FORMANDO PROFESSORES DE HISTÓRIA EM PERNAMBUCO: O
CURRÍCULO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE HISTÓRIA
NAS INSTITUIÇÕES DO RECIFE DE 2000 A 2012.
ALEXSANDRA SANTOS∗
RICARDO DE AGUIAR PACHECO∗∗
BRUNO MELO DE ARAÚJO∗∗∗
Resumo
Na atualidade a educaçãovem passando por diversos processos avaliativos, dentre este as instituições formadoras de professores. Com esse olhar, estaremos analisando a Legislação Oficial CNE/MEC, as Diretrizes Curriculares Nacionais, em contraponto as Matrizes Curriculares e os Planos Pedagógicos Curriculares – PPC – das instituições formadoras de professores em História em Recife, Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE e Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. No período de 2000-2012, devido ao profundo debatesobre a formação dos professores de História e a queda do conceito dos Cursos de Licenciatura em História das instituições analisadas. Utilizaremos como base as análises teóricas e as reflexões de Luis Fernando Cerri (2009), Margarida Oliveira (2012), Ricardo de Aguiar Pacheco (2010) e Tomaz Tadeu da Silva (2001) e Zygmunt Bauman (2002). Este trabalho é parte das pesquisas realizadas pelo Observatório do Ensino de História em Pernambuco (OBEHPE)1, financiado pela Capes, tendo como finalidade analisar os diferentes currículos de Ensino de História e a adequação destes a legislação oficial.
Palavras-chave: Currículo; Ensino Superior; Formação de Professor. Introdução
A educação brasileira na contemporaneidade é objeto de discursão em seus diversos níveis, principalmente no que se refere ao currículo para a formação de professores. Devido
∗ Graduanda em História UFRPE, Bolsista Capes.
∗∗ Dr. em História, orientador do plano de trabalho, Prof. do PPGH UFRPE, Bolsista Capes. ∗∗∗ Mestre em História UFRPE
as constantes mudanças sociais e dinamicidade dos conhecimentos e tecnologias, a educação formal passa a ser responsável por formar um ser social adequando-o a um determinado ambiente. Segundo Ricardo de Aguiar Pacheco,
No mundo contemporâneo marcado pela radicalização do processo de globalização mudaram as dinâmicas sociais e os saberes imprescindíveis para viver e agir de forma autônoma e consciente na sociedade da informação, mas a responsabilidade da educação formal continua sendo a de preparar as jovens gerações para a vida na sociedade do seu tempo. (PACHECO, 2010).
Um mundo onde as mudanças ocorrem aceleradamente, não é compreendido um projeto de educação fixo, inerte, sólido, pois este não resistira as rápidas transformações que se apresentam na contemporâneo.
Sobre esta educação fluída o sociólogo Zygmunt Bauman, se interroga,
Por que, então, o conjunto de conhecimentos obtidos, durante a estadia na escola e no colégio, deveria fugir à regra universal? No torvelinho da mudança, o conhecimento serve para uso imediato e único; conhecimento pronto-para-o-uso e imediatamente disponível, do tipo prometido pelos programas de software, que entram e saem das prateleiras das lojas em uma sucessão sempre acelerada, parece muito mais atraente. (BAUMAN, 2002, p. 49).
Em decorrência a dinamicidade das coisas as instituições sociais não podem e/ou não conseguem permanecer com a mesma forma por um longo período,modificando-se na medida em que são criadas novas políticas, novos modelos, novas formas, até mesmo novos métodos de ensino, que estão sempre se reformulando permanentemente “no nosso mundo volátil de mudanças instantâneas e erráticas” (BAUMAN,2002, p. 51).
A pós modernidade na influência de formar significativa o processo de elaboração curricular, aponta dentro do seu contexto de estudos conceitos relevantes a visão crítica do currículo.
Sendo o currículo praticado as ações pedagógicas e os conteúdos aplicados em sala de aula, e o currículo prescrito o resultado dos diversos processos históricos, estabelecido pelo estado, instaurando conhecimentos, valores e verdades, repassando uma compreensão de vida e visão de mundo, caracterizando assim o currículo um campo de disputa de poder. Como processo histórico, o currículo passa por influências e modificações, segundo Tomás Tadeu da Silva,
O currículo tem significados que vão além daqueles aos quais as teorias tradicionais nos confinaram. O currículo é lugar, espaço, território. O currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no currículo se forja nossa identidade. O currículo é texto, discurso, documento. O currículo é documento de identidade. (SILVA, 2001).
Temos para Veiga Neto um currículo que forma,
Um sujeito flexível é diferente; ele é permanentemente tático. Por isso, na busca de maior eficácia para atingir seus objetivos, os sujeitos flexível apresenta comportamento adaptativos e está sempre preparado para mudar de rumo, de modo a enfrentar melhor as mudanças. [...] a flexibilidade por ser adaptativa, manhosa, é da ordem da liquidez pós- moderna. (VEIGA NETO,2008, apud
ALMEIDA, 2009).
