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Os efeitos da inovação tecnológica no processo de concorrência de telefonia móvel na região metropolitana de São Paulo código de área 11 por planos e pacotes de serviços (2012/2018

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

JULIAN ALEXIENCO PORTILLO

OS EFEITOS DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO PROCESSO DE CONCORRÊNCIA DE TELEFONIA MÓVEL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO CÓDIGO

DE ÁREA 11 POR PLANOS E PACOTES DE SERVIÇOS (2012/2018)

São Paulo 2020

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JULIAN ALEXIENCO PORTILLO

OS EFEITOS DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO PROCESSO DE CONCORRÊNCIA DE TELEFONIA MÓVEL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO CÓDIGO

DE ÁREA 11 POR PLANOS E PACOTES DE SERVIÇOS (2012/2018)

ORIENTADOR: Prof. Dr. Álvaro Alves de Moura Júnior

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Economia e Mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Economia.

São Paulo 2020

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P852e Portillo, Julian Alexienco.

Os efeitos da inovação tecnológica no processo de concorrência de telefonia móvel na região metropolitana de São Paulo código de área 11

por planos e pacotes de serviços (2012/2018) / Julian Alexienco Portillo.

63 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado Profissional em Economia e Mercados) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2020.

Orientador: Prof. Dr. Álvaro Alves de Moura Júnior.

Bibliografia: f. 59-63

1. Setor de telecomunicações. 2. Telefonia móvel. 3. Evolução

tecnológica. 4. Concorrência e regulação. I. Moura Júnior, Álvaro Alves de,

orientador. II. Título.

CDD 658.4092

Bibliotecário Responsável: Aline Amarante Pereira – CRB 8/9549

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Folha de Identificação da Agência de Financiamento

Autor: Julian Alexienco Portillo

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia e Mercados

Título do Trabalho: OS EFEITOS DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO PROCESSO DE CONCORRÊNCIA DE TELEFONIA MÓVEL NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO CÓDIGO DE ÁREA 11 POR PLANOS E PACOTES DE SERVIÇOS (2012/2018)

O presente trabalho foi realizado com o apoio de1:

 CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

 CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

 FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

 Instituto Presbiteriano Mackenzie/Isenção integral de Mensalidades e Taxas

 MACKPESQUISA – Fundo Mackenzie de Pesquisa X Empresa/Indústria: Banco Itaú

 Outro:

1Observação: caso tenha usufruído mais de um apoio ou benefício, selecione-os

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Dedico estre trabalho a minha esposa Liliane Cristina Segura que me incentivou a ingressar nesta jornada do mestrado.

Aos meus pais, Julian Portillo Serrano e Sonia Maria Monteiro Portillo, que deram todo apoio durante este período.

Ao meu irmão, Daniel Alexienco Portillo que sempre incentivou neste período.

E ao meu filho Vitor que durante esse período entendeu a necessidade de estar ausente em certos momentos desse desafio.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Álvaro Alves de Moura Júnior que com conhecimento e sabedoria soube direcionar meu trabalho com muito profissionalismo.

Ao Prof. Dr. Vladimir Fernandes Maciel pelas contribuições e sugestões dessa dissertação.

Ao Prof. Dr. Samuel de Paiva Naves Mamede pelo apoio no quebra cabeça do tratamento de dados.

Aos demais professores do programa de mestrado em Economia e Mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie pelos ensinamentos e apoio durante esse período.

Ao Banco Itaú pela oportunidade da bolsa de pesquisa, na qual foi de grande importância na conclusão desse curso.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é analisar como a inovação tecnológica tem afetado o processo concorrencial do setor de telefonia móvel no Brasil. Tal intento se realizará a partir da avaliação dos serviços prestados na região de São Paulo e grande São Paulo que possuem código de área 11, a partir de 2012, buscando, para tanto, evidências que identificam as estratégias das operadoras em reação a essas mudanças. Considera-se a inovação tecnológica numa perspectiva neo-schumpeteriana como base para compreensão do processo concorrencial entre as operadoras de telefonia móvel. Parte-se da hipótese de que as inovações tecnológicas e o marco regulatório vigente no setor têm afetado as estratégias das operadoras, que buscam aumentar o seu market share por meio da diferenciação dos seus serviços oferecidos, bem como a avaliação dos indicadores de qualidade da agência reguladora. Como resultado, espera-se entender a influência dessas novas estratégias sobre o processo concorrencial do setor na cidade de São Paulo

Palavras-chave: Setor de Telecomunicações; Telefonia Móvel, Evolução Tecnológica, Concorrência e Regulação

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ABSTRACT

The objective of this study is to analyze how technological innovation has affected the competitive process of the mobile telephony sector in Brazil. Such attempt will be made based on the evaluation of the services provided in the region of São Paulo and greater São Paulo that have area code 11, from 2012, looking, therefore, evidence that identifies the strategies of operators in reaction to these changes. Technological innovation is considered in a neo- schumpeterian perspective as a basis for understanding the competitive process between mobile operators. It is assumed that technological innovations and the regulatory framework in force in the sector have affected the strategies of operators, who looks to increase their market share through the differentiation of their services offered, as well as the evaluation of the regulatory agency's quality indicators. As a result, it is expected to understand the influence of these new strategies on the sector´s competitive process in the city of São Paulo.

Keywords: Telecommunications Sector; Mobile Telephony, Technological Evolution, Competition and Regulation

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Distribuição normal ... 49 Gráfico 2 – Histograma do market share ... 49

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Divisão do setor de telecomunicações brasileiro - 1998 ... 33 Quadro 2 - Divisão das empresas espelho - 1998 ... 33 Quadro 3 – Resumo das variáveis ... 43

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 – Estrutura do modelo ... 28

Equação 2 – Produto da firma no tempo ... 28

Equação 3 – Equação do preço ... 28

Equação 4 – Equação do lucro ... 28

Equação 5 – Variáveis descritivas da regressão múltipla ... 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estatística descritiva ... 46

Tabela 2 – Teste de normalidade Shapiro-Wilk ... 48

Tabela 3 – VIF ... 50

Tabela 4 – Correlação das variáveis ... 50

Tabela 5 – Regressão linear múltipla dos Mínimos Quadrados Ordinários ... 51

Tabela 6 – Testes de Hausman ... 52

Tabela 7 – Efeitos aleatórios e fixos ... 53

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 13

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 16

Teoria Econômica de Inovação Tecnológica ... 18

Processo Concorrencial do Setor Móvel ... 26

3. BREVE HISTÓRICO DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO E SUA ESTRUTURA ... 31

Setor de Telefonia Móvel no Brasil ... 38

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 41

Método de Pesquisa ... 41

Amostras / População ... 42

Descrição das Variáveis ... 44

5. ANÁLISE DO PROCESSO CONCORRENCIAL DO SETOR ... 46

Análise Descritiva dos Dados ... 46

Análise por Painel de Dados ... 51

6. CONCLUSÃO ... 56

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 59

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1. INTRODUÇÃO

Schumpeter (1988) aponta que a inovação tecnológica age como forma organizacional capaz de levar as empresas inovadoras a uma vantagem temporária sobre existentes rivais. Diante dessa concepção, quando o setor de telecomunicações foi privatizado ao final dos anos 1990, foram criadas duas divisões do sistema Telebrás1 sendo a primeira compreendendo as regiões com a telefonia fixa e a segunda as regiões de telefonia móvel, sendo para esta última as quais serão abordados os conceitos da inovação tecnológica e a questão concorrencial dentro do setor de telefonia móvel.

