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Henry Leonardo Lopez Salamanca Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

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XXII Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica SENDI 2016 - 07 a 10 de novembro

Curitiba - PR - Brasil

Henry Leonardo Lopez Salamanca Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento henry@lactec.org.br Luis Ricardo Alfaro Gamboa Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento dilsalvojuanico@gmail.com

Tiago Furlan Aquino Copel Distribuição S.A. tiago.aquino@copel.com

Rafael Terplak Beê Copel Transmissão S.A. rafael.bee@copel.com

Eduardo Kenji Sonoda Copel Transmissão S.A. eduardo.sonoda@copel.com Diogo Biasuz Dahlke Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento diogo@lactec.org.br Vilson Rodrigo Mognon Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento vilson@lactec.org.br

Otavio Mitsuru Shiono Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento otavio.shiono@lactec.org.br Pedro Augustho Biasuz Block Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento pedro.block@lactec.org.br

Alexandre Albarello Costa Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento alexandre.costa@lactec.org.br

Método alternativo para medição da resistência de aterramento de torres em linhas de transmissão de 69 a 500 kV energizadas, empregando a corrente residual do sistema

Palavras-chave

Bobina de Rogowski Corrente de sequência zero Corrente induzida

Potencial na superfície do solo Resistiviadade elétrica do solo Resistência de Aterramento

Resumo

Fontes de corrente de baixa magnitude em alta frequência são utilizadas para medição de resistência de aterramento em torres de transmissão sem a necessidade de desenergização da linha e desconexão de cabos guarda. A forma de onda e a frequência da corrente de terrômetros comerciais são projetadas com objetivo de desacoplar o cabo guarda, e os filtros sintonizados para que a medição não seja influenciada pelo sinal de 60 Hz e de harmônicas próprias do sistema elétrico. O uso desse tipo de fonte tem apresentado resultados interessantes, razão pela qual na norma ABNT NBR 15749, é indicado como um dos métodos alternativos para medição de resistência de aterramento. Porém existem condições tais como a alta resistividade do solo e a avaliação de sistemas de aterramento degradados, que comprometem a confiabilidade dos equipamentos de alta frequência. Neste contexto, o método de medição empregando a corrente residual é apresentado como

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pelos Institutos Lactec e a Copel, no âmbito de projetos de P&D da ANEEL.

1. Introdução

As linhas de transmissão (LTs) devem atender requisitos mínimos de desempenho frente a descargas atmosféricas. Um desses requisitos estabelece o valor limite de resistência de aterramento, definido nos estudos de coordenação de isolamento para garantir a confiabilidade da linha de transmissão. Alguns trabalhos técnicos mostram que a confiabilidade dos cabos para-raios na proteção contra descargas atmosféricas é função da resistência de aterramento da torre. Por exemplo uma resistência de aterramento de 20 Ohm representa uma confiabilidade de 70% em torres de 69 kV e de 90% em torres de 138 kV (Fazrzaneh et al., 2013). Nesse contexto, a medição da resistência de aterramento das torres, no comissionamento e periodicamente é de extrema importância para garantir a confiabilidade da linha.

Convencionalmente a medição de aterramento é feita com injeção de corrente em frequência industrial, no entanto, devido à magnitude de corrente injetada no solo, existe o risco de choque elétrico aos professionais envolvidos nas medições devido aos potencias de superfície e eventual atuação indesejada de proteções elétricas das LTs, demandando assim cuidados especiais para sua execução. Além disso, para garantir que a resistência medida corresponda apenas ao aterramento da torre sob estudo e não ao paralelo desse com os aterramentos de torres adjacentes, é necessária a desconexão do cabo guarda. Dessa forma, métodos convencionais não são utilizados em inspeções periódicas devido aos altos custos envolvidos com desligamento do sistema, complexidade para desconexão dos sistemas de aterramento adjacentes e adoção de procedimentos de segurança para os riscos de choque elétrico inerentes. Por isso, estes métodos restringem-se à etapa de comissionamento.

Fontes de corrente de baixa magnitude em alta frequência vêm sendo utilizadas recentemente para medição de impedância em torres de transmissão sem a necessidade da desconexão do cabo guarda. A forma de onda e a frequência são projetadas para realizar o desacoplamento da torre, e filtros sintonizados são projetados para que a medição não seja influenciada pelo sinal de 60 Hz e de harmônicas próprias do sistema elétrico. O uso desse tipo de fonte tem apresentado resultados importantes (Nonato e Sotille, 2005) razão pela qual ganhou espaço no anexo informativo G da norma ABNT NBR 15749 (2009), como sendo um dos métodos alternativos para medição de resistência de aterramento. Além disso, fabricantes de equipamentos têm utilizado esse tipo de fonte em terrômetros, projetados para medição de resistências de aterramento em torres de linhas de transmissão de energia utilizando correntes com frequências da ordem de dezenas de kHz.

