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Uso dos Serviços Odontológicos Entre Idosos Residentes no Município de Campina Grande, Paraíba

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Uso dos Serviços Odontológicos Entre Idosos Residentes no Município de Campina Grande, Paraíba

Use of Dental Services among Elderly Living in the City of Campina Grande, PB, Brazil

Alidianne Fábia Cabral XAVIER 1 , Jalber Almeida dos SANTOS 2 , Catarina Ribeiro Barros de ALENCAR 3 , Francisco Juliherme Pires de ANDRADE 4 , Marayza Alves CLEMENTINO 5 ,

Tarciana Nobre de MENEZES 6 , Alessandro Leite CAVALCANTI 6

Objetivo: Investigar o uso dos serviços odontológicos por idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família no município de Campina Grande, Paraíba.

Método: Estudo de base domiciliar, transversal, no qual foram entrevistados idosos com idade igual ou superior a 60 anos. A amostra do tipo probabilística foi composta por 283 indivíduos. O instrumento de pesquisa consistiu de um formulário semi-estruturado, composto por quatro dimensões: identificação, características demográficas, condições de moradia e consumo de serviços de saúde. Os dados foram processados usando-se o software Epi Info 3.5.1, sendo apresentados por meio da estatística descritiva.

Resultados: Verificou-se maior frequência das mulheres (70,3%) e a idade variou de 60 a 104 anos (72,2 anos ± 9,3). A maioria dos idosos tem renda pessoal e familiar entre 1 e 2 salários mínimos (72,8% e 65,7%, respectivamente), residindo em casa própria (90,5%). Apenas 4,2% dos idosos declararam jamais ter ido ao cirurgião-dentista e 67,2%

haviam utilizado o serviço odontológico há mais de três anos. As principais razões que motivaram a busca pelo atendimento foram a exodontia (27,0%) e a necessidade de reparos ou manutenção nas próteses dentárias (26,6%). Quanto à autopercepção das necessidades de tratamento, 46,1% dos entrevistados informaram necessitar de tratamento odontológico.

Conclusão: Apesar de a população idosa utilizar os serviços odontológicos de saúde, uma boa parte o fez há mais de três anos, sendo a exodontia o motivo principal da consulta, de modo que muitos afirmaram necessitar de tratamento odontológico.

Acesso aos serviços de saúde; Saúde bucal; Atenção integral à saúde do idoso; Saúde do idoso.

Objective: To investigate the use of dental services by elderly registered in the Family Health Strategy in the city of Campina Grande, PB, Brazil.

Method: In this cross-sectional, home-based study, elderly aged 60 years or older. The probabilistic sample was composed by 283 subjects.

The data collection instrument was a semi-structured questionnaire composed by four dimensions: identification, demographics, living conditions and use of health services. Data were processed using the Epi Info 3.5.1 software and were presented by means of descriptive statistics.

Results: There was higher frequency among females (70.3%) and the age ranged from 60 to 104 years (72.2 years ± 9.3). Most elderly have personal and family incomes between 1 and 2 minimum wages (72.8%

and 65.7%, respectively) and live in their own property (90.5%). Only 4.2% of the elderly had never gone to the dentist and 67.2% affirmed to have used the dental service more than 3 years ago. The main reasons for visiting the dentist were extractions (27.0%) and need of repairs or maintenance of dentures (26.6%). Regarding the self-perception of treatment needs, 46.1% of the interviewees believed that they needed dental treatment.

Conclusion: Although the elderly population use dental services, more than 3 years had elapsed since their last visit to the dentist, and extraction was the main reason for seeking dental care, in such a way that many of the interviewees affirmed to need dental treatment.

Health services accessibility; Oral health; Health services for the aged; Health of the elderly.

1

Professora do Curso de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Araruna/PB, Brasil.

2

Doutorando em Odontologia pela Universidade Federal de Pernambuco, Recife/PE, Brasil.

3

Doutoranda em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP), Bauru/SP, Brasil.

4

Doutorando em Ciências Odontológicas Aplicadas pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP), Bauru/SP, Brasil.

5

Mestranda em Odontologia pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Campina Grande/PB, Brasil.

6

Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Campina Grande/PB, Brasil.

