• Nenhum resultado encontrado

Televisão e história: uma proposta de linha do tempo da trajetória da mídia televisiva no Estado do Tocantins 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Televisão e história: uma proposta de linha do tempo da trajetória da mídia televisiva no Estado do Tocantins 1"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

Televisão e história: uma proposta de linha do tempo da trajetória da mídia televisiva no Estado do Tocantins1

Lys Apolinário REIS2 Edna de Mello SILVA3

Universidade Federal do Tocantins, Palmas, TO Resumo

O objetivo do artigo é registrar o histórico das emissoras de televisão atuantes no Tocantins com a finalidade de resgatar a memória e a história da mídia no estado. O percurso metodológico desse trabalho envolveu a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, trazendo como produto final a proposta de uma linha do tempo produzida a partir dos dados coletados. Os resultados da pesquisa indicam a presença da televisão ainda no antigo norte de Goiás, em meados dos anos 70, com uma afiliada da Rede Globo de Televisão, a TV Anhanguera – Araguaína, e também a mais recente emissora, TV Graciosa, inaugurada em 2016, atualmente retransmitindo a programação da TV Cultura de São Paulo.

Palavras-chave: Televisão; história da televisão; televisão no Tocantins

Introdução

"É dinâmica a relação entre mídia e história, porque perpassa por várias interseções, ou seja, caminhos se cruzam" (SANTOS, 2015, p. 16). De acordo com Thompson (1998) o desenvolvimento dos meios de comunicação atrelou-se de forma complexa a uma série de outros processos de desenvolvimento que, juntos, constituíram a modernidade. O autor acredita que o desenvolvimento dos meios de comunicação, e o impacto por eles causado, deve ser um ponto central na busca pela compreensão da natureza da modernidade. "[...] o desenvolvimento dos meios de comunicação cria novas formas de ação e de interação e novos tipos de relacionamentos sociais - formas

1Trabalho apresentado no GT História das Mídias Audiovisuais integrante do 11º Encontro Nacional de História da Mídia.

2 Bolsista PIBIC/UFT, estudante de Graduação 5º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, e-mail: lysapolinario@gmail.com

3Orientadora do trabalho. Professora-adjunta do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins, e-mail:

prof.ednamello@gmail.com

(2)

que são bastante diferentes das que tinham prevalecido durante a maior parte da história humana”(THOMPSON, 1998, p.77).

Nesse contexto, o resgate da memória da televisão no Tocantins revela-se uma importante tarefa de valor histórico-cultural. O Tocantins é um estado criado em 1988, a partir do desmembramento de Goiás, estado com o qual mantém várias relações históricas e culturais. Já no século XIX pensava-se a separação do norte de Goiás, sendo uma das primeiras propostas a criação da Província de Boa Vista do Tocantins. Depois, seguiram-se diversos movimentos que pretendiam a criação do estado do Tocantins, já que a condição da região norte era de abandono. Os principais movimentos foram organizados pelo Comitê Pró-Tocantins, pela Comissão de Estado dos Problemas do Norte Goiano (CONORTE) e pela Casa do Estudante Norte Goiano (CENOG). Após muita persistência, mesmo depois de dois vetos presidenciais, o Tocantins foi criado.(PÓVOA, 2004).

A televisão chega ao antigo norte goiano, onde hoje é o Tocantins, através do jornalista Jaime Câmara, que em 1976 decide trazer a TV Anhanguera para a maior cidade do extremo norte goiano, Araguaína. No entanto, a própria população da cidade já havia se unido e formado a comissão pró-TV, que conseguiu, anos antes da chegada da TV Anhanguera, instalar uma retransmissora na cidade, conhecida como TV Araguaína.

Com a chegada do grupo Jaime Câmara, porém, as negociações para a concessão foram suspensas.

O Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica “Mídia e Memória: a trajetória das mídias tradicionais no Tocantins” tem o propósito de resgatar a história e memória do jornalismo impresso, rádio e televisão no Tocantins. Para tanto, foram utilizados os dados disponibilizados pelo site Mapa da Mídia no Tocantins (http://www.midiatocantins.com.br) resultado de um projeto de pesquisa realizado entre 2015 e 2016 desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Jornalismo e Multimídia, vinculado ao curso de Jornalismo da Universidade Federal do Tocantins. A pesquisa, sob a coordenação da Profª. Drª. Liana Vidigal Rocha, identificou e mapeou 49 jornais impressos, 49 emissoras de rádio e 16 emissoras de televisão, que tiveram suas informações disponibilizadas através do site Mapa da Mídia no Tocantins.

Neste artigo apresentamos um recorte deste projeto, enfocando a memória da televisão tocantinense. O objetivo do artigo é registrar o histórico das emissoras de televisão atuantes no Tocantins com a finalidade de resgatar a memória e a história da

(3)

mídia no estado. O percurso metodológico desse trabalho envolveu a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, trazendo como produto final a proposta de uma linha do tempo produzida a partir dos dados coletados.

Breve histórico da chegada da televisão no Brasil e no Tocantins

" Os brasileiros, ao verem implantada a televisão nos Estados Unidos e na Europa, também desejaram tê-la em seu país." (SAMPAIO, 1984, p. 199). A partir dessa sentença, Sampaio (1984) destaca os esforços do jornalista Assis Chateaubriand a fim de trazer a televisão para o Brasil. De acordo com o autor, Chateaubriand comunicou aos amigos, já no fim da década de 40, que instalaria uma emissora de televisão em São Paulo e que tinha inclusive encomendado o aparelhamento.

Vampré (1979) diz que ainda em 29 de setembro de 1948, sob a direção do jornalista Alceu Nunes Fonseca, a Rádio Industrial de Juiz de Fora transmitiu programas de televisão. No entanto, é Chateaubriand que inaugura em 18 de setembro de 1950 a Televisão Tupi Difusora em São Paulo. (SAMPAIO,1984).

O Brasil teve a honra de ser o primeiro país da América Latina a ter televisão em caráter regular. Sua primeira estação foi adquirida quando os norte-americanos ainda praticamente anunciavam a exploração da tevê. Iniciativa do jornalista Assis Chateaubriand, sendo o primeiro sinal oficial de televisão em nosso país retransmitido da torre instalada no edifício do Banco do Estado de São Paulo pela TV Tupi Difusora, à época canal 3, em 18 de setembro de 1950.

(SAMPAIO, 1984, p. 199 apud CASTRO, s.d., p.9).

Nesse início da presença da televisão no Brasil os equipamentos, os modelos e até a equipe de profissionais eram intensamente dependentes dos americanos, que já haviam inaugurado a televisão em seu país. " [...] não havia aqui indústria de componentes técnicos de têve. Até as válvulas eram de fabricação americana". (SODRÉ, 1977, p.94) Santos (2015) afirma que a própria TV Tupi de São Paulo contou, em um primeiro momento, com a assessoria de técnicos americanos da Rádio Corporation of America.

Assim, Sampaio (1984 apud CASTRO, s.d.) diz que, depois de algumas experiências, em 20 de janeiro de 1951 outra emissora Associada seguiu os passos da TV Tupi Difusora. A TV Tupi do Rio de Janeiro iniciou emissões regulares de

(4)

programas utilizando estúdios improvisados e transmissores General Electric, instalados no Pão de Açúcar.

As estações inauguradas depois da pioneira foram a Tupi do Rio, em 1952 (ano em que a Argentina teve a sua primeira emissora de TV), e neste mesmo ano a TV Paulista. Em 1953 veio a TV Record de São Paulo, e em 1955, a segunda emissora no Rio, a TV Rio. Em 1956 a TV Itacolomi, em Belo Horizonte e em 1960 a TV Brasília e a TV Nacional, em Brasília. Em 1961, a TV Excelsior e TV Cultura, em São Paulo; no Rio a TV Continental. Seguem-se as estações da série promovida pelas Emissoras Associadas, instaladas em capitais do país.

