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Protocolo de Enfermagem para consulta de puericultura

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Academic year: 2018

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Protocolo de Enfermagem para consulta de puericultura

Development of a Nursing protocol for childcare consultations

Protocolo de Enfermería para consulta de puericultura

Fabiane do Amaral Gubert1, Daisyanne Augusto dos Sales Santos1, Maria Talyta Mota Pinheiro1, Larissa Ludmila Monteiro de Souza Brito1, Sarah Rayssa Cordeiro Sales Pinheiro1, Mariana Cavalcante Martins1

Objetivo: apresentar um protocolo de Enfermagem para consulta de puericultura, baseado no Modelo de Enfermagem de Roper-Logan-Tierney. Método: para sua construção, realizaram-se: revisão de literatura, seleção e leituras dos documentos relevantes na área de saúde da criança. Resultados: desenvolvido a elaboração textual do protocolo, dividida em cinco capítulos de acordo com os marcos do crescimento e desenvolvimento do lactente; inserção das variáveis – questões do protocolo, dispostas segundo as atividades de vida propostas no modelo de Enfermagem; e avaliação do conteúdo realizada por nove peritos utilizando o Índice de Validade de Conteúdo, tendo a maioria dos itens índice superior a 0,80. Conclusão: o protocolo produzido mostrou-se útil para nortear a assistência de Enfermagem em puericultura, possibilitando um cuidado padronizado e direcionado à atenção integral da saúde da criança em seus primeiros meses de vida.

Descritores: Saúde da Criança; Avaliação em Enfermagem; Enfermagem; Cuidado da Criança.

Objective: to present a Nursing protocol for childcare consultations based on the Nursing Model of Roper-Logan-Tierney.

Methods: for its development, the following items were carried out: literature review, selection and reading of materials considered important in the area of children’s health. Results: it was carry out the textual development of the protocol

divided into five chapters, according to milestones of the infant’s growth and development; inclusion of variables –

protocol questions, separated according to life activities recommended in the Nursing model; and content evaluation by nine investigators using the Content Validity Index, with most items presenting an index greater than 0.80. Conclusion:

the produced protocol is relevant to support childcare Nursing consultations, enabling standardized directed care and

comprehensive care of children’s health in their first months of life.

Descriptors:Child Health; Nursing Assessment; Nursing; Child Care.

Objetivo: presentar un protocolo de Enfermería para consulta de puericultura, basado en el Modelo de Enfermería de Roper-Logan-Tierney. Método: para construir el protocolo, se realizaron: revisión de la literatura, selección y lectura de los documentos relevantes para el área de salud del niño. Resultados: el desarrollo textual del protocolo, dividido en cinco capítulos según los marcos del crecimiento y desarrollo del lactante; inserción de las variables – cuestiones del protocolo, dispuestas de acuerdo con las actividades de vida propuestas en el modelo de Enfermería; y evaluación del contenido por nove investigadores a través del Índice de Validez de Contenido, con la mayoría de los artículos superior al 0,80. Conclusión:

el protocolo producido se señaló como útil para orientar la atención de Enfermería en puericultura, lo que permite atención estandarizada y dirigida a la atención integral de la salud de niños en sus primeros meses de vida.

Descriptores: Salud del Niño; Evaluación en Enfermería; Enfermería; Cuidado del Niño.

1Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, CE, Brasil.

Autor correspondente: Fabiane do Amaral Gubert

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Introdução

A infância é um período em que se desenvolve grande parte das potencialidades do ser humano. No entanto, os distúrbios que incidem nessa época, prin-cipalmente durante os primeiros anos, são responsá-veis por graves consequências para os indivíduos e comunidades. Tecnologias de cuidado e de educação em saúde vêm sendo exploradas a fim de garantir e manter a qualidade de vida dessa população(1).

A assistência à criança no Brasil tem se basea-do nas premissas da promoção da saúde, prevenção, diagnóstico precoce e recuperação dos agravos na in-fância, em conjunto ao acompanhamento programado do crescimento e desenvolvimento. Essas ações são complementadas por atividades de controle das do-enças prevalentes, e pelas ações básicas, como o estí-mulo ao aleitamento materno, orientação alimentar e imunizações. Elas contribuem também para a promo-ção da qualidade de vida, tornando-se imprescindível o esforço conjunto da família, da equipe e das diversas organizações, governamentais ou não(2).