Diante de um cenário de constantes mudanças na indústria de telecomunicações brasileira e mundial, conforme aponta Szapiro (2007), em que na organização do setor, os avanços tecnológicos vêm contribuindo para um maior dinamismo e investimentos dos fabricantes e das operadoras para o aumento de competitividade no setor.

Apesar do elevado grau de concentração de mercado, deveria haver maior diferenciação dentro do setor nos produtos e serviços oferecidos aos seus consumidores.

O setor de telecomunicações apresenta características de constantes mudanças tecnológicas e alguns questionamentos surgem diante desse fato, especificamente a relação dos fatores pelos quais o avanço tecnológico pode ser mais percebido neste setor, como seus usuários percebem as mudanças e até mesmo como as operadoras de telefonia móvel são afetadas a ponto de criar incentivos para inovação tecnológica.

Em um ambiente concorrencial muitas destas características são observadas e certos critérios influenciam os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), trazendo consequentemente a inovação tecnológica. As operadoras do setor esperam uma competição dinâmica e consequentemente auferir taxas de retorno sobre esses investimentos. Além disso, as empresas do setor lidam com o desenvolvimento e implantação de estratégias organizacionais devido ao aumento expressivo das novas tecnologias que podem trazer novos serviços e uma nova forma de comunicação, contribuindo para os negócios no mercado brasileiro.

De acordo com Carneiro (2018), o mercado brasileiro encontra-se atualmente concentrado entre quatro operadoras, todas sujeitas à regulação da Anatel. Seguindo uma característica mundial,

1 Telebrás: Telecomunicações Brasileiras, Holding responsável pelo controle de várias prestadoras estatais de serviços telefônicos

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o setor é classificado como sendo um mercado oligopolista concentrado em poucas empresas, com barreiras à entrada a novos participantes no mercado, e a concorrência está principalmente focada na conquista e fidelização dos clientes pelas empresas estabelecidas.

O foco principal está nos serviços de telefonia móvel que representam a maior fatia de receita das operadoras, além de possuir uma significativa oferta de linhas de telefonia celular superando países de maior densidade demográfica. Entretanto, ainda possui problemas de qualidade nos serviços, que têm demandado altos investimentos por parte das operadoras, especialmente em inovação tecnológica.

No Brasil, como se afirmou anteriormente, o market share está dividido entre quatro principais operadoras do setor de telefonia móvel (Vivo, TIM, Claro e Oi) no período de 2012 a 2019 de acordo com a figura 1:

Figura 1 - Market Share das operadoras de telefonia celular no Brasil

Fonte: Adaptado pelo autor Teleco e Telecom Hall (2019)

Neste sentido, a presente dissertação tem como objetivo analisar, de forma quantitativa, como a inovação tecnológica tem afetado as estratégias concorrenciais das operadoras de telefonia móvel em seu market share por meio da avaliação dos serviços prestados na região de São Paulo e grande São Paulo com código de área 11 a partir de 2012, ano em que se dá a introdução da tecnologia 4G no país, o que proporcionou a ampliação de recursos disponíveis aos usuários, maior velocidade e qualidade na transmissão de dados e voz, TV móvel no serviço móvel celular.

29,59% 28,71% 28,66% 29,00% 30,23% 31,69% 31,92% 32,19%

26,80% 27,07% 26,95%

26,38% 25,98% 24,79% 24,40% 24,15%

24,63% 25,09% 25,10% 25,32% 24,65% 24,96% 24,61% 24,66%

18,67% 18,68% 18,44% 17,93% 17,27% 16,47% 16,45% 16,44%

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 abr/19

Vivo TIM Claro Oi

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A justificativa para escolha do tema proposto decorre da importância desta atividade para a economia nacional. Além do que, o setor vem passando por significativas transformações ao longo dos últimos anos, em decorrência de um novo padrão concorrencial influenciado pela pelas inovações tecnológicas e pelo regulatório.

Para atingir o objetivo proposto, o trabalho está estruturado em 4 capítulos, além da introdução e das conclusões. No primeiro capítulo é realizada uma revisão sobre a literatura da teoria econômica de inovação tecnológica passando pelos modelos neoclássicos que aplicam a hipótese de retornos constantes de escala e concorrência perfeita, o modelo neo- schumpeteriano, que analisa de maneira dinâmica o processo de inovação tecnológico.

O segundo capítulo aborda um breve histórico do setor de telecomunicações brasileiro, e os desdobramentos em relação à privatização do setor. bem como apresenta as principais características do setor de telefonia móvel no Brasil e sua estrutura, para melhor entender como o setor está estabelecido.

No terceiro capítulo serão abordados os procedimentos metodológicos deste trabalho, que estão baseados no levantamento dos dados de acesso ao Serviço Móvel Pessoal (SMP) classificado por tecnologia no período de seis anos (2012 a 2018) para a cidade de São Paulo e grande São Paulo com código de área 11.

Os dados relativos à tecnologia pela qual o setor móvel utiliza em suas redes, o histórico de acessos ao serviço móvel, bem como os indicadores de qualidade e o valor de receita média por usuário de dados (ARPU) da telefonia móvel e sua classificação de acordo com a Anatel e pelas operadoras selecionadas deverão servir para identificação e validação de um modelo estatístico de dados em painel.

No quarto capítulo será apresentada uma análise do processo de inovação no setor e seus impactos sobre o processo concorrencial, bem como buscará identificar como o market share do setor de telefonia móvel SMP na região de São Paulo e grande São Paulo é afetado, procurando responder ao problema de pesquisa de como as empresas de telefonia móvel têm atuado estrategicamente diante das inovações do setor, e de que forma essas estratégias afetam o processo concorrencial que também é fortemente marcado pela regulação.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico tem como foco abordar a discussão econômica acerca da inovação tecnológica, para que se possa compreender de que forma o market share das operadoras de telefonia móvel é afetado e de que maneira tratam os aspectos técnicos relacionados às inovações do setor, bem como estas afetam o processo concorrencial como base para análises especificas.

Schumpeter (1988) estabeleceu conceitos sobre inovação, mas não havia ficado fundamentado as evidências sobre a mudança econômica, desenvolvido posteriormente pelos neoschumpeterianos. Somente a partir da década de 1970, os estudos iniciados por Schumpeter buscaram as bases empíricas para mostrar os determinantes da tecnologia, onde existem causas de natureza não somente científica, mas também econômica.

Uma nova corrente de pensamento foi estabelecida, atribuindo o progresso técnico como ponto central ao processo de desenvolvimento e crescimento econômico. Dessa forma, permitiu-se a partir da inovação, entender o desenvolvimento do capitalismo e sua evolução. Freeman (1994) aponta que a mudança técnica é uma consequência importante do dinamismo nas economias capitalistas, ainda que negligenciado em sua literatura tradicional.

Na história da inovação tecnológica, verifica-se que este processo vem passando por diversas mudanças ao longo do tempo, ocorridos a partir da 1ª Revolução Industrial segundo Pérez (1998).

Iniciada em 1771, considerada a primeira revolução tecnológica, trouxe a introdução da mecanização, e a organização industrial na produção de mercadorias com a aplicação de ferro e uso de máquinas, mudando a maneira de produção. A revolução industrial também trouxe novas estruturas de propriedade, relações sociais, fábricas e a divisão de trabalho.

A partir de 1829, com a introdução das ferrovias, os mercados foram ampliados em grande escala, denominada como a segunda revolução tecnológica, trazendo uma nova fase tecnológica, também chamada de 2ª Revolução Industrial.

Em 1875, inicia-se a terceira revolução tecnológica, conhecida como a era do aço e da eletricidade, trazendo grande economia de escala e integração vertical, que durou até o início da primeira guerra mundial, onde inicia-se a quarta revolução tecnológica, com o surgimento do petróleo, o automóvel e a produção em grande escala e economias de escala com volumes

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de produção e mercado.

