Os Estudos de Folclore no Brasil
Maria Laura Cavalcanti, Myriam Lins de Barros, Luis Rodolfo Vilhena, Marina de Mello e Souza,
Silvana Araújo.
Este texto delineia questões preliminares acerca dos estudos de folclore no Brasil.
O projeto no qual se insere tem por objetivo analisar a constituição dessa área de conhecimento e sua inserção na história intelectual do país 1 . A proposta resulta do encontro de um grupo de antropólogos com esse campo de atuação e reflexão que conheceu expressivo prestígio nas décadas de 1930 a 1950.
Discussões contemporâneas sobre o tema tendem a diluir o objeto "folclore" na metodologia antropológica, reafirmando uma visão sistêmica de cultura (cf. Brandão, 1982); ou então a questionar o atributo de “ciência" por vezes reivindicado por esses estudos (cf. Ortiz, 1983). O presente trabalho participa desse debate sob um outro enfoque: propõe-se a examinar a construção desse campo de estudos a partir de suas categorias internas.
Designamos como "estudos de folclore no país” um conjunto de obras intelectuais e de iniciativas institucionais que começam por volta de 1870 e chegam até 1960. A data inicial toma por referência a geração intelectual de Sílvio Romero, acompanhando a tendência geral dos trabalhos sobre pensamento social que a indicam como inauguradora de uma ótica cientificista de conhecimento da realidade brasileira. A data final refere-se à criação da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro (CDFB), ligada ao então Ministério da Educação e Cultura em 1958. O quadro até então existente é significativamente alterado com a criação, por parte da administração federal, de um
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