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Controle de roedores na suinocultura moderna: parte 1

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2008

Controle de roedores na suinocultura moderna: parte 1

PorkWorld, Campinas, v. 7, n. 43, p. 68-75, 2008 http://producao.usp.br/handle/BDPI/2478

Downloaded from: Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI, Universidade de São Paulo

Departamento de Medicina Veterinária Prevenção e Saúde Animal - FMVZ/VPS

Artigos e Materiais de Revistas Científicas - FMVZ/VPS

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68 porkworld 43 mar/abr 2008 | ano 7

Profª Dra Masaio Mizuno Ishizuka

Controle de roedores na suinocultura moderna

parte 1

Professora Titular Emérita de Epidemiologia das Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP

A PorkWorld inicia a publicação de um artigo inédito e de vital importância para a Suinocultura brasileira, destacando um dos maiores problemas de perdas em granjas e depósitos de empresas: a ação dos ratos. Os roedores convivem com os seres humanos desde os tempos das cavernas e chegam a devorar em um ano comida suficiente para alimentar quase 100 milhões de pessoas. Você vai saber mais sobre esses animais, seus principais hábitos, os tipos que mais causam prejuízo no Brasil, como mantê-los longe das rações, o momento exato para exterminá-los, os venenos mais utilizados e como agir adequadamente.

Nesta primeira parte do artigo, a professora-doutora Masaio Mizuno Ishizuka fala sobre os prejuízos causados pelos roedores, os danos para a Saúde Pública e para a Suinocultura, como eles agem, onde são mais encontrados e a importância do trabalho do médico veterinário dentro das granjas.

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Introdução

humanidade luta perma- nentemente contra roedo- res que ainda permanecem como um grande desafio.

As formas de exploração econômica desenvolvidas pelo homem têm fa- vorecido a instalação e proliferação de roedores. A maioria das espécies de roedores é de hábito silvestre, vivendo em harmonia com a natu- reza que lhes fornece alimentos e proteção. Algumas espécies (Rattus e Mus) adaptaram-se às formas de exploração econômica desenvolvi- das pelo homem, que têm favore- cido a instalação e proliferação de roedores, fornecendo água, alimen- to e abrigo. São conhecidas como sinantrópicos e pesquisas arqueoló- gicas comprovaram fosseis de ratos juntos aos restos alimentares dos homens das cavernas.

Com os homens, os ratos viaja- ram em caminhões, embarcações, de trem, cruzaram fronteiras e alcançaram todas as partes do planeta. São transportados den- tro de móveis, eletrodomésticos, alimentos brutos, vestimentas, madeiras, ferramentas e o mais variados compartimentos. O sinan- tropismo dessas espécies murinas deve-se à extraordinária capacida- de de adaptação e proliferação sob variadas condições adversas. Além disso, são habilidosos e resistentes, e a seleção de meios de controle eficientes, principalmente em am- bientes de criação animal, requer o conhecimento de sua biologia e de seu comportamento.

u

A

Importância econômica e de saúde pública

Em 1968, estimava-se que as per- das atribuídas à destruição anual causada pelos ratos seriam sufi- cientes para alimentar 85.000.000 de pessoas. Os EUA consideram os roedores como a principal praga, destruindo cerca de 1/6 do dinheiro circulante. Outros dados indicam que roedores devoram alimentos armazenados pelo homem (inge- rem, diariamente, alimentos equiva- lente a 10% de seu peso corpóreo), patrimônios como animais (leitões recém nascidos) e instalações (cons- truções de madeira, maquinários, cabos elétricos, cabos telefônicos), causando avarias (curto circuito) e incêndios pelos hábitos de roedura.

Desvalorizam alimentos estocados, contaminando com urina e fezes.

Estes hábitos já se tornaram natural para os roedores, pois o homem tem oferecido a eles condições de defesa, reprodução e disseminação para a perpetuação da espécie.

Não existem dados quantitativos precisos na literatura sobre os pre- juízos econômicos, mas, estima-se, que seja da ordem de 4 a 8% da produção agrícola nacional (milho, soja, cana, trigo, sementes e raí- zes). Por outro lado, desconhecem- se os prejuízos na estocagem (de cereais); na destruição de papéis, papelão e filmes que compõem grande parte das embalagens alimentícias; nas instalações, per- furando madeira, metais macios, plásticos, alvenaria pouco resis- tente; nas redes de transportes de alimentos; na indústria de transfor- mação; e na rede de comércio.

u Estatística sobre prejuízos eco-

nômicos são de difícil avaliação, mas, cada criador pode ter a sua estimativa, considerando não ape- nas que um roedor ingere aproxi- madamente 10% de alimento em relação ao peso corpóreo, mas que sempre que destrói uma embala- gem de cereal ou ração, o prejuízo corresponde ao valor total da em- balagem e, conseqüentemente, a lucratividade da produção, que fica seriamente comprometida.

Roedores estão diretamente associados à Saúde Pública em decorrência de serem reservatórios para agentes de zoonoses (doenças naturalmente transmitidas entre o homem e animais) e de doenças dos animais. Dentre as zoonoses, mencione-se alguns exemplos como:

Viroses: coriomeningite linfocitá- ria, hantavirose.

BaCterioses: leptospirose, tifo murino, salmonelose, febre da mordedura do rato (febre de Ha- veihill), peste (bubônica, pneumo- nica e septicêmica).

Parasitoses: triquinelose, toxoplasmose.

Para os suínos, atuam como reserva- tórios de salmoneloses, doença de Aujeszky, toxoplasmose ou atuam como carreadores de agentes etioló- gicos de pasteureloses, erisipelose, disenteria suína etc. A urina dos ro- edores tem um odor forte e bastan- te desagradável, que impregna todo e qualquer produto ou material próximo, tornando-os inaptos para uso ou consumo e comprometen- do o bem estar do homem pelo desconforto que causa. As fezes, em

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formato de cíbalas, são deixadas em todo percurso e tornam o ambiente desagradável e depreciado.