Apesar dos aspectos descritos anteriormente que fazem interessante o uso desse tipo de medidor, existem ainda condições que comprometem o desempenho dos equipamentos de alta frequência e a confiabilidade da medição. Entre essas condições estão a alta resistividade do solo que comporta a torre e a alta resistência de aterramento da própria torre sob ensaio.

Quando o solo que comporta a malha de aterramento da torre sob ensaio apresenta uma alta resistividade elétrica, a injeção de corrente do terrômetro fica limitada pela alta resistência de aterramento do arranjo de eletrodos utilizados para o retorno da corrente, por ser proporcional à resistividade do solo. Como resultado, a magnitude da corrente injetada é tão baixa que compromete a amplitude do sinal de potencial do ensaio afetando a resolução da leitura e no pior dos casos impossibilitando o ensaio.

Outra condição que compromete o desempenho dos terrômetros convencionais, é a condição de alta resistência da malha de aterramento sob estudo. O método de injeção de corrente de alta frequência está fundamentado no desacoplamento do cabo guarda que interliga as malhas de aterramento das torres adjacentes. A forma de onda e a frequência do sinal de corrente de ensaio é projetada para que na maioria dos casos a impedância do cabo guarda seja

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muito maior comparada com a resistência de aterramento sob ensaio, permitindo assim que maior parte da corrente injetada flua para terra através da malha de aterramento sob ensaio e outra parte muito menor pelas torres adjacentes.

Assim o cálculo da resistência é realizado pelo equipamento considerando a corrente total injetada, com erro praticamente nulo.

A afirmação anterior não é válida quando a resistência de aterramento sob ensaio é comparável com a impedância equivalente do cabo guarda e das torres adjacentes. Isto acontece quando a torre foi construída em um solo de alta resistividade ou quando a malha de aterramento da torre está degradada que é o caso de maior interesse para as atividades de manutenção. Assim, o desacoplamento não é efetivo resultando em grandes erros de medição não conservativos, uma vez que o valor medido da resistência de aterramento é muito menor que o real. Ainda podem-se citar outras influências, tais como, circuitos duplos, mais de um cabo guarda, vãos entre torres curtos, que podem afetar o desacoplamento.

Nesse contexto, onde não há um método consolidado para medição de resistência de aterramento de torres de transmisão, e em função da necessidade de ter um método que permita a medição de resistência de aterramento de forma confiável, seguindo procedimentos mais eficientes e minimizando os riscos para as equipes de manutenção, foi proposto o método de corrente residual. Este método é resultado de um projeto de P&D desenvolvido pelos Institutos Lactec, a Copel Geração e Transmissão S.A. e a Copel Distribuição S.A., no âmbito de projetos de P&D do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor Elétrico Brasileiro regulamentado pela ANEEL. Uma pesquisa correlata foi realizada para medição da resistência de aterramento em subestações de 34,5/13,8 kV empregando a corrente de sequência zero do sistema. Em Gamboa et al., (2005) são apresentados os resultados de medição em sete subestações da Copel, mostrando que este método é factível e sua adequação para torres de LTs dependeria apenas de sensores de Rogowski de dimensões adequadas e técnicas de condicionamento de sinal e blindagens apropriadas.

Neste artigo são apresentados alguns aspectos do método proposto, do sistema de medição desenvolvido, e são discutidos os resultados de medição experimentais de linhas de transmissão na região de concessão da Copel.

Pretende-se com este trabalho apresentar uma solução de baixo custo que viabilize a medição de resistência de aterramento de torres de transmissão na maioria de condições reais presentes em campo, e que melhore a eficiência dos procedimentos de manutenção.

2. Desenvolvimento

Nesta seção do trabalho são apresentados os conceitos teóricos do método de corrente residual (MCR), o sistema de medição desenvolvido, descrito brevemente o procedimento de ensaio e apresentados os resultados experimentais de medições realizadas em campo. Em pose desses resultados é realizada uma análise comparativa em relação ao método de alta frequência, método comumente utilizado para medição de resistência de aterramento em instalações energizadas.

