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CENTRO ACADÊMICO: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA

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Academic year: 2021

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ISSN 2176-1396

CENTRO ACADÊMICO: VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE

PEDAGOGIA

Vanda Moreira Machado Lima 1 – UNESP/FCT- P. Prudente Mariana Aparecida de Almeida Laurentino2 – UNESP/FCT- P. Prudente Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: RENOVE/PROPe- UNESP Resumo

Este artigo resulta de pesquisa que investigou o Centro Acadêmico do curso de Pedagogia como espaço de formação inicial para os alunos, futuros profissionais da educação (professor e gestor educacional) atuarem numa gestão democrática e participativa na escola pública de educação básica, sendo financiada pela Pró Reitoria de Pesquisa (PROPe/UNESP). No entanto, neste artigo priorizamos apresentar o perfil dos sujeitos da pesquisa, e descrever e analisar a partir da “voz” desses sujeitos sua compreensão sobre o Centro Acadêmico do curso (CA). A pesquisa se insere na abordagem qualitativa, e utilizou como instrumentos na coleta de dados a pesquisa bibliográfica e o questionário. Aplicamos em janeiro de 2015 o questionário junto a 177 alunos do curso de Pedagogia de uma Universidade pública do Estado de São Paulo. Para categorização e análise das questões abertas recorremos à técnica de análise de conteúdo (FRANCO, 2008), que é um procedimento de pesquisa que permite fazer inferências sobre qualquer um dos elementos da comunicação. Para tanto, elaboram-se as categorias a partir da análise da resposta escrita no questionário, o que exige constantes idas e vindas para compreender a resposta do sujeito. Verificamos o desconhecimento da existência e do papel do CA do curso de Pedagogia pelos alunos, além de sugestões que se consistem em solicitar informações e maior divulgação do CA para que a participação dos alunos ocorra efetivamente. Constatamos a necessidade urgente de fortalecer esse órgão colegiado para que se torne espaço de formação política dos alunos, favorecendo-os a instituir na escola pública de educação básica a gestão democrática e participativa, bem como ter uma visão crítica do papel dos órgãos colegiados para a melhoria da qualidade da educação pública.

Palavras-chave: Gestão democrática. Órgãos colegiados. Centro Acadêmico. Curso de Pedagogia.

1 Doutora em Educação pela USP- São Paulo; professora do Departamento de Educação- Faculdade de Ciências e Tecnologia- UNESP, Campus de Presidente Prudente, SP; vice líder do GPFOPE/FCT/UNESP e pesquisadora do GEPEFE/USP/SP; coordenadora do Curso de Pedagogia da FCT/UNESP.E-mail: vandalima@fct.unesp.br. 2 Graduanda do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências e Tecnologia- UNESP, Campus de Presidente Prudente, SP. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/Reitoria- UNESP. E-mail: mary_ana185@hotmail.com.

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Introdução

A construção de uma sociedade mais democrática e justa depende de uma formação sólida e qualificada do cidadão. A criação de um clima propício à aprendizagem e de qualidade ao ensino que assegure essa formação é algo que depende, dentre outros fatores, essencialmente da capacidade do coletivo da escola de gerar um ambiente de formação crítica, de respeito mútuo e de participação de todos os atores do processo educativo. Para isso, a gestão da escola precisa ser democrática e participativa. A gestão democrática é obrigatória na escola pública segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9394/96 (LDB/96)

Embora tenhamos garantido o princípio da gestão democrática na legislação, a prática política ainda demanda muito aprendizado. “Não se apaga o passado ‘com uma borracha’, nem se superam comportamentos autoritários que foram sendo estabelecidos ao longo dos anos – na ponta de lanças- pelo combate a ideias, valores e crenças” (ARELARO, 2007 apud SABIA, 2012, p. 243).

A escola pública tem aberto espaço de participação mediante a gestão democrática para uma “comunidade que ainda não está habituada à prática participativa [...]” (ORSOLON, 2009, 178).

Um dos grandes desafios da gestão educacional atualmente é o comprometimento e participação da equipe escolar de modo efetivo na construção de um projeto educativo nas escolas de educação básica que forme o cidadão. Os profissionais da educação, dentre eles os professores e os gestores educacionais (diretores, vices e coordenadores) precisam de uma formação inicial e continuada que os possibilitem refletir e desencadear ações que estimulem a participação e comprometimento de todos para um ensino de qualidade.