Responsabilidade pelo controle de roedores

Por suas habilidades, os roedores não conhecem nem respeitam quaisquer fronteiras. Movem-se entre casas, propriedades, gran- jas e, por isso, a responsabilidade é de todos aqueles que direta ou indiretamente possibilitam a sua instalação e proliferação. Um adequado programa de controle ou de prevenção de roedores em uma granja, ou em certa área geográfi- ca, implica, obrigatoriamente, no conhecimento de suas necessidades ambientais, hábitos alimentares, capacidade reprodutiva, compor- tamentos, sentidos, movimentos, dinâmica populacional e estrutura social. Ressalte-se que ambas as medidas (prevenção e controle) de- vem estar integradas para não cau- sar desequilibro que, normalmente, favorece ao roedor, conduzindo à uma superpopulação, com sérias conseqüências para o homem. É preciso ter sempre em mente que roedores são animais silvestres e seu simples afastamento de criações ou instalações conduzem a situações que podem se tornar quase sempre inacessíveis pelas ações sanitárias privadas ou oficiais. Indícios de superpopulação já são perceptíveis pela observação de roedores vivos durante o dia em muitos ecossiste- mas urbanos e rurais.

O homem é o maior responsável pela proliferação de roedores em seu domicílio, nas criações animais e arredores. De um lado, pelo

u

sentimentalismo de querer prote- ger os animais em detrimento da saúde humana; em desejar prote- ger sua criação, esquecendo-se que os roedores, por serem silvestres e habilidosos para sobreviverem, pro- liferam em qualquer local onde en- contre alimento e abrigo, devendo ser destruídos nas áreas que cer- cam as granjas e outras instalações.

De outro lado, pela carência de um adequado e contínuo programa de educação em saúde de toda popu- lação humana, despertando para uma responsabilidade individual e coletiva, não apenas retirando a disponibilidade de abrigo e alimen- tos como, também, notificando as autoridades sanitárias competentes (Centro de Controle de Zoonoses local) sobre a presença de roedores na área geográfica em que vive.

Nas criações de suínos, a prevenção e/ou controle de roedores é respon- sabilidade do Médico Veterinário que reúne, pelo próprio curriculum acadêmico, conhecimentos para executar esta atividade, pois o diagnóstico se faz pela inspeção permanente e contínua de sua presença, para que se tomem as medidas profiláticas imediatas.

Espécies de roedores de interesse

econômico e em saúde pública

1. espécies de roedores sinantró- picos comensais:

Os ratos e os camundongos perten- cem à ordem Rodentia (reúne mais de 3.000 espécies dos denominados roedores), subordem Sciurognathi, família Muridae, subfamília Muri- nae. A denominação RATO é cor- retamente aplicada a aproximada-

u

mente 500 espécies, dentre as quais o Rattus norvegicus (Berkenhout) e o Rattus rattus (Linnaeus), que apresentam distribuição geográ- fica cosmopolita. Ao gênero Mus pertencem cerca de 130 espécies de CAMUNDONGOS, sendo o Mus musculus (Linnaeus) o únco adapta- do ao meio urbano e erradamente denominado rato. Sinonímia:

Rattus rattus: rato preto, rato do telhado, rato do forro ou rato do navio.

Rattus norvegicus: ratazana, gabi- ru, rato do esgoto, rato norueguês, rato pardo.

Mus musculus: camundongo, catita, ratinho, rato da gaveta, rato caseiro, muricha.

2. Distribuição geográfica de roedores no Brasil

Nas zonas rurais do Brasil, exis- tem, além das 3 espécies citadas, habitando paióis, silos e criações intensivas de animais de produção (aves, suínos, bovinos confinados etc.), outras espécies de roedores, geralmente de pequeno porte e conhecidos como “ratos da lavoura” ou “ratos do campo”. Nas plantações de arroz, trigo, cana, cacau, dendê etc. são encontrados o Holochilus brasiliensis, Orizomys sp e Mastomys natalensis. O “rato do capim” (Bolomys lasiurus) é o principal reservatório do hantavírus no Brasil. Esses roedores vivem em perfeito equilíbrio com a natureza e tornam-se problemas de saúde pública quando o homem elimina deliberadamente seus predadores naturais (coruja, cobras, gaviões, raposas, certos felinos etc.) e/ou produz alimentos de sua preferên-

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cia (arroz, trigo, milho etc.). Em uma mesma área, é possível encon- trar as espécies mais importantes, embora seja observada intensa se- gregação entre elas, caracterizando territórios dominantes e com carac- terísticas biológicas distintas.

Rattus norvegicus: prefere domi- nar o nível do solo, escavando tocas e túneis onde fazem seus ninhos.

Rattus rattus: vivem em forros e telhados das habitações, pois não conseguem sobrepujar a força, o vigor físico, a agressividade e robustez da ratazana.

Mus musculus: é o menor e mais frágil dentre estas 3 espécies e são hábeis em procurar convívio pacífi- co com o homem (inimigo atávico de roedores), criando seu “habitat”

em gavetas, armários, fornos etc.

de residências.

Características dos roedores sinantrópicos

Características morfológicas para identificação das espécies sinan- trópicas.

u

a. Rattus norvegicus (ratazana) É a espécie mais comum na faixa li- torânea brasileira, vive em colônias de tamanho variável em função da disponibilidade de abrigo e alimen- to no território onde se encontra. É de hábito fossoril (hábito de cavar), pois têm preferência por abrigo abaixo do nível do solo, ou no interior de estruturas, locais pouco movimentados e próximos as fontes de água e alimentos. Com o auxílio de suas patas e dos den- tes, cavam ativamente tocas e/ou ninhos no solo, formando galerias que danificam as estruturas locais.

