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DIRECIONADORES PARA INOVAÇÃO SUSTENTÁVEL - UM REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA INTERNACIONAL

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SUSTENTÁVEL - UM REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA INTERNACIONAL

fernando amancio cruz (UFSCar) cruz-fernando@uol.com.br Ivete Delai (UFSCar) ivete@dep.ufscar.br Ana Lucia Vitale Torkomian (UFSCar) torkomia@power.ufscar.br

As empresas são importantes agentes na criação das novas soluções de um mundo em intensa transformação. A inovação nas empresas faz parte de sua estratégia de longo prazo com objetivo de constantemente atender a demanda de seus clientes, consumidores e stakeholders via desenvolvimento de novos produtos. Compreender o que direciona a inovação corporativa em prol da sustentabilidade pode promover ações governamentais e empresariais neste sentido. A proposta deste artigo é realizar uma revisão sistemática da literatura sobre inovação sustentável e identificar quais são os seus principais direcionadores.

Palavras-chave: Inovação, Sustentabilidade, Inovação Sustentável,

Ecoinovação, Direcionadores

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2 1. Introdução

A inovação em empresas de produtos manufaturados e serviços é um tema recorrente. De uma empresa considerada inovadora se espera consistentemente o lançamento de novos produtos e soluções que atendam a presentes e futuras demandas de seus clientes e consumidores. O relatório de Brundtland por meio do livro “Our Common Future” de 1987 e apresentado na Organização das Nações Unidas (ONU) no mesmo ano, foi a publicação que esclareceu a definição de sustentabilidade considerando três pilares: Financeiro, Ambiental e Social (ADAMS et al, 2015). Nesse relatório o desenvolvimento sustentável é concebido como: o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Praticar a inovação e ao mesmo tempo se preocupar com o impacto ambiental e com responsabilidade social, parece ser uma atividade para poucas e grandes empresas, mas que em um futuro muito próximo pode ser básico para a sobrevivência de qualquer empresa.

Sustentabilidade é um conceito relativamente recente. Preocupações com o impacto da atividade industrial junto ao meio-ambiente, assim como a responsabilidade social das empresas demandam compreensão acerca do significado do termo sustentabilidade. Com a clareza da definição, os atores – empresas, governos, universidades e organizações não- governamentais podem discutir e organizar atividades e leis que façam as atividades econômicas e industriais terem um menor impacto ambiental e responsabilidade social.

Mercados e agentes econômicos foram identificados também como parte do problema, requerendo mudanças no paradigma econômico dominante, ser parte da solução e realizar mudanças positivas em direção à sustentabilidade (ADAMS et al, 2015).

Inovação Sustentável ou também chamada por Adams et al. (2016) como Inovação orientada a sustentabilidade (SOI) envolve fazer modificações intencionais na filosofia e valores de uma organização, assim como em seus produtos, processos ou práticas para servir objetivo específico de criar e realizar valor social e ambiental em adição ao retorno econômico. É também um campo de estudo muito frutífero, pois as publicações existentes parecem apenas

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3 iniciar o entendimento de uma área muito promissora (Adams et al, 2015). Behnam e Cagliano (2017) demonstram a forte interação de inovação e sustentabilidade na estratégia das companhias.

O pilar ambiental tem um apelo importante. A atividade industrial, do extrativismo a poluição e a atividade de consumo altamente demandante por matérias-primas e geradora de grande quantidade de lixo e poluentes, mudaram para sempre como a humanidade se relaciona com o meio-ambiente. Vários autores entendem que novas tecnologias podem diminuir rapidamente o impacto ambiental negativo da atividade industrial e de consumo. Aproximadamente um terço de plantas industriais posicionam P&D como a mais importante fonte de novas idéias e tecnologia para esforços de prevenção à poluição (FADHILAH e RAMAYEHB, 2012). Eco- inovação, termo utilizado para inovação ambiental ou de menor impacto ao meio ambiente e parte do escopo da inovação sustentável, é um tipo característico de atividade que demanda especial sistema de gestão e políticas para alavancá-la (HOJNIK e RUZZIER, 2016).