Nas escolas públicas a gestão democrática se concretiza de fato mediante órgãos colegiados, como Conselho de Escola, Associação de Pais e Mestres (APM) e Grêmio estudantil. No estudo de Parente e Lück (2000) elas mapearam os órgãos colegiados presentes em escolas públicas e afirmam que

As estruturas de gestão colegiada são mecanismos coletivos escolares constituídos, em geral, por professores, alunos, funcionários, pais e por representantes da sociedade, escolhidos pela comunidade escolar, com o objetivo de apoiar a gestão da escola e tornar a organização escolar um ambiente dinâmico de aprendizagem social. Através delas, portanto, “todas as pessoas ligadas à escola podem se fazer representar e decidir sobre aspectos administrativos, financeiros e pedagógicos” (Consed, 1997, p.14) de modo que as mesmas se constituem um instrumento de participação e de gestão democrática (PARENTE,LÜCK, 2000, p. 156).

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A participação em órgãos colegiados se constitui como uma modalidade de educação não formal. Para Gohn (2006, p. 29) educação não formal

[...] ocorre em ambientes e situações interativos construídos coletivamente, segundo diretrizes de dados grupos, usualmente a participação dos indivíduos é optativa, mas ela também poderá ocorrer por forças de certas circunstâncias da vivência histórica de cada um. Há na educação não formal uma intencionalidade na ação, no ato de participar, de aprender e de transmitir ou trocar saberes.

Diante dessas considerações iniciamos essa pesquisa investigou o Centro Acadêmico do curso de Pedagogia como espaço de formação inicial para os alunos, futuros profissionais da educação (professor e gestor educacional) atuarem numa gestão democrática e participativa na escola pública de educação básica, sendo financiada pela Pró Reitoria de Pesquisa (PROPe/UNESP).

Desenvolvemos uma pesquisa de abordagem qualitativa, na qual procuramos descobrir, apreender e compreender a opinião que os sujeitos pesquisados atribuem a seus comportamentos, ao que eles vivem, acreditam e pensam sobre o vivido (ARAÚJO-OLIVEIRA 2010; LÜDKE, ANDRÉ,1986). Enfatizamos descrever e analisar a partir dos sujeitos sua compreensão sobre um determinado fenômeno, que no caso desse estudo foi o CA do curso de Pedagogia.

A primeira fase do estudo consistiu na pesquisa bibliográfica que buscou subsidiar nossas análises dos dados empíricos e ampliar a compreensão de conceitos essenciais da pesquisa.

Num segundo momento aplicamos um questionário em todos os alunos do curso de Pedagogia de uma universidade pública do Estado de São Paulo que aceitaram participar da pesquisa, com a finalidade de traçar seu perfil, conhecer sua opinião sobre os órgãos colegiados da universidade, e de modo especial o CA.

Optamos pelo questionário por garantir o anonimato dos sujeitos, proporcionando ao aluno maior segurança na hora de responder as questões, além de possibilitar atingir grande número de pessoas. Realizamos o pré teste, com o objetivo de a partir das “respostas deste pequeno universo, perceber se as perguntas foram formuladas com sucesso”. (CHAER; DINIZ; RIBEIRO, 2011, p. 263). Sua aplicação ocorreu em janeiro de 2015, correspondente a meados do 2º semestre do ano letivo de 2014, devido à greve vivenciada na instituição.

O curso de Pedagogia tinha no ano letivo de 2014 um total de 302 alunos, mas participaram da pesquisa 177 sujeitos, 59% da população total.

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No tratamento dos dados empíricos inicialmente transcrevemos todas as respostas dos sujeitos referente a cada questão e, identificamos e construímos a partir das respostas escritas as categorias de análise. Para categorização e análise das questões abertas recorremos à técnica de análise de conteúdo (FRANCO, 2008), que é um procedimento de pesquisa que permite fazer inferências sobre qualquer um dos elementos da comunicação. Para tanto, elaboram-se as categorias a partir da análise da resposta escrita no questionário, o que exige constantes idas e vindas para compreender a resposta do sujeito, o que resultou em muitas categorias construídas a partir da “voz” dos sujeitos. Desse modo, enfatizamos a apresentação dos dados empíricos, geralmente as quatro categorias com maior percentual.