Fonte: Manual de Controle de Roedores. FUNASA, 2002.

rato De esgoto ou ratazana (Rattus norvegicus)

corpo robusto e troncudo comprimento: 18 a 25cm

peso: 280 a 460g

pelos ásperos orelhas pequenas, arredondadas, peludas e pouco salientes

olhos pequenos em relação à cabeça

membranas interdigitais

calos lisos

cauda grossa e peluda comprimento: 16 x 21cm 220 anéis ou menos cíbalos rombudos

(13 a 19 x 6mm)

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São encontrados facilmente em galerias de esgoto e águas pluviais, caixas subterrâneas de telefone, eletricidade, metrô etc.

O raio de ação (território) é relati- vamente curto, raramente ultrapas- sa 50 metros e, excepcionalmente, percorrem longas distâncias (em caso de necessidade). Constroem seus ninhos em áreas delimitadas por ferormônios, para encontrar alimentos e procurar e defender seus parceiros sexuais. Este terri- tório é ativamente defendido de intrusos, que são expulsos pelos indivíduos dominantes da colônia.

Manifestam neofobia marcante, caracterizada pela desconfiança por objetos e/ou alimentos novos colocados no seu território, embora este comportamento apresente va- riação individual e/ou populacional, sendo mais acentuado nos locais de pouco movimento de pessoas e ob- jetos. Assim sendo, as medidas de controle são de difícil aplicação e os resultados obtidos a longo prazo, em decorrência da natural aver- são inicial por iscas, porta-iscas e armadilhas colocadas no ambiente.

Em locais de movimento contínuo de pessoas, objetos e mercadorias, a neofobia é menos acentuada ou inexistente e os novos alimentos (is- cas) e objetos (armadilhas) desper- tam imediata atenção, facilitando seu controle.

A dispersão das ratazanas pode ocorrer passivamente, transporta- da em caminhões, navios, trens, contêineres etc. Ou ativamente, quando abandonam suas colônias em busca de outro local para cons- truir abrigo. A dispersão ocorre por razões diversas e atribui-se, prin- cipalmente, à redução da disponi-

bilidade de alimento e de abrigo por alterações ambientais, e à superpopulação. A urbanização desenfreada e sem planejamento da maioria das cidades de médio e grande porte do Brasil também tem favorecido o crescimento da população e a dispersão das rata- zanas. Assim, mencione-se, prin- cipalmente, a expansão de favelas e loteamentos clandestinos sem redes de esgoto e de coleta de lixo (inadequada ou insuficiente), que têm propiciado o aumento da população de ratazanas.

Epidemias de leptospirose ocorrem tanto em ambientes degradados como em áreas adequadamente urbanizadas e são, cada vez mais, freqüentes casos de mordeduras por ratazanas ou de toxinfecções alimentares causadas por ingestão de alimentos contaminados pela urina e/ou fezes de roedores (Sal- monella typhimuriun). Ocorrem, frequentemente, casos de envene- namento acidental de humanos e animais de estimação com ratici- das e outras substâncias tóxicas utilizadas inadequadamente no controle de roedores.

b. Rattus rattus

Predominante na maior parte do Brasil, sendo comum nas propriedades rurais e peque- nas e médias cidades do interior. È distinta da ra- tazana relativamente à morfologia, aos hábi- tos, comportamentos

e ao habitat. Por ser uma espécie de hábitos elevados, vivem em for- ros, telhados e sótãos de habita- ções, onde constroem seus ninhos e descem ao solo somente para buscar alimentos e água. Vivem em colônias de indivíduos com laços parentais, cujo tamanho de- pende dos recursos existentes no ambiente. Seu raio de ação tende a ser maior que o da ratazana face à habilidade em escalar superfícies verticais e à facilidade com que andam sobre fios, cabos e galhos de árvores Sua dispersão em zonas urbanas tem sido facilitada pela verticalização das grandes cidades, aliadas aos modelos de construção e decoração dos modernos prédios de escritórios que possuem for- ros falsos e galerias técnicas para passagem de fios e cabos, permitindo

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mar/abr 2008 | ano 7 porkworld 43 73 rato De telhaDo ou rato Preto

(Rattus rattus)

Fonte: Manual de Controle de Roedores. FUNASA, 2002.

corpo esguio comprimento: 16 a 21cm

peso: 80 a 300g

orelhas grandes, de pouca espessura e desprovidas de pelos*

olhos grandes

vibrissas

calos estriados

cauda fina em chicote comprimento: 19 x 25cm poucos pelos 250 anéis ou mais cíbalos afilados

(8 a 13 x 5mm)

focinho afilado

*As orelhas dobradas alcançam os olhos.

que se abriguem e se movimentem vertical e horizontalmente. Em algumas cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo, a pre- sença do Rattus rattus é cada vez mais comum e predominante em bairros anteriormente dominados pela ratazana, possivelmente, pelo fato dos programas serem direcio- nados ao controle desta espécie.

O papel do Rattus rattus na trans- missão de doenças como leptospi- rose ainda é pouco conhecido, mas seu hábito intradomiciliar permite um contato mais estreito com o homem. É preciso melhor estudo

sobre o potencial desta espécie como reservatório de doenças para melhor fundamentar os programas de controle com vistas à importân- cia em saúde pública.

c. Mus musculus

É a espécie que atinge maior nível de dispersão, sendo encontrado praticamente em todas as regiões geográficas e climáticas do plane- ta. Originário das estepes da Ásia Central, região onde se acredita te- nha se desenvolvido, inicialmente, a agricultura que permitiu a esse roedor tornar-se comensal do ho-

mem ao invadir locais de colheita e estocagem de cereais. Sua associa- ção com o homem é bastante anti- ga, quiçá alguns milhares de anos.