2.1. Método da Corrente Residual

O método da corrente residual consiste em calcular a resistência de aterramento da torre em função da corrente que naturalmente está presente no sistema de aterramento da LT e que circula pelos pés da torre, e da tensão resultante dessa circulação de corrente no solo, medida entre a torre e um ponto considerado remoto. Para tanto é necessário que a LT possua cabo guarda e uma corrente residual circulante através de sua estrutura.

Uma vez que é empregada a corrente natural do sistema, não há a necessidade de uma fonte externa de corrente, conforme requerido nos métodos tradicionais. No desenvolvimento deste trabalho, esta corrente é denominada como

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corrente residual e resulta do somatório de duas componentes: a corrente induzida e a corrente de desequilíbrio.

Maiores detalhes desta corrente são explicados no trabalho de Salamanca, et al., (2016) onde via simulações computacionais de uma linha de distribuição de 69 kV na cidade de Curitiba/PR, Brasil, é realizado um estudo dessas componentes.

A medição da corrente residual é realizada na base da torre, e o método requer que essa medição seja realizada simultaneamente em todos os possíveis caminhos em que a corrente flui da torre para o solo, ou vice-versa. Em torres autoportantes pelos pés da torre; e em torres estaiadas pelos estais e pelo mastro da torre. Com o monitoramento simultâneo das correntes, o cálculo da corrente residual pode ser realizado computacionalmente, somando ponto a ponto o valor instantâneo da corrente em cada pé ou estai.

A medição da tensão também na base da torre deve ser realizada simultaneamente com a medição da corrente. Esta é medida entre a torre e um eletrodo remoto. A medição da corrente, da tensão e o cálculo da resistência deve ser realizado em cada ponto de uma curva de resistência em função da distância com relação à torre sob ensaio, onde o patamar dessa curva corresponde à resistência da malha de aterramento da torre. A distância mínima à qual o eletrodo de potencial deve ser deslocado para garantir que a curva de resistência atingiu o patamar é determinada com o conceito do raio do hemisfério equivalente (Elek, 1962).

Para viabilizar a medição de resistência de aterramento com o método proposto, foi desenvolvido um sistema de medição que permitiu o registro dos sinais de tensão e de corrente simultaneamente, com uma taxa de amostragem e uma resolução capaz de reproduzir fielmente as formas de onda dos sinais, dentro de uma faixa de magnitude característica e minimizando os efeitos de ruído eletromagnético externo. Na próxima subseção são apresentadas algumas características do sistema de medição. Maiores detalhes deste sistema podem ser encontrados em Lopez- Salamanca, et al., (2016).

2.2. Sistema de medição desenvolvido

O sistema de medição desenvolvido é constituído pelos seguintes elementos:

Medidor de corrente. Foram utilizados dois tipos de sensores, transdutores de corrente com núcleo magnético e bobinas de Rogowski. Transdutores de corrente AEMC modelo SR759 com núcleo magnético de relação 1 mV/mA e largura de banda de 500 Hz permitiram a medição de torres estaiadas. Bobinas de Rogowski AEMC de 5 metros de comprimento foram utilizadas para medição da corrente nos pés de torres autoportantes e no mastro das torres estaiadas. Para cada bobina de Rogowski foi utilizado um circuito eletrônico para amplificação e filtragem do sinal de tensão de saída da bobina, cuja relação tensão/corrente total pode ser selecionada entre 50 µV/mA e 5 mV/mA. Para cálculo da corrente equivalente a partir do sinal de tensão na saída dos sensores, foram utilizados dois módulos de entrada analógica modelo NI9238 da National Instruments de + 500 mV, resolução 24 bits e 50 kS/s.

Medidor de tensão. Para medição de tensão foi utilizado um módulo NI 9239 de +10 V resolução 24 bits e 50 kS/s. Um divisor de tensão de relação 50:1 foi desenvolvido para evitar saturação nos canais no caso de tensões maiores de 10 V pico.

Cálculo da Resistência de Aterramento. Para o cálculo da resistência de aterramento a partir das formas de onda de tensão e corrente é necessário realizar uma análise preliminar que permita verificar que a tensão da torre é devido à corrente residual. Uma análise comparativa do espectro harmônico dos dois sinais é feita verificando a semelhança entre os dois espectros. Além disso, considerando que a principal componente da impedância de aterramento em 60 Hz é a componente resistiva (Visacro S. et al, 2012), a tensão deve estar em fase como a corrente residual. A resistência de aterramento é calculada como a relação entre o valor eficaz do sinal de tensão e o valor eficaz do sinal da corrente

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residual, R = Vrms / Irms. Foi desenvolvido um programa computacional, o qual a partir das formas de onda de tensão e das correntes, realiza as análises anteriormente citadas, e o cálculo da resistência de aterramento.