Os sujeitos foram identificados por três símbolos. Inicialmente um número que representa a turma, seguida por uma letra “V” que significa o aluno do período vespertino e a “N” do noturno. E um número que representa o questionário. Dessa forma, o Sujeito 1V 35, corresponde ao aluno do 1º do curso do período vespertino e o seu questionário de número 35.

No entanto, neste artigo priorizamos apresentar o perfil dos sujeitos da pesquisa, e descrever e analisar a partir da “voz” desses sujeitos sua compreensão sobre o Centro Acadêmico do curso de Pedagogia.

Desenvolvimento

Apresentamos inicialmente o perfil dos sujeitos da pesquisa, e, posteriormente a descrição e analise a partir da “voz” desses sujeitos de sua compreensão sobre os órgãos colegiados e o CA do curso de pedagogia

Perfil dos sujeitos da pesquisa

Participaram da pesquisa 102 alunos do curso de Pedagogia do período vespertino e noturno, sendo 52% do 1º ano e 48% do 4º ano. O sexo feminino predomina com índice de 93,1%. Esse dado confirma o processo de feminilização do curso de Pedagogia que corresponde a presença feminina nas carreiras do magistério, como apontado por vários estudos.

No que concerne à idade, os alunos estão em faixas etárias diferenciadas. Enquanto 54,7% dos alunos do 1º possuem entre 17 e 19 anos de idade, temos 57,1% dos alunos do 4º ano na faixa entre 20 a 24 anos. Mas temos 3,8% dos alunos do 1º ano na faixa etária de 50 a

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54 anos e, 2,1% na mesma idade no 4º ano. Com relação ao estado civil, 72,6% são solteiros, 24,5% casados e 2,9% divorciados.

Verificamos um equilíbrio entre os alunos que trabalham (53,9%) e os que não trabalham (45,1%). Contudo se focarmos a análise por período, notamos que a maioria dos alunos do noturno trabalha (74,6%) e apenas 25,6% dos alunos matriculados no período vespertino afirmaram trabalhar.

Na universidade pública há possibilidades de bolsas de estudos destinadas aos alunos de duas naturezas: bolsa interna que provém de projetos financiados pela própria universidade (BAEE, PROEX, Núcleo de ensino, RENOVE) e bolsa externa, como PIBID, IC FAPESP. A maioria (72,5%) dos alunos pesquisados não possui bolsa de estudos. Dos 28 alunos que possuem bolsa, 21 deles freqüentam o período vespertino.

Em relação à formação de nível médio, temos 87,4% dos alunos que cursaram o colegial regular, 4,9% foram alunos do Centro de Formação Específica do Magistério (CEFAM), 4,9% fizeram cursos técnicos, 1,9% cursaram a Educação de Jovens e Adultos e 0,9% deixaram a questão em branco. Apenas 11,8% dos alunos pesquisados possuem outro curso de graduação. Dos 11 alunos com formação em nível superior temos os cursos de Letras (2), Filosofia (2), Geografia (1), Educação Artística (1), Ciências Biológicas (1), Administração de empresas (1) e cursos em Escolas Técnicas (3).

Constatamos alteração no perfil dos alunos do curso de Pedagogia, visto que antigamente a maioria era formado em magistério no nível médio, em cursos como o CEFAM ou a Habilitação Específica do Magistério (HEM), e alguns já atuavam como professores. Atualmente tem sido comum no estado de São Paulo os cursos de Pedagogia receberem alunos formados no curso de colegial regular, devido a inexistência de cursos de magistério em nível médio no estado. Dado que exige maior compromisso e responsabilidade do curso de Pedagogia em oferecer uma formação inicial de qualidade.

Centro Acadêmico na visão dos alunos do curso de Pedagogia

Ao indagarmos os alunos sobre a quem solicitam auxílio para resolver os problemas vivenciados no curso de Pedagogia.