Dentre as áreas atuais de cuidado à saúde na Estratégia Saúde da Família, um dos instrumentos utilizados para o acompanhamento da saúde das crianças é o Programa de Puericultura, que tem como propósito acompanhar o crescimento e o desenvol-vimento; orientar sobre prevenção de acidentes de acordo com a faixa etária; avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor; identificar dúvidas e dificuldades da mãe e de outros membros da família, procurando esclarecê-las; observar a cobertura vacinal; estimular a prática do aleitamento materno; orientar a introdu-ção da alimentaintrodu-ção complementar; e prevenir as do-enças que mais frequentemente acometem as crianças no primeiro ano de vida, como a diarreia e as infec-ções respiratórias(3).

Protocolos em saúde são considerados tecno-logias que funcionam como ferramentas importan-tes para o enfrentamento de diversos problemas na assistência e na gestão dos serviços. Eles devem ser guiados por diretrizes de natureza técnica,

organiza-cional e política, e têm como fundamentação estudos validados pelos pressupostos das evidências científi -cas, sendo elaborados por profissionais experientes e especialistas em uma área, e que servem para orientar fluxos, condutas e procedimentos clínicos dos traba -lhadores dos serviços de saúde(4).

Assim, para o cuidado ao lactente na Enferma-gem pediátrica, considerando suas especificidades de adaptação à vida extrauterina e a necessidades biopsi-cossociais, o Modelo de Enfermagem de Roper-Logan--Tierney pode promover uma prática de Enfermagem fundamentada em estruturas conceituais, consideran-do que é possível consolidar uma relação mais efetiva e afetiva junto ao usuário, e aprimorar os conhecimen-tos de modelos teóricos de Enfermagem, pelo fato de ampliar a visão e a dimensão multifacetada do ser hu-mano, em seu universo de vivências e experiências(5-6).

Nesse contexto, surgiu a necessidade de desenvolver um protocolo baseado no Modelo de Enfermagem de Roper-Logan-Tierney, que apresenta grande relevância no campo estudado, visto que deve possibilitar ao enfermeiro um melhor acompanhamento durante as consultas de puericultura, com base em um modelo próprio da Enfermagem, permitindo realizar um cuidado com maior autonomia e desenvolver ações direcionadas à atenção integral da saúde da criança em seus primeiros meses de vida. Assim, o objetivo do estudo foi apresentar um protocolo para desenvolver a consulta de Enfermagem em puericultura, baseado no Modelo de Atividade de Vida de Roper-Logan-Tierney.

Método

Trata-se de uma pesquisa metodológica que, por sua finalidade de desenvolver e validar instru -mentos, envolveu investigação de métodos de obten-ção e organizaobten-ção de dados, e conduobten-ção de pesquisas rigorosas(7).

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possui média mensal de 100 atendimentos realizados por enfermeiros e, destes, cerca de 300 crianças são cadastradas atualmente no serviço.

A realização das consultas de Enfermagem nesse cenário conta com instrumento baseado nas 12 Atividades de Vida, proposto pelo Modelo de En-fermagem(8): (1) ambiente seguro; (2) comunicar; (3) respirar; (4) comer e beber; (5) eliminar; (6) cuidar da higiene pessoal e vestir-se; (7) controlar a tem-peratura do corpo; (8) mobilizar-se; (9) trabalhar e distrair-se; (10) exprimir sexualidade; (11) dormir; e (12) morrer.

O instrumento utilizado no serviço, além de contar com os 12 itens descritos anteriormente, con-templou ainda medidas antropométricas, ganho pon-deral, e exame físico e cognitivo do lactente. A partir dessas atividades e do instrumento já utilizado no serviço, foi construído o protocolo, objeto deste estu-do, considerando como referencial teórico(8) o Modelo de Enfermagem. É importante destacar que as Ativi-dades de Vida se dividem em cinco grupos de fatores: biológicos, psicológicos, socioculturais, ambientais e político-econômicos. Tais fatores estão intimamente relacionados à duração da vida nas fases de desenvol-vimento na infância.