2.3 Resultados de Medição

No desenvolvimento do projeto, foram realizadas medições em torres estaiadas e autoportantes de 69 kV a 500 kV, considerando solos de baixa, alta e média resistividade. Neste trabalho são apresentados os resultados das medições utilizando o método proposto e são comparados como os resultados obtidos com o método de alta frequência, para três torres: duas estaidas e uma autoportantes. Na tabela 1 são apresentados os dados dessas torres.

Tabela 1 – Informação das torres de transmissão analisadas

O valor de corrente residual apresentado na Tabela 1, corresponde ao valor médio da corrente eficaz registrada através da estrutura. Destacando que o valor de corrente permaneceu praticamente constante durante todo o ensaio.

A seguir são apresentados os resultados de medição de cada torre sob estudo. Nos resultados são apresentadas a curva de resistência em função da distância, as formas de onda de tensão (verde), corrente (azul) e os espectros harmônicos da corrente residual e da tensão respectivamente para o MCR. As formas de onda foram registradas em um ponto específico da curva de resistência, destacando que os espectros harmônicos da tensão e da corrente não variaram durante o ensaio.

JGI BTA 296

Na Figura 1 são apresentados os resultados da medição na torre estaiada JGI BTA 296 de 230 kV. Para medição da corrente residual foram usados quatro sensores de núcleo magnético AEMC SR 759. Na medição não foi considerada a corrente no mastro da torre uma vez que sua magnitude era de apenas 5% da corrente total na estrutura. O eletrodo do potencial foi deslocado na direção 45° em relação ao eixo da linha até a distância de 130 m, distância onde observa-se o patamar da curva. A resistência de aterramento da torre calculada usando o MCR é de 76 Ohm. Esse valor de resistência supera o valor máximo de 20 Ohm estabelecido pela Copel Transmissão S.A para a resistência de aterramento de torres de transmissão de 230 kV. Esse valor alto pode ser explicado pela resistividade do solo que comporta a torre. O método de Wenner mostrou uma estratificação em duas camadas de r1 = 2.500 Ohm.m, r2 = 13.500 Ohm.m, com h = 10 m.

Na curva de resistência em função da distância observa-se que aproximadamente a 15 m o potencial diminui e o seu valor é próximo ao valor de tensão medido no centro da linha. Esta variação no perfil de potencial é indicio da presença de contrapeso enterrado no solo, embaixo do ponto de medição. Na Figura 1 são apresentadas também as formas de onda da tensão e da corrente considerando um período de 100 ms. Observa-se que a forma de onda da tensão é praticamente similar à da corrente e que estão em fase. A análise qualitativa destas ondas, indica que a tensão é resultante da corrente e que a impedância da torre é puramente resistiva conforme esperado (Visacro e Alipio, 2012) para essa frequência. Uma análise mais aprofundada é realizada comparando o espectro harmônico dos dois sinais.

Analisando a corrente observa-se que a maior componente é a componente de 60 Hz, existindo componentes ímpares significativas de 3ª, 5ª, 7ª e 9ª. A tensão apresenta um espectro harmônico similar, corroborando o fato de ser resultante da corrente, porém, apresenta uma componente de 0 Hz, que corresponde a uma componente de corrente continua (CC). Possivelmente essa componente CC exista também no sinal de corrente, mas não foi possível medi-la uma vez

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que os sensores de corrente se baseiam no princípio de indução. Para o cálculo da resistência, a componente CC da tensão foi filtrada e o valor calculado a partir do valor eficaz do sinal de tensão resultante e do sinal de corrente original.

Figura 1 – Resultados de medição da torre JGI BTA 296.

JGI BTA 297

Na Figura 2 são apresentados os resultados da medição na torre estaiada JGI BTA 297 de 230 kV. Nesta torre foi realizada uma análise comparando os resultados de medição do método de alta frequência (MAF) com os resultados de medição do método de corrente residual (MCR).