São de pequeno porte, raramente ultrapassando 25 g de peso e 18 cm de comprimento (incluindo a cauda), o que facilita o transporte passivo para o interior das residên- cias, tornando-o importante praga intradomiciliar e podendo ai per- manecer por longo período sem ser notado, até que seja estabelecida a superpopulação. Seu raio de ação é pequeno, raramente ultrapassando a 3 m. Ninhos são construídos no fundo de gavetas e armários pouco

CamunDongo, ratinho ou rato Caseiro (Mus musculus)

Fonte: Manual de Controle de Roedores. FUNASA, 2002.

corpo delgado comprimento: 8 a 9cm

peso: 10 a 21g orelhas salientes e grandes

em relação à cabeça

olhos pequenos e pretos

vibrissas patas escuras

cauda sem pelos comprimento: 8 x 10cm

cíbalos em forma de bastonetes

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TABELA 1 – roedores sinantrópicos segundo algumas características de diferenciação CaraCterístiCa

esPéCie

Rattus norvergicus (ratazana) Rattus rattus

(rato de telhado) Mus musculus (Camundongo)

CaBeça Rombuda Afilada Afilada

CauDa Grossa, peluda e com 220 anéis

ou menos Fina, com poucos pelos e com

250 anéis ou mais Fina e sem pelos ComPrimento

Da CauDa Mais curta que (cabeça + corpo) Mais longa que (cabeça + corpo) Igual (cabeça + corpo)

CorPo Robusto e troncudo Esguio Delicado

ComPrimento e Peso

Corpo + cabeça = 18-25 cm Cauda = 16-21 cm

Peso = 280 a 460 g.

Corpo + cabeça = 16-21 cm Cauda = 19-21 cm

Peso = 80 a 300 g.

Corpo + cabeça = 8-9 cm

Cauda = 8 a 10 cm Peso = 10 a 21 g.

Pés Resquícios de membranas

interdigitais, planta estreita, com calos lisos e dedos longos.

Sem resquícios de membranas interdigitais, planta larga e com calos estriados nos dedos.

Sem resquícios de membranas interdigitais.

olhos Pequena em relação à cabeça Grandes em relação à cabeça e salientes.

Pretos e pequenos em relação à cabeça e salientes.

orelhas Pequenas em relação à cabeça, arredondadas, peludas e pouco salientes.

Grandes em relação à cabeça, delgadas, sem pelos e salientes.

Grandes, delicadas e salientes em relação à cabeça.

Pelagem Grosseira e áspera Delicada Delicada e sedosa.

Coloração

Dorso castanho acinzentado ou ruivo. Ventre mais claro. Cauda da mesma cor e parte inferior bem mais clara.

Dorso preto ou cinza chumbo.

Ventre idêntico ou mais claro.

Cauda de coloração uniforme e igual a do corpo.

Dorso cinza. Ventre mais claro. Cauda cinza rosada e uniforme utilizados, no interior de estufas

de fogões e em quintais onde são criados animais domésticos.

Cavam pequenos ninhos no solo, semelhantes aos das ratazanas, formando numerosos complexos de galerias, de acordo com a oferta de alimento.

São onívoros (como a ratazana e o rato de telhado), alimentando-se de todo tipo de alimento, embo- ra demonstrem preferência pelo consumo de grãos e cereais. São animais neófilos, caracterizados pela curiosidade e pelo hábito de explorar ativa e minuciosamente o ambiente em que vivem, contraria-

mente à neofobia do rato de telha- do e da ratazana. Podem invadir de 20 a 30 diferentes locais por noite em busca de alimento, causando sérios problemas de contamina- ção de alimentos em despensas e depósitos em geral, além de serem de difícil controle por raticidas.

Na prática, há dois detalhes que podem nos ajudar na distinção da ratazana. O comprimento da cauda é visivelmente menor do que o comprimento do corpo + cabeça.

A ratazana tem as formas corporais mais robustas e suas orelhas, numa visão rápida, imaginando-as dobra- da para frente, jamais tocariam a borda do olho, enquanto no rato

de telhado e camundongo tocariam ou cobririam os olhos parcialmente.

Na figura ao lado, está ilustrada a morfologia comparativa das 3 espécies de interesse. A figura 2 ilustra as diferenças morfológicas entre roedores sinantrópicos.

na segunda parte do artigo, você vai saber como os ratos se

reproduzem, os hábitos sociais, como identificar a presença deles, o grau de infestação e o que mais os atraem nas instalações.

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mar/abr 2008 | ano 7 porkworld 43 75 morfologia ComParatiVa Das esPéCies De roeDores sinantróPiCos

Fonte: Carvalho Neto, C. - Manual Prático de Biologia e Controle dos Roedores (Novartis – 2005)

ratazana joVem

CamunDongo DoméstiCo Mus musculus

compridos grande

PÉS CABEÇA

pequenos pequena

rato De telhaDo rattus rattus

ratazana rattus norvegicus mais comprida que

a cabeça + corpo leve,

delgado grande grandes afilado

CAUDA CORPO ORELHA OLHOS NARIZ

mais curta que cabeça + corpo

pesado,

grosso pequena pequenos arredondado

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Profª Dra Masaio Mizuno Ishizuka

Controle de roedores na suinocultura

moderna

parte 2

Professora Titular Emérita de Epidemiologia das Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP

PorkWorld publica nesta edição a segunda parte da série especial sobre os prejuízos causados pelos ratos à Suinocultura. Na abertura da série, conhecemos os principais danos para os criadores de suínos e à Saúde Pública, como estes roedores agem, onde são mais encontrados e a importância do trabalho do médico veterinário dentro das granjas. Agora, che- gou a vez de sabermos mais sobre a biologia destes animais, que têm um corpo que é uma verda- deira máquina de sobrevivência, capaz de saltar 15 metros, nadar 3 minutos sem respirar e ter até 100 filhotes em apenas um ano.

