetiva, pois esta impõe o dever de as partes manterem um padrão de comportamento marcado pela lealdade, honestidade, cooperação, de modo que uma não se lese a legítima confiança depositada pela outra. O princípio da boa-fé objetiva possui diversos desdobramentos ou funções reativas, e uma delas é o princípio do "tu quoque".

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Referido princípio trata-se de uma partícula extraída da célebre frase bravada por Júlio César ao ser apunhalado, covardemente e de surpresa, por seu filho: "tu quoque Brutus filie mi" (“até tu Brutos, filho meu”). Assim, o “tu quoque”, quando aplicado nas relações privadas, pretende evitar a quebra da confiança pelo comportamento marcado pela surpresa ou ineditismo.

Pelo exposto, houve clara violação da boa-fé objetiva tendo sido a autora apunhalada de surpresa com cobranças refinanciadas indevidamente.

O Superior Tribunal de Justiça já vem adotando em sua jurisprudência o princípio do “tu quoque” estabelecendo a vedação da quebra da confiança pelo comportamento marcado pela surpresa. Vejamos:

“A bem da verdade, essa postura do recorrente equivale ao comportamento contraditório - expressão particular da teoria dos atos próprios -, sintetizado no anexim tu quoque , reconhecido nesta Corte nas relações privadas , mas incidente, também, nos vínculos processuais, seja no âmbito do processo administrativo ou judicial.1” (grifo nosso)

Dano moral coletivo

Além do dano moral individual, vislumbramos nas causas coletivas o chamado dano moral coletivo, embora apresente divergências na doutrina quanto à sua existência, já foi expressamente previsto no art. 6º, incisos VI e VII do CDC e mais recentemente, após a alteração introduzida pela lei 8884/94 ao art. 1º da Lei 7347/85.

Configura o dano moral coletivo a justa lesão à esfera moral de certa comunidade, ou seja, a violação a determinado círculo de valores coletivos. Nesse sentido, a coletividade é passível de ser indenizada pelo abalo moral, independentemente dos danos individualmente considerados.

DANO MORAL COLETIVO. PASSE LIVRE. IDOSO.

A concessionária do serviço de transporte público (recorrida) pretendia condicionar a utilização do benefício do acesso gratuito ao transporte coletivo (passe livre) ao prévio cadastramento dos idosos junto a ela, apesar de o art. 38 do Estatuto do Idoso ser expresso ao exigir apenas a apresentação de documento de identidade. Vem daí a ação civil pública que, entre outros pedidos, pleiteava a indenização do dano moral coletivo decorrente desse fato. Quanto ao tema, é certo que este Superior Tribunal tem precedentes no sentido

1

- STJ. RMS 14908 / BA. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. 2002/0063237-1 . Relator(a) Ministro HUMBERTO MARTINS (1130) . Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA. Data do Julgamento 06/03/2007. Data da Publicação/Fonte DJ 20/03/2007 p. 256 RSTJ vol. 208 p. 22.

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de afastar a possibilidade de configurar-se tal dano à coletividade, ao restringi-lo às pessoas físicas individualmente consideradas, que seriam as únicas capazes de sofrer a dor e o abalo moral necessários à caracterização daquele dano. Porém , essa posição não pode mais ser aceita , pois o dano extrapatrimonial coletivo prescinde da prova da dor , sentimento ou abalo psicológico sofridos pelos indivíduos . Como transindividual , manifesta - se no prejuízo à imagem e moral coletivas e sua averiguação deve pautar - se nas características próprias aos interesses difusos e coletivos . Dessarte , o dano moral coletivo pode ser examinado e mensurado . Diante disso , a Turma deu parcial provimento ao

recurso do MP estadual . REsp 1.057.274-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 1º/12/2009. (g.n)

No tocante ao dano extrapatrimonial moral coletivo seus requisitos seriam a compensação e a punição, verifica-se a ampliação da noção de direitos da personalidade e a despessoalização do direito civil. Assim, basta o critério de punição para justificar, a partir da reprovabilidade, a condenação no pagamento dos danos.

2.8- DAS OUTRAS IRREGULARIDADES NO CONTRATO DE EMPRESTIMO DO BMG

A seguir, demonstrar-se-á a ilegalidade das cobranças abusivas pelo banco BMG. Assim, vejamos:

a) Anatocismo

A abominável prática da capitalização mensal de juros, também conhecida como anatocismo, pelas instituições financeiras, já foi regulada pelo STF, através da Súmula 121, ainda em pleno vigor, que assevera: “É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada”.

Houve, no entanto, a edição da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, reeditada sob o nº 2.170-36/2001, autorizando a cobrança de juros sobre juros.

Tal Medida Provisória, porém, é objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.316-1. Sua constitucionalidade é questionada porque, além de tratar de matéria reservada à lei complementar, não apresenta o requisito de urgência necessário à edição de qualquer medida provisória.

Em seus contratos, o BMG utiliza-se de práticas de anatocismo através da utilização do Sistema Price, ou seja, cobrança de juros sobre juros, aferindo, ao final, montante de juros desproporcional ao serviço prestado. Os juros seriam justos se calculados da forma simples, através da tabela Sac. De qualquer modo, os consumidores na maioria das vezes não sabem a quais condições de juros se submetem, pois não está EXPLICITO claramente no termo de adesão fornecido no momento da contratação.

A seguir foram transcritas algumas jurisprudências a fim de relatar a este órgão ministerial sobre a abusividade sofrida pelos consumidores quando da capitalização de juros no contrato, sem sequer terem sido pactuados no contrato. O que não é permitido legalmente!

Referências

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