Os alunos geralmente buscam auxílio para resolver os problemas vivenciados no curso de Pedagogia em diferentes pessoas dependendo do caráter do problema enfrentado. Foram mencionados o coordenador pedagógico do curso (44,1%), professores (27,9%), aluno representante da sala (10,3%) e os próprios alunos (3,7%).

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Percebemos que os alunos não possuem o hábito de recorrer ao Centro Acadêmico do curso, apenas 2,9% mencionaram solicitar auxílio aos representantes do CA, o que correspondente a quatro sujeitos do 4º ano do período vespertino. “Aos professores e ao coordenador do curso e sempre conseguimos que o problema/desafio seja superado. E algumas dificuldades maiores recorremos ao C.A (Sujeito 4V 38)”.

Dos 14 alunos (10,3%) que mencionaram buscar auxílio junto ao representante da sala, 12 deles são do 1º ano vespertino. O que evidencia a presença e o envolvimento de fato de um representante, que não é membro do CA. A representação de alunos por sala, eleitos pelo grupo pode ser um caminho para a construção de uma representatividade legítima do CA do curso. “Representante de sala, professores e coordenadores do curso (SUJEITO 1V 85)”; “Em sala os alunos na maioria se reportam a mim. Sou representante de sala e acolho a todo e qualquer problema, levo ao conhecimento do professor (buscando acordo) soluções ou encaminho o colega a coordenação do curso (SUJEITO 1V 101)”.

O modelo dos órgãos colegiados se fundamenta no princípio de participação por representação, na qual é formada uma comissão eleita por seus pares que deveria representá-los por tempo determinado, sendo consultivos ou deliberativos (MARTINS, 2008).

Imaginávamos que os alunos do 4º ano, devido à vivência no espaço universitário apresentariam um maior conhecimento que os alunos do 1º ano. Dos alunos pesquisados 74,5% afirmaram não conhecerem nenhum órgão colegiado na universidade, apenas 17,5% afirmam ter conhecimento e 7,8% deixaram a resposta em branco. Notamos que 90,6% dos alunos do 1º ano desconhecem os órgãos colegiados e, 57,1% da turma do 4º ano. “Não conheço nenhum órgão. Não conheço o termo (SUJEITO 1N 127)”. “Sinceramente, não conheço, mas já ouvi falar do CA (SUJEITO 4N 54) ”.

Os órgãos colegiados são espaços essenciais para a discussão e tomada de decisões que envolvem todos os sujeitos que constituem a universidade pública. Acreditamos ser relevante na formação de nossos alunos, futuros professores ou gestores educacionais compreenderem a importância dos órgãos colegiados e de uma gestão democrática na escola de educação básica. Na universidade pública temos como órgão colegiado máximo a Congregação, seguida pelas Comissões Permanentes de Ensino, Pesquisa e Extensão, pelos Conselhos de Departamento e de Cursos de Graduação e Pós-Graduação. Nesses colegiados há espaço para os representantes dos alunos, geralmente lugar ocupado por membros do Diretório Acadêmico (DA) formado por representantes dos Centros Acadêmicos (CA) dos cursos de graduação e pós-graduação. Dentre os alunos que afirmaram conhecerem os órgãos

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colegiados, foram citados: Centro Acadêmico (C.A.), Diretório Acadêmico (D.A.) e Conselho de Curso.

Verificamos que 35,5% dos alunos desconhecem o papel do CA e, 8,9% deixaram a resposta em branco. A maioria dos alunos do 1º ano (60,6%) não sabe qual o papel desse órgão colegiado e 10,7% deixaram a resposta em branco. Constatamos que dos alunos do 4º ano 14,9% desconhecem o CA e 7,5% deixaram a resposta em branco. Dentre os alunos que comentaram o papel do CA, 15,3% afirmam que o CA representa os interesses dos alunos; 12,9% compreendem o como mediador da relação entre coordenador, professor, aluno e a universidade; e 8,1% que o CA traz benefícios e melhora o curso. “Nos representar e acolher problemas/dificuldades/desafios e levar adiante buscando a melhor solução (SUJEITO 1V 101)”. “Acredito que é de mediar os assuntos até o coordenador ou outra autoridade dos alunos para resolver as dificuldades que estão tendo (SUJEITO 4V 6)”. “Representar os alunos em seus anseios, e necessidades. Lutar por melhores condições do curso; horários, disciplinas, estágios e etc... (SUJEITO 4V 44)”.