Outro pilar do desenvolvimento sustentável é o social. As empresas estão sendo fortemente

“convidadas” a ter um impacto social positivo junto a seus funcionários e comunidade e melhorar sua reputação de marca, o que é muito importante para retenção de colaboradores, bom relacionamento com a comunidade na qual está inserida, relacionamento comercial com clientes-chave e decisão de compra e venda de ações em bolsa de valores.

Cuerva et al (2014) discorrem que os direcionadores para a inovação são as condições internas (recursos) e as capacidades estruturais (estratégia). Quais os direcionadores para a inovação sustentável? O assunto não tem igual profundidade e não foram identificados na literatura estudos a este respeito, mas sim trabalhos que os identificam em diferentes contextos. Fadhilah et al. (2012) discorrem sobre as práticas de gestão que direcionam a inovação sustentável. Triguero et al. (2013) e Cuerva et al. (2014) falam sobre direcionadores para inovação “verde”, mais voltada ao pilar ambiental, nas pequenas e médias empresas Nesse contexto, este artigo tem como objetivo identificar quais são os direcionadores e facilitadores para as empresas investirem e se organizarem para a prática da inovação sustentável. Para tanto, realizou-se uma revisão sistemática da literatura internacional. O

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4 restante do artigo está assim estruturado: na seção dois apresentam-se os procedimentos metodológicos empregados para o desenvolvimento da revisão; na seção três a revisão da literatura, na seção quatro os resultados e sua discussão; e por fim, na última seção apresentam-se as considerações finais.

2. Metodologia

O objetivo geral do artigo foi realizar uma revisão sistemática da literatura internacional e identificar os direcionadores para inovação sustentável nas empresas. Restringiu-se o período da pesquisa em 10 anos antecessores a 2016 para que a pesquisa fosse recente e relevante.

A revisão sistemática da literatura foi realizada de acordo com a metodologia proposta por Conforto et al. (2011). O autor citado propõe modelo de revisão sistemática da literatura no qual busca-se delimitar o campo de atuação limítrofe da linha de pesquisa. A primeira atividade foi estabelecer o protocolo de pesquisa e os critérios de inclusão dos artigos selecionados.

Usou-se a seguinte combinação de palavras: “Innovation”, “Sustainability”, “Drivers”,

“Strategy”, “Environmental”, “Social”, “Ecoinnovation” e “R&D” para pesquisar combinações junto a base de dados Science Direct e Scopus. Segue-se, então, o seguinte plano de pesquisa, de acordo com a quadro 1 abaixo:

Quadro 1: Plano de Revisão Sistemática

N Parâmetro Limites

1 Língua Inglesa, por ser global e a mais importante na publicação de artigos

2 Objetivo Objetivo-alvo desta pesquisa são facilitadores e direcionadores para a inovação sustentável, com foco nas estratégias internas das empresas e como as mesmas se relacionam com fatores externos

3 Área de Interesse Estratégia das empresas, negócios e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), buscando evitar áreas de negócios muito específicas como Energia, Petróleo e Gás ou Agricultura

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5

4 Área Geográfica O mundo como área geográfica. Não foram impostas limitações geográficas por entendermos que as contribuições dos diversos continentes são interessantes para atingirmos o objetivo do artigo

5 Período de

Publicação

Foi definido período de 10 anos, para se ter uma análise temporal recente e relevante

6 Tipo de Literatura Jornais periódicos, uma vez que os livros possuem maior dificuldade de sua obtenção na forma integral e também por ter menor intensidade de publicação. Ter uma revisão focada também foi um fator importante para esta definição de escopo

Ao se aplicar o roteiro de pesquisas acima e excluir os segmentos de negócios específicos, livros e duplicações, chegou-se a 103 artigos de interesse. Destes foram lidos o título e/ou o resumo os quais foram selecionados os que tinham relação com o tema, totalizando 27 artigos.