Os currículos apresentados na pós-modernidade questiona e amplia o legado deixa pela modernidade. Somente um currículo plural e fluido e capaz de oferecer e suprir as necessidades do mundo liquido, de múltiplos significados, ocorrendo agora para Bauman apud Almeida, “a promoção da liberdade, da diferença e da solidariedade (com o estranho)”. (ALMEIDA, 2009, grifos do autor).
Diversos estudos, na área de educação, vêm sendo realizados desde 2000, sobre a aproximação e a relação dos saberes histórico e as práticas pedagógicas, nas instituições de ensino superior formadoras de professores.
Nestes estudos percebemos debates em torno das Diretrizes Curriculares Nacionais, que nos mostra o afastamento das Matrizes Curriculares e dos Planos Pedagógicos Curriculares – PPC- das recomendações sugeridas pelasDiretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores.
Luis Fernando Cerri nos alerta em relação aos cursos de Bacharelado e Licenciatura em História, “os currículos deveriam ser os mais próximos possíveis, estruturados pela lógica de suas respectivas ciências referenciais”. (CERRI,2009). Esta aproximação ocorre nos curso de forma fragmenta, quase que inexistente, principalmente quando analisamos as licenciaturas.
A legislação sofre modificações para uma melhor formação do professor inicialmente, com as Diretrizes Curriculares Nacionais de História (CNE/CES 492/2001), ocorrendo posteriores adições com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de professores da Educação Básica (CNE/CP 01/2002), ambas que resultaram em documentos que sofreram embates nos diversos níveis da Educação, do federal ao local, do teórico ao político e dividiram os envolvidos.
Estudos sobre o currículo de história
Nosso estudo tem como objetivo fazer a análise comparativa entre os Parâmetros Curriculares Nacionais e as matrizes curriculares das instituições formadoras de professores em história em Recife, Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE e Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, de 2000 a 2012.
Para isso faremos o levantamento da Documentação Oficial CNE/MEC - leis, pareceres e resoluções; o levantamento dos Planos Pedagógicos Curriculares (PPC)das instituições – UNICAP, UFRPE e UFPE;ponderaremos as mudança ocorridas na Legislação Oficial Nacional CNE/MECno período estudado – 2000 a 2012;verificaremos as mudanças nosPlanos Pedagógicos Curriculares (PPC) das instituições no período estudado- 2000 a 2012; e por fim realizaremosuma análise comparativa entre a Legislação Oficial Nacional CNE/MECe os Planos Pedagógicos Curriculares (PPC) das instituições - UNICAP, UFRPE e UFPE.
Uma pesquisa científica necessita de um instrumento de idealização, que consistena elaboração das etapas de construção do conhecimento, o projeto de pesquisa cabe adequadamente para esta proposta de trabalho. Segundo José D’Assunção Barros, projeto de pesquisa“[...] é uma proposta de realizar algo, é um roteiro, um instrumento de planejamento, [...] é um instrumento flexível,[...] é instrumento precioso para pesquisa científica”. (BARROS, 2011).Um projeto de pesquisa é umaferramenta para elaboração e estruturação de ideias, ocorrendo o amadurecimento no decorre do processo de pesquisa, sendo construído a cada momento pelo próprio pesquisador.
Realizaremos uma análise minuciosa da Documentação oficial (Diretrizes, Pareceres, Resoluções e Leis) que dimensionam o campo de trabalho do licenciado, as práticas e os saberes.
Leitura e análise dos Planos Pedagógico Curriculares do curso de História das instituições de ensino superior do Recife - UNICAP, UFRPE e UFPE. Sendo necessário promover um confronto entre os dados e as informações coletadas sobre o assunto, relacionando-os com os conhecimentos teóricos incluídosna problemática.
A partir da análise dos Documentos Oficiais Nacionais e dos Planos Pedagógicos Curriculares das instituições analisadas,averiguaremos ao término da pesquisaas formas de adequação das instituições de ensino superior analisadas em relação a LegislaçãoNacional para a educação e formação de professores CNE/MEC e como estão sendo formados os professores de história na cidade do Recife.
Bibliografia
ALMEIDA, Felipe Quintão de.Bauman & a Educação. Belo Horizonte; Autêntica Editora, 2009. – (Coleção Pensadores & Educação).
BRASIL. Ministério da Educação–Proposta de Diretrizes para a Formação de
Professores da Educação Básica em Nível Superior. Brasília, Maio de 2000.
_________.Parecer n. CNE/CP 9/2001.Publicado no Diário Oficial da União em 18 de janeiro de 2002, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/009.pdf.
_________. Parecer n. CNE/CP 28/2001. Aprovado em 02 de outubro de 2001. Dá nova redação ao Parecer CNE/CP 9/2001, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em Cursos de Nível Superior. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/028.pdf.
BARROS, José D’Assunção. O Projeto de Pesquisa em História. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.
BAUMAN, Zygmunt. Desafios educacionais da modernidade líquida. Revista Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n.148, p. 41–58. Jan./Mar. 2002.
CERRI, Luis Fernando. Da metalurgia legislativa das diretrizes curriculares nacionais à
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SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do