(SAMPAIO, 1984, p. 203).

No entanto, enquanto ainda não se colocava como uma importante mídia, a televisão sofreu a desconfiança que cabia a um produto novo, que ainda estava se descobrindo, se inventando e reinventando e cujo acesso era muito caro e por tanto muito limitado, em um momento no qual o rádio dominava as audiências. Santos (2015) afirma que a abrangência limitada da televisão, que contemplava inicialmente as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, expandindo-se depois para Belo Horizonte e Porto Alegre, juntamente com as limitações tecnológicas do país e uma organização empresarial que ainda estava principiando, fizeram desse novo meio um investimento que causava certa insegurança nos anunciantes.

Nos anos 50, as verbas das agências dividiam-se majoritariamente entre jornais, revistas e emissoras de rádio - estas últimas captadoras de imensas audiências populares, graças a espetáculos musicais, novelas etc. Neste quadro a têve se implanta como uma mera e curiosa inovação tecnológica, um "brinquedo de elite". (SODRÉ, 1977, p.94)

A televisão consegue superar suas limitações e consolidar-se como um forte veículo de comunicação. Sodré (1977) considera que a TV conseguiu gerar mecanismos publicitários poderosos. Tys (1978) fala que o rádio perdeu espaço para a televisão, que conseguia unir som e imagem. "Por sorte sua, os receptores ainda são caros, mas as verbas mais ponderáveis vão para a televisão, esvaziam o rádio". (TYS, 1978, p.10).

De acordo com Sampaio (1984) os telespectadores compravam receptores estrangeiros de boa qualidade, mas que eram vendidos a um preço alto. Assim, a criação da Invictus, marca que produziria receptores no país, foi recebida com agrado pelos telespectadores. "Os primeiros receptores, muitos instalados em lugares públicos, foram

(5)

fornecidos pelas Emissoras Associadas. Calcula-se que eram cerca de três mil à época, núcleo original dos três milhões e oitocentos mil existentes em 1969, em todo o Brasil".

(SAMPAIO, 1984, p. 200 apud CASTRO, s.d., p.9).

Santos (2015) afirma que os Diários Associados eram a maior cadeia de imprensa do país, criada e dirigida por Chateaubriand, com 36 radioemissoras, 34 jornais, 18 estações de televisão, diversas revistas infantis, uma revista semanal, uma mensal, uma agência de notícias e uma editora. Moreira (1995) afirma que a TV Tupi de São Paulo foi lançada como parte das Emissoras Associadas, uma rede nacional também montada por Chateaubriand.

De acordo com Sampaio (1984) quando o Chateaubriand morreu, em 1968, as Emissoras Associadas tinham 25 estações de rádio e 18 de televisão, na época, a maior cadeia de rádio e TV no Brasil e na América Latina. A TV Tupi teve seu fim em 1980 como explica Santos:

A TV Tupi, primeira emissora de televisão da América Latina, desapareceria em 16 de julho de 1980, 29 anos e dez meses depois da sua inauguração. O governo militar preferiu a cassação da concessão a liberar o canal para uma cooperativa de funcionários, após um período de crise financeira e greve de empregados na emissora paulista.

(SANTOS, 2015, p. 51)

Depois do Golpe de 64, os militares incentivaram o aumento do alcance dessa nova mídia, investindo na infraestrutura que permitiria tal feito. O governo militar fez das telecomunicações um ponto importante da política de desenvolvimento e integração nacional, considerando sua influência nesse meio, imposta através de censura, regulamentações e políticas culturais normativas. (HAMBURGER, 1998) "A ditadura militar é motivada pela preocupação em manter estruturas e pessoas sob controle, e isto se dá através das campanhas que enfatizam o progresso, o avanço para o interior do país e a defesa dos interesses nacionais." (SANTOS, 2015, p. 55).