Posteriormente, artigos que não apareceram na pesquisa, mas de grande relevância para este trabalho foram adicionados a pesquisa totalizando 32 artigos. Após a leitura dos artigos, buscou-se identificar os direcionadores mais citados e relevantes para a inovação sustentável nas empresas. Os mesmos foram selecionados e descritos na seção Resultados e Discussões.

3. Resultados e Discussão 3.1. Análise Descritiva

Esta seção apresenta a revisão realizada com análise descritiva dos artigos encontrados. Os artigos primeiramente selecionados mostram que há um número relevante de periódicos abordando o tema de Inovação Sustentável, segundo as palavras-chave utilizadas. Segue abaixo um panorama encontrado. A Tabela 1 apresenta a distribuição dos 32 artigos selecionados com os requisitos de pesquisa e a revista que os publicou:

Tabela 1: Distribuição de Artigos por Revista Internacional

Periódico Número de Artigos

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6

Journal of Cleaner Production 14

Ecological Economics 5

Procedia Social and Behavioral Sciences 2

Research Policy 1

Environmental Innovation and Societal Transitions 1

Technological Forecasting & Social Change 1

Technovation 1

Renewable and Sustainable Energy Reviews 1

MDPI Sustainability 1

Renewable and Sustainable Energy Reviews 1

The Academy of Management Executive 1

Wiley Interscience - Business Strategy and the Environment 1

Renewable and Sustainable Energy Reviews 1

Brazilian Business Review 1

Destacam-se a “Journal of Cleaner Production” e a “Ecological Economics”, que juntos contam por 60% das publicações identificadas. Realizou-se também uma análise da evolução das publicações nos 32 artigos selecionados. Verificou-se uma clara concentração das publicações nos anos de 2014, 2015 e 2016 conforme Gráfico 1, o que mostra que o tema é realmente muito atual.

Gráfico 1: Distribuição dos artigos por ano de publicação

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7

3.2. Análise de conteúdo – os direcionadores

A Tabela 2 mostra os direcionadores identificados na revisão bem como os autores que os apontaram. De uma forma ampla, foram identificados dez direcionadores classificados em dois grandes grupos - internos e externos à organização –, que foram citados entre os autores praticamente pela mesma quantidade de autores – 53 internos e 48 externos. Destacam-se os direcionadores Sistemas de Gestão (17 citações), Investimento Direto em P&D (15 citações), Relacionamento com Stakeholders (14 citações), Estratégia de RH (11 citações) e Ambiente Regulatório (11 citações).

Quanto aos autores, apesar de todos apresentarem importante contribuição a esta revisão literária, nota-se que Bossle (2016), Cuerva (2014), Hojnik (2016) e Triguero (2013) citam a maioria dos direcionadores aqui organizados.

Na sequencia são discutidos de forma detalhada cada um dos direcionadores identificados neste trabalho.

