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Avaliação dos rótulos de suplementos de carboidrato

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Academic year: 2022

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16 RESUMO

OBJETIVO. Avaliar a conformidade dos rótulos dos suplementos de carboidrato de acordo com a legislação e recomendações nutricionais vigentes. MÉTODOS. Durante um mês foram coletados e analisados os rótulos de suplementos de carboidrato segundo a Portaria 222 da ANVISA e a recomendação da Diretriz da SBME. RESULTADOS. Um total de 34 rótulos foram analisados.

Verificou-se que 85% dos suplementos analisados possuíam orientação de uso cuja concentração de carboidratos é maior do que recomenda a SBME e 80% dos produtos não possuíam nos rótulos frases de acordo com as exigências da ANVISA. CONCLUSÃO. A maioria dos suplementos analisados possuía informações incorretas em seus rótulos. Isto demonstra a necessidade de aumentar a atenção por parte de nutricionistas e médicos na prescrição e orientação de suplementos alimentares e a necessidade de fiscalização destes produtos pelos órgãos públicos.

Palavras-chave: Suplementação, carboidrato, rotulagem.

ABSTRACT

OBJECTIVE: The objective of the study was to analyze label conformity of carbohydrate supplements according to current regulations and nutritional recommendations. METHODS:

During one month labels of carbohydrate supplements were collected and analyzed according to ANVISA 222 and SBME Guidelines. RESULTS: A total of 34 labels were analyzed. It was found that 85% of the supplements presented guidelines for use of carbohydrate in higher concentration that is recommended by SBME. 80% of the products had non-conformities in phrases that are required by ANVISA. CONCLUSION: Most supplements examined had incorrect information on their labels. This demonstrates that nutritionists and doctors need to increase their attention in the prescription and guidance of supplements. More inspection is needed by public agencies.

Key-words: supplementation, carbohydrate, labels

Recebido em 17 de Dezembro de 2010; aceito em 18 de Fevereiro de 2011.

Avaliação dos rótulos de suplementos de carboidrato

Ioná Zalcman Zimberg1, Monique C. Leitão2, Deise H. Yamauchi3, Isa de Pádua Cintra4. Autor de correspondência: Ioná Zalcman Zimberg*

1 Departamento de Psicobiologia - Universidade Federal de São Paulo.

2 Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (CAAA) - Universidade Federal de São Paulo.

3 Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (CAAA) - Universidade Federal de São Paulo.

4 Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (CAAA) - Universidade Federal de São Paulo Brazilian Journal of Sports Nutrition

Vol. 1, No. 1, Março, 2012, 16–20

*Autor de correspondência: Endereço: R. Rua Francisco de Castro 93 - CEP 04020-050 – Vila Clementino- E-mail: iona@psicobio.epm.br

Associação Brasileira de Nutrição Esportiva http://www.abne.org.br

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Zimberg et al., 2012 Brazilian Journal of Sports Nutrition

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Introdução

Os suplementos podem ser definidos como produtos consumidos com o objetivo de melhorar a saúde e prevenir doenças, sendo feitos de vitaminas, minerais, produtos herbais, extratos de tecidos, proteínas, aminoácidos e outros produtos 1.

A American Dietetic Association (ADA) 2 considera apropriado o uso de suplementos e vitaminas e minerais quando evidências científicas bem aceitas e revisadas demonstram eficiência em seu consumo. Dentre os suplementos alimentares, o único que apresenta comprovadamente efeitos ergogênicos, quando administrados durante o exercício, são os carboidratos. A suplementação desse macronutriente é justificada pelo aumento na demanda energética do atleta ou desportista. O consumo de carboidratos, sob a forma de suplementação ou não, no exercício prolongado, melhora o desempenho, retarda a fadiga e otimiza a recuperação muscular 34.

Devido à busca de melhores resultados nas competições, da boa forma e do corpo musculoso, a venda de suplementos alimentares está em ascensão, sendo que, nos EUA este mercado já ultrapassou a cifra de 6,5 bilhões de dólares 5. Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva (SBME) 6, no Brasil a realidade não é muito diferente, uma vez que tem sido observado um uso abusivo de suplementos alimentares entre atletas e praticantes de atividade física. A constatação da falta de conhecimento de uma alimentação balanceada e de qualidade, além do uso indiscriminado de suplementos alimentares que, muitas vezes superaram a ingestão diária de diversos nutrientes e substâncias, tornou necessária a criação de recomendações para a veiculação de informações correta sobre alimentação e nutrição como a Diretriz da SBME 6. Já no que se refere ao controle sanitário, visando à proteção à saúde da população e fixando a identidade, rotulagem e as características mínimas de qualidade a que deverão obedecer, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), estabeleceu exigências que devem ser cumpridas pelos fabricantes destes produtos.

