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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0338.09.090454-5/003

Número do Númeração 0904545-

Des.(a) Paulo Balbino Relator:

Des.(a) Paulo Balbino Relator do Acordão:

07/05/2015 Data do Julgamento:

14/05/2015 Data da Publicação:

EMENTA: AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO JURÍDICO - ALTERAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL - VÍCIO DE CONSENTIMENTO - DOLO E FRAUDE - DECADÊNCIA - ILEGITIMIDADE PASSIVA RECONHECIDA POR DECISÃO INTERLOCUTÓRIA - CARÁTER TERMINATIVO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - PRECLUSÃO.

- Consuma-se em quatro anos o prazo decadencial para se pleitear a anulação de ato jurídico maculado por dolo e fraude. Inteligência do artigo 178, inciso II, do Código Civil.

- A decisão interlocutória que reconhece a ilegitimidade passiva, por conter carga terminativa, deve fixar os honorários advocatícios de sucumbência devidos à parte excluída, sob pena de restar preclusa a oportunidade de se arbitrá-los ou postulá-los em momento posterior.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0338.09.090454-5/003 - COMARCA DE ITAÚNA - 1º APELANTE: MINERAÇÃO J. MENDES LTDA., GLOBAL MINERAÇÃO LTDA, USINAS SIDERÚRGICAS MINAS GERAIS S/A USIMINAS E OUTRO(A)(S) - 2º APELANTE: HUMBERTO SALERA NETO, GIOVANNI SALERA E OUTRO(A)(S) - APELADO(A)(S): MINERAÇÃO PEDRA GRANDE LTDA, HUMBERTO SALERA NETO, GIOVANNI SALERA E OUTRO(A)(S)

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 11ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO SEGUNDO RECURSO; REJEITAR A

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

DES. PAULO BALBINO RELATOR

DES. PAULO BALBINO (RELATOR) V O T O

Versa a presente ação sobre um pedido de declaração de nulidade da quarta alteração contratual da sociedade Mineração Pedra Grande Ltda.

Em sua sentença de f. 773/780, o MM. Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Itaúna, Dr. Alex Matoso Silva, julgou extinto o processo com resolução do mérito, por reconhecer a decadência Do direito inicialmente postulado, nos termos do artigo 269, inciso IV, do Código de Processo Civil e condenou os autores ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios devidos à requerida Mineração Pedra Grande Ltda e à USIMINAS no importe único de R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Inconformada com o seu teor, interpuseram as Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A - USIMINAS e as empresas por ela incorporadas a apelação de f. 784/790, onde pugna pela majoração dos honorários de sucumbência fixados por se denotarem irrisórios.

Por sua vez, interpuseram Giovanni Salera e Humberto Salera Neto a apelação de f. 793/811, aduzindo ser a alteração contratual em questão nula de pleno direito porquanto realizada sem a necessária autorização judicial à inventariante para procedê-la, sendo, ainda, adulterada, tanto que não consta rubrica das testemunhas na folha em que consta a cláusula sétima que reputam falsificada.

Acrescentam que referida alteração contratual foi registrada fora do prazo de 30 (trinta) dias da data de sua assinatura e protocolada após o falecimento da inventariante que não mais

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representava o espólio perdendo, assim, sua validade.

Por fim, afirmam precluso o arbitramento de honorários de sucumbência em favor da USIMINAS uma vez que o acórdão proferido nos autos do agravo de instrumento n. 1.0388.09.090454-5/001 que reconheceu a sua ilegitimidade passiva e, consequentemente, extinguiu o feito sem resolução de mérito em relação a ela nada observou neste aspecto, transitando livremente em julgado.

Assim sendo, requerem a reforma da sentença recorrida para afastar a decadência e julgar procedentes os pedidos iniciais, decotando-se, ainda, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios à USIMINAS.

Regulamente intimados, apresentaram Mineração Pedra Grande Ltda e Giovanni Salera e Humberto Salera Neto as suas contra-razões de f.

817/829, f. 831/846, onde estes argúem, preliminarmente, a falta de legitimidade e interesse recursal dos primeiros apelantes e no mérito pugnam, respectivamente, pela rejeição das pretensões adversas.

Relatado, DECIDO.