Aprenda como eles vivem, o que mais os atraem, como perceber a presença deles e saber identificar o grau de infestação.

A

Biologia dos roedores

Conhecer a biologia e o comporta- mento destes animais é imprescin- dível para otimizar a profilaxia e garantir o sucesso.

RepRodução

O período de gestação varia de 21 a 23 dias e os filhotes nascem com formação incompleta (olhos fechados, despidos de pêlos, sem unhas e ouvidos tampados).

Desenvolvem-se rapidamente e por volta do 14º dia iniciam seus primeiros movimentos explorató- rios ao redor do ninho. Na terceira semana de vida já são capazes de ingerir alimentos sólidos e na quar- ta semana são desmamados. Por volta dos 3 meses estão comple- tamente independentes da mãe,

Ñ

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quando atingem a maturidade sexual. A longevidade do camun- dongo é de 1 ano, do rato preto 1,5 ano enquanto a ratazana pode chegar a 2 anos. Apresentam 6 a 8 cios por ano e 1 a 2 dias férteis.

O tamanho na ninhada é de 7 a 12 filhotes, que varia segundo a pres- são social, alimentar e/ou física em que vivem.

AlimentAção:

CompoRtAmento e movimentAção

São onívoros como o homem e, portanto, ingerem qualquer tipo de alimento, embora tenham suas preferências, pois, no lixo, as ratazanas escolhem as porções mais frescas e recentes e aceitam bem os cereais. É errôneo pensar que esses animais ingerem todo tipo de alimento, pois preferem alimentos frescos ao invés de estragados, fermentados ou azedados. Sua dieta é

razoavelmente variável, em função da fonte de suprimento, mas preferem cereais especialmente grãos quebrados, não aceitando bem os moídos, as frutas, determinados vegetais, carne, peixe etc. Por não apresentarem preferência definida, torna-se difícil preparar iscas que sejam de agrado da maioria. Quando iscas comerciais não são bem aceitas, há que se formular localmente a isca raticida, após pesquisar os alimentos preferenciais. De forma geral, roedores ingerem iscas comerciais formuladas com mais de 7,0% de proteínas.

Em função de seus hábitos no- turnos, a 1ª busca por alimentos ocorre ao entardecer (final do período iluminado do dia) e que

varia, normalmente, das 17 às 19 horas. Quando observados vivos durante o dia é sinal de que se encontram em dificuldades, pela escassez de alimentos e/ou super- população. Percorrem sempre os mesmos caminhos por conhecerem os locais onde se encontram os alimentos preferenciais, razão pela qual formam trilhas nas áreas aber- tas ou são visualizadas manchas de gordura junto às paredes, deixadas pelo constante roçar das vibrissas.

O conhecimento da neofobia (des- confiança por objetos desconhe- cidos em seu território) que apre- sentam a ratazana e o rato preto, e da neofilia (curiosidade pelo novo) determina o sucesso ou não de um programa de profilaxia. Diante da abundância de alimentos e a inca- pacidade de carregar grandes quan- tidades, possuem o hábito de levar a comida ao ninho em pequenas quantidades para posteriormente ingerir tranquilamente. Este hábito é mais freqüente entre fêmeas que levam alimentos para a prole, ainda incapaz de procurar alimento.

Relativamente ao consumo de água, verifica-se que necessitam de maiores quantidades a ratazana e o rato preto, face à preferência por grãos e cereais. Já o camundongo necessita de menos água, pois reti- ra do próprio alimento. Rato preto e camundongos são difíceis de serem eliminados pelo uso de iscas comerciais naqueles locais onde há abundância de alimentos como depósitos de grãos (silos, tulhas, paióis etc), depósitos ou indústrias de ração animal, moinhos, depó- sitos de alimentos para industriali- zação, supermercados e similares.

Nestes casos, há que se recorrer a meios alternativos.

A 2ª busca por alimentos ocorre pela madrugada (entre 3-4 horas), mas é menos freqüente porque os roedores armazenam alimento em seus ninhos para o 2º repasto.

Ratos e camundongos não vomi- tam em função de peculiaridade anatômica do aparelho digestório.

HAbilidAdes sensoRiAis Roedores apresentam hábitos noturnos e a visão é deficiente, pois os olhos não foram

concebidos para enxergar, mas a elevada sensibilidade à variação luminosa permite-lhes identificar formas e movimentos. Sendo destituídos de células piramidais, os roedores não identificam cores. Tudo indica que os olhos percebem variações de claro e escuro das cores. Por esta razão, as iscas podem ser elaboradas com diferentes cores, sem afetar sua aceitação e não se pode afirmar que certas cores são atraentes e outras não. Os órgãos do sentido são muito apurados, com exceção da visão (enxergam mal), embora apresentem boa percepção de variação luminosa.

O olfato é extraordinariamente desenvolvido, capacitando-os a localizar determinados alimentos atraentes misturadas com outros alimentos menos interessantes, bem como é capaz de detectar e interpretar diferentes odores como atraentes ou repulsivos.

Esta característica permite ela- borar iscas olfativas. O paladar é igualmente apurado, permitindo detectar substâncias não tóxicas em concentrações de até 0,5 ppm e isto dificulta algumas iscas, pois substâncias muito letais para roedores tornaram-se inúteis como

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rodenticidas. Além disso, são privi- legiados com boa memória olfati- va, pois certo sabor desagradável dificilmente poderá ser mascarado como ingrediente de rodenticida.

A audição é um dos sentidos mais desenvolvidos e é seu instrumento de defesa, capacitando-os a detec- tar sons de amplitudes variadas, desde as mais baixas até aquelas inaudíveis ao ouvido humano, como as de freqüências mais baixas como ultra-som. O tato talvez seja o sentido mais desen- volvido. Possuem longas vibrissas (“bigode”), próximas ao focinho, e os pêlos sensoriais distribuídos ao longo do corpo (mais longos que os pêlos comuns), atuando como verdadeiras antenas tácteis (tam- bém chamados pêlos-guardas).