A quinta revolução tecnológica, iniciada a partir de 1971, de acordo com Pfiszter (2014), trouxe a revolução das telecomunicações, informática, microeletrônica, produção de equipamentos como computadores, comunicação digital e internet, conhecida como a 3ª Revolução Industrial.

A 3ª Revolução industrial trouxe ainda a robótica, transportes e a biotecnologia, bem como mudanças nas maneiras de produção, predominantemente caracterizada pela produção em massa para um modelo de produção flexibilizado de acordo com a demanda, exigindo uma tecnologia melhor e menor número de trabalhadores.

Diferentemente do que se chamou nos anos 1980 de pós-fordismo ou de produção enxuta, a 4ª Revolução Industrial ou a indústria 4.0 trata da forma como se produz e não do que se produz, sendo seu principal objetivo, conforme aponta Borlindo (2017), a capacidade de oferecer operação em tempo real, utilizando a tecnologia como principal instrumento de obtenção de dados, registro e tratamento de dados de maneira instantânea.

Atualmente, o termo Internet of Things (IoT) está associado ao modo em que as pessoas podem interagir com seus smartphones, carros inteligentes, acender ou apagar as luzes de casa, fechar o portão da garagem, entre outras coisas. A Industria 4.0 reforça a tendência de desenvolvimento de sistemas com inteligência para monitoramento e tomada de decisões, assim como o uso das máquinas comunicando-se entre si.

O conceito da internet das coisas, ainda segundo Borlindo (2017), além de contribuir com o desenvolvimento e a comunicação entre dispositivos e máquinas, melhora a eficiência, segurança industrial e redução de tempo e custos.

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Figura 2 - Evolução da Inovação Tecnológica

Fonte: Elaborado pelo autor adaptado de Pérez (1998) e Borlindo (2017)

Teoria Econômica de Inovação Tecnológica

A ciência econômica e seu desenvolvimento atribui à corrente evolucionista a importância da inovação tecnológica como fundamento para exploração do assunto. Neste tópico serão tratadas as questões do progresso técnico e a evolução tecnológica como um fator endógeno desde o ponto de vista do crescimento econômico, justamente em contraponto as teorias neoclássicas tradicionais, que consideram a inovação como sendo uma variável exógena.

De acordo com Bezerra (2010), as inovações tecnológicas são tratadas pelo modelo econômico neoclássico tradicional como uma variável exógena, apresentando-se como um resultado não intencional das escolhas tomadas. Esse modelo utiliza a hipótese de retornos constantes de escala e concorrência perfeita. A concorrência perfeita não é um processo que se leva à mudança, senão que a um estado de equilíbrio, no qual os recursos são alocados de forma mais

3ª Revolução Industrial Produção em massa, automóveis,

Bens Duráveis, indústria bélica

2ª Revolução Industrial Ferrovias à vapor, era do aço e

eletricidade

1ª Revolução Industrial Indústria Têxtil 3ª Revolução Industrial

Telecomunicações, microeletrônica e informática

4ª Revolução Industrial Indústria 4.0

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eficiente e as empresas, que são idênticas, não conseguem criar mudanças nos métodos de produção ou de mudança nos produtos.

A abordagem neoclássica como forma de lidar com os processos de mudança tecnológica enfrenta uma grande barreira pelo aspecto estático desta teoria, além das situações de equilíbrio, incluindo o comportamento e a racionalidade perfeita. As condições de produção somente mudam quando a inovação representa o aspecto de mudança e tratadas pelos agentes de produção e suas decisões em um ambiente conhecido e perfeito sob todos as aspectos e possibilidades.

Dessa forma, a produção identifica as tecnologias distintas e seleciona aquela que permitirá maximizar seu lucro. Ainda segundo Bezerra (2010), a abordagem neoclássica não é a melhor para tratar da questão inovação considerando que sua fundamentação teórica que parte da função de produção comportada, que descreve apenas como os insumos são combinados para criar produto e ainda considera o conhecimento como algo bastante limitado.

Todavia, a partir de uma perspectiva distinta da teoria Neoclássica, a tecnologia pode ser definida como um conjunto de parcelas do conhecimento do ponto de vista tanto teórico como prático, assim como métodos, práticas, procedimentos, know-how, experiências de sucesso e de não sucesso, além de uma parte composta pela expertise científica e de experiências de esforços como de soluções tecnológicas de experiências passadas, assim como o conhecimento e de soluções denominadas como o estado-da-arte. Dosi (2006a) aponta que a distância conceitual entre a definição e os atributos da “ciência” – como sugerido pela moderna epistemologia – não é tão grande.

Para Dosi (2006a, p. 19): “A mudança técnica é, em geral, uma das forças motoras fundamentais do crescimento econômico e da transformação estrutural das sociedades modernas”. O processo inovativo tem seus estudos no campo da economia iniciados a partir da metade do século XX.

O processo de desenvolvimento das economias capitalistas, de acordo com Schumpeter (1988), já destacavam a importância da inovação, assim como sua busca como chave para diferenciação competitiva de custo, além de garantir a obtenção grande lucro para aquela empresa inovadora.

Schumpeter (1988) traz uma crítica à teoria neoclássica em relação a atuação das empresas de grande porte e ao monopólio, uma vez que considera que:

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(...) há vantagens da empresa que, embora não estritamente inatingíveis competitivamente, são, na verdade, asseguradas apenas pelo monopólio. Em outras palavras, esse elemento da defesa da concorrência pode falhar completamente porque os preços de monopólio não são necessariamente mais altos ou as produções de monopólio, necessariamente mais baixas do que seriam os preços e a produção competitivos na eficiência organizacional e produtiva ao alcance da firma compatível com a hipótese competitiva (SCHUMPETER, 1988, p. 134).

O modelo evolucionário ou neo-schumpeteriano, trocam a hipótese de equilíbrio (de Schumpeter) e a análise estática (da teoria Neoclássica) por uma análise dinâmica do processo de inovação tecnológica, em que as estruturas econômicas se desenvolvem e são vistas como ferramenta de competição, bem como principal forma de crescimento da indústria, levando-se em consideração que a tecnologia e a indústria estão em constante desenvolvimento e não limitadas a um conjunto de conhecimento tecnológico no qual as empresas se utilizam e reproduzem determinada tecnologia.

Segundo Melo (2008), autores neo-schumpeterianos apontam que o processo de inovação tecnológica está classificado como algo endógeno à dinâmica econômica, criando uma relação entre o crescimento econômico e mudanças causadas pela propagação das inovações tecnológicas e organizacionais, assim como a tecnologia não pode ser reproduzida de maneira livre e disponível sem custos para as empresas, de tal modo que existem diferenças entre as empresas relacionadas à capacitação tecnológica, que se torna uma vantagem do ponto de vista competitivo para as empresas.

Diante dessa lógica, Lex (2008) aponta que a inovação apresenta a principal causa da expansão dos limites da valorização e do acúmulo de capital, assim como da geração de renda e de riqueza dentro da economia capitalista, que também gera assimetrias nas empresas, levando-as a certas vantagens competitivas como em um processo de concorrência. A existência da concorrência se dá em cada ramo industrial em termos de produtividade, custos, prazos, margens, concentração e participação no mercado (DOSI, 2006a).

O conceito de paradigma tecnológico é um padrão de solução de problemas técnico- econômicos selecionados a partir de certos princípios oriundos das ciências naturais. Lex (2008) aponta ainda que os paradigmas tecnológicos definem a entrada de inovações tecnológicas e os procedimentos de como pesquisá-las, já o conceito de trajetória tecnológica está relacionado aos padrões de atividades aplicadas na solução de problemas dentro do paradigma tecnológico.