Tabela 2*: Número de Citações de Direcionador vs Autor Pesquisado

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8

Autor

Adams , 2015

Anton ioli, 2017

Berry; 1998 Bocken, 2015

Boons, 2013 Bossle, 2016

Brones, 2015 Cheng, 2012

Consta ntini, 2016

Cuerva, 2014 Del Río, 2016

Demirel, 2011 Eryigita, 2015

Fadhilah, 2012 Núm. Fatores Capacidade Direcionador

1 Interno Tecnológica Investimento Direto em P&D 1 1 1 1 1 1 1 1

2 Interno Tecnológica Capital Humano 1 1 1 1

3 Interno Tecnológica Suporte Financeiro 1 1 1

4 Interno Organizacional Sistemas de Gestão 1 1 1 1 1 1 1 1

5 Interno Organizacional Estratégia RH 1 1 1 1 1 1

6 Externo Ambiente Regulatório 1 1 1 1 1 1

7 Externo Fomento Público ou Privado 1 1 1 1 1

8 Externo Demanda de Mercado/Clientes 1 1 1 1 1

9 Externo Relacionamento com Stake Holders 1 1 1 1 1

10 Externo Colaboração com Agentes Externos 1 1 1 1

TOTAL 5 1 1 2 3 10 2 1 3 9 3 6 3 5

Tabela 2: Continuação

Autor

Ghisetti, 2015 Gonlez-Benito,

2006

Hojnik, 2016 Karakaya, 2014

kesidou, 2012 Medeiros, 2014

Przychodzen, 2015 Quitzo

wa, 2014 Roscoe, 2016

Sala, 2015 Santol

aria, 2011 Triguero, 2013

Xu, 2016 TO

TAL

Núm. Fatores Capacidade Direcionador

1 Interno Tecnológica Investimento Direto em P&D 1 1 2 1 1 1 15

2 Interno Tecnológica Capital Humano 1 5

3 Interno Tecnológica Suporte Financeiro 1 1 5

4 Interno Organizacional Sistemas de Gestão 1 2 1 1 1 1 1 1 17

5 Interno Organizacional Estratégia RH 1 1 1 1 1 11

6 Externo Ambiente Regulatório 1 1 1 1 1 11

7 Externo Fomento Público ou Privado 1 1 1 8

8 Externo Demanda de Mercado/Clientes 1 1 1 8

9 Externo Relacionamento com Stake Holders 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14

10 Externo Colaboração com Agentes Externos 1 1 1 7

TOTAL 1 5 9 2 1 4 3 1 1 1 4 9 6 101

*Somente os autores que referenciaram pelo menos um direcionador foram tabulados, totalizando 27 artigos.

3.3. Fatores Internos

3.3.1. Capacidades Tecnológicas

Para responder a frequentes mudanças tecnológicas e menores ciclos de vida de produtos maiores investimentos em inovação sustentável são necessárias para alavancar a competitividade das empresas (BOSSLE et al., 2016). Para se fazer inovação sustentável é necessário ter capacidade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) voltada não somente para inovação, mas também para que os produtos e processos novos tenham impacto ambiental

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9 neutro ou mesmo positivo e com responsabilidade social. Três direcionadores relacionados a estas capacidades foram identificados, conforme a seguir:

 Investimentos Diretos em P&D

Para que as empresas possam inovar é necessário que se tenha uma estrutura interna de P&D, como engenheiros, técnicos ou pesquisadores com especialização para desenvolver tecnologia, novos produtos e processos (BERRY e RONDINELLI, 1998). Estes podem ser ou não voltados ao mercado verde ou ter um impacto ambiental positivo. Mas sem uma estrutura básica de P&D, é muito difícil que haja inovação tecnológica, sustentável ou não.

Em pequenas e médias empresas a existência de recursos de P&D internos geram vantagem competitiva na geração de novos produtos. Assim, recursos de P&D alavancam capacidades tecnológicas e propiciam que empresas com orientações sustentáveis tenham maior sucesso ao inovar (CUERVA et al., 2014).

 Capital Humano

Uma série de estudos nos indicam que a gestão do capital humano é um importante fator que influencia o esforço ambiental nas empresas (FADHILAH e RAMAYAHB, 2012). P&D com baixo ou médio grau de conhecimento ou habilidades são suficientes para se fazer inovações incrementais em produto ou processo. Para que se tenha inovação disruptivas é necessário que haja P&D com alto nível de conhecimento e especialização.

 Suporte Financeiro

A inovação disruptiva base para a inovação sustentável relevante, demanda consistência no aporte financeiro para a manutenção e crescimento dos recursos humanos e laboratoriais.

Testes, prototipagem e testes aplicados demandam investimentos financeiros. O Estado pode promover políticas de fomento e de benefício fiscal que favorecem uma estratégia de P&D de longo prazo nas empresas. Mas estas precisam ter claro em sua estratégia interna o investimento próprio (BOCKEN et al. 2013).

3.3.2. Capacidades Organizacionais

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10

 Sistemas de Gestão

Redução de custos foi uma das motivações mais relevantes encontradas nos artigos identificados (BOSSLE et al., 2016). Atender às exigências regulatórias ou diminuir perdas na produção trazem reduções de custos operacionais via não-aplicação de multas ou pela redução de custo direto pelo menor consumo de matérias-primas (BERRY e RONDINELLI, 1998).