Ambos permitem aos roedores movimentarem-se com desenvol- tura em ambientes completamente escuros, andando sempre junto a paredes e no interior de túneis subterrâneos e tubulações.

O equilíbrio bem desenvolvido os torna muito hábeis (principalmen- te, o rato de telhado ou rato pre- to) permitindo caminhar por fios e arames, escalar alturas e passar por lugares poucos convencionais para outros animais. São equili- bristas habilidosos, locomovendo- se, muitas vezes, pelos finos cabos telefônicos valendo-se do peso de sua longa cauda, jogando-a de um lado para outro do corpo.

HAbilidAdes físiCAs

Suas habilidades físicas são notá- veis, favorecendo sua sobrevivên- cia na natureza como espécie. Es- ses conhecimentos devem nortear as construções ou reabilitação de edificações que seja a prova de roedores. Seguem algumas dessas habilidades:

a. Penetram em qualquer orifício ou abertura pouco superior a 1,5 cm2, desde que a cabeça tenha passado.

b. Roem diferentes tipos de mate- riais considerados duros como madeiras, tijolos, chumbo, folhas finas de alumínio e até mesmo de cimentados (3 partes de areia + 1 parte de cimento).

c. Nadam com facilidade em águas abertas até 800 metros.

d. Mergulham e nadam submersos até contra corrente (interior de tubulações de esgoto), sustando a respiração por até 3 minutos e, freqüentemente, conseguem atingir residências através do vaso sanitário.

e. Sobem pelo interior de tubu- lações ou canos verticais que tenham diâmetro entre 4-10 cm apoiando-se com as patas e as costas.

f. Sobem pelo exterior, abraçando tubulações ou calhas verticais com diâmetro não superior a 9,5 cm.

Resumo das características de biologia dos roedores sinantrópicos

Variável Espécie

Rattus norvegicus Rattus rattus Mus musculus

Maturidade sexual 45 dias 60 a 75 dias 60 a 90 dias

Gestação 19 a 21 dias 20 a 22 dias 22 a 24 dias

Ninhadas/Ano 5 a 6 4 a 8 8 a 12

Nº filhotes/ninhada 3 a 8 7 a 12 7 a 12

Idade de desmame 25 dias 28 dias 28 dias

Raio de ação Cerca de 3 m a 5 m Cerca de 60 m Cerca de 50 m

Alimentação Onívoro, preferência por grãos e sementes

Onívoro, preferência por legumes, frutas e grãos

Onívoro, prefere grãos, carnes, ovos e frutas

Trilhas

Difícil visualização, mas deixam manchas de gordura em rodapés, nas paredes e nos orifícios por onde passam

Deixam manchas de gordura no madeirame de telhados, em tubos e cabos. Presença de pêlos e fezes

Formam trilhas no solo pelo desgaste da vegetação com pegadas, fezes e pêlos. Nas paredes, deixam manchas de gordura

Vida média 12 meses 18 meses 24 meses

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g. Sobem pelo exterior de tubulações ou canos que este- jam colocados a 7,5 cm da parede, apoiando as patas no cano e as costas na parede ou vice-versa.

h. Caminham equilibrando-se sobre qualquer tubulação horizontal.

i. Caminham sobre fios ou cordas pouco espessas.

j. Pulam verticalmente a uma altura de até 1 metro par- tindo de uma superfície plana.

k. Pulam horizontalmente até 1,2 metros em superfícies planas, partindo da imobilidade.

l. Saltam de alturas de até 15 metros sem sofrer qual- quer ferimento.

m. Cavam túneis verticais no solo com até 1,23 m de profundidade.

n. Alcançam andares superiores de prédios em cons- trução, valendo-se apenas da quina entre 2 paredes como apoio.

Hábitos soCiAis

Os roedores sinantrópicos são socialmente bem orga- nizados e vivem em colônias instaladas em territórios bem definidos, cuja extensão varia com a espécie. Assim, entre camundongos, o território é de, no máximo, 3 metros de raio. No caso do rato preto, atinge de 30 a 40 metros de raio. E, em se tratando de ratazanas, não ul- trapassa a 50 metros. A estrutura social é razoavelmente organizada, embora não comparável ao das formigas, abelhas e dos cupins. Existem 2 estruturas sócias repre- sentadas pelos dominantes (adultos em idade de repro- dução) e os dominados (mais jovens e mais velhos). Uma toca pode ser ocupada por várias fêmeas e o macho dominante expulsa os outros machos, que vão habitar áreas marginais do mesmo território e se alimentam na ausência de machos dominantes.

Diante de um alimento novo no território (e pode ser uma isca raticida ou armadilha contendo isca), o roe- dor dominado é estimulado a experimentar antes do dominante. Na ausência de qualquer manifestação no dominado, este é expulso pelo dominante, que pode se alimentar com esse novo alimento. Este comportamento explica a razão do insucesso de raticidas de ação aguda

Dentre os roedores, as ratazanas são as que mais violentamente defendem seu território da invasão de outras espécies ou de ratazanas de outras colônias, ante a escassez de alimentos.

O invasor pode ser morto em com- bate e seu cadáver ingerido pelos demais. Diante da abundância de alimentos, as diferentes espécies do passado (1080, 1081, ANTU, estricnina, arsê- nio e outros). Eles foram retirados do mercado em razão da eliminação de dominados e sobrevi- vência dos dominantes, que não ingeriam a isca por associarem a morte com a ingestão da isca e este comportamento era imitado pelos demais.

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podem coexistir pacificamente e este fato é particularmente ob- servado em instalações de criação com muitos cochos, que levam a não competição pelo alimento.