Código Nome do protocolo Local/ano Características Profissionais envolvidos

1 Cartilha de puericultura São Paulo/2004 0 a 12 meses Médico pediatra e enfermeiro

2 Atenção à saúde da criança Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais/2005 0 a 5 anos Equipe multiprofissional

3 A atenção à saúde da criança de zero a cinco anos de idade Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre/2004 0 a 5 anos Equipe multiprofissional

4

Saúde da criança e do adolescente: crescimento, desenvolvimento e alimentação

Belo Horizonte/2008 0 a 5 anos Médicos pediatras e enfermeiro

5 Linha de cuidado da atenção

integral à saúde da criança Rio de Janeiro/2010 0 a 10 anos Equipe multiprofissional

6 Manual de puericultura Faculdade de Medicina do

ABC/2004 0 a 19 anos

Professores, colaboradores da Faculdade de Medicina do ABC e enfermeiros

7 Protocolo de ação para assistência de enfermagem Secretaria Municipal de Saúde de Campinas/2008

0 a 2 anos. Porém destaca todas as etapas do ciclo vital

Equipe de Enfermagem

8 Protocolo de enfermagem em

atenção à saúde de Goiás Goiânia/2010 0 a 5 anos Equipe de enfermeiros

9

Puericultura: condutas para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças de zero a dois anos nas consultas de enfermagem

Recife/2010 0 a 2 anos Equipe de Enfermagem

Figura 1 - Protocolos identificados no estudo

Para construção do protocolo, o estudo con-tou com as seguintes etapas, a saber: Etapa 1 - Le-vantamento e Seleção do Conteúdo: primeiramente, foi realizada busca na literatura, a fim de identificar materiais na área por meio de periódicos em bases de dados nacionais e internacionais (Biblioteca Virtu-al em Saúde; Índice da literatura científica e técnica da América Latina e Caribe; banco de dissertações da Universidade Estadual de São Paulo e da Universida-de FeUniversida-deral do Ceará, documentos da biblioteca virtu-al do Ministério da Saúde da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, além de materiais presentes no site do Conselho Federal de Enferma-gem). Para tal, utilizaram-se os descritores em Ciência da Saúde, por meio do uso do conectivo and:

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A Etapa 2 - Descrição do Conteúdo, ocorreu após a seleção do conteúdo lido nos nove manuais e literatura na área. Foi realizado um fichamento do ma -terial considerado relevante para a construção do pro-tocolo. As informações julgadas importantes para se-rem utilizadas durante a assistência de Enfermagem na puericultura foram selecionadas, sendo realizada a organização do conteúdo a compor o protocolo. Os conteúdos foram classificados conforme as 12 ativi -dades de vida propostos no Modelo de Enfermagem Roper-Logan-Tierney. Em relação a essa etapa, optou--se por considerar, nos materiais, informações que pu-dessem estar em consonância com apenas três etapas propostas pelo Processo de Enfermagem: exame-físi -co/anamnese, diagnósticos e intervenções sugeridas. As etapas de implementação e avaliação não foram consideradas.

Na próxima etapa, Etapa 3 - Elaboração Textu -al e Representação Gráfica do Protocolo, a elaboração textual do protocolo foi dividida em cinco capítulos, contendo informações alusivas à abordagem do cui-dado da criança de acordo com a faixa etária. Além disso, foram descritas as etapas para a realização do exame físico da criança, procedimentos para referên -cias, orientações quanto à vacinação, diagnósticos de Enfermagem, assim como intervenções diante de queixas mais frequentes e das intercorrências identi-ficadas no serviço, as quais foram direcionadas a cada faixa etária nos cinco capítulos.

A etapa seguinte foi a Etapa 4 - Validação do Protocolo/Consulta a Especialistas ou Profissionais com Experiência na Área de Interesse. Na seleção dos juízes, adotou-se o número de nove participantes para o processo de validação(9). Os juízes foram escolhidos conforme os seguintes critérios: titulação máxima (especialização, mestrado e doutorado), produção científica na área de puericultura e/ou construção de protocolos e tempo de atuação de pelo menos 5 anos com a temática.