Estudos demonstram que em esportistas o consumo de suplementos ocorre mais predominantemente por autoprescrição ou indicação de amigos 78, e dessa forma, o rótulo torna-se uma importante fonte de informações para o uso dos mesmos.

A partir deste panorama, o presente estudo objetivou avaliar a conformidade dos rótulos dos suplementos de carboidrato de acordo com a legislação e recomendações nutricionais vigentes para atletas e praticantes de atividade física.

Métodos

Durante o mês de maio de 2005, foi realizada a coleta de dados dos rótulos de suplementos de carboidrato distribuídos em lojas e sites especializados. Os rótulos dos produtos foram analisados em relação às instruções de consumo e/ou preparo de acordo com a Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte 6, a qual recomenda que durante o exercício sejam consumidos 30 a 60 gramas de carboidrato por hora de atividade a uma diluição de 4 a 8%. Não foi analisada a recomendação para o consumo de carboidrato antes ou após o exercício, pois esta se utiliza do peso do indivíduo. Os produtos foram analisados de acordo com as instruções presentes ou não nos rótulos e, foram classificados como “correto,” o produto que possuísse estas recomendações de forma adequada e “incorreto” para aquele que possuísse a informação inadequada ou ausente.

Ainda, os rótulos foram classificados em relação a sua adequação à Portaria 222, de 24 de março de 2002 da ANVISA, a qual exige que nos rótulos dos suplementos energéticos conste a designação de “Repositor energético para atletas” e a orientação “Crianças, gestantes e idosos, consumir preferencialmente sob orientação de médico e ou nutricionista”. Para classificação destes itens foi estipulada a denominação de “Correto”, se ambas as frases apresentassem nos seus respectivos rótulos os dizeres: “Parcialmente correto”, quando estivesse presente pelo menos uma das frases exigidas e “Incorreto”, quando nenhuma das frases estivesse presente no rótulo.

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Zimberg et al., 2012 Brazilian Journal of Sports Nutrition

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Resultados

Foram analisados 34 suplementos energéticos e as classificações dos mesmos encontram-se na Tabela 1. Dos suplementos selecionados, 74% encontravam-se na forma de pó, 15% gel, 9% barra e 3% líquido.

Ao analisar os rótulos desses produtos, verificou-se que 68% dos suplementos possuíam instruções de uso. Pode-se observar que em todos os suplementos de gel e líquido e, no entanto, nenhum dos suplementos em barra, as instruções estavam presentes.

Em relação às instruções sobre concentração, verificou-se que 85% dos suplementos energéticos possuíam uma concentração maior de carboidratos do que a recomendação da Diretriz da SBME 6. Entre os suplementos, os que mais apresentaram instruções inadequadas foram os em pó.

Tabela 1. Classificação dos suplementos energéticos pela quantidade de carboidratos e instruções de uso segundo a Diretriz da SBME 6.

Instruções de uso Concentração Suplemento n (%) Presente Ausente Correto Incorreto

n % N % n % n %

Pó 25 (74) 17 68 8 32 0 0 25 100

Gel 5 (15) 5 100 0 0 3 60 2 40

Barra 3 (9) 0 0 3 100 2 67 1 33

Líquido 1 (3) 1 100 0 0 0 0 1 100

Total 34(100) 23 68 11 32 5 15 29 85

A respeito das exigências feitas pela ANVISA (Tabela 2), 74% dos rótulos estavam parcialmente corretos por não possuírem uma das frases e 6% dos rótulos estavam incorretos por não possuírem nenhuma das frases. Quando analisadas separadamente (designação e orientação) a designação “repositor energético para atletas” foi a informação citada mais vezes erroneamente (79%).

Tabela 2. Classificação dos rótulos dos suplementos energéticos segundo as exigências da Portaria 222 da Anvisa.

Exigências da ANVISA

Suplemento n (%) Correto Parcialmente correto Incorreto

n % n % n %

Pó 25 (74) 7 28 16 64 2 8

Gel 5 (15) 0 0 5 100 0 0

Barra 3 (9) 0 0 3 100 0 0

Líquido 1 (3) 0 0 1 100 0 0

Total 34 (100) 7 21 25 74 2 6

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Zimberg et al., 2012 Brazilian Journal of Sports Nutrition

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Discussão

Os resultados obtidos demonstram a inadequação da quantidade de carboidratos recomendada pelos fabricantes dos suplementos analisados. Dentre estes, apenas um suplemento em gel apresentou quantidade abaixo do recomendado pela SBME, os demais encontraram-se acima do preconizado.