De acordo com Santos (2015), é nesse contexto, época em que os militares convidavam empresários a investir na região Amazônica em troca de incentivos fiscais, que Jaime Câmara decide levar a TV Anhanguera para o norte goiano, região que hoje é o Tocantins. A Organização Jaime Câmara, que se tornou uma das principais no ramo

(6)

de telecomunicações de Goiás, colocara em funcionamento a TV Anhanguera em 1963, concorrendo com a TV Rádio Clube que era líder de audiência em Goiânia e em 1968 ela se torna uma das primeiras emissoras a afiliar-se à Rede Globo.

A ocupação amazônica foi um investimento que o grupo Jaime Câmara vislumbrara ser possível por meio da conquista do interior por meio de investimentos na maior cidade da região norte do Estado de Goiás, Araguaína. [..] A intenção era tornar maciça a presença dos veículos pertencentes ao grupo no estado de Goiás, sobretudo, das emissoras de televisão, como estratégia de ocupação de espaço.

(SANTOS, 2015, p.79)

Dessa forma, mesmo com a ausência de sistema de eletrificação permanente em grande parte dos municípios e de pavimentação da BR153, principal rodovia de ligação do Brasil com a região norte, condições que se faziam impasses para a chegada da televisão ao norte de Goiás, o jornalista Jaime Câmara iniciou suas tentativas de instalar uma retransmissora da TV Anhanguera em Araguaína e recebeu apoio das autoridades locais e regionais. (SANTOS, 2015)

No entanto, Santos (2015) aponta que o interesse dos políticos sobre a chegada da televisão ao norte goiano não limitava-se ao desejo de progresso, de desenvolvimento de uma área abandonada, mas recaía também sobre trocas vantajosas que foram firmadas ali, quando a televisão teve que divulgar propagandas políticas e projetos da prefeitura gratuitamente. "[...] a fala do poder que necessita do meio de comunicação e, ao mesmo tempo, permuta os dividendos em troca de divulgação das ações administrativas." (SANTOS, 2015, p. 84)

(7)

Fig. 1 –Primeira antena da TV Anhanguera – Araguaína (captura de tela)

Fonte: < http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2016/12/tv-anhanguera-de-araguaina-completa- 40-anos-de-fundacao.html > Acesso em 12 abr 2017.

A primeira antena da TV Anhanguera foi instalada em Araguaína em 10 de dezembro de 1976, como retransmissora da Rede Globo de Televisão (fig. 1). No entanto, essa não foi a primeira retransmissora da região. Antes disso, parte da população, animada com a chegada do sinal de televisão a Imperatriz, uma cidade do Maranhão próxima a Araguaína, fundou a comissão pró-TV. O grupo tinha a intenção de instalar retransmissores e torres para que os cidadãos de Araguaína finalmente pudessem ter acesso à televisão. Tendo recebido doações e juntado fundos, conseguiram então comprar cinco repetidoras, cinco torres, baterias e motores estacionários para carregar as baterias. (SANTOS, 2015)

As torres foram instaladas em Sumaúma-MA, Tocantinópolis, Estreito, Wanderlândia e a última, na principal via de Araguaína. No entanto, a população de Araguaína reclamava com frequência da qualidade da imagem e foi preciso instalar uma segunda torre na cidade. A estação, que ficou conhecida como TV Araguaína, utilizava fitas gravadas da repetidora de Imperatriz, que eram enviadas todos os dias para gravação e voltavam pelo ônibus interestadual. A programação copiada eram programas da TV Tupi. (SANTOS, 2015)

Ainda assim, a TV Araguaína só pôde funcionar por um pequeno período, pois a chegada do grupo Jaime Câmara acabou por atrapalhar as negociações para a concessão.