Nesses ambientes, os camundon- gos preferem os depósitos de ração e podem constituir ninho por entre os sacos.

dinâmiCA populACionAl A população de roedores presen- tes em um ninho é diretamente proporcional à disponibilidade de alimentos e abrigo. Qualquer tentativa de realização de censo é imprecisa em decorrência da flutuação do número de roedores.

Somente seria possível em áreas muito estritas e diante de quantida- des de alimentos conhecidas. Sabe- se que é muito rara a superpopu- lação, pois roedores recorrem à autolimitação natural pelos hábitos de canibalismo dos recém-nascidos, baixa fecundidade e fertilidade das fêmeas, supressão de cio etc., que são revertidos diante da mudança das condições ambientais.

Caso a desratização seja conduzi- da erradamente, poderá ocorrer a eliminação de parte da colônia (dos dominados) com conse- qüente excedente de alimento e imediato aumento da população de roedores pelo retorno das condições fisiológicas das fêmeas à reprodução. Este fenômeno é denominado “efeito bumerangue”

e a população é maior que ante- riormente à desratização.

Sinais de presença de roedores

Diante da freqüente impossibili- dade de se capturar roedores em

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áreas onde se suspeita que eles estejam presentes, recorre-se à identificação indireta com base na indicação de sua presença.

Os indicadores mais usuais são a observação de roedores vivos ou mortos nas proximidades de tocas ou esconderijos, pelas trilhas ou caminhos, manchas de urina, material de roeduras, manchas nas paredes, fezes e odor. Os principais sinais de presença de roedores são:

odor: é característico e “sui generis”, de sorte que, quem já o sentiu, poderá percebê-lo com certa facilidade ao entrar em um local infestado de roedores.

sons/ruídos: os roedores emitem, especialmente à noite, sons de roer, de corridas curtas e rápidas, de bater de dentes, guinchos e correrias (lutas ou acasalamento).

É muito comum de ouvir nos te- tos, telhados ou forros de residên- cias infestadas.

fezes: tem formas de contas chamadas cíbalas, facilmente observadas a olho nu e cuja forma e tamanho variam segundo a espécie. A ratazana tem as fezes grossas (6 mm de espessura) e lon- gas (13 a 19 mm de comprimento) e a extremidade romba. O rato de telhado tem as fezes finas (até 5 mm) e curtas (8 a 13 mm) e a extremidade afilada. O camundon- go também tem as fezes finas, (até 5mm), mais curtas (5 a 12 mm) e com extremidades afiladas. Fezes recentes são moles e brilhantes e as antigas se desfazem à pressão.

urina: emite fluorescência quan- do exposta à luz ultravioleta, mesmo depois de seca, além de

exalar um odor também “sui gene- ris” (inesquecível).

trilhas: podem ser encontradas fa- cilmente quando a céu aberto, pois a vegetação não consegue crescer.

marcas de gordura: manchas con- tínuas de cor escura junto aos roda- pés, próximas a cantos, sobre canos ou caibros provocadas pela gordura que os ratos deixam ao roçar seu corpo ou as vibrissas quando cami- nham pelos mesmos lugares.

sinais de roeduras: para o desgas- te dos dentes incisivos que crescem continuamente, roem tudo que possam auxiliar neste desgaste, como madeiras nos cantos das portas e parapeitos de janelas, guarda-roupas, cômodas, paredes etc. Observam-se marcas de dentes em materiais roídos.

ninhos: construídos geralmente de papel roído, trapos ou outros materiais macios, mas sempre com presença de grandes quantidades de pêlos da

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Estimativa da população de roedores

A estimativa da população é ape- nas no sentido de indicar se ocorre baixa, média ou alta infestação. O procedimento de estimativa mais aceita pela comunidade cientifi- ca é do “censo por consumo” e pode ser mascarada onde hou- ver a oferta natural de alimento, pois o método calcula o consumo mensurado, em oferta crescente até a estabilização, estimando-o em aproximadamente 15 gramas por rato.

Censo poR Consumo É adequado para ambientes fechados onde não haja abundân- cia de alimentos disponíveis para os roedores (depósitos, fábricas, armazéns e similares). Consiste em se colocar porções diárias (em recipientes bem fixados e com bordas elevadas de ± 5,0 cm) de aproximadamente 30 g de cereais

“in natura” (sem adição de roden- ticida) em diferentes localizações.

No dia seguinte, todo o resíduo de cereal é pesado para avaliar o consumo, retirando eventuais matérias estranhas ou fezes. Reco- locar 60 g naqueles pontos onde houver consumo total e 30 g onde foi parcial. Repetir por vários dias até que se observe estabilização do consumo e, após estabilizado, repetir por mais 3 noites conse- cutivas. Calcular o peso total de cereal consumido e dividir por 15g, que corresponde à média de consumo diário de uma ratazana.

Dessa forma, há a possibilidade de se inferir a população aproximada de roedores na área. Obviamente,

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própria mãe, que os utiliza para preparar a cama dos filhotes.

Freqüentemente, há restos de alimentos nestes ninhos.

observação visual: à noite, é possível visualizar ratos com o auxílio de poderosa lanterna de mão e subitamente acesa no am- biente escuro. Ratos mortos vistos durante o dia podem sugerir uma infecção relativamente alta ou epidemia entre eles. E, se observa- dos vivos, pode ser indicativo de superpopulação.

excitação de cães e gatos: naque- las residências ou instalações onde são perceptíveis odores deixados no chão ou na parede, especial- mente quando de invasão recente.

outros sinais: abertura de tocas em caso de ratazanas que vivem nas partes baixas das edificações, nos subsolos, canais e tubos de

esgoto. O rato de telhado escala partes mais altas, deixando trilhas na madeira ou alvenaria por onde passa. O camundongo refugia-se em armários, gavetas, frestas e orifícios dos móveis e eletrodo- mésticos, conduzindo alimentos e deixando pêlos do corpo.