RESUMO ABSTRACT

DESCRITORES KEY-WORDS

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A população idosa, considerada como aquela com sessenta ou mais anos de idade, é o segmento populacional que apresenta maiores taxas de crescimento no Brasil, fazendo com que à semelhança de diversos países em desenvolvimento a nação esteja envelhecendo rapidamente 1 . Estimativas apontam que em 2020 o país reunirá a sexta maior população idosa do mundo, com cerca de 32 milhões de pessoas 1 .

Diante desta nova situação demográfica, as significativas mudanças no padrão de prevalência e incidência de doenças orais exigem a concepção e implantação de políticas que orientem os serviços de saúde bucal a exercer sua missão de promover o bem- estar do idoso nas diferentes regiões do país 2 .

A Lei Orgânica da Saúde, implementada em 1990, preconiza como um de seus princípios o acesso universal e gratuito às ações de saúde 3 . A utilização dos procedimentos odontológicos é um elemento que permite a aproximação aos princípios estabelecidos pela lei, além de contribuir para identificação de como o acesso pode ser obtido de forma a permitir a melhoria de saúde bucal da população brasileira 4 .

Dessa maneira, estudos sobre a utilização de serviços de saúde são considerados importantes, por permitir caracterizar a população usuária, identificar suas condições de saúde e suas motivações para a procura, aspectos fundamentais no planejamento e organização das ações de saúde 5 .

O uso dos serviços de saúde representa, portanto, o centro do funcionamento dos sistemas de saúde 6 , pois ele é resultado da interação de uma série de fatores 7 . Além da disponibilidade de serviços, as razões que levam as pessoas a consultarem um médico ou um cirurgião-dentista provêm de características demográficas, socioeconômicas, psicológicas e dos perfis de morbidade, sendo que os efeitos e a importância relativa de cada fator são afetados pela cultura, políticas de saúde vigentes e pelo próprio sistema 8 .

A periodicidade e a frequência apropriada do uso de tais serviços contribuem para a manutenção da saúde por intermédio da prevenção de doenças em todas as idades, além de permitir o tratamento precoce dos problemas identificados 9 .

Especificamente no que se refere à utilização do serviço odontológico pela população idosa, diversas investigações 7,10-15 foram conduzidas, pois o conhecimento dos fatores associados ao uso de tais serviços podem contribuir com a formulação de políticas de saúde bucal e, consequentemente, com melhoria da qualidade de vida desta população específica 11 .

Face ao exposto, este estudo objetivou investigar o uso dos serviços odontológicos por idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família no município de Campina Grande, Paraíba.

A presente pesquisa caracteriza-se como um estudo de base domiciliar, transversal, no qual foram entrevistados idosos com idade igual ou superior a 60 anos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família do município de Campina Grande/PB, nos anos de 2009 e 2010.

Para o cálculo amostral utilizou-se o universo de 23.416 idosos cadastrados nas 63 Unidades de Saúde da Família, distribuídos nos seis Distritos Sanitários do município, de acordo com informações fornecidas pela Secretaria de Saúde. Estimou-se uma prevalência dos desfechos de, no mínimo 25%. O cálculo do tamanho amostral foi realizado a partir da equação: {[E 2 x p (1-p)]

x c}/ A 2 . Onde E é o limite de confiança (1,96), c é o coeficiente de correlação amostral (2,1), uma vez que a amostra é por conglomerado, e A é a precisão aceita para a prevalência estimada (A=6%). A amostra foi proporcional a cada distrito sanitário, sendo no total composta por 420 idosos.

Para a seleção dos sujeitos foi realizado sorteio, em cada distrito sanitário, de uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF). Em cada unidade foi realizado o levantamento do total de idosos cadastrados e, posteriormente, feito o sorteio dos idosos por meio da amostragem sistemática.

O instrumento de pesquisa consistiu de um formulário semi-estruturado, composto por quatro dimensões: (a) identificação; (b) características demográficas (sexo, faixa etária, renda pessoal e familiar); (c) condições de moradia (domicílio e número de cômodos); (d) consumo de serviços de saúde (acesso, tempo, motivo e local da última consulta, avaliação do atendimento e autopercepção da necessidade de tratamento). Como parte integrante da capacitação, realizou-se previamente um estudo piloto visando assegurar uma interpretação, compreensão e aplicação adequada do instrumento por parte dos pesquisadores.