Os juízes foram selecionados pela metodologia

“bola de neve”, segundo a qual cada participante in-dicava outro profissional na área que atendesse aos critérios descritos anteriormente. Ao final, nove juízes foram selecionados. Foram enviadas aos juízes cópias do protocolo, dividido por faixas etárias dentro do período de lactância e considerando as 12 Atividades de Vida. Tais profissionais julgaram o conteúdo do protocolo por Atividade de Vida, aparência, design do material e aplicabilidade na prática. Ao final, cada um poderia dar sugestões para melhorias do material. A concordância mínima de 75% entre os juízes serviu de critério de decisão sobre a pertinência do item.

A análise dos dados se deu mediante as infor-mações oriundas da literatura e foi utilizado o Índice de Validade do Conteúdo, considerando como vali-dado mediante obtenção do valor igual ou superior a 0,75(7) dos aspectos apresentação, estrutura e rele-vância do material. Foi adotada a escala do tipo Likert para cada item, com quatro níveis de resposta, sendo: (1) Inadequado, (2) Parcialmente adequado, (3) Ade -quado, (4) Totalmente ade-quado, (5) não se aplica.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Ceará, com número de parecer 480.724.

Resultados

Na primeira etapa do estudo, em relação à ca-racterização dos nove manuais e protocolos identifi -cados, observou-se que todos foram publicados após o ano de 2004. No geral, eles abordaram o cuidado à criança na primeira infância, tendo sido prevalente o período de zero a 12 meses. Alguns abordaram temas mais amplos, como saúde do adolescente, saúde da mulher, saúde do adulto e saúde do idoso, assim como vigilância em saúde. A organização da assistência, sis-temas de informação, violência à criança e ao adoles-cente, e doenças prevalentes na infância foram temas trazidos por diversos autores.

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ma-nuais e protocolos foram Secretarias de Saúde Mu-nicipais e/ou Estaduais. Três foram publicados por universidades e, em sua maioria, por equipes multi-profissionais em saúde. Oito protocolos foram advin -dos das regiões centro-sul do país e apenas uma publi-cação da Região Nordeste.

Na segunda etapa, os conteúdos julgados mais importantes foram classificados conforme as 12 ativi -dades de vida propostas no Modelo de Enfermagem Roper-Logan-Tierney. A terceira etapa foi composta pela elaboração textual e representação gráfica do protocolo, no qual definiu-se que as faixas etárias se -riam divididas dos zero a 28 dias, 29 dias a 3 meses, 4 a 6 meses, 6 a 8 meses, e 8 a 12 meses, as quais foram selecionadas dada a proximidade de cuidados a serem prestados e os marcos do desenvolvimento.

Foram descritas as atividades de vida, bem como suas definições e conteúdos que a compuse -ram. Acrescentaram-se, ainda, as sugestões dos juízes participantes, as quais representaram a quarta eta-pa do estudo. No que se referiu ao ambiente seguro, este foicaracterizado por uma diversidade de perigos ambientais, aos quais as crianças permaneceram ex-postas, e que punham em risco sua segurança, saú-de e sobrevivência, como o estresse, o abuso físico, emocional ou sexual e a perturbação(8). Nos materiais analisados, apenas quatro abordaram essa temática. Segundo os juízes, os itens destinados a essa Ativida-de Ativida-de Vida estiveram contextualizados Ativida-de acordo com a faixa etária estabelecida pelo protocolo, mantendo uma linguagem adequada ao público-alvo, incluindo orientações sobre prevenção de acidentes domésti-cos, bem como exposição do recém-nascido em locais de grande circulação e pessoas.

Com relação à comunicação, destacou-se a re-lação estabelecida entre pais e filhos desde os primei -ros meses de vida(8). Dos nove protocolos analisados, apenas três trataram da temática. Como sugestão, três juízes comentaram sobre a importância de compreen-der os marcos do desenvolvimento infantil, a fim de

avaliar corretamente essa Atividade de Vida. Segundo eles, cada criança tinha seu momento e o enfermeiro devia ter base teórica suficiente para identificar tais alterações.