Para o método de alta frequência foi usado o terrômetro Megrabrás TM-25m. Este terrômetro injeta uma corrente de 25 kHz com valor nominal de 20 mA. O valor de corrente pode ser inferior ao seu valor nominal dependendo da resistência equivalente do circuito de corrente, considerando a resistência sob estudo, a resistência do cabo de corrente e a resistência do eletrodo remoto de corrente. Para solos de alta resistividade, considerando eletrodos de dimensões padrão fornecidos com equipamentos comerciais, resistências de aterramento da ordem de dezenas de kOhm limitam a corrente a valores inferiores a 20 mA que comprometem a confiabilidade da medição. Durante a medição, o terrômetro apresenta dois valores o valor de resistência sem compensação e o valor de resistência com compensação. O valor de resistência sem compensação corresponde ao valor de impedância total da malha de aterramento considerando a frequência de 25 kHz, já o valor compensado corresponde, em teoria, à componente resistiva da impedância, quer dizer à resistência de aterramento da malha, conforme manual do equipamento.

A torre JGI BTA 297 é uma torre do tipo autoportante razão pela qual foi necessário o uso de quatro conjuntos bobina de Rogowski e circuito de amplificação e filtragem. Neste caso, devido a que próximo ao patamar o valor de tensão é maior que o limite de tensão do módulo NI9239, foi necessário o uso de o divisor de tensão de relação 50:1.

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Comparando a curva de resistência em função da distância observa-se que o valor obtido com o MCR é maior que o obtido com o MAF (valor que corresponde à resistência sem compensação mostrada pelo terrômetro Megabrás TM- 25m). O valor de resistência no patamar com o MCR foi da ordem de 80 Ohm enquanto que o do MAF foi de 20 Ohm, aproximadamente quatro vezes maior.

Com os dados de resistividade medidos e as dimensões da malha, a resistência obtida por simulação computacional foi de 75 Ohm. Com esse resultado observa-se uma menor diferença entre o valor simulado e o valor medido com o MCR, quando comparado com o MAF.

Usando a formulação baseada na teoria de circuitos, descrita em CIGRE, (2005) foi calculada de forma estimada o percentual da corrente de 25 kHz desviada para as torres adjacentes. Nesse cálculo além do vão médio e do número de cabos guarda, é necessário conhecer a resistência e indutância por quilómetro do cabo guarda. Nesta formulação são adotadas simplificações tais como: vãos de mesmo comprimento, torres de mesma resistência de aterramento.

Considerando que a linha possui dois cabos guarda com diâmetro de 147 mm2 e vão médio de 280 m, e que a resistência de aterramento das torres é igual ao valor simulado (75 Ohm), foi estimado que 60% da corrente do equipamento é desviada para as torres adjacentes. Com esta estimativa o valor medido pelo MAF pode ser corregido, dando como resultado um valor estimado de 50 Ohm. Com este valor estimado é possível melhorar o resultado obtido com o método de alta frequência, porém devido às simplificações da formulação, mesmo com a correção não se chega ao valor simulado ou medido pelo MRC.

Em relação aos sinais de tensão e de corrente registrados com o MCR observa-se que as formas de onda são similares e que estão em fase, pelo que a tensão é produto da corrente residual e a resistência da malha de aterramento. Isto é corroborado comparando os espectros harmônicos dos sinais, onde as componentes harmônicas mais significativas além da fundamental de 60 Hz, são as de 3ª, 7ª e 9ª ordem. Isto tanto para a corrente quanto para a tensão. Como no caso da torre JGI BTA 296, também foi verificada a existência de uma componente CC na tensão.

Figura 2 – Resultados torre JGI BTA 297.

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MUA JGI 249

Na Figura 3 são apresentados os resultados da medição na torre estaiada MUA JGI 249 de 230 kV. Nesta torre foi realizada uma análise comparando os resultados de medição do MCR com os resultados de medição do MAF, onde foi utilizado o terrômetro Megrabrás TM-25 m.

Comparando a curva de resistência em função da distância observa-se que o valor obtido com o MCR é aproximadamente igual ao MAF. O valor de resistência no patamar com ambos os métodos foi da ordem de 6,5 Ohm.

De forma semelhante à análise realizada na torre JGI BTA 297 foi estimada a corrente desviada para as torres adjacentes quando usado o MAF. Considerando que a linha possui dois cabos guarda com diâmetro de 147 mm2 e vão médio de 247 m, e que a resistência de aterramento das torres é igual a 9 Ohm (valor de projeto), foi estimado que 25%

da corrente do equipamento é desviada para as torres adjacentes. Com esta estimativa o valor medido pelo MAF pode ser corregido, dando como resultado um valor estimado de 8,5 Ohm. A diferença entre o valor corregido do MAF e o valor medido pelos dois métodos, pode ser atribuído a simplificações adotadas no cálculo.