Conforme o Estatuto do Centro Acadêmico “Educador Paulo Freire” do curso de Pedagogia pesquisado ele constitui-se como “entidade estudantil que representa os estudantes do curso” (art. 1º/2008). No artigo 3º do referido documento as finalidades do CA são:

I Representar os alunos do curso de Pedagogia perante o corpo docente, a direção da unidade e a sociedade civil;

II Defender os interesses individuais e coletivos dos acadêmicos;

III Incentivar as culturas artísticas, literárias, desportivas e sociais dos seus filiados; IV Realizar intercâmbios e colaboração de caráter cultural, educacional, desportivo e social com as demais entidades estudantis [...];

V Lutar pelo constante aperfeiçoamento do ensino de Pedagogia no Brasil, bem como pelo ensino universitário gratuito e de boa qualidade;

VI Pugnar pelos interesses gerais dos estudantes, assim como pela democracia, pela independência e respeito às liberdades [...]

O papel do CA é amplo e complexo, pois envolve mais que apenas representar os alunos, envolve incentivar atividades diversas de cultura, esporte, entre outras, além de realizar intercâmbios, lutar pela qualidade do curso e pela democracia.

Em relação às sugestões para melhorar o trabalho desenvolvido pelo CA os alunos apontaram: 22,2% informar e divulgar o CA para incentivar a participação dos alunos; 22,2% esclarecer o papel do CA; 4,4% organizar melhor o CA; 2,2% ter alunos do período noturno participando do CA e 2,2% ter maior disponibilidade de horários em relação às reuniões do CA.

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Lima (2003) evidencia que a universidade pública além da formação acadêmica aos alunos do curso de Pedagogia proporciona outros espaços de formação como: espaço da pesquisa, espaço cultural e, o espaço político. O espaço da pesquisa é caracterizado pela oportunidade de participação em projetos de pesquisa, além dos estágios não-obrigatórios, das monitorias e das pesquisas de iniciação científica que enriquecem a formação do pedagogo. O espaço cultural proporciona diversos momentos culturais envolvendo a arte, com destaque para música, poesia, teatro, artes plásticas, e outras, organizadas em sua maioria pelo CA e outras atividades organizadas pela universidade, com o envolvimento dos alunos. Enfatizamos aqui o espaço político que funciona como estimulador de atuação nos diversos colegiados presentes na universidade pública. A experiência como representante de alunos do curso de Pedagogia em diversos órgãos colegiados, segundo Lima (2003) ensinou-lhe o valor da luta por uma educação pública de qualidade, da força do trabalho coletivo que se enriquece com a diversidade de ideias e valores das pessoas envolvidas e da compreensão crítica da sociedade em que vive.

Martins e Dayrell (2013) analisam experiências de participação de alunos no Grêmio Estudantil de uma escola pública de Ensino Médio e afirmam ser imprescindível entendermos que o aluno não se educa somente na escola ele se forma nos mais variados espaços de convívio social. Dessa forma, “o indivíduo, ao atuar coletivamente, lida com suas tensões identitárias, constrói sua consciência e se reconhecendo dentro dos limites impostos pela sociedade e pelas relações sociais (MARTINS, DAYRELL, 2013, p. 1272).

Considerações Finais

Os dados empíricos evidenciaram o desconhecimento da existência e do papel do CA do curso de Pedagogia pelos alunos. A principal sugestão dos sujeitos da pesquisa para melhorar o trabalho desenvolvido pelo CA consiste em solicitar informações e maior divulgação do mesmo para que a participação dos alunos ocorra efetivamente.