A pesquisa maior da qual este estudo faz parte, foi realizada em dois momentos distintos: entrevista em domicílio e coleta de sangue e avaliação da saúde bucal na UBSF. No que diz respeito a este estudo, no momento da entrevista domiciliar o idoso foi orientado a comparecer em data e horário determinados, à UBSF de abrangência para avaliação da saúde bucal. Para reduzir as perdas da coleta, estabeleceu-se contato com os indivíduos que faltaram à primeira coleta, sendo marcada nova data para realização da mesma. Após segunda falta, foi estabelecido novo contato e a coleta foi remarcada para ser realizada no domicílio do idoso.

Em caso de nova recusa, esse indivíduo foi considerado como perdido para os dados de saúde bucal.

Os dados foram processados usando-se o software Epi Info 3.5.1 (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Estados Unidos), sendo apresentados por meio da estatística descritiva.

O trabalho foi conduzido segundo os preceitos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi registrada no SISNEP (CAAE 0228.0.133.000- 08) e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba. Todos os participantes

INTRODUÇÃO

METODOLOGIA

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assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Dos 420 sujeitos estudados na pesquisa maior, em alguns idosos não foi realizada a avaliação da saúde bucal, tendo em vista o não comparecimento do idoso para a realização do exame clínico ou devido à impossibilidade de o mesmo em se locomover até a UBSF, sendo, portanto, a amostra final composta por 283 idosos (67,4%).

Com relação à distribuição dos idosos de acordo com o sexo, 70,3% eram mulheres e 29,7% eram homens. No tocante à idade, a mesma variou de 60 a 104 anos (72,2 anos ± 9,3), sendo a média de idade de 72,07 (±9,52) anos para as mulheres, enquanto para os homens foi de 72,71 (±9,13).

Na Tabela 1 estão dispostos os resultados referentes à distribuição dos pacientes segundo o sexo e de acordo com a faixa etária, no qual se verifica predomínio do sexo masculino na faixa etária de 65 a 69 anos (28,6%), enquanto que as mulheres estiveram majoritariamente distribuídas na faixa etária de 60 a 64 anos (26,6%).

Tabela 1. Distribuição dos idosos segundo a faixa etária e de acordo com o sexo.

Faixa Etária

Sexo

Total Masculino Feminino

n % n % n %

60 a 64 16 5,6 53 18,7 69 24,3

65 a 69 24 8,5 42 14,8 66 23,3

70 a 74 11 3,9 40 14,2 51 18,1

75 a 79 13 4,6 23 8,1 36 12,7

≥ 80 20 7,1 41 14,5 61 21,6

Total 84 29,7 199 70,3 283 100,0

A Tabela 2 apresenta a distribuição da amostra segundo as variáveis sócio-econômicas, de modo que se constata que a maioria tem renda pessoal e familiar entre um e dois salários mínimos, residindo em casa própria ou em processo de aquisição (90,5%) e com 6 a 9 cômodos (49,5%).

Com relação ao uso dos serviços odontológicos, apenas 4,2% dos idosos declararam jamais ter ido ao cirurgião-dentista, 67,2% haviam utilizado o serviço odontológico há mais de três anos. As principais razões que motivaram a busca pelo atendimento foram a exodontia (27,0%) e a necessidade de reparos ou manutenção nas próteses dentárias (26,6%). O Sistema Único de Saúde (SUS) respondeu por 36,2% dos atendimentos e 91,5% avaliaram o atendimento como ótimo/bom. Quanto à autopercepção das necessidades de tratamento, 46,1% dos entrevistados acreditavam necessitar de tratamento odontológico.

Tabela 2. Distribuição dos pacientes de acordo com as variáveis sócio-econômicas.

Variável Frequência

n %

Renda Pessoal (em salários mínimos)

Menor que 1 SM 54 19,1%

1 a 2 SM 206 72,8%

3 a 5 SM 19 6,7%

Maior que 5 SM 4 1,4%

Renda Familiar (em salários mínimos)

Menor que 1 SM 12 4,2%

1 a 2 SM 186 65,7%

3 a 5 SM 77 27,2%

Maior que 5 SM 8 2,8%

Moradia

Própria/Em aquisição 256 90,5%

Alugada/Cedida 23 8,2%

Outro 4 1,3%

Número de Cômodos

2 a 5 126 44,5%

6 a 9 140 49,5%

10 ou mais 17 6,0%

Tabela 3. Distribuição da amostra de acordo com a visita ao cirurgião-dentista, tempo decorrido da última visita, motivo do atendimento, natureza do serviço prestado, avaliação e autopercepção da necessidade de tratamento.