Na interpretação proposta entre os paradigmas tecnológicos e sua trajetória, a teoria econômica usualmente define que a tecnologia se trata de uma combinação de fatores que podem ser definidos tanto na forma quantitativa como qualitativa, bem como de uma mistura de ambos.

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Segundo Dosi (1982), o progresso tecnológico pode ser definido em termos de possibilidade de movimento do aumento da curva de produção de bens pela indústria.

A definição sugerida por Dosi (1982) pode ser entendida como algo muito mais amplo do ponto de vista de discussão do termo, se definirmos tecnologia como um conjunto de conhecimentos tanto práticos como teóricos (não necessariamente aplicados), o know-how, procedimentos, métodos e experiências de sucesso e de insucesso bem como de dispositivos físicos e equipamentos.

Neste sentido, pode-se afirmar que a teoria tradicional da concorrência aponta que quando puramente aplicada, haverá uma ausência de mudança técnica e neste caso todas as empresas seriam consideradas iguais.

Entretanto ao aceitar o conceito de assimetria, cada empresa é diferente, como no setor de telefonia móvel, em que a inovação pode afetar as estratégias das operadoras, que por sua vez também pode ser alterada pela técnica e pela diferente capacidade de inovação e imitação que afetarão preços, margens e padrões de investimento ao progresso técnico tanto endógeno como exógeno.

Um conjunto amplo de inovações e a busca por uma certa “força motora”, resultam em duas abordagens básicas. A primeira são as forças de mercado indicando mudança técnica conhecida como a teoria da indução pela demanda. A segunda definindo tecnologia como fator autônomo chamada de teoria do impulso da tecnologia. O papel atribuído aos sinais de mercado no dimensionamento da atividade inovadora e das mudanças técnicas visto pelos sinais do mercado são bastante coincidentes com a distinção entre teorias da indução pela demanda em relação ao impulso pela tecnologia. (DOSI, 2006).

A mudança tecnológica ocorre tanto pela teoria de demand-pull (Estímulos e sinais de mercado para estimular a inovação tecnológica) como pela technology-push (Uso da pesquisa e estudos científicos como fatores determinantes para a inovação tecnológica) como hipóteses de forças que determinam as mudanças técnicas nas empresas.

Segundo Melo (2008), a teoria de demand-pull tem um conceito reativo às mudanças técnicas utilizando as forças de mercado como um dos principais fatores para a ocorrência da mudança técnica, sem considerar, inclusive a questão da incerteza dentro do processo inovativo.

De acordo com Maçaneiro e Carlos (2011), o modelo demand-pull utiliza o mercado como base de ideias para o processo inovativo, forçando a indústria a inovar, entretanto a pesquisa e

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desenvolvimento tem apenas caráter reativo neste processo, assim como associam inovações de sucesso ao mercado, ainda que indispensável ao conhecimento e a base científica da tecnologia como parte do processo inovativo.

No modelo demand-pull o tempo em que a inovação está disponível é mais rápido e possui uma tendência de adaptação ao mercado, seja ele público ou privado, evidenciando que há demanda específica na criação e propagação de inovações, para atender e guiar o mercado sobre o processo inovativo. Os sinais do mercado forçam mudanças nos custos, preços e na demanda de produção, além do lucro das empresas, mudando os incentivos à inovação pelas empresas.

De acordo com Dosi (2006b), ao se afirmar que a demanda influencia o processo de inovação tecnológica não significa que o mercado é suficientemente forte ou que este é uma condição indispensável para se explicar a mudança tecnológica.

A teoria technology-push está baseada em avanços científicos, depende de um período de pesquisa e desenvolvimento e conhecimento como fatores determinantes para as inovações tecnológicas como processo de aprendizado, permitindo que as empresas avancem no conhecimento técnico e incentivo ao processo inovativo, para o qual a inovação é um fator exógeno e independente, contribuindo para que as inovações sigam adiante ainda que haja incerteza de que aquela nova tecnologia será usada.

Melo (2008) aponta que a busca pela inovação depende muito dos fatores econômicos, sendo o processo inovativo afetado pelo crescimento, assim como pelos preços. O ambiente econômico reflete de maneira direta os caminhos da inovação tecnológica, onde o modelo technology-push torna-se um caminho de única direção entre ciência, tecnologia e produção.

Neste sentido, as trajetórias tecnológicas são estabelecidas pela tecnologia como processo cumulativo, que amplia a capacidade de uma empresa de promovê-la e avançá-la a ponto de produzir inovações. Logo, segundo Melo (2008), para produzir e utilizar inovações, as empresas devem ter um mínimo de estoque de conhecimento tecnológico que dá ao processo inovativo o aspecto do technology-push, em que a inovação se mostra como fator independente, ou seja, um fator exógeno. Dessa forma, a teoria do technology-push, contribui para que as inovações sigam adiante, ainda que a tecnologia adotada naquele momento não seja a mais adequada, mas faz com que haja a busca por inovações podendo as mesmas serem distribuídas ou compartilhadas com outras empresas, até mesmo serem de domínio público.

Analisando a teoria da demand-pull, a força causal seria um suposto reconhecimento de

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necessidades pelas unidades produtivas do mercado, que tomam medidas para satisfazê-las através de suas atividades tecnológicas. A teoria pura pela indução do mercado deve funcionar de forma cronológica ou causal de modo que haja um conjunto de bens de consumo e de bens intermediários incorporando de seus compradores diferentes necessidades. De outra maneira, as preferências dos consumidores em relação as características dos bens desejados (satisfação ao máximo de suas necessidades) através dos seus padrões de demanda, isso quer dizer que as funções de demanda são feitas pelas formas das funções de utilidade.

Considerando que a renda destes consumidores aumenta, o poder aquisitivo também deve aumentar, demandando proporcionalmente mais bens ou serviços como preferenciais para satisfazer as necessidades dos consumidores. Uma vez identificado esse aumento do poder aquisitivo pelos consumidores, as empresas iniciam o processo de inovação pela teoria demand- pull, dada as necessidades demonstradas pelas pessoas e por consequente trazendo para o mercado, bens e serviços novos ou melhorados deixando para o próprio mercado o monitoramento pela satisfação e necessidades dos consumidores.

Existe ainda outro fator a ser considerado em relação ao efeito das mudanças de preços sob a demanda dos consumidores, conhecido com elasticidade preço da demanda, em que se pode atribuir maior retorno em desenvolvimento e pesquisa à esta elasticidade. Quando a redução de custos de produção de um bem ou serviço for atribuído à inovação, o retorno de investimento será maior assim quanto maior for a elasticidade da demanda, fazendo com que os consumidores migrem para um produto ou serviço que ofereça menor preço.

De acordo com Cordovil (2016), quando a inovação afeta a qualidade do produto, o resultado deverá ser diferente pois a demanda será inelástica, criando uma vantagem temporária que se materializa num lucro maior para o inovador. Em função disso, a elasticidade preço aparece como variável de duplo sentido da demanda se comparada aos incentivos no investimento de inovações.

A teoria da indução pela demanda afirma ainda que as empresas adotem uma visão simples com um argumento de que poderiam prever antecipadamente ao processo de inovação acontecer e saber para onde o mercado está seguindo apenas observando o movimento de preços em relação as quantidades consumidas.

Nesse contexto, na visão neoclássica, desde o ponto de vista dos produtores significa que o conjunto de escolhas são dados e que os resultados de qualquer escolha são conhecidos.