Metas e programas de gestão internos para atingi-las são ferramentas táticas úteis quando estabelecidas a partir de uma estratégia bem definida. Certificações de Gestão da Qualidade, tais como a família ISO 9001 e de Gestão de Meio-Ambiente como a família ISO 14001, ou programas equivalentes com a mesma finalidade, estabelecem uma maneira sistematizada de procedimentos internos que favorecem a organização, eficiência de recursos e minimiza desperdícios e improdutividades (DEL RÍO et al., 2016). Tais sistemas de gestão organizam a empresa e favorecem a inovação sustentável e, portanto, com preocupações em relação ao impacto ambiental dos novos produtos lançados, seja ao final do ciclo de vida do produto, seja na sustentabilidade de fornecimento de matérias-primas, ou seja, no atributo de sustentabilidade que o mesmo vai gerar junto a clientes e consumidores.

 Estratégia de Recursos Humanos:

A área de recursos humanos é uma área de vital importância na empresa para o fortalecimento dos valores da organização e é um direcionador importante para a Eco-inovação (BOSSLE et al., 2016). Normalmente, o código de conduta e metas de sustentabilidade são temas simpáticos a colaboradores e acionistas, mas sem uma estratégia de RH, com programa de treinamentos obrigatórios e conteúdo direcionado, pode haver diferença de aplicação dos temas. A literatura enfatiza a importância do suporte da alta direção através de comunicações internas e externas, deixando explícito a política de sustentabilidade para toda a organização e stakeholders (ADAMS et al., 2015).

O rigor com que a Política de Recursos Humanos é aplicada também promove impacto social positivo nos colaboradores. O respeito aos direitos humanos e à legislação trabalhista, com a total proibição de trabalho escravo ou infantil, e inclusão social, através da contratação de

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11 colaboradores com deficiências também promovem o desenvolvimento econômico e social da comunidade onde a empresa está instalada.

3.4. Fatores Externos

Inovação de produtos ambientalmente sustentáveis depende do desejo dos consumidores em adquirir tais inovações, legislação ambientalmente amigável, incentivos governamentais e campanhas educacionais para a sociedade (MEDEIROS et al., 2014). Descrevemos abaixo os fatores externos.

3.4.1. Ambiente Regulatório

As leis são um importante instrumento para promover a inovação sustentável. Pressões regulatórias aparecem como principal direcionador para a inovação sustentável em um grande número de artigos (BOSSLE et al., 2016). A partir de uma legislação, as empresas têm um conjunto de exigências as serem seguidas o que tem como consequência a existência de regras e procedimentos internos. Não atender às regulamentações governamentais não é mais uma opção para corporações que buscam ser competitivas em mercados internacionais (BERRY e RONDINELLI, 1998). A parte regulatória é um dos direcionadores dominantes para Ecoinovação nas empresas (HOJNIK e RUZZIER, 2016). Aqui começa a preocupação com a Gestão de Ciclo de Vida de Produto, já durante a criação do novo. Inserir informações na embalagem dos componentes do produto para reciclagem é um exemplo, assim como programas públicos que tem a intenção de estabelecer junto aos atores locais a logística reversa e a economia circular. Regulações ambientais promovem investimentos de curto e longo prazo, inovações incrementais e disruptivas em produto e em processos que diminuem poluição e o impacto ambiental negativo (DEMIREL e KESIDOU, 2011).

3.4.2. Fomento Público ou Privado

O investimento privado e o fomento público em inovação são essenciais para se estabelecer uma estratégia consistente de lançamento de novos produtos para as grandes empresas e para a sobrevivência das pequenas e médias. Ao se ter maior segurança financeira, o risco de se manter uma estrutura de laboratórios ou mesmo de tentar comercializar os novos produtos além do portfólio existente são mais aceitos, deixando de ser uma distração e ser uma nova

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12 oportunidade de se aumentar o faturamento. Em relação às startups, pequenas e recém- formadas empresas de alta tecnologia, o papel do “Venture Capital” é vital para trazer não só investimento, mas também a experiência e o mesmo rigor necessários ao desenvolvimento de negócios convencionais, aplicados a negócios “sustentáveis” (BOCKEN, 2015).