Variável Frequência

n %

Foi ao cirurgião-dentista

Sim 271 95,8

Não 12 4,2

Tempo decorrido da última visita ao cirurgião-dentista

Menos de 1 ano 43 15,8%

1 a 2 anos 46 17,0%

3 anos ou mais 182 67,2%

Motivo da procura por atendimento

Exodontia 73 27,0%

Reparo ou manutenção de Próteses

72 26,6%

Consulta de rotina 43 15,9%

Cárie 34 12,5%

Sintomatologia dolorosa 34 12,5%

Problemas periodontais 9 3,3%

Outro* 6 2,2%

Natureza do serviço onde recebeu atendimento

Público 98 36,2%

Particular 163 60,1%

Outro + 10 3,7%

Avaliação do atendimento

Ótimo 74 27,3%

Bom 174 64,2%

Regular 18 6,6%

Ruim 3 1,1%

Péssimo 2 0,7%

Autopercepção da necessidade de tratamento

Sim 125 46,1%

Não 146 53,9%

*Alteração percebida em nível de tecido mole.

+

Filantrópico.

A análise da utilização de serviços odontológicos e dos principais fatores associados à sua limitação é de fundamental importância na compreensão e percepção do efetivo alcance do princípio da universalização do acesso proposto pelo Sistema Único de Saúde 4 .

A utilização de serviços odontológicos varia com

RESULTADOS

DISCUSSÃO

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a idade, sendo maior para os indivíduos entre 10 e 14 anos, decrescendo acentuadamente para os com mais de 50 anos, é maior entre as mulheres, entre os mais ricos e entre os que residem em região urbana 16,17 .

Deste modo, no presente estudo, verificou-se que a amostra foi composta majoritariamente por pacientes do sexo feminino, o que pode estar relacionado a uma maior disponibilidade de tempo para comparecer às unidades de saúde pública no horário de funcionamento, em razão das mulheres apresentarem um nível de ocupação mais baixo que os homens 18 .

Em relação aos achados que se referem à renda pessoal e familiar, fica nítido que a utilização dos serviços odontológicos é feita por indivíduos socioeconomicamente menos favorecidos, condição esta que foi também detectada em estudos anteriores 7,11,13 .

A influência da renda sobre o tipo de serviço utilizado é previsível, uma vez que a opção pelos serviços públicos reflete uma maior dificuldade ou mesmo a incapacidade de custeio dos serviços privados 5 . A importância da renda como determinante do acesso aos serviços odontológicos no Brasil é reforçada, sobretudo na população adulta, pois esta tem sido historicamente desconsiderada pelo setor público na definição das prioridades de atenção à saúde bucal 15,16 .

Nesta pesquisa constatou-se que uma pequena parte do segmento populacional de idosos (4,2%) nunca havia utilizado os serviços odontológicos, condição semelhante àquela observada por outros autores 10 que analisaram os dados referentes aos idosos das macrorregiões brasileiras que participaram do Projeto SB Brasil e verificaram que 5,8% dos mesmos não haviam consultando um cirurgião-dentista. A literatura internacional mostra que entre os países desenvolvidos esse percentual é bem inferior, sendo de 0,7% na Grã- Betanha 19 e 2,0% nos Estados Unidos 20 .

No contexto da saúde bucal tem sido preconizado que os indivíduos deveriam visitar o profissional da área odontológica a cada seis meses, no entanto, apesar da reconhecida importância dessa prerrogativa, uma parcela considerável da população brasileira não utiliza os serviços odontológicos com a freqüência recomendada 14,15,21 . Confirmando esta assertiva, foi possível constatar a baixa prevalência (17%) do uso dos serviços odontológicos nos últimos dois anos por idosos do município de Campina Grande/PB. O nível de escolaridade do indivíduo pode influenciar o uso dos serviços odontológicos 14 , posto que a maior escolaridade pode trazer a informação da importância do uso regular de serviços de odontologia 15 . Aprende-se, assim, que o enfrentamento dessa situação deve ser imediato, através de iniciativas de educação em saúde que permitam despertar e conscientizar o idoso sobre a incontestável importância do uso desses serviços.