Faz-se necessário reconhecer que a vivência crítica em órgãos colegiados na universidade propicia aos alunos um excelente espaço de formação que pode auxiliá-los a ter uma visão crítica da sociedade, que possibilita analisar os problemas existentes na universidade e contribuir para o processo de cidadania dos demais alunos, professores e funcionários envolvendo a todos como sujeitos históricos. Além de uma formação que com certeza o tornará um profissional mais qualificado para atuar numa gestão democrática. Afinal as

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[...] práticas de gestão democráticas e emancipadoras são as que criam as condições promotoras do desenvolvimento humano, da reflexão, da autonomia. O desenvolvimento do impulso para a emancipação envolve situar a organização no contexto social amplo e analisar criticamente seu papel nessa situação” (LIBÂNEO, OLIVEIRA, TOSCHI, 2012, p. 516).

Verificamos a necessidade urgente de fortalecer esse órgão colegiado para que se torne espaço de formação política dos alunos, favorecendo os a instituir na escola pública a gestão democrática e participativa, bem como ter uma visão crítica do papel dos órgãos colegiados para a melhoria da qualidade da educação pública. Uma participação ativa nos colegiados exige conhecimentos, vivências, experiências anteriores e comprometimento social. Para Gohn (2006, p. 34) os colegiados são “espaço legítimo e de direito, e uma conquista para o exercício da cidadania, até por serem previstos em lei, essa cidadania tem de ser qualificada e construída na prática”.

Constatamos que infelizmente o Centro Acadêmico do curso de Pedagogia pesquisado não se constitui, ainda, espaço de formação para a gestão democrática e participativa. Afinal,

A gestão compartilhada em suas diferentes formas de conselhos, colegiados etc. precisa desenvolver uma cultura participativa nova que altere as mentalidades, os valores, a forma de conceber a gestão pública em nome dos direitos da maioria e não de grupos lobistas. Isso implica a criação de coletivos que desenvolvam saberes[...]saberes que orientem as práticas sociais, que construam novos valores, aqui entendidos como a participação de coletivos de pessoas diferentes com metas iguais (GOHN, 2006, p. 36).

REFERÊNCIAS

ARAÚJO-OLIVEIRA, S S. Entrevistando. In: REYES, C.R, MONTEIRO, H.M (Orgs.). Um olhar-reflexivo diante da realidade educacional. São Carlos. EDUFSCAR. 2010. p.31-61. (Coleção UAB-UFSCAR).

BRASIL. Ministério da Educação. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, 23 dez. 1996. Seção 1, p. 207.

CHAER, G.; DINIZ, R.; RIBEIRO, E. A. A técnica do questionário na pesquisa educacional. Evidência. Araxá, v.7, n.7, p. 251-26, 201.

ESTATUTO do Centro Acadêmico “Educador Paulo Freire” do curso de Pedagogia. 2008. FRANCO, M. L. P. B. Análise de Conteúdo. Brasília: Líber Livro, 2008. 80p. (Série

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GOHN, M. G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: avaliação, política pública e Educação. [on line] Rio de Janeiro, v.14,n.50, p.27-38. jan/mar.2006.

LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez, 2012. 543 p.

LIMA, V. M. M. Curso de Pedagogia: espaço de formação de professor como intelectual crítico- reflexivo? 2003. 177 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2003.

LÜDKE, M, ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo. EPU, 1986. 99p. (Temas Básico de Educação e Ensino).

MARTINS, A. M.. O contexto escolar e a dinâmica de órgãos colegiados: uma contribuição ao debate sobre gestão de escolas. Ensaio: avaliação, política pública e Educação, vol.16, n.59, p.195-206, jun. 2008.

MARTINS, F. A. S.; DAYRELL, J.T. Juventude e participação: o grêmio estudantil como espaço educativo. Educação e Realidade, vol.38, n..4, p.1267-1282, dez. 2013.

ORSOLON, L. A. M. Trabalhar com as famílias: uma das tarefas da coordenação. In:

PLACCO, V M N S, ALMEIDA, L R. (Org.). O coordenador Pedagógico e o cotidiano da escola. 6. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2009, p. 177-183.

PARENTE,M de A.;LÜCK, H. Mapeamento de estruturas de gestão colegiada em escolas dos sistemas estaduais de ensino. Em aberto, V.17, n.72, Brasília: INEP, p.156-162,

fev/jun.2000.

SABIA, C P P. Duas concepções antagônicas de gestão escolar: o Projeto Educativo e o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE). In: SANTOS FILHO; J C (Org.) Projeto educativo Escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. p. 231-253.

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