3.4.3. Demandas do Mercado e Clientes

A busca incessante do sucesso comercial e menores custos das empresas cria um ambiente contínuo de demandas por novas soluções. A intensidade desta demanda é cada vez maior, fazendo com que as inovações de sucesso tenham um ciclo de vida cada vez menor. A opção de não inovar não existe para as empresas que querem se manter vencedoras e competitivas em seu mercado. O chamado “Market Pull” em Inglês, é um conjunto de fatores que movimentam os departamentos de criação das empresas e é um importante direcionador da Ecoinovação (HOJNIK e RUZZIER, 2016). Estar atentos às atuais e futuras necessidades das empresas e consumidores faz com que a eficiência do processo inovador seja maior.

As macrotendências globais têm conexão direta com a demanda e o desenvolvimento de soluções mais sustentáveis. Podemos citar algumas como exemplos: crescimento da população mundial, desenvolvimento do padrão de consumo dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, escassez de recursos naturais, falta de água potável, envelhecimento da população mundial e conectividade. As ecoinovações têm o potencial de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e emissão de gases prejudiciais ao meio-ambiente em todo o ciclo de vida do eco produto (KARAKAYA e al., 2014). As megatendências são direcionadores para as empresas se prepararem para atuar nesses campos.

3.4.4. Relacionamento com Stakeholders

A evolução da sustentabilidade não é somente devida ao desenvolvimento tecnológico, políticas e economia, mas também relativa à opinião pública (KARAKAYA et al., 2014). A maneira como empresas se engajam com seus stakeholders externos influencia suas iniciativas ambientais. Esses podem ser órgãos reguladores, clientes, fornecedores, competidores, ativistas ambientais e acionistas. Alguns estudos mostram que a pressão dos stakeholders constitui na motivação primária para as empresas adotarem a inovação

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13 sustentável (FADHILAH e RAMAYAHB, 2012). As estratégias podem requerer que as empresas façam uso mais efetivo da inteligência corporativa para definir as novas missões, alinhar os valores da companhia, acelerar treinamentos e educação e modificar o comportamento de toda a organização (BERRY e RONDINELLI, 1998).

3.4.5. Colaboração com Agentes Externos

A parceria com universidades e fornecedores através de contratos formais de co- desenvolvimento, prestação de serviço ou colaboração aberta ajuda a empresas em seus processos de inovação principalmente em campos ou áreas tecnológicas que estas não possuem domínio tecnológico ou conhecimento interno (TRIGUERO et al. 2013).

4. Considerações Finais

A partir da revisão sistemática da literatura sobre direcionadores para a inovação sustentável, conclui-se claramente que os direcionadores podem ser internos e externos. Os direcionadores internos mais relevantes são de origem tecnológica e de gestão de recursos humanos, sendo que o investimento direto em P&D para a primeira origem e sistemas de gestão e gestão de recursos humanos para a segunda são os mais citados. Vários direcionadores externos apresentaram-se nos resultados. Em destaque pode-se citar o ambiente regulatório e o relacionamento com o stakeholder.

A revisão sistemática realizada deixa claro que as mudanças para se ampliar significativamente a inovação sustentável não são simples, mas devem ser sistêmicas, multidimensionais e disruptivas (DEL RÍO et al., 2016). Sustentabilidade é vista como um problema sistêmico com desafios tão complexos que as empresas não conseguem conduzi-la sozinhas (ADAMS et al., 2015). O domínio da implementação do conceito de Ecoinovação é extensivo e tem que ser compreendido através de uma perspectiva Multidimensional (CHENG e SHIU, 2012).

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14 Esta pesquisa foi realizada com amplitude global. Sugere-se como continuidade deste trabalho, pesquisa mais detalhada dos direcionadores para a inovação sustentável em um país ou mesmo em uma microrregião os quais podem ter influências ou pesos diferentes.

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