As consultas odontológicas, ao contrário do que ocorre com as consultas médicas, tendem a diminuir como o envelhecimento, sendo esperada uma baixa prevalência de uso de serviços odontológicos entre os idosos 12 . Desse modo, a associação da ida ao médico com a ida ao cirurgião-dentista poderia ser estreitada, em

benefício dos idosos, no momento da consulta médica, ocorrência freqüente e recorrente na vida do idoso 2 .

A freqüência reduzida de visitas ao cirurgião- dentista parece ser explicada, em grande parte, pela alta freqüência de idosos edentados 22 , uma vez que este fator está associado à menor prevalência de uso de serviços odontológicos em vários estudos 2,23-25 . Há indícios de que os edentados acreditam que a visita regular ao cirurgião-dentista é importante apenas para quem ainda tem dentes 26 . Em acréscimo acredita-se que a ampliação da oferta de tratamentos de maior complexidade, como os reabilitadores (confecção de próteses), poderia trazer benefícios suplementares para a população idosa 2 .

Assim, não somente a oferta de serviços odontológicos de qualidade é um importante fator para a ampliação do acesso da população a serviços resolutivos, mas também o é a percepção das necessidades de saúde bucal por parte dos indivíduos para que assim se dê a busca por estes serviços 27,28 . Neste sentido, políticas educativas se fazem necessárias para ampliar o conhecimento da população sobre cuidados preventivos, bem como para orientá-la na busca por cuidados de saúde.

Observou-se que uma parcela considerável da população estudada utilizou o serviço odontológico público, por outro lado todos os idosos que afirmaram ter visitado o cirurgião-dentista relataram alguma queixa em relação à condição da saúde bucal, conforme observado por outros pesquisadores 29 . Neste estudo, as principais razões que motivaram os pacientes a buscar o atendimento foram a exodontia e a necessidade de reparo ou manutenção da prótese, refletindo uma situação que merece destaque e intervenção, posto que os idosos apenas buscam atendimento quando necessitam de procedimento curativo.

Esta ocorrência poderia possivelmente ser minimizada por políticas de saúde que garantissem informações sobre saúde bucal, acesso e uso de serviços preventivos e curativos de forma rotineira, a fim de minimizar os impactos decorrentes de demandas acumuladas ao longo da vida 12 .

A crença de que as próteses totais duram para sempre e de que as consultas odontológicas são desnecessárias para indivíduos edêntulos constitui uma importante barreira de acesso aos serviços odontológicos 30 . É possível que a população receba informação insatisfatória sobre a necessidade de consultas regulares ao cirurgião-dentista para avaliação e manutenção das próteses 10 .

Necessário se faz enaltecer que embora este estudo forneça informações importantes sobre a utilização de serviços odontológicos por idosos, devem ser destacados como limitações o fato de tratar-se de um estudo de corte transversal e da possibilidade de viés de resposta, o que pode afetar qualquer estudo de caráter epidemiológico, uma vez que as conclusões são baseadas em informações auto-referidas. Por exemplo, alguns indivíduos podem ter relatado consultas odontológicas mais recentes, ou maior procura por tratamento

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odontológico, para não parecerem negligentes com sua saúde. Alguns entrevistados também podem ter apresentado dificuldades de memória, ao responder os questionários 10 .

Face ao exposto, os desafios que surgem com o envelhecimento da população brasileira suscitam a necessidade de desenvolvimento de estudos posteriores que subsidiem a edificação de uma nova cultura, em que o idoso seja inserido em um programa assistencial mais amplo e resolutivo.

Apesar de a população idosa utilizar os serviços odontológicos de saúde, uma parcela relevante não fez uso recente, sendo a exodontia o motivo principal da consulta, o que fez muitos afirmaram necessitar de tratamento odontológico.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Edital MCT/CNPq 15/2007 – Processo 479579/2007-5).

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CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

(6)

Recebido/Received: 19/03/2013 Revisado/Reviewed: 10/06/2013 Aprovado/Approved: 28/06/2013

Correspondência:

Prof. MsC. Alidianne Fábia Cabral Xavier

Universidade Estadual da Paraíba - Curso de Odontologia

Rua Cel. Helio Targino, Centro - Campus VIII Araruna/PB, CEP: 58233-000

E-mail: alidianne.fabia@gmail.com

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