(8)

A presença de uma retransmissora em Araguaína abastecida de programas copiados de uma emissora maranhense chamou a atenção de lideranças políticas locais, impressionadas com o repentino sucesso da nova emissora. Por outro lado estas mesmas lideranças foram contatadas pelo empresário do sul de Goiás, Jaime Câmara, para apoiar a implantação de uma retransmissora da TV Anhanguera - Canal 2 na cidade. Representadas pelo senador biônico Benedito Vicente Ferreira, conhecido como o "Senador Boa Sorte", decidem apoiar o empreendimento da Organização Jaime Câmara. (SANTOS, 2015, p. 88)

A cidade de Araguaína ficou divida a partir daí. Parte queria a manutenção da TV Araguaína e parte, no anseio por uma melhor qualidade de imagem, defendia a instalação da TV Anhanguera. Jaime Câmara decide então convencer lideranças empresariais e políticas doando televisores. A imagem do primeiro teste de transmissão de sinal foi satisfatória mas a programação não agrada tanto os moradores, que continuam divididos.

Parte da população mitificava o empreendimento de Jaime Câmara.

Para estes, o jornalista representava o Chatô do norte, aquele que trazia a modernidade para o sertão de Goiás. Este mito era alimentado pelos veículos da empresa. O que escondia, de certa forma, o jogo da elite goiana que via no desenvolvimento desta região um meio de valorização das terras, um embrião de um Estado que, além de curral eleitoreiro, serviria como um canteiro de obras para as empreiteiras, ou seja, seria a abertura de uma nova fronteira de expansão capitalista.

Outro grupo acreditava no envolvimento da comunidade por meio de campanhas e bingos para a comunicação pela própria população e não por um empresário de outra localidade. (SANTOS, 2015, p.92)

Assim, o grupo Jaime Câmara segue expandindo-se pelo norte de Goiás e de acordo com Santos (2015) é peça fundamental no processo de emancipação do norte e criação do estado do Tocantins. "Não somente informou o que estava acontecendo como também influenciou a maneira pela qual as imagens e mensagens por ela transmitidas deviam ser entendidas. Nesse sentido, contribuiu para reforçar o sentimento de autonomia do segmento que vivia no norte." (SANTOS, 2015, p. 121)

A televisão no Tocantins: linha do tempo, métodos e pesquisa

A organização desse estudo iniciou-se com a delimitação da data que seria o ponto de partida para a pesquisa. Para isso foi escolhida a chegada da televisão no Brasil como o evento que daria início ao resgate histórico. Realizou-se uma pesquisa sobre a história

(9)

da televisão no Brasil e no Tocantins que serviu como base teórica para a execução do projeto.

A fase seguinte foi a de coleta de dados a respeito dos veículos selecionados para compor a linha do tempo. As informações foram recolhidas usando como base o projeto

“A mídia regional na era on-line: estudo e mapeamento dos veículos de comunicação no Estado do Tocantins”, projeto que identificou, mapeou, catalogou e disponibilizou as informações dos veículos jornalísticos existentes no Tocantins por meio do site Mapa da Mídia no Tocantins (www.midiatocantins.com.br). Outras fontes de informações utilizadas foram as páginas das redes sociais, como Facebook e Twitter, pertencentes a cada emissora. Artigos, livros e contatos com profissionais da área, também serviram para agregar conteúdo à pesquisa.

O site Mapa da Mídia aponta a existência de 16 emissoras de televisão, no entanto, para essa primeira versão da linha do tempo, foram selecionadas apenas 10 emissoras. Para essa seleção foram utilizados critérios de alcance e relevância local. As escolhidas pertencem às três principais cidades do estado, são elas Palmas, a capital, Araguaína e Gurupi. Das emissoras com sede em Palmas foram eleitas a TV Anhanguera Palmas, TVE/Redesat Tocantins, TV Graciosa, SBT Tocantins e RecordTV Tocantins. Em Araguaína foram escolhidas a TV Anhanguera Araguaína e TV Girassol Araguaína e em Gurupi, a TV Anhanguera Gurupi, TV Girassol Gurupi e TV Jovem Gurupi.

O objetivo foi coletar os dados principais dos veículos, como nome, contato, data de fundação e nome do responsável, além de detalhes de como se deu a fundação e quais modificações foram sofridas por cada emissora ao longo do tempo. Dessa forma, foi possível observar o trajeto histórico percorrido pela televisão no Tocantins e traçar um panorama das características das emissoras do estado.

