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A integração fé e ensino no ensino superior da educação adventista

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Academic year: 2022

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PERETTI, Clélia (Org.) Congresso de Teologia da PUCPR, 10, 2011, Curitiba. Anais eletrônicos... Curitiba: Champagnat, 2011.

Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/congressoteologia/2011/

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A integração fé e ensino no ensino superior da educação adventista

The integration of faith and of education in higher education Adventist education

Francisco Luiz Gomes de Carvalho1

Resumo

Este texto apresenta brevemente quais as diretrizes que são norteadoras para a integração fé e ensino na educação adventista. Para tanto, é importante compreender como se deu o desenvolvimento da educação adventista, a que se propõe e qual a relação com o cumprimento da missão. A filosofia educacional tem como plataforma a visão bíblico-cristã cuja integração fé e ensino marca a ação docente, administrativa e curricular das instituições adventistas de Ensino Superior.

Palavras-chave: Educação adventista. Ensino superior. Integração fé. Ensino

Abstract

This paper presents briefly what are the guidelines that are guiding to integrate faith and learning in Adventist education. Therefore, it is important to understand how the development of Adventist education, which is proposed, was and what the relationship to mission accomplishment. The educational philosophy as a platform has the vision of biblical Christian faith and whose integration marks the action teacher education, curriculum and administrative institutions Adventist Higher Education.

Keywords: Adventist education. Higher education. Integrating faith. Learning

Introdução

É certo que a história da educação brasileira encontra-se intimamente entrelaçada com a instalação e desenvolvimento de diversas confissões religiosas no Brasil. No entanto, ela é majoritariamente “[...] calcada dentro de uma tradição católica trazida pelos jesuítas nos tempos da colônia e afirmada pelas disputas entre liberais e católicos durante os primeiros cinqüenta anos de República” (ALMEIDA, 2000, p. 93).

Por ocasião do século XIX houve o estabelecimento das denominações protestantes em solo brasileiro. Mendonça (2004) destaca que a história da inserção do protestantismo no Brasil pode ser entendida à luz de três categorias, a saber: protestantismo de invasão, de imigração e de conversão ou missão. A educação adventista desembarcou em terras brasileiras

1Mestrando em Ciências da Religião na PUCSP. E-mail: fluizg@yahoo.com.br

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patrocinada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) que veio no bojo da empreitada missionária estadunidense.

Caracteristicamente marcada como protestantismo de missão, visto que considerava o Brasil como campo missionário devido à sua maioria populacional católica (SCHÜNEMANN, 2002, p. 182), a IASD tendo se instalado no Brasil estabeleceu escolas paroquiais de educação elementar avançando a duras provas na oferta educacional em outros níveis.

O protestantismo de missão fez da educação instrumento para consolidação dos ideais sustentados por seus movimentos. Tendo discorrido sobre esta questão, um pesquisador das missões protestantes no Brasil destaca que:

A educação, como estratégia missionária, nunca deixou de acompanhar os missionários norte-americanos. Os missionários desempenhavam sempre o duplo papel de evangelistas e professores, não se esquecendo, porém, as empresas missionárias, de incluir no seu pessoal, especialistas em educação (MENDONÇA, 2008, p. 141).

Neste texto pretende-se apresentar a concepção de integração fé e ensino esboçada por Stencel (2005) e aplicada na educação adventista, como também explicitar (mesmo que brevemente) as diretrizes que norteiam a efetividade de tal integração, visto que a visão bíblico-cristã e a filosofia permeiam toda a ação docente, administrativa e curricular das escolas adventistas. Para tanto, é necessário esclarecer que, neste caso a partir do amplo universo das institucionais educacionais adventistas, este texto considera o Ensino Superior da educação adventista, a saber: o Centro Universitário Adventista do Sétimo Dia (UNASP – Campus São Paulo), especificamente as disciplinas confessionais ofertadas nos curso de graduação como lócus privilegiado para constatação.