Evidentemente não estão sendo levados em consideração a questão dos resultados conhecidos

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pois ainda existem variáveis como risco, mas deve-se selecionar um conjunto de escolhas dado e finito.

O conjunto de variáveis econômicas como progresso científico e de mudança nos padrões técnicos também não demonstram eficiência na explicação da teoria da indução, mas sim o fato das empresas inovadoras criarem projetos de inovação que vislumbrem uma demanda potencial para um determinado produto e que na verdade essas inovações não seriam capazes de serem vendidas. Entretanto, a percepção do mercado potencial para aquele produto é quem cria as condições necessárias para a inovação mesmo não sendo a condição suficiente para tanto.

(DOSI, 2006b).

Para Dosi (2006a, p. 36): “O processo de crescimento e de mudança econômica, as variações nas participações distributivas e nos preços relativos afetam a direção da atividade de inovação, e nos fazem sentir pouco à vontade para aceitar uma visão de progresso técnico”. A mudança técnica e a inovação são uma espécie de mecanismo reativo desde o ponto de vista das teorias da indução pela demanda e do impulso pela tecnologia e tem como base e relação a economia neoclássica apresentando certa dificuldade do ponto de vista lógico e empírico.

A atividade inovadora, com base em estudos empíricos traz fatores de abordagem teórica relacionados à ciência e as variáveis econômicas estabelecido dentro do processo de inovação como os insumos científicos, pesquisa e desenvolvimento dados pela complexidade, que aumenta ao longo do tempo exigindo mais planejamento quando desafiado pela demanda do mercado, suas condições e por mudanças no mercado.

Para definir o processo de inovação e suas características, é necessário também definir um modelo de direções de mudança técnica e seus modelos determinantes usando termos como inter-relacionamento entre o desenvolvimento econômico, progresso científico e mudança técnica. Durante a Revolução Industrial, estes termos foram mutuamente influentes dentro da sociedade e suas transformações.

Como será discutido mais a frente, o setor de telefonia móvel atualmente está baseado em saltos tecnológicos pela aplicação de diversos recursos, além da sua ampla utilização que reflete na economia. Cada salto tecnológico impulsiona a comercialização de novos telefones celulares, planos de telefonia com mais recursos e cada vez mais impulsiona para que novos recursos e tecnologias sejam implementadas para atender a demanda de recursos que os usuários buscam no seu dia a dia.

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Segundo Lex (2008), o inter-relacionamento na atividade industrial é forte e institucionalizado na sociedade industrial, além de incorporado à dinâmica do sistema econômico. As empresas frequentemente usam a pesquisa cientifica e tecnológica seja de maneira direta ou por meio delas, por outro lado, no campo da produtividade e crescimento, o desenvolvimento técnico e científico são extremamente importantes.

Se abordadas as áreas de pesquisa e desenvolvimento das empresas como exemplo, nota-se uma grande interdependência entre as atividades tecnológicas e as atividades econômicas, pois do ponto de vista econômico sempre haverá uma avaliação dos custos para desenvolvimento de um novo produto ou serviço dentro de uma empresa, assim como a avaliação de função de utilidade daquele novo produto ou serviço a ser ofertado no mercado, Dosi (2006b) destaca que houve relativamente poucas tentativas para desenvolver modelos de interação entre os sistemas econômico e tecnológico com determinado grau de generalidade.

Por fim, vale destacar que a inovação tecnológica como conceito de novas ideias ou produtos também está relacionada com novos modelos de negócios, mercado, processos e métodos de organização das empresas, bem como a relação entre a tecnologia, o estudo da ciência e a economia trazidos pelo paradigma tecnológico. No processo concorrencial do setor de telefonia móvel, perceber-se-á a importância desses conceitos pelo intenso desenvolvimento de tecnologia e a dependência do setor pelo crescente processo de inovação.

Dessa forma, as empresas que compõem o setor precisam se adaptar à organização competitiva que o mercado consumidor traz como um feedback às empresas, almejando aumentar sua capacidade de inovação como forma de buscar novas tecnologias e se tornarem mais competitivas, seja por estímulos e sinais de mercado, seja pelo uso da pesquisa e estudos científicos como fatores determinantes para a inovação tecnológica.

À medida que uma nova tecnologia surge, a sociedade e a estrutura econômica sentirão seus efeitos pelo processo concorrencial das empresas. No setor de telefonia móvel, objeto de estudo e análise da presente dissertação, parte-se do pressuposto de que o mercado é quem demanda inovação tecnológica, nos moldes da perspectiva teórica descrita pela demand-pull sobre o processo inovativo.

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Processo Concorrencial do Setor Móvel

O conceito clássico de concorrência, sob a ótica de Smith (2003) define que no sistema de mercados a rivalidade entre os agentes gera o bem estar da sociedade, e a mudança de preços traz a competição. Dessa forma, sem competição não ocorreriam mudanças na atividade econômica e consequentemente sem o movimento das forças que aumentem o bem-estar social.

Concorrência é usualmente associada a inovação como base para o progresso econômico de acordo com Schumpeter (1971). A procura por vantagens em preço e/ou qualidade, contribuem para a inclusão de espaços no mercado concorrente ou aumento da sua lucratividade, impondo perdas em seus concorrentes.

Seguir-se-á a corrente Schumpeteriana em relação a dinâmica da concorrência e da inovação, bem como sua relevância na economia capitalista, que “quebram” o modelo tradicional de preços e o substituem pela busca por inovações a partir de estratégias e escolha dos resultados econômicos destas inovações realizado pelo mercado. Posteriormente, buscam-se em outras fontes como os centros de pesquisa e universidades. (NELSON; WINTER, 2005).

Segundo Hasenclever e Kupfer (2012), os modelos desenvolvidos de análise microdinâmica neo-schumpeteriana, utilizam o tempo entre as estratégias empresariais no processo de procura por inovações utilizando decisões de produção, investimento e preço, bem como, de competição e escolha pelo mercado por inovações.

Dentro do sistema capitalista, a procura por inovação de forma bem-sucedida, traz dinamismo ao sistema capitalista, mostrando resultados como a criação de novas oportunidades e vantagens competitivas ao mercado, expandido e valorizando o capital, e trazem algumas implicações teóricas abordadas por Schumpeter (1971), tais como:

• Competição entre os agentes no mercado, seja por vantagem em custo ou de qualidade;

• Mecanismos endógenos de inovação se sobrepõem, e levam ao equilíbrio;

• A apropriação de vantagem em custo ou qualidade, são a fonte da dinâmica do sistema capitalista, inclusive criando assimetria entre os agentes envolvidos;

• A inovação é quem impulsiona a geração de vantagens em custo ou qualidade dentro do processo concorrencial, ainda que sujeito a incertezas;

• A dificuldade em inovar está na incerteza e na resistência de se fazer algo que nunca foi tentado.

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Segundo Baptista (2000), a capacidade de sobrevivência e a expansão ao processo de seleção do mercado, está relacionada com a forma como são implementadas as estratégias concorrenciais para se manter, aumentar sua posição no mercado.

Um mercado de poucos ofertantes traz um cenário de baixa competição, entretanto, as dinâmicas estratégicas de cada competidor, podem levar uma empresa a um aumento em sua base de clientes, assim como um aumento de receita e de mercado, além da possibilidade de conquistar os clientes da empresa concorrente.

O ambiente competitivo favorece a possibilidade de escolha do usuário da telefonia móvel e se faz importante entender a concorrência na qualidade do serviço e na inovação sob o processo de seleção do usuário por uma operadora.

Segundo Bergo (2015), a concorrência trata da situação onde as empresas da iniciativa privada são competidoras entre si e onde nenhuma delas possua diferenciação por questões jurídicas, poder econômico ou exclusividade de recursos.