De posse desses dados foram elaborados textos que fizeram parte da linha do tempo. Definiu-se que cada evento deveria ser acompanhado de um texto, o qual apresentaria as principais informações necessárias à compreensão da data. Os textos deveriam ter em média dois parágrafos. No total foram produzidos 12 textos, sendo que

(10)

1 foi para a chegada da televisão no Brasil, 1 para a criação do estado do Tocantins e os outros 10 para os veículos.

Em seguida houve a seleção da ferramenta que auxiliou na construção da linha do tempo. Após a realização de pesquisas e de testes de ferramentas variadas, a escolha ficou com o site TimeToast (www.timetoast.com), já que o site apresentou funcionalidades que favoreciam a interatividade, isso, aliado com o fácil manuseio e um visual estético agradável. Assim, a linha do tempo ficaria mais dinâmica e atrativa para os usuários, além de ser mais acessível em razão da baixa complexidade de suas funções. A ferramenta possui um limite de 500 caracteres para os textos inseridos em cada evento. No entanto, este fato não representou um empecilho, pois os textos produzidos se encaixavam nos padrões dos textos jornalísticos para web.

Fig. 2 – Texto explicativo com dados históricos da emissora (captura de tela) Fonte: Elaboração própria

Outra funcionalidade da ferramenta TimeToast é a possibilidade de inserir uma imagem para ilustrar cada evento. Para a Linha do tempo da história da televisão no Tocantins, as imagens selecionadas foram as logomarcas de cada emissora. Para a obtenção das logomarcas utilizou-se a ferramenta de captura de imagens LightShot, que possibilitou a coleta das imagens nas páginas das emissoras, nas redes sociais e em seus próprios sites. Além disso, também foram obtidas imagens a partir de pesquisas na internet.

Para começar a utilizar a ferramenta, fez-se necessária a criação de uma conta para o projeto. A conta foi criada utilizando o email do grupo de pesquisa ao qual esse

(11)

projeto está vinculado, cujo endereço eletrônico é (nepjor@mail.uft.edu.br). Com a conta pronta para uso, deu-se início à construção da linha do tempo, começando pela criação dos eventos que a comporiam. O primeiro evento criado foi “A Chegada da Televisão no Brasil”, que serviu de marco histórico para o inicío da linha. Em seguida foram inseridos os veículos que já funcionavam antes da criação do Tocantins, quando o territórrio ainda pertencia ao norte de Goiás. O próximo evento foi a “Criação do Estado do Tocantins” e a partir daí, os veículos foram sendo insseridos em ordem cronológica.

Fig. 3 – Exemplo de evento criado na Linha do Tempo (captura de tela) Fonte: Elaboração própria

Com os eventos criados, passou-se para a adição dos nomes, das datas de inauguração, dos textos históricos e das respectivas logomarcas de cada veículo. Essa etapa respeitou também a ordem cronológica. Depois das últimas modificações, ficou pronta a linha do tempo “A televisão no Tocantis”, que está disponível no link

<http://www.timetoast.com/timelines/1501011>.

(12)

Fig. 4 – Linha do Tempo da Televisão no Tocantins (captura de tela) Fonte: Elaboração própria

Considerações Finais

Em 2017 comemora-se os 29 anos de criação do estado do Tocantins. No entanto, os meios tradicionais de comunicação já se faziam presentes no antigo norte de Goiás, antes mesmo da divisão do estado. Este artigo trata-se do resgate da história da mídia televisiva no Tocantins e da produção de uma linha do tempo com os dados coletados na pesquisa.

Por meio desse estudo, foi possível detectar que a presença oficial da televisão no Tocantins ocorreu em meados dos anos 70, no norte do estado, cerca de 25 anos depois da chegada da televisão no Brasil. Em termos históricos, a primeira emissora de Araguaína pertencia ao Grupo Jaime Câmera, grupo de comunicação hegemônico na região do estado de Goiás, retransmissora da programação da Rede Globo de Televisão.