Educação adventista no Brasil

A história da IASD apresenta em seus primórdios um total desinteresse pela educação, pois que a membresia aguardava o segundo advento de Jesus em sua geração. Assim “[...]

para muitos pais adventistas, a iminência do advento2 tornava uma educação comum e básica até mesmo relativamente sem importância” (SCHWARZ; GREENLEAF, 2009, p. 116). Desta forma, o sistema educacional adventista foi o último empreendimento da denominação. A IASD foi organizada em 1863, e em 1872 a primeira escola patrocinada pela denominação

2 Referente à segunda vinda de Cristo a Terra conforme acreditam os adventistas. Para maiores detalhes acerca da sistematização do corpo doutrinário ler “Crenças Fundamentais” em:

http://www.portaladventista.org/portal/quem-somos/5-crencas-fundamentais. Acesso em: 03 mar. 11.

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surgiu em Battle Creek (EUA). Em 1874 a Sociedade Adventista do Sétimo ia torna-se entidade legal.

Nas palavras de Uriah Smith por ocasião da inauguração da primeira escola oficial da denominação pode-se entender o propósito que a educação adventista deveria representar, pois que “[...] Como a semente de mostarda entre as plantas, esperamos que esta escola ocupe um lugar importante entre as instituições em funcionamento para o avanço da verdade”

(SMITH, 1872, p. 204).

Com a chegada do adventismo às terras brasileiras e tendo feito o seu primeiro converso (Guilherme Stein Júnior em 1895) é fundada a primeira escola adventista brasileira, o Colégio Internacional de Curitiba no ano de 1896 tendo como seu primeiro diretor Guilherme Stein Júnior (GROSS, 1996).

Os pioneiros do adventismo no Brasil impulsionados pelo conselho de Ellen G White que afirmava que “[...] em todas as nossas igrejas deveria haver escolas [...]” (WHITE, 2000, p. 150) procuravam aumentar a quantidade de escolas para equiparar ao número de igrejas estabelecidas. Sendo assim, por ocasião do ano de 1906, 42% das igrejas possuíam escolas (AZEVEDO, 2004, p. 33).

O desenvolvimento da educação adventista em solo brasileiro aparece em documentos oficiais da IASD a nível mundial em 1897. Azevedo (2004, p. 32) comenta os avanços afirmando que:

[...] a primeira referência ao Brasil apareceu em 1897, indicando que já havia seis igrejas com um total de 200 membros. Esse número cresceria em 1899 para dez igrejas e 400 membros e, no ano seguinte, para 15 igrejas e 600 membros. Somente em 1902 o Statistical Report mencionou pela primeira vez a presença educacional adventista no Brasil, formada por apenas cinco escolas e 59 alunos. No entanto, o General Conference Daily Bulletin de 17 de fevereiro de 1899 já indicava a existência de quatro escolas no Brasil, com um total de 175 alunos. Essas escolas estariam localizadas, provavelmente, em Curitiba, Gaspar Alto, Brusque e outra no Estado do Rio Grande do Sul.

Para Schünemann (2009, p. 78), ao longo do desenvolvimento da educação adventista no Brasil, a mesma é perpassada por três períodos sendo que, o terceiro começa no ano de 1971 e chega aos nossos dias. Nesta direção Silva (2002, p. 130) afirma que:

[...] o desenvolvimento definitivo do sistema educacional adventista ocorre a partir das exigências impostas pela Lei 5.692 de agosto de 19713, que procurava reformar o ensino de 1º e 2º graus, enfatizando o aspecto profissionalizante.

3 Para ler na íntegra o documento está disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm.

Acesso em: 03 mar. 11.

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A história da inserção e desenvolvimento da educação adventista no Brasil demonstra uma real tardança no estabelecimento de instituições de ensino superior. Remonta-se ao ano de 1960 com a implantação do curso de Enfermagem no Instituto Adventista de Ensino (STENCEL, 2006, p. 164).

Schulz (2003) observa que as diversas confissões demonstraram certo retardamento na concretização de projetos de educação a nível superior, e tal

[...] retardamento esteve condicionado ao processo histórico, dentro de um contexto e uma conjuntura nacional, sujeito a fatores internos e externos; e que os projetos da Educação Superior geraram divergências sobre a missão da Igreja, na relação evangelização e educação (SCHULZ, 2003, p. 11).

Numa análise de perspectiva mais ampla, na qual é apresentado o quadro macro do Ensino Superior adventista em seu contexto mundial, Knight (2010, p. 10) enfatiza que sempre houve uma “[...] tensão entre os alvos missionários ou teológicos dos líderes eclesiásticos que a fundaram e dos acadêmicos que a dirigiam”.