A respiração definiu-se com base nos processos de sustentação da vida, como transporte de oxigênio, respiração, ventilação e troca gasosa(8). Nessa ativida-de, três materiais identificados ressaltaram as doen -ças respiratórias comuns na infância, como infecção de vias aéreas superiores, pneumonia, asma, tosse, febre, obstrução nasal, sinusite, entre outras, trazen-do definições, sinais e sintomas, avaliação e classifica -ção da doença, diagnósticos, fluxogramas e cuidados/ orientações de Enfermagem. Os juízes orientaram acerca da importância de conversar com os pais so-bre a higienização do ambiente para melhorias no pa-drão respiratório, bem como evitar que pais fumantes tivessem contato com a criança durante a prática do tabagismo.

Comer e beber desempenharam um papel sig-nificativo no padrão de vida diária de todos os grupos etários e, para a maioria das pessoas, constituíram uma atividade agradável, sendo essencial à vida(8). To-dos os protocolos identificaTo-dos na revisão ressaltaram a importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida, além de orientações gerais sobre a alimentação e os cuidados na preparação dos alimentos, em casos de crianças desmamadas. Dos participantes, cinco juízes ressaltaram a importância da participação do pai e outros familiares no processo de amamentar e na introdução de alimentação com-plementar.

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para identificação de alterações pelo enfermeiro. Ape -nas um juiz comentou sobre a relevância de se obser-varem as alterações na eliminação, sejam genituriná-rias ou intestinais, as quais podem refletir problemas comportamentais.

Sobre a higiene e o vestuário, ressaltou-se a avaliação das condições higiênicas da criança e de suas roupas, assim como orientações sobre a frequência e os produtos utilizados no banho da criança, a troca de fraldas, a limpeza do umbigo, a higiene bucal e dicas para a prevenção de assaduras(8). Apenas um protocolo trouxe o manejo clínico das principais afecções de pele na criança e dois protocolos fizeram referência à saúde bucal, enfatizando a limpeza oral e o uso de chupetas e mamadeiras. Dois juízes destacaram a importância de sensibilizar as mães para a limpeza oral, desde os primeiros dias de vida.

Com relação à sexualidade, os pais deveriam ser questionados sobre o planejamento ou não da gravidez, bem como o desejo dos pais em relação ao sexo da criança(8). Considerando as consequências de uma gravidez não planejada, dois dos protocolos ana-lisados ressaltaram, além dos cuidados gerais com a criança, orientações sobre o planejamento familiar. Como sugestão, um dos juízes solicitou a inclusão de um fluxograma para encaminhamento específico para o planejamento, com destaque para as mães adoles-centes.

As atividades manutenção da temperatura cor-poral, mobilidade, trabalho e lazer, sono e morte não tiveram sugestões de mudança por parte dos especia-listas. Alguns dos conteúdos que envolveram o proto-colo foram os que se seguem.

A manutenção da temperatura corporal des-creveu a regulação, produção e perda de calor(8). O protocolo descreveu orientações como a realização do banho de sol, o uso de roupas apropriadas pelo bebê e, em caso de febre, instrumentos para verificar a tem -peratura e mantê-la estável.

Já a mobilidade descreveu as competências de capacidade e incapacidade de mobilização da crian-ça(8). Foram evidenciados os marcos do desenvolvi-mento, os quais contribuíram para a identificação de possíveis alterações, e apresentaram sugestões de brincadeiras e atividades que podiam ser realizadas junto das crianças e de seus familiares.

Sobre trabalho e lazer, os pais e cuidadores de-viam ser avaliados, sendo feito questionamentos so-bre o tempo que os pais dedicavam aos filhos, assim como o que faziam juntos nos momentos de lazer(8).

A Atividade de Vida dormir relacionou-se ao ciclo de sono/vigília e aos aspectos psicológicos e am-bientais que o influenciaram(8).

A última Atividade de Vida referiu-se à morte, devendo ser investigada a perda de parentes próxi-mos da criança(8). O protocolo procurou abordar, além da morte em si, a ausência de algum familiar, que mui-tas vezes podia estar relacionada ao uso de drogas e a parentes encarcerados (situações muito comuns nas famílias atendidas pelo serviço), o que podia influen -ciar na rede social para o cuidado da criança.