Em relação aos sinais de tensão e de corrente registrados com o MCR observa-se que as formas de onda são similares e que estão em fase, pelo que a tensão é produto da corrente residual e a resistência da malha de aterramento. Isto é corroborado comparando os espectros harmônicos dos sinais, onde as componentes harmônicas mais significativas além da fundamental de 60 Hz, são as de 3ª, 7ª e 9ª ordem. Isto tanto para a corrente quanto para tensão. Na tensão igual que no caso da torre MUA JGI 249 também foi verificada a existência de uma componente CC.

Figura 3 – Resultados torre MAU JGI 249.

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3. Conclusões

Este trabalho apresentou uma metodologia que permite medir e inspecionar o valor da resistência de aterramento de pés-de-torres em linhas de transmissão energizadas, sem desconexão de cabos guarda, de forma rápida e confiável – portanto mais segura –, com o emprego da corrente residual, normalmente presente neste tipo de aterramento.

A metodologia desenvolvida dispensa o emprego de uma fonte de corrente tornando desnecessário o uso de eletrodo(s) auxiliare(s) e cabo de corrente normalmente empregados.

O registro simultâneo das formas de onda da corrente residual e da tensão permitiu validar o método empregado, uma vez que pode discriminar a influência de ruídos provenientes de outras fontes.

O emprego de Bobinas de Rogowski como transdutores de corrente residual foi validado. Para compensar o ganho limitado de transdutores deste tipo (para baixas magnitudes e frequências envolvidas) foi necessário o uso de técnicas especiais de amplificação, filtragem e blindagem dos sinais.

Conforme apresentado nesse estudo, metodologias comerciais podem apresentar um desempenho insatisfatório em condições adversas, tais como, valores elevados de resistência de pé de torre, vãos com cabos guarda duplos e/ou curtos, prejudicando o desacoplamento, e problemas de injeção de corrente em solos de alta resistividade.

Para estudos de coordenação de isolamento e otimização de alocação de PRs em LTs, este método propicia obter um maior conjunto de dados, uma vez que, seu tempo de execução é menor e também leituras mais confiáveis, uma vez que, justamente onde ocorrem problemas desta natureza os solos possuem alta resistividade prejudicando a leitura através dos métodos comerciais.

Na continuação deste estudo será utilizada a informação da circulação da corrente residual com vistas a um melhor mapeamento e detalhamento dos potenciais de superfície no entorno da torre, identificando de forma mais precisa condições de segurança de toque e de passo, em regime. Este detalhamento também poderá permitir simplificar a obtenção da resistência de aterramento da torre, assim como melhor entendimento da influência de objetos metálicos enterrados nas proximidades, estratificações de solos especiais e contrapeso contínuo.

Agradecimentos

Este trabalho é resultado do projeto de P&D PD 6491-0231/2011 intitulado "Método para medição de impedância de aterrametno de torres em linhas de transmissão de 69 a 500 kV em operação, empregando a corrente residual em 60 Hz", referente ao Programa de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor Elétrico Brasileiro regulamentado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).

4. Referências bibliográficas

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G. Nonato e C. Sotille, “Protótipo de Medição de Malha de Terra em Subestações Energizadas”, in XVIII SNPTEE

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Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Curitiba, Out. 2005.

H. L. Salamanca, P. B. Block, D. B. Dahlke, L. A. Gamboa, R. Bee, and A. Tiago, “Residual Current Method of Grounding Resistance Measurement in Transmissions Towers with Earth Wire – Part 1 : Study of Residual Current in Transmission,”

in IEEE PES Transmission & Distribution Conference & Exposition. 2016.

H. López-Salamanca, D. B. Dahlke, L. Alfaro-Gamboa, O. Mitsuru Shiono, P. B. Block, A. Costa, E. Kenji-Sonoda, R.

Terplak Bee, “Residual Current Method of Grounding Resistance Measurement in Transmissions Towers with Earth Wire – Part 2: Measurement system, experimental results and comparative study,” in Ground 2016 & 7th LPE. Porto de Galinhas, Brazil. 2016.

L. Gamboa, J. Silva, C. Ribas, “ Medição da resistência de malhas de terra energizadas, em SES 34,5/13,8 kV e obtenção da resistividade de solos de SEs, em laboratorio” in XVIII SNPTEE Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica. Curitiba, Brasil. 2005.

Visacro Silverio, Alipio Rafael. Frequency Dependence of Soil Parameters: Experimental Results, Predicting Formula and Influence on the Lightning Response of Grounding Electrodes. IEEE TRANSACTIONS ON POWER DELIVERY, VOL.

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