A implantação do ensino superior na educação adventista é resultado direto do processo de expansão e crescimento denominacional que gerou demanda por líderes cada vez mais preparados para atuação nos mais diversos ramos da organização (STENCEL, 2004).

Integração fé e ensino na educação adventista

Os pesquisadores atentos que tem como objeto de estudo as instituições adventistas de Ensino Superior perceberão que estas são dotadas de características próprias, o que contribui para constituir o perfil próprio da educação ofertada nestas instituições (GREENLEAF, 2010).

A integração fé e ensino percebida no ensino superior da educação adventista, neste caso refere-se à explicitação de alguns elementos da pesquisa bibliográfica/documental.

O Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), campus São Paulo, mais estritamente as disciplinas confessionais compõem o lócus do recorte feito para entendimento do objeto de estudo. Convém atentar-se para o fato de que a integração fé e ensino avança para além do discurso e permeia práticas pedagógicas, ambiente e cultura escolar.

Certamente que as missões norte-americanas ligadas ao protestantismo prestaram importante contribuição à educação brasileira ao ampliar a oferta educacional para a população não contemplada pelo sistema de ensino vigorante, bem como “[...] pela inovação do sistema pedagógico, que veio preencher as lacunas existentes” (HACK, 2000, p. 12).

Requer-se, portanto uma aproximação mais detida, de modo a proporcionar a ampliação da compreensão acerca da racionalidade inerente e intencionalidade última que lança as bases da

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efetivação do projeto educação/evangelização da IASD em sua expansão mundial e manutenção identitária.

Como ponto de partida convém aqui explicitar a concepção de integração fé e ensino que permeia a educação adventista. O pesquisador da história da educação superior adventista afirma que:

A integração Fé e Ensino é um processo contínuo e sistemático mediante o qual se enfocam todas as atividades educativas de uma perspectiva bíblico- cristã, a fim de que os alunos, ao completarem seus estudos, tenham internalizado voluntariamente uma visão de vida, do conhecimento e seu destino. Essa visão se centraliza em Cristo, orienta-se para o serviço e projeta-se até o reino do Céu (STENCEL, 2005, p. 27).

Na declaração de missão4 da educação adventista diz que “[...] o alvo primordial é prover oportunidade para os estudantes aceitarem a Cristo como seu Salvador pessoal, permitir ao Espírito Santo transformar suas vidas e cumprir a missão de pregar o Evangelho ao mundo” (AZEVEDO, 1997, p. 61).

De acordo com Declaração da Filosofia Educacional Adventista do Sétimo Dia espera-se que os estudantes que completam o nível superior/universitário numa instituição adventista deveriam, dentre outras coisas: “ter tido a oportunidade de entregar-se a Deus e, como conseqüência, viver uma vida de acordo com sua vontade, apoiando a mensagem e a missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia [...]” (RASI, 2001, p. 04).

Segundo Stencel (2005) a integração fé e ensino entendida como processo apresenta- se em duas formas de igual importância, a saber: intencional e espontânea. Sendo que a intencional permeada pelas demandas da visão bíblico-cristã e da filosofia educacional adventista, deve ser prevista no planejamento de todas as atividades do ano escolar.

Assim fica evidente que o filão confessional tem por intenção costurar as atividades listadas no calendário escolar. Documentos institucionais evidenciam as bases que fundamentam a educação e orientam as práticas pedagógicas no ensino superior. Todavia, cabe ressaltar a preponderância balizadora do Plano Mestre de Desenvolvimento Espiritual (PMDE) e da pedagogia adventista como principais instrumentos consultivos e orientadores para o planejamento.

O PMDE apresenta-se como orientação de trabalho, ensino de metodologia prática que contribua para que as “[...] instituições consolidem cada vez mais sua identidade adventista e assegurem sua presença cristã a serviço da juventude, da igreja e da comunidade [...]”

(DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO DA DIVISÃO SUL-AMERICANA, 2008, p. 7).

4 Para maiores informações o texto está disponível em: http://educacao.adventistas.org.pt/paginas/missao.php.

Acesso em: 11 ago. 2011.