O Grupo detém ainda hoje o maior alcance de mídia televisiva, com emissoras em Araguaína, Gurupi e Palmas. A primeira emissora a instalar-se em Palmas foi a TV Jovem Palmas, afiliada da TV Record, em outubro de 2000. Ou seja, quando a televisão brasileira comemorava seus 50 anos, as emissoras de televisão começaram a se instalar na capital do estado. A emissora mais nova no Tocantins é a TV Graciosa, inaugurada em outubro de 2016, que atualmente retransmite a programação da TV Cultura de São Paulo.

(13)

Para dar seguimento ao projeto de Iniciação Científica “Mídia e Memória: a trajetória dos meios tradicionais do Tocantins” serão identificados os principais profissionais atuantes em Palmas que fizeram parte da história da comunicação no estado, a fim de que sejam gravados seus depoimentos. A produção dos vídeos e áudios irão compor um acervo da história dos meios de comunicação tradicionais do estado do Tocantins, tornando possível analisar processos sociais, históricos e culturais que cercam o estabelecimento desses veículos no estado.

O surgimento dessas mídias tem um forte entrelaço com a própria história do Tocantins; de sua criação, suas lutas, suas particularidades políticas, sociais e culturais, grande parte de tudo isso foi registrado por essas mídias. Os resultados dessa pesquisa contribuem, assim, para uma maior facilidade no acesso a esse conhecimento.

Referências

HAMBURGER, Éster. Diluindo fronteiras: a televisão e as novelas do cotidiano. In: História da Vida Privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea. vol. 4. São Paulo:

Companhia das Letras, 1998.

LINHA do tempo. A televisão no Tocantins. Disponível em:

http://www.timetoast.com/timelines/1501011 . Acesso em 14 abr 2017.

MOREIRA, Sonia Virgínia. A legislação dos Meios Eletrônicos (TV e rádio) nos Estados Unidos e no Brasil. In: Comunicação e Sociedade. Ano XIII, n. 24. São Paulo: Editora IMS, 1995.

PÓVOA, Liberato. História Didática do Tocantins. Goiânia: Kelps, 2004.

SAMPAIO, Mario Ferraz. História do Rádio e da Televisão no Brasil e no Mundo (memórias de um pioneiro). Rio de Janeiro: Achiamé, 1984.

SANTOS, Jocyleia Santana dos. A Sedução da Imagem: a televisão no limiar do Tocantins.

Palmas: EDUFT, 2015.

SODRÉ, Muniz. O Monopólio da Fala. Petrópolis: Vozes, 1977.

TYS, Hélio. Rádio no Brasil. Comunicação, n. 25, 1978.

VAMPRÉ, Octavio Augusto. Raízes e Evolução do Rádio e da Televisão. Porto Alegre:

FEPLAN, 1979.

Referências

Documentos relacionados

São eles, Alexandrino Garcia (futuro empreendedor do Grupo Algar – nome dado em sua homenagem) com sete anos, Palmira com cinco anos, Georgina com três e José Maria com três meses.

Após extração do óleo da polpa, foram avaliados alguns dos principais parâmetros de qualidade utilizados para o azeite de oliva: índice de acidez e de peróxidos, além

nesse contexto, principalmente em relação às escolas estaduais selecionadas na pesquisa quanto ao uso dos recursos tecnológicos como instrumento de ensino e

Introduzido no cenário acadêmico com maior ênfase por Campos (1990), o termo accountability é de conceituação complexa (AKUTSU e PINHO, 2001; ROCHA, 2009) sendo

Para analisar as Componentes de Gestão foram utilizadas questões referentes à forma como o visitante considera as condições da ilha no momento da realização do

Como parte de uma composição musi- cal integral, o recorte pode ser feito de modo a ser reconheci- do como parte da composição (por exemplo, quando a trilha apresenta um intérprete

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no