Ainda em relação à quarta etapa, acerca dos critérios para seleção dos juízes, todos eram do sexo feminino, possuindo de 5 a 10 anos de tempo de for-mação, tendo publicações em revistas envolvendo a temática de saúde da criança. Dentre os juízes, três possuíam doutorado na área e todos possuíam expe-riência na assistência, ensino e pesquisa na área de interesse do estudo. Quatro eram professores uni-versitários e cinco, enfermeiros assistenciais. Quanto à localidade, cinco foram do Estado do Ceará, um do Maranhão, dois de Pernambuco e um do Rio Grande do Sul.

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Atividades de vida do Modelo

de Roper-Logan-Tierney Principais sugestões dos juízes

Índice de Validade do Conteúdo (média)

Manutenção do ambiente seguro Abordar a necessidade de visita domiciliar. Cuidado com o dormir de rede, típico do nordeste brasileiro. 0,9

Comunicação Avaliar a interação da criança com todos os membros da família e não apenas

no binômio mãe e filho. 1,0

Respiração

Inserir outras drogas, não somente o cigarro, como prejudicial à criança, e alguns cuidados gerais com a limpeza da casa, como do ventilador, das cortinas e dos tapetes, com o intuito de prevenir doenças respiratórias.

0,8

Alimentação Reforçar a importância da alimentação saudável na família. Reforçar a descontinuidade do uso de chupeta/mamadeira. 0,9

Eliminação Reforçar os cuidados necessários para o alívio das cólicas, assim como para a

constipação e a profilaxia das parasitoses. 0,86

Higiene e vestuário Limpeza correta de utensílios, evitar materiais com bisferol. 0,9

Temperatura corporal Não houve recomendações. 1,0

Mobilidade Não houve recomendações. 1,0

Trabalho e lazer Não houve recomendações. 1,0

Sexualidade Não houve recomendações. 1,0

Dormir Não houve recomendações. 1,0

Morte Não houve recomendações. 1,0

Figura 2 - Apresentação dos índices das atividades de vida e sugestões dos juízes

Discussão

As Regiões Sul e Sudeste concentram gran-de parte das inovações na área gran-de saúgran-de da criança, possivelmente pelo fato de contar com os grupos de pesquisa e intervenção mais antigos no país. Ademais, as publicações na área de Enfermagem ainda são es-cassas. Tal fato é um incentivo para os profissionais desenvolverem publicações na área, pois podem ser responsáveis pela realização do cuidado à criança em puericultura na Atenção Primária à Saúde. Assim, deve-se incentivar a construção de protocolos que contemplem as reais necessidades dos serviços e da comunidade assistida(10).

É mister consultar as publicações e as inves-tigação sobre ambientes seguros. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, no ano de 2013, eventos acidentais ou violentos representaram a primeira causa de óbitos de crianças na faixa etária entre 1 a 10 anos no Brasil. Em Fortaleza, 50,3% dos atendimentos por acidentes, nessa faixa etária, foram por motivo de queda(10). As agressões (violências) fo-ram responsáveis por 6,9% dos óbitos em crianças na referida faixa de idade(11).

Assim, a partir de todo o levantamento gerado pela análise dos materiais, o protocolo desenvolvido destacou a importância do enfermeiro avaliar as con-dições de moradia da criança, o local de armazena-mento do material de limpeza, assim como orientar sobre a realização do teste do pezinho, da orelhinha, das vacinas, e dar dicas de prevenção de acidentes, criando um ambiente seguro para o desenvolvimento da criança.

Além disso, no tocante a comunicação, no pe-ríodo de 6 meses de vida, o lactente inicia sua vocali -zação mais clara e coordenada, imitando sons e inte-ragindo melhor com o meio em que está inserido. Até completar o primeiro ano de vida, ele deve entender comandos simples como o “não”, dar tchau e duplicar

sílabas(8).

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disp-neia e da presença de pessoas fumantes que morem com a criança, assim como poeiras ou sujidades em contato com a criança, e da orientação quanto à lim-peza da casa.

No que se refere às Atividade de Vida comer e beber, destaca-se que, até os 6 meses de vida, os lac -tentes devem ter como alimentação exclusiva o leite materno, pois ele possui os nutrientes essenciais para a criança dessa faixa etária(13). Assim devem-se

incen-tivar o aleitamento materno exclusivo, os tipos de ali-mentação, a pega correta, a diluição correta dos leites artificiais, o cardápio para crianças desmamadas, a in -trodução da alimentação complementar, as curvas de peso e orientações gerais direcionadas à criança e a alimentação da nutriz(14).