Ainda segundo Nelson e Winter (2005), a relação entre inovação e a estrutura de mercado, envolve questões de políticas mais diretas como um trade-off entre a questão sobre a eficiência estática e tecnologicamente progressista na qual inclui uma ligação entre a inovação e a estrutura de mercado, demonstrando um modelo Schumpeteriano de concorrência formal.

O tamanho da firma e o nível de concorrência são relevantes para a tomada de decisão econômica no perfil da inovação como parte importante da estrutura de mercado no desenvolvimento dessa teoria Schumpeteriana observada da seguinte forma:

(...) a ausência de concorrentes e a habilidade de bloquear a imitação dos concorrentes são fatores que por si só influenciam a apropriabilidade2. Dito de outro modo, a estrutura de mercado influencia a velocidade com que as quase ‑rendas provisórias são erodidas pelos imita‑ dores. Essa relação é presumivelmente o que Schumpeter tinha em mente quando declarou que a concorrência perfeita era incompatível com a inovação (NELSON & WINTER, 2005 p. 406).

A relação estabelecida de causalidade entre inovação e a estrutura de mercado é dada em tal medida que a estrutura do mercado cria reflexo sobre a inovação, mas também permite que a estrutura do mercado se altere. Ainda de acordo a Nelson e Winter (2005), o modelo de crescimento busca imitar os principais aspectos da concorrência Schumpeteriana, identificando as relações das estruturas de mercado, os gastos com pesquisa e desenvolvimento, o avanço técnico e variáveis como o desempenho da indústria.

2 Capacidade de uma inovação criar grande remuneração ao inovador

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Com base nas variáveis citadas acima, uma forma de interliga-las é com a criação de um modelo com suposições para caracterização do modelo como: Produzir um produto homogêneo, disponibilizar a melhor e única técnica daquele período, técnicas que garantam constante retorno de escala e coeficientes de insumo fixos, preços constantes e oferta elástica e aumentar a produção com pesquisa e desenvolvimento inovativo e imitativo, refletindo no tamanho da firma.

Além disso, para cada unidade de capital, deve-se utilizar os mesmos insumos complementares e constantes, tornando o custo por unidade de capital constantes para as firmas, ainda que custo seja considerando como variável para o modelo. Dessa forma, uma vez que novas técnicas de produção são aplicadas, de forma inovativa ou imitativa, o custo de produção está propenso a diminuir.

A equação do modelo se dá pelo produto da firma i no tempo i, Qit, igual ao estoque de capital, Kit, mais a técnica de produção, Ait, conforme a equação 1

Equação 1 – Estrutura do modelo 𝑄𝑖𝑡= 𝐴𝑖𝑡 + 𝐾𝑖𝑡

O produto do segmento será a soma dos produtos das firmas individualmente conforme a equação 2.

Equação 2 – Produto da firma no tempo 𝑄𝑡= ∑𝑄𝑖𝑡 = ∑𝐴𝑖𝑡 𝐾𝑖𝑡

O preço será definido pelas condições em que a indústria se encontra de acordo com a equação 3.

Equação 3 – Equação do preço 𝑃𝑡= 𝐷(𝑄𝑡)

A partir das informações do custo unitário de produção e preço, é possível definir para cada firma a relação entre custo e preço unitário da produção. O lucro sobre o capital segundo a equação 4 será definido pela receita total por unidade de capital extraído do custo total da produção por unidade de capital e também dos custos de pesquisa e desenvolvimento inovadores e imitadores.

Equação 4 – Equação do lucro 𝜋𝑡= (𝑃𝑡 𝐴𝑖𝑡− 𝑐 − 𝑟𝑖𝑚− 𝑟𝑖𝑛)

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Para aumentar sua produtividade, as firmas buscam através do processo de busca por tecnologia, tanto por imitação ou por inovação. Segundo Bezerra (2010), os gastos de pesquisa e desenvolvimento imitativo ou inovativo, criam a diversidade entre as firmas e alteram a produtividade em função de crescimento ou diminuídos quando estiverem em crise.

A chance de inovação ou imitação estará relacionado ao gasto, seu sucesso permitirá que a firma busque a melhor imitação do setor incorporando a sua produtividade. Por fim, a firma que tiver o melhor aproveitamento da inovação ou imitação, terá resultados melhores, levando- se em conta também seu tamanho e na obtenção de maior produtividade.

Para Nelson e Winter (2005), o modelo abordado define um sistema estocástico dinâmico, na medida que com o passar do tempo, os níveis de produção aumentam e os custos diminuem conforme as tecnologias mais avançadas vão surgindo. Dessa forma, ao longo do tempo a junção dessas forças fazem com que a produção aumente enquanto o preço cai.

De acordo com Bergo (2015), a estrutura do mercado de telecomunicações no Brasil é formada a partir de políticas governamentais aliada a necessidade de inovação tecnológica no setor. A Anatel regula o setor, tutelando o usuário de telefonia móvel, a partir das premissas de qualidade no serviço prestado, livre escolha e modalidade tarifária.

No mercado de telefonia móvel, a regulação das atividades econômicas tem como objetivo não só promover a concorrência, mas principalmente aumentar seu nível de eficiência econômica segundo aponta Possas, Ponde e Fagundes (1997).

Conforme abordado anteriormente, o progresso técnico serve como base comum para a inovação, associado aos paradigmas específicos do setor e como está disposta a concorrência definindo seus fatores competitivos. Para Tidd, Bessant e Pavitt (2008), existem duas formas para entender as características do progresso técnico dentro do paradigma neo-schumpeteriano tais como: estrutura do setor em relação a criação e aumento de tecnologia e as características da atividade industrial em relação a maneira em que domina a concorrência, estrutura de mercado e as formas de diversificação das empresas.

Conforme apontado por Possas (1989), existem 4 padrões de geração e desenvolvimento de tecnologia como aquelas dominadas por fornecedores, intensivos em escala, fornecedores especializados e fornecedores baseados em tecnologia, no qual está inserido o setor de telecomunicações, que depende do desenvolvimento da ciência e tecnologia que o próprio setor é responsável pela geração.

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A interação entre as empresas do setor, exige que em certa medida haja cooperação inovativa entre as operadoras, não com objetivo de eliminar a concorrência entre eles, mas para tornarem- se mais competitivos. Possas, Fagundes e Ponde (1995), aponta que entre as empresas, seja no campo tecnológico, marketing, comercialização e serviços, são frequentemente reestruturadas pela indústria com objetivo de adquirir, construir ou aproveitar os ativos complementares3. Segundo Grassi (2006), para tornar a estrutura de mercado a seu favor, as empresas devem cooperar buscando capacitação e competência por meio de aprendizado, entretanto, para se ter uma chance maior de se apropriar dos resultados da inovação, as empresas necessitam investir em ativos complementares. Características especificas do mercado em que as empresas atuam, mostrará o padrão de concorrência do setor e a trajetória tecnológica de cada uma das empresas.

Diante deste cenário, o setor de telefonia móvel, conforme será abordado nos próximos capítulos, desde sua privatização em 1998, previu para cada área de concessão, um mercado com poucas empresas, que segundo Oliveira (2013), deveria garantir competição e investimentos, trazendo ao mercado cerca de 24 operadoras de telefonia móvel. A partir de 2002, logo após a desregulamentação do mercado, um processo de consolidação foi iniciado, e trouxe como resultado, 4 grandes operadoras no cenário nacional, a Vivo, TIM, Claro e Oi.