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Tendo como objetivo final a pretensão de que o estudante, mesmo que tenha passado somente um ano na instituição educacional adventista sinta como influência em sua vida a importância dos princípios, crenças e valores que orientam o sistema educacional adventista. Desta forma, entende-se que a base geral norteadora para a educação adventista é que:

Partindo da realidade de cada aluno, poderemos ajudá-los a se desenvolver espiritualmente, confirmando às Instituições Educacionais Adventistas como lugar de evangelização, às pessoas como responsáveis pelo desenvolvimento da fé, às atividades e programas como uma oportunidade de encontro com a fé, ao Espírito Santo como Princípio ativo no desenvolvimento espiritual do aluno, implementado por meio do PMDE de cada escola, colégio, faculdade ou universidade adventista (DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO DA DIVISÃO SUL-AMERICANA, 2008, p. 47).

Por mais que seja ideal pensar que o PMDE refira-se apenas às atividades de cunho espiritual ofertadas ao longo do ano letivo, é indiscutível notar a sua influência dominante no currículo da instituição educacional. Influência esta que se faz notar na questão curricular, visto que:

Os currículos formal e informal preparam o potencial do estudante para desenvolvimento espiritual, mental, físico, social e vocacional. Preparar os estudantes para a vida de serviço à sua família, igreja e a comunidade maior é um dos alvos primários da escola (RASI, 2001, p. 2).

A questão curricular na educação adventista tem sempre ocupado a pauta das preocupações institucionais da IASD, pois é neste campo onde se assentam as bases para a integração fé e ensino pretendida por este sistema educacional. Com a prerrogativa de que um currículo equilibrado é aquele que fomenta o desenvolvimento integral da vida espiritual, intelectual, física, social, emocional e vocacional, na educação adventista o currículo além de promover a excelência acadêmica, o mesmo deve contar com “[...] cursos de formação espiritual que guiarão o viver cristão [...] A formação do cidadão inclui apreço por sua herança cristã [...]” (RASI, 2001, p. 08).

É nítida a preocupação com a implantação de um currículo plenamente adventista, no qual a Bíblia constitua a base de todo o currículo e os escritos de Ellen G. White sejam permanente fonte de leitura e orientação, de modo que o “modo de vida adventista” seja ensinado (AZEVEDO, 2003).

O sistema educacional adventista oferta no ensino superior disciplinas confessionais que são tidas como ensino religioso (ER). Ao observar as matrizes curriculares dos cursos de graduação ofertados pelo UNASP percebe-se a oferta comum das seguintes disciplinas:

cosmovisão bíblico-cristã; antropologia cristã; fundamentos do cristianismo; interpretação

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bíblica da história; princípios de vida saudável; ética cristã; ciência e religião; religiosidade e competência profissional5.

Essas disciplinas, entendidas como ER por tal sistema são ministradas a partir de uma premissa fundamental que reza o seguinte:

As aulas de Ensino Religioso Superior devem possibilitar e encorajar a prática do cristianismo. Nas discussões das diversas temáticas, será necessário argumentar sobre a validade e consistência da cosmovisão cristã, a qual deve ser apresentada como abrangente e completa, além de verdadeira e confiável (UNASP, 2004-034, p. 02).

Como exposto até aqui, percebe-se que o professor é peça chave na integração fé e ensino, pois é o docente que no ambiente escolar e na relação com os estudantes operacionalizará na prática o que a teoria rege. Orientado pela perspectiva cristã educacional, balizado pela filosofia educacional adventista o educador para alcançar os propósitos da educação adventista deve manifestar e buscar continuamente algumas características.

Destacam-se, as seguintes:

a) ser um imitador de Jesus; b) ter senso da presença divina; c) conhecer e estar sintonizado com a filosofia e a proposta da educação adventista [...]

(CONFEREDERAÇÃO DA UNIÕES BRASILEIRAS DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, 2004, p. 56-58).

Entendido como “[...] astro de primeira grandeza no firmamento educacional [...]”

(CONFEREDERAÇÃO DAS UNIÕES BRASILEIRAS DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA, 2004, p. 63), o professor adquire a função de catalisar o processo de integração fé e ensino na sua prática pedagógica em seu ambiente privilegiado, a sala de aula.

Isto se dá porque “Quando o professor entra na sala e fecha a porta, ele é o currículo, por que o aprendizado é grandemente comunicado através da sua visão de mundo e da vida”

(STENCEL, 2004, p. 31). Desta forma, o professor se torna a personificação da integração fé e ensino.