Segundo MAUGHAN 9, os atletas que fazem uso de suplementos, geralmente tendem a consumir quantidades excessivas. Somado a isso, pode-se perceber neste trabalho que existem outros fatores que podem contribuir para tal excesso, como a instrução para ingestão de quantidades superiores às recomendadas pelos fabricantes de suplementos de carboidratos. A atenção deve ser maior para os suplementos de carboidrato em pó, pois muitos orientavam que a diluição do produto fosse feita em suco ou qualquer outra bebida preferida, tornando a quantidade de carboidrato a ser ingerida ainda maior.

O consumo superior ao recomendado pela SBME pode prejudicar o desempenho de atletas. A administração de carboidratos em altas quantidades e/ou concentrações pode provocar rápida elevação da glicose, alta liberação de insulina e hipoglicemia, distúrbios gastrointestinais, fatores que poderiam contribuir para a diminuição do tempo de exercício e fadiga precoce 1011.

Ainda, observou-se que apesar da maioria dos rótulos analisados apresentarem instrução de uso, muitas dessas orientações eram pouco explicativas em relação a horário e à forma de consumo, e dessa maneira, poderiam ser interpretadas de modo equivocado. Nos suplementos em gel, por exemplo, observou-se que, em um determinado produto, o rótulo não possuía a instrução de do modo de consumi-lo com água, sendo esta uma informação imprescindível para a ingestão este tipo de produto.

No que tange às exigências feitas pela ANVISA, 80% dos rótulos não possuíam adequadamente as frases exigidas pela portaria vigente. A falta de informações correta nos rótulos torna ainda mais importante a procura por profissionais habilitados para a prescrição e orientação destes produtos. Porém, PEREIRA; LAJOLO e HIRSCHBRUCH 7 demonstraram em seus estudos que parte dos usuários de suplementos em academias de São Paulo (31%) faz uso por meio de indicação de instrutores, professores ou treinadores, seguido de amigos (15,6%), autoindicação (15,6%), e por ultimo por prescrição de nutricionista (11%) ou médico (10,1%). A elaboração de regulamentações sobre o assunto melhora e facilita a atuação dos profissionais da saúde e a educação do público em geral sobre uso seguro e eficiente destes produtos.

É importante ressaltar, que os carboidratos podem ser consumidos antes e depois do exercício, não somente sob a forma de suplementos, mas também podem ser obtidos por meio da alimentação. Outro fator importante é que para o atleta ter seu desempenho maximizado é necessário uma alimentação balanceada que atenda todas as suas necessidades 3.

Conclusão

As análises feitas nos rótulos dos suplementos energéticos demonstram uma grande inadequação tanto pela recomendação da SBME quanto para as exigências feitas pela portaria 222 da ANVISA. Isto demonstra a necessidade de aumentar a atenção por parte de nutricionistas e médicos na prescrição de suplementos alimentares e orientação de seus pacientes quanto à intruções de uso, minimizando, assim, os riscos que a ingestão inadequada desses produtos podem trazer à saúde além de estarem verificando as informações veiculadas nos rótulos e acionar os órgãos competentes para fiscalização destes produtos.

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Referências bibliográficas

1. ELIASON, B. C. et al. Dietary supplement users: demographics, product use, and medical system interaction. Board Famly Practce. 1997; 10:265-71.

2. POSITION of the American Dietetic Association: functional foods. J Am Diet Assoc. 1999;

99:1278-85.

3. COSTILL, D. L. Carbohydrates for exercise: dietary demands for optimal performance. Int J Sports Med. 1998; 9: 1-18.

4. 1 BURKE, L. M. Nutritional needs for exercise in the heat. Comp Biochem Physiol A Mol Integr Physiol. 2001; 128: 735-48.

5. KURTZWEIL, P. An FDA guide to dietary supplements. FDA Consumer .1998; 32: 28-35.

6. DIRETRIZ da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação da ação ergogênica e potenciais riscos a saúde. Rev Bras Med Esporte. 2003; 9: 43-55.

7. PEREIRA, R. F.; LAJOLO, F. M.; HIRSCHBRUCH, M. D. Consumo de suplementos por alunos de academias de ginástica em São Paulo. Rev Nutr. 2003; 16: 265-272.

8. HIRSCHBRUCH, M. D.; FISBERG, M.; MOCHIZUKI, L. Consumo de Suplementos por Jovens Freqüentadores de Academias de Ginástica em São Paulo. Rev Bras Med Esporte.

2008; 14: 539-543.

9. MAUGHAN, R. J. Nutritional ergogenic aids and exercise performance. Nutr Res Rev. 1999;

12: 255-280.

10. BURKE, L. et al. Carbohydrate loading failed to improve 100 Km cyclists performance in placebo- controlled trial. J Appl Physiol. 2000; 88: 1284-1290.

11. WILLIAMS, M. H. Nutrição para saúde, condicionamento físico e desempenho esportivo.

São Paulo: Manole, 2002.

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