Conforme apontado por Santos (2010), uma grande movimentação com foco, tanto na fidelização da base de clientes, como na busca por novos assinantes, dentre eles, aqueles que não possuíam telefone celular, transformou o mercado em uma concorrência na busca por clientes de maior valor, neste caso, de clientes de plataforma pós-pago. Esta fidelização, levou as operadoras a criação de programas e ações de retenção com base em contratos de fidelização.

Além disso, ações de vendas, como a promoção de pacotes de voz e dados, como incentivo ao usuário, tanto em preço como na facilidade no uso de aplicativos como Whatsapp4 e redes sociais isentas de cobrança adicional, também tornaram o ambiente entre as operadoras mais competitivo, assim como a facilidade de troca de operadora através da portabilidade numérica.

Com o crescimento do setor e consequentemente, o aumento da concorrência, a ANATEL registrou em 2012 aproximadamente 210,5 milhões de celulares e que em 2018, este número subiu para 223,2 milhões de celulares registrados.

3 Ativos complementares são capacitações ou outros ativos que potencializam os ganhos realizados com a inovação. (JORDE; TEECE, 1989)

4 Whatsapp é um aplicativo de troca de mensagens e envio de voz por meio do plano de dados de internet do celular

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3. BREVE HISTÓRICO DO SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO E SUA ESTRUTURA

O setor de telecomunicações brasileiro teve seu marco inicial com a implantação do telégrafo em 1854, época em que o Imperador D. Pedro II determinou que o Ministério da Justiça seria o primeiro centro telegráfico no país nomeando um ano depois o Barão de Capanema como o primeiro diretor geral dos telégrafos no Brasil. Em um primeiro momento o serviço foi utilizado somente pelo Estado, e aberto ao público para uso dos serviços telegráficos em 1858 com sua respectiva regulamentação. (LINS, 2017).

Durante o governo de Getúlio Vargas (1930 a 1945) mudanças e novos processos de integração do território nacional ocorreram, com uma maior integração econômica com objetivo de criar um mercado consumidor nacional, e aos poucos, uma política industrial que pudesse atender o desenvolvimento nacional. Segundo Jurado da Silva (2014), apenas com o Plano de Metas de Juscelino Kubitscheck na década de 1950, o Brasil saltou em desenvolvimento com a construção de Brasília, trazendo a instalação da indústria automobilística, criação e implantação de usinas hidroelétricas, rodovias, urbanização e, nesse contexto, a exploração da telefonia fixa, administrada por empresas privadas nos municípios e pelo Estado na questão intermunicipal.

Ainda nesse contexto, no início da década de 1960 a telefonia no Brasil, especialmente nas grandes cidades possuíam capital estrangeiro, como era o caso da Companhia Telefônica Brasileira que possuía operações em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, uma subsidiaria de uma empresa Canadense chamada Canadian Tractions Light and Power Company. Nas demais regiões do Brasil também havia esse modelo, mas em menor escala.

Apenas durante o governo de João Goulart, através da aprovação do Código Brasileiro de Telecomunicações sob a Lei 4.117 de Agosto de 1962, possibilitou a prestação de serviços de telefonia sob o controle federal chamado de Sistema Nacional de Telecomunicações, acompanhado pela criação do Conselho Nacional de Telecomunicações (CONTEL), que estava vinculado diretamente à presidência da república.

Com a participação dos militares e a ciência técnica mantida durante a ditadura militar, criou- se uma política nacional de telecomunicações levando a nacionalização da Companhia Telefônica Brasileira e a criação da Empresa Brasileira de Telecomunicações (EMBRATEL), com o intuito de modernizar as telecomunicações que levou por fim no processo de estatização

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das empresas privadas da era Vargas, reestruturando as telecomunicações em um sistema nacional de telecomunicações por meio de mecanismos legais a desenvolver o processo e aprimorar a modernização das telecomunicações no Brasil.

Segundo Adamo (2007), a estrutura do setor apresentou várias configurações ao longo do tempo, sendo estas com diversas dimensões e estruturas de mercado, além de várias formas de regulação pública e institucional. Desta forma, pode-se dividir a dinâmica do setor no Brasil em três fases diferentes, sendo a primeira com a presença do setor privado, com pouca inovação tecnológica até o final da década de 1960, uma segunda de 1970 a 1998 com atuação estatal criando o monopólio por meio do sistema Telebrás.

A partir de 1997, inicia-se a terceira e mais importante fase quando, o governo federal deu início ao primeiro movimento em direção à privatização das empresas pertencentes ao sistema Telebrás. De acordo com Da Silva (2011), foi o início dos movimentos políticos do governo necessários para que o papel do Estado no setor de telecomunicações fosse revisto com o objetivo de transferir a oferta de serviços para o setor privado e alocar o Estado apenas como agente regulador do setor.

As telecomunicações são consideradas segundo Pires e Piccinini (1999) como sendo um setor de infraestrutura no Brasil, a privatização do setor foi o marco desta terceira fase, baseado em um detalhado modelo institucional culminando com a Lei Geral de Telecomunicações, Lei 4.972/96, que estabeleceu um novo modelo institucional, onde foi criada inclusive a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que muda a função e o dever do Estado com o papel de agente regulador no setor de telecomunicações brasileiro, definindo os princípios de um novo modelo de tarifação, outorgas e concessões, modelando a venda das empresas estatais que faziam parte do grupo Telebrás.

A Anatel desde sua criação em 05 de novembro de 1997 tem como objetivo principal assegurar o desenvolvimento e expansão do setor de telecomunicações no Brasil de forma a melhorar os serviços de telefonia como dados, televisão e telefonia diante de um novo cenário tecnológico.

Além disso, tem como responsabilidade, garantir acesso aos serviços de telecomunicações à população, inclusive preços e qualidade, promover a concorrência entre os provedores e investimento e desenvolvimento tecnológico.

Segundo Castro e Filgueiras (2018, p.18), a inovação é fundamental para o desenvolvimento do mercado, e“[...] o Estado, dada a sua estrutura, não é inovador por si, mas pode ser um

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grande fator de desenvolvimento e inovação da cadeia produtiva e da oferta de bens e serviços à sociedade financiando, facilitando e promovendo iniciativas inovadoras”.

Em um contexto mais amplo, a privatização do setor de telecomunicações deve ser entendida como um marco institucional com estímulo a competição e crescimento econômico resultando em uma recuperação do tempo perdido dada a defasagem com que o setor se encontrava no período de monopólio estatal.

Deve ainda estimular a concorrência e a criação de um ambiente de inovações tecnológicas com a abertura do mercado, nesse momento, o Estado passa a incentivar os investimentos no setor, mas também tem seu papel de agente regulador.

A estrutura do setor de telecomunicações brasileiro após a privatização de acordo com Lins (2017) determinou que o Sistema de Telefonia Fixa Comutada (STFC) seria dividido por áreas de concessão e com poder de mercado de acordo a cada região, conforme dividido de acordo com o quadro 1, da seguinte forma:

Quadro 1 - Divisão do setor de telecomunicações brasileiro - 1998

Área Empresa Região Capital

I Telemar Norte, Nordeste e

Sudeste

Grupo La Fonte, BNDES e Andrade Gutierrez

II Brasil Telecom Centro-Oeste e Sul Telecom Itália e Banco Opportunity

III Telefónica São Paulo Grupo Teléfonica de España

IV Embratel Todas as regiões MCI Norte Americana

Fonte: Lins (2017)

Além das principais operadoras e suas respectivas de concessão, foram criadas também as empresas “espelho” sob o regime privado, podendo competir sem obrigações ou tarifas fixas para as mesmas regiões ora determinadas para as concessões mostradas no quadro 2 abaixo, sendo a divisão das empresas espelho distribuída da seguinte forma:

Quadro 2 - Divisão das empresas espelho - 1998

Área Empresa Região

I e III Vésper Norte, Nordeste, Sudeste (incluindo São Paulo) II Global Village Telecom (GVT) Centro-Oeste e Sul

IV Intelig, GVT Todas as regiões

Fonte: Lins (2017)

Com a abertura do setor, em seus primeiros anos obteve crescimento do mercado devido à grande disponibilidade para expansão dos serviços, especialmente em áreas de alto poder e

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potencial de consumo que eram mal atendidas, assim como para as regiões menos atrativas ao investimento, expansão pressionada pela ação regulatória da Anatel.