Stencel (2005) refletiu sobre o modo com se relacionam fé e ensino na experiência docente na educação adventista e concluiu que há quatro relações possíveis, são elas: a) dualismo; b) diálogo; c) ilustração e d) integração. As duas primeiras são entendidas como posições antagônicas ao processo integração fé e ensino, enquanto que a terceira (ilustração) posição evidencia que o professor já consegue fazer pequenas interações demonstrando interesse pela integração fé e ensino. A posição de integração (considerada a ideal) aponta que o professor parte:

5 A respeito da oferta dessas disciplinas pelo UNASP, Campus (São Paulo). Disponível em:

http://www.unasp.edu.br/catalogo-aluno-digital/sp-2010.pdf. Acesso em: 09 jun. 11.

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[...] de uma clara cosmovisão e aproxima de seu trabalho educativo e de investigação com a intenção de penetrar todas as dimensões de sua atividade profissional com premissas, valores, objetivos e fins bíblico-cristãos (STENCEL, 2005, p. 30).

Em acréscimo ao que foi explicitado até agora acerca da integração fé e ensino na educação adventista, tendo compreendido a relevância do papel do professor como elemento catalisador do processo, há que desvelar que no magistério das disciplinas tidas como ER a finalidade última é um conjunto bipartite, em que a manutenção identitária está intrinsecamente relacionada à evangelização.

Certamente as aulas de ensino religioso superior influenciam decisivamente a identidade e a fé de nossos alunos. Quanto à identidade, pode-se afirmar que nossas aulas – quando bem conduzidas – promovem a formação de estudantes maduros e sadios, que terão condições de questionar as possibilidades e alternativas religiosas que este mundo oferece. E nisto estaremos evangelizando (UNASP, 2007-034, p. 05).

Conclusão

É fato que as denominações protestantes no processo de implantação no Brasil revelaram grande interesse no estabelecimento de escolas confessionais, a princípio caracterizadas pela oferta de educação elementar e posteriormente ampliando a oferta até a educação de nível superior.

A educação adventista desenvolveu uma filosofia cuja base é estabelecida na visão bíblico-cristã, cuja integração fé e ensino evidenciam que os fundamentos da pedagogia adventista são: redenção, liberdade e serviço. Evidentemente convencionado que o binômio educação/evangelização é norte para a intencionalidade última no ensino superior no processo de expansão e manutenção identitária da IASD.

É notória que a integração fé e ensino, pretendida no ensino superior da educação adventista, lança influencia dominante no currículo marcando território ao ofertar em cada semestre uma disciplina marcadamente confessional e que compõe um conjunto maior, as disciplinas de ER. Neste processo, o professor é visto como elemento fundamental para o êxito do projeto evangelizador da IASD, tendo na educação o instrumental de vital importância.

Cabe aqui apresentar alguns apontamentos que podem ser objetos de estudos futuros para um aprofundamento de questões referentes ao tema da educação em sua relação com a

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diversidade cultural / religiosa característica da nação brasileira, bem como as demandas legais que regulamentam a educação.

Nesta direção, a educação deve possibilitar a preservação da diversidade cultural, ao criar espaços democráticos, bem como oportunizar encontro e convivência entre as diversas culturas (MARÍN, 2003, p. 2).

Desta forma, interessa relevar o que Cury (2004, p. 190) compreende ao afirmar que:

De todo modo, os princípios constitucionais e legais obrigam todos os educadores a se pautar pelo respeito às diferenças religiosas, pelo respeito ao sentimento religioso e à liberdade de consciência, de crença, de expressão e de culto, reconhecida a igualdade e a dignidade de toda pessoa humana. Tais princípios conduzem à crítica de todas as formas que discriminem ou pervertam esta dignidade inalienável dos seres humanos.

Esses apontamentos oferecem elementos que auxiliam a reflexão a respeito da importância da manutenção identitária da confessionalidade de algumas instituições educacionais, de modo que os agentes responsáveis pela efetividade das orientações perscrutem os indícios e reclamos da modernidade. De forma cada vez mais contundente a sociedade reivindica que a dialogicidade paute as relações que são geradas em seu interior. Os sistemas educacionais confessionais não fogem desta realidade, e sem dúvida podem estabelecer bases se de fato propuserem uma educação que atenda ao ser humano em sua multiplicidade dimensional.

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