Por versar sobre matéria parcialmente prejudicial - o decote da condenação honorária que as primeiras apelantes pretendem ver majorada - passo à análise da segunda apelação.

2ª Apelação - (Giovanni Salera e Humberto Salera Neto)

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço deste recurso.

Anota-se, inicialmente, que os autores buscam com a presente ação a anulação da quarta alteração contratual da sociedade Mineração Pedra Grande Ltda, efetuada em 27 de setembro de 2000 e registrada em 09 de agosto de 2002, em virtude de suposto vício de consentimento no ato da sua assinatura, caracterizado pelo dolo e

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pela fraude, bem como pela ausência de autorização judicial à inventariante para procedê-la; pela demora em registrá-la no órgão competente e pela ausência de rubrica das testemunhas, o que veio a lhes causar prejuízos decorrentes da alienação do patrimônio da sociedade em questão.

Infere-se, neste aspecto, que a alteração contratual impugnada foi devidamente assinada pela inventariante do espólio de Antônio Salera em 27 de setembro de 2000 (f. 27/29) e levada a registro perante a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais em 23 de agosto de 2002.

Salienta-se que a inventariante, ao assinar a referida alteração contratual, assim o fez para adequar o contrato à legislação vigente e para estabelecer que a administração da empresa, a partir de então, caberia somente ao sócio majoritário Antônio Santos Salera.

Neste contexto, verifica-se que não houve a disposição de qualquer bem do patrimônio do espólio razão pela qual desnecessária a autorização judicial para que se realizasse a mencionada alteração.

Por sua vez, o registro da referida alteração contratual fora do prazo de 30 (trinta) dias após a sua assinatura não possui o condão de invalidá-la, sendo certo que após este prazo os efeitos do arquivamento só serão verificáveis a partir da data do despacho que deferi-lo, conforme determina o artigo 33, paragrafo único, do Decreto-Lei n. 1.800/96.

Ademais, o fato da quarta alteração contratual em foco somente ter sido levada ao registro em data posterior ao falecimento da inventariante, que ocorreu em 02 de março de 2002 (f. 20), também não gera a sua nulidade uma vez que, ao tempo em que firmada, possuía a parte poderes para realizar o ato jurídico. Isso porque a validade de um ato se infere no momento em que praticado.

Outrossim, estando o contrato assinado em sua folha final por duas testemunhas e rubricado pelos sócios em todas as páginas,

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não há que se cogitar qualquer invalidade deste tão somente pela ausência de rubrica das testemunhas na primeira folha da alteração contratual, constituindo referida exigência excesso de formalismo.

Aliás, verifica-se que o próprio contrato social de constituição da sociedade em questão e as alterações contratuais anteriores à debatida nos presentes autos, cuja validade não fora questionada, tampouco apresentam a rubrica das testemunhas em suas páginas anteriores.

Neste contexto, não restam configurados os vícios imputados ao ato jurídico cuja declaração de nulidade ora se busca.

Inda que assim não fosse, em se tratando de ato jurídico perfeito e acabado, registrado perante o órgão competente em 23 de agosto de 2002, competia à parte arguir a nulidade do negócio jurídico realizado em erro no prazo de 4 (quatro) anos, contados da data do seu registro, conforme preceitua a norma do artigo 178, inciso II, do Novo Código Civil, prazo este equivalente ao então prescrito pelo artigo 178, §9º, inciso V, do Código Civil de 1916.

Assim sendo, como a impugnada alteração contratual foi registrada em 23 de agosto de 2002 e o ajuizamento da presente ação ocorreu somente em 10 de julho de 2009, o direito dos apelantes em anulá-la foi extinto pela decadência, porquanto decorrido o quadriênio legal então previsto para a sua consolidação.

Destarte, quanto à extinção do processo com resolução do mérito face à pronúncia da decadência, a sentença recorrida merece prevalecer.

Já com relação à condenação honorária em favor das apeladas, melhor sorte socorre os autores/apelantes.

Isto porque através do acórdão proferido nos autos do agravo de instrumento n. 1.0338.09.090454-5/001 foram reconhecidas as ilegitimidades passivas das Usinas Siderúrgicas Minas

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Gerais S/A - USIMINAS, bem como das sociedades por ela incorporadas - Mineração J. Mendes Ltda e Global Mineração Ltda e, consequentemente, extinto o processo, sem resolução do mérito, em relação a elas, de acordo com os termos do artigo 267, inciso IV, do Código de Processo Civil.