As concessionárias segundo a Telebrasil (2018) acabaram conseguindo autorização para prestação de serviço também fora de sua área de concessão desde Dezembro de 2001, gerando a troca da obrigação para atender uma determinada área antes não incluída. Dessa forma, as operadoras que cumprissem com as obrigações e atendimento aos planos de expansão e atendendo as demandas também poderiam estabelecer serviços em regiões anteriormente não autorizadas desde que atendessem ao Plano de Outorgas a partir de 31 de dezembro de 2001.

Um aspecto importante dessa mudança, em termos de inovação tecnológica associada ao setor de telecomunicações, é que a telefonia móvel ganhou destaque com o surgimento dos smartphones no ano de 2001, criando necessidades e novos mercados ao consumidor que não existiam anteriormente, o acesso à telefonia móvel ganhava uma outra conotação, transformando o mercado de telecomunicações brasileiro, bem como mudança no perfil do consumidor, que escolhia a telefonia móvel comparada a telefonia fixa anteriormente bastante explorada pelo setor devido à alta demanda e pouca oferta de linhas no mercado.

O mercado de telecomunicações e sua grande expansão mundialmente, possui no Brasil um crescimento e desempenho com base em fatores tecnológicos, crescimento econômico e fatores sociais, assim como as políticas governamentais e regulamentação que servem como parâmetro de estratégia para que as empresas possam atuar no setor segundo apontam Mocelin e Barcelos (2012).

A dinâmica tecnológica do setor de telecomunicações segundo Pires e Piccinini (1999), é a mais forte dos setores de infraestrutura, pois cria uma condição econômica viável a partir da Lei Geral de Telecomunicações que permite caminhos de entrada a novos operadores, estimulando um modelo de competição, não somente para as operadoras de telefonia, mas para todo o segmento de telecomunicações brasileiro.

Com a abertura do mercado, um novo cenário de negócios foi criado, a transferência dos direitos de exploração dos serviços de telecomunicações, através de uma série de regras, promoveu e estimulou a oferta e a concorrência. De acordo com Mocelin e Barcelos (2012), uma das regras criadas foram os mecanismos de controle com base na qualidade dos serviços visando a satisfação do cliente como fator chave.

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À medida que os anos se passaram desde a privatização, o setor passou a contar com tecnologias mais avançadas e um ambiente competitivo maior. Com o acirramento da concorrência, não obstante o reduzido número de operadores, que depende, entre outros fatores, do investimento em tecnologia, novos produtos e serviços.

Além disso, a alta concentração das operadoras no setor de telefonia, indica sua estrutura competitiva em recursos técnicos capacitados e prontos a prover suporte operacional, criando um ambiente de decisões estratégicas, como adoção tecnologia de 4ª geração (4G), aumentando a oferta de serviços oferecidos aos clientes, gerando aumento de receita às operadoras.

O ambiente de competição, aliada a concorrência entre as operadoras do mercado de telecomunicações foi planejado e estimulado por regras institucionais. A Lei Geral de Telecomunicações (LGT) regulamentada em 07 de outubro de 1997 pelo decreto 2.338 e de 10 de junho de 2003 pelo decreto 4.733 passaram para o regime de competição regulada os serviços de telecomunicações no Brasil.

Segundo Mocelin e Barcelos (2012), a reestruturação do setor no Brasil estabeleceu uma reforma profunda dos mecanismos legais que o regulavam, que ainda podem sofrer modificações e alterações de tempos em tempos, mas tem como princípio fundamental transformar o monopólio público em um sistema de concessão a atuação de operadores privados com base na competição, expansão e modernização dos serviços ao consumidor.

De acordo com Cohen e Levin (1989), as características de demanda do mercado e oportunidade tecnológica são responsáveis pelo desempenho das indústrias em relação à inovação. Ainda que haja o conhecimento científico e tecnologia, a demanda é quem determina para onde irá a atividade de inovação, pois do ponto de vista da economia industrial é a demanda quem tem importância e que traça os caminhos ao processo de inovação. Para crescer no mercado deve- se disponibilizar o conhecimento tornando-o acessível, justificado pelo aumento da demanda.

A interferência do governo é considerada como um dos responsáveis pela criação de maior oportunidade tecnológica. De acordo com Pires e Piccinini (1999), a intervenção governamental busca garantir, com base no investimento do setor privado, uma oferta de serviços satisfatória à sociedade. Ademais, considera-se que a intervenção como forma de flexibilizar as metas e formas para minimizar as ineficiências como a acomodação das operadoras de telefonia, permitem monitorar o desempenho das empresas e ajustá-las as novas condições do mercado quanto a inovação de produtos e tecnologias (POSSAS; PONDE; FAGUNDES, 1997).

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De acordo com Cordovil (2016), o estado tem como objetivo desenvolver os setores considerados essenciais agindo de forma regulatória e influente para alcançar melhores resultados dentro deste processo adotando o subsidio para pesquisas no setor privado, abrandando seus custos de investimento ou criando setores públicos responsáveis pelas atividades de ciência e tecnologia.

De acordo com Castro e Filgueiras (2018), o estado é de grande importância para a inovação e gerenciamento do conhecimento e o regulatório como resposta inovadora para a sociedade.

Dessa forma o Estado alcança a produção e o compartilhamento da tecnologia, bem como estimulando programas de pesquisa com objetivos específicos aumentando a chance de serem bem-sucedidos.

Ainda segundo Cohen e Levin (1989), o estado também possui uma variedade de canais que impactam de diferentes maneiras a indústria sendo sua própria demanda como base para direcionamento das inovações tecnológicas e sendo ele próprio o demandante, onde altera-se a regulação como forma de limitação de acesso àquela tecnologia, permitindo acesso a pesquisas privadas, fazendo com que não aconteça ou pelo menos diminua em parte um alto grau de poder de mercado, ainda que temporário por uma determinada empresa.

Ainda em relação aos impactos do Estado no setor, estudos sobre regulação da economia apontam que setores de utilidade pública como o caso das telecomunicações, sendo sua grande maioria formada por monopólios naturais em que somente uma empresa terá capacidade de atender a demanda por um produto ou serviço a custos menores que aconteceriam se houvesse mais empresas atuando no mesmo segmento de mercado.

De acordo com Demsetz (1968), deverá ocorrer a concessão do direito de exploração de determinada atividade em que o competidor deverá comprometer-se a oferecer um serviço ou produzir algo a preços mais baixos com melhor qualidade em um período pré-determinado.

Ainda assim haveria concorrência mesmo em uma situação de monopólio natural, no qual as empresas que pretendem concorrer entre elas têm que oferecer o melhor pacote (preço, investimentos e qualidade) para vencer o leilão de concessão.

No setor de telecomunicações, partindo do modelo de Demsetz, pode-se, inicialmente, utilizar o argumento da existência da concorrência e da ocorrência de limitações de preço a ser cobrado, mas não na qualidade do serviço prestado. Para isso haveria necessidade de regulamentação do setor para estabelecer critérios para diminuir tarifas em função de avanços tecnológicos.

Referências

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