Fatores que atraem e favorecem a instalação de roedores

Estão abaixo relatados alguns dos fatores mais importantes:

a. Instalações danificadas ou mal construídas que favorecem a entrada de roedores.

b. Lixo acumulado.

c. Fiações expostas.

d. Entulhos acumulados.

e. Desperdícios de rações fora de comedouros.

f. Áreas ao redor dos galpões abandonadas ou mal cuidadas.

g. Sala de armazenagem de ração sem estrados.

h. Janelas sem proteção de telas.

i. Portas de madeira.

j. Criações informais ou de fundo de quintal de suínos ou outros animais.

k. Proximidade de aterros sanitá- rios a céu aberto ou lixões.

l. Tulhas ou paióis abandonados.

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mai/jun 2008 | ano 7 porkworld 44 71

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este método apresenta interfe- rência se realizado em locais onde exista oferta de alimento natural e não é possível de ser removida.

método indiReto

Os disponíveis são aqueles censos inferidos por captura, por pe- gadas, por contagem de tocas e misto, mas que apresentam grau de precisão menor, sendo útil apenas para ensaios com raticidas para determinação da sua eficácia, e classifica a infestação em baixa, média e alta.

observado à noite, existem cerca de 10 ratos ou pouco mais na área (não tem amparo científico).

infestação alta: cíbalas de fezes frescas em grande quantidade, presença de rastros, manchas de gordura, de trilhas, mais de 3 ratos vistos à noite, alguns durante o dia e sinais de roedura.

Este método pode ser resumido na tabela da página ao lado:

É um método simplificado de ava- liação de infestação, indicado para

pintada de branco). Em seguida, faz-se a desratização e aguarda- se o tempo suficiente para a ação da droga. Decorrido este período de tempo, retorna-se aos locais e vedam-se as tocas com terra, papel ou jornal bem amassados e comprimidos. No dia seguinte, procede-se a contagem de tocas reabertas, que é indicativo de tocas tratadas e com roedores ainda vivos. O cálculo é baseado na divi- são entre tocas não reabertas pelo total de tocas fechadas. Se forem tratadas e fechadas 100 tocas e 80 não foram reabertas, a eficácia da desratização é igual a 80%.

método indireto de contagem de pegadas

Apresenta precisão, embora, em muitas circunstâncias, é o único método aplicável. Pode ser útil em testes de raticidas quando se utiliza o modelo em que a eficácia do rodenticida é igual a: (nº de pegadas/captura pré-censo) + (tra- tamento) + (nº de pegadas/captu- ra pós-censo) = Eficácia.

método indireto de captura de roedores

Adequado para extensas áreas como granjas, parques, áreas de estocagem de alimentos. Consiste no seguinte:

a. Distribuir 100 (cem) ratoeiras ou armadilhas contendo iscas ade- quadas e armadas em diferentes locais da área sob avaliação.

b. Colocar essas ratoeiras ou arma- dilhas às 22:00 horas e retirar na madrugada, às 05:00 horas.

Anotar o número de roedores capturados.

O procedimento de estimativa mais aceita pela comunidade

cientifica é do “censo por consumo”

e pode ser mascarada onde houver a oferta natural de alimento.

método indireto misto

Classifica a intensidade de infesta- ção em:

infestação baixa: poucos sinais, algumas cíbalas de fezes, uma ou outra toca, nenhuma trilha ou mancha de gordura.;

infestação média: fezes em pequena quantidade com aspecto de serem antigas (secas e endure- cidas), presença de material roído, um ou outro rato visto à noite e nenhum durante o dia. Segundo alguns autores, para cada rato

locais fechados como instalações de porte médio e áreas externas de até 300 m2.

método indireto de contagem de tocas

Indicado quando se tratar de roedores fossoriais (cavadores de tocas e túneis). É razoavelmente preciso e consiste na contagem de tocas reabertas. Em um primeiro momento, delimita-se um território e procede-se à contagem do maior número possível de tocas, marcan- do-as com uma estaca (idealmente,

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Sinais Nível de infestação

Baixa Média Alta

Trilhas Nenhuma visível Algumas Várias e evidentes

Manchas de gordura Nenhuma Pouco perceptível Evidentes em vários locais

Roedoras diversas Nenhuma Algumas Visíveis em vários locais

Presença de fezes Algumas cíbalas Em vários locais Numerosas cíbalas frescas Presença tocas/ninhos Algumas (2-3/300 m2) Algumas (4-10/300 m2) Numerosas (+ 10/300 m2) Ratos observados Nenhum Alguns (à noite) Vários à noite e alguns de dia

c. Repetir a mesma operação por 3 noites consecutivas.

d. Somar o total de roedores capturados.

e. Proceder a avaliação:

e1. 1 a 5 roedores g baixa infestação.

e2. 6 a 15 roedores g média infestação.

e3. 16 a 29 roedores g alta infestação.

e4. mais de 30 roedores g infestação maciça.

na última parte do artigo, você vai conhecer as principais medi- das preventivas, como controlar

a infestação e saber dos pro- dutos químicos que podem ser

utilizados sem comprometer a produção e o meio ambiente.

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Profª Dra Masaio Mizuno Ishizuka

Controle de roedores na suinocultura

moderna

Professora Titular Emérita de Epidemiologia das Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP

A Porkworld termina nesta edição a publicação da série especial sobre roedores. Já vimos os principais danos causados à Saúde Pública, a importância da presença do Médico Veterinário nas granjas, o funcionamento do corpo dos ratos, o que mais os atraem e como identificar o grau de infestação. Na última parte de nossa série, você vai conhecer as principais medidas preventivas, como controlar a infestação e saber dos produtos químicos que podem ser utilizados sem comprometer a produção e o meio ambiente.

parte 3

masaiomizuno@uol.com.br

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Referências

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