Todavia, embora se trate de uma decisão interlocutória, em relação às partes excluídas da lide ela se reveste de natureza terminativa, pois, de acordo com o seu teor foram elas definitivamente afastadas da relação processual em foco.

Logo, deveria tal decisão contemplar também a fixação dos ônus da sucumbência, seja relativo às custas e despesas processuais, seja relativo aos honorários advocatícios.

Aliás, ao abordar a decisão incidente que exclui qualquer dos litisconsortes ou rejeita a reconvenção, YUSSEF SAID CAHALI ensina:

"Há de se entender que, quando isto ocorre, o processo atingiu seu ponto de maturação suficiente quanto aos litisconsortes ou à pretensão reconvencional, ensejando a prolação de uma decisão final ou definitiva relativamente aos excluídos ou à reconvenção; embora se entenda que, tratando-se de decisão incidente que não obsta ao prosseguimento do processo quanto ao mais, o recurso cabível seja de agravo de instrumento.

Assim, é tranquila a jurisprudência no sentido de que, 'cuidando o despacho saneador de excluir da ação uma das partes ativas, por não ter legitimidade para tanto, inegável que a natureza terminativa induz juridicamente à prestação proporcional dos ônus da sucumbência pelo excluído em favor do vencedor'; do mesmo modo, a exclusão incidente de um dos réus do processo, 'por não possuir legitimidade passiva na relação processual, põe fim ao litígio contra ele interposto, cabendo a imposição imediata da verba honorária nos termos do art. 20 do CPC; entendimento que é válido também no caso de desistência da ação contra um dos réus, ou de exclusão de litisdenunciado"

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(Honorários Advocatícios. 3ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997, p. 77/78).

Percebe-se, entretanto, que as requeridas/excluídas deixaram o referido acórdão transitar livremente em julgado, nada requerendo quanto aos honorários advocatícios que lhes seriam devidos face à sucumbência dos autores.

Portanto, diante da preclusão relativa a este tópico, deve ser decotada a sucumbência honorária fixada na sentença em favor das partes excluídas pela decisão interlocutória acima referida.

Ante o exposto DOU PARCIAL PROVIMENTO à segunda apelação tão-somente para DECOTAR da sentença recorrida a condenação em honorários advocatícios fixados em favor das Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. - USIMINAS e das empresas por ela incorporadas.

1ª Apelação - (Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. - USIMINAS e outras)

Da Questão Preliminar - Falta de legitimidade e de interesse recursal

Embora excluídas da lide pelo acórdão proferido no agravo de instrumento n. 1.0338.09.090454-5/001, as recorrentes foram contempladas pela sentença recorrida com honorários advocatícios fixados no valor único de R$ 2.000,00 (dois mil reais), cuja majoração constitui o objeto da apelação por elas interposto.

Logo, por restar evidenciados tanto a legitimidade quanto o interesse alusivo à pretensão recursal, REJEITO a questão preliminar suscitada em contra-razões e, verificando presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço também deste recurso.

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Do Mérito

Conforme exposto na segunda apelação, acima apreciada em caráter prejudicial, verificou-se preclusa a oportunidade de fixação dos honorários de sucumbência em favor das ora apelantes, circunstância que ensejou o respectivo decote da sentença recorrida.

Assim sendo, se não têm direito aos honorários de sucumbência então fixados, tampouco fazem jus à correspondente majoração.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO à primeira apelação.

Diante do teor da decisão proferida neste processo, deverão as primeiras apelantes responder, integralmente pelas custas recursais relativas à apelação por elas interposta e por 30% (trinta por cento) das custas recursais relativas à segunda apelação, ficando 70% (setenta por cento) destas a cargo dos segundos apelantes.

Transitada esta em julgado, retornem os autos ao juízo de origem, observando-se as cautelas legais.

O DES. MARCOS LINCOLN (REVISOR) - De acordo com o Relator.

O DES. WANDERLEY PAIVA (VOGAL) - De acordo com o Relator.

SÚMULA: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO SEGUNDO RECURSO; REJEITARAM A PRELIMINAR E NEGARAM PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO"

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