O lactente é muito sensível e delicado. Ao lon-go do material construído, procuraram-se destacar os cuidados com a pele, ressaltando que substâncias quí-micas podem desencadear alergias e pruridos, entre outros problemas dérmicos(15).

Nos primeiros meses de vida, a higiene íntima é a tarefa com a qual os pais e cuidadores precisam ter mais cuidado. Por isso, os materiais analisados enfa-tizaram os cuidados gerais com a higiene da criança, principalmente no que se refere à troca de fraldas e aos cuidados durante o banho, descrevendo orienta-ções essenciais que o profissional de saúde deve reali -zar durante as consultas de puericultura(12).

Outro ponto importante abordado foi acerca do desenvolvimento motor, o qual segue uma ordem cro-nológica evolutiva com etapas distintas e previsíveis, caracterizadas por mudanças nas habilidades e nos padrões de movimento que ocorrem durante a vida(16)

. Em relação aos momentos de lazer, são desa-conselhadas visitas com o recém-nascido em locais com aglomerações de pessoas, o que contribui para a diminuição do risco da criança adquirir infecções, já que esta ainda é muito frágil, pois não completou o ca-lendário vacinal(16).

O padrão de sono entre os lactentes entre 6 e 12 meses é variável. Cada criança apresenta sua ne-cessidade diária de horas dormidas, sendo em torno

de 15 horas. Um sono de qualidade é aquele que per-mite o descanso adequado e que a criança apresente--se disposta para realizar as atividades(11). Assim, o en-fermeiro deve se atentar para as orientações acerca da frequência e das características do sono do bebê, além de alguns cuidados com as crianças que dormem em berço ou rede, característica das regiões do nordeste brasileiro.

A última Atividade de Vida proposta pelo Mo-delo Roper-Logan-Tierney resgata o tema morrer, des-tacando que o conhecimento do processo de morte e as fases do luto podem ajudar o usuário a melhor com-preender os sentimentos que permeiam o indivíduo. Isso facilita a prestação de cuidados de Enfermagem a mãe/cuidador do lactente que viveu a perda de um ente querido ou de alguma situação específica relacio -nada(17).

Conclusão

O estudo teve como resultado o desenvolvi-mento de estratégias que possibilitaram a assistên-cia adequada à saúde do lactente, tendo como base a prática baseada em evidência. O protocolo em pueri-cultura se mostrou um instrumento guia para o enfer-meiro, pois sistematizou a assistência e padronizou o atendimento, garantindo a autonomia e o espaço da Enfermagem.

As tecnologias de cuidado e de educação em saúde vêm sendo bastante exploradas, para manter a qualidade de vida desse público. Assim, o protocolo baseado no Modelo de Enfermagem de Roper-Logan--Tierney possibilitou uma atenção integral da criança nos seus primeiros meses de vida, visto que o modelo se referiu às 12 Atividades de Vida que caracterizam o viver do indivíduo. Desse modo, a aplicação desse protocolo pode preencher as lacunas no atendimento em puericultura, permitindo um cuidado holístico e sistematizado na assistência da criança.

(9)

além da educação permanente dos profissionais, o que deve facilitar o atendimento de crianças na Aten-ção Primária, com intuito de conhecer as especificida -des -dessa população e elaborar políticas públicas que atendam as necessidades desse grupo populacional.

Urge incentivar o desenvolvimento de proto-colos na área de Enfermagem pediátrica, como ins-trumentos norteadores do trabalho cotidiano, para o desenvolvimento de ações nos diferentes cenários das práticas de saúde.

Agradecimentos

Agradecemos a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela concessão de apoio mediante projeto PJP-0072-00151.01.00/12.

Colaborações

Gubert FA e Martins MCcontribuíram com a orientação e concepção do trabalho. Brito LLMS, San-tos DAS, Pinheiro MTM e Pinheiro SRCS contribuíram para a concepção, análise, interpretação dos dados e redação do artigo.

Referências

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Figura 1  - Protocolos identificados no estudo
Figura 2 - Apresentação dos índices das atividades de vida e